segunda-feira, 30 de novembro de 2020

 

SANTO ANDRÉ – APÓSTOLO

 

Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu discípulo.

Além de ser apontado por eles próprios como o "número dois", depois, somente, de Pedro.

Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre os quatro primeiros.

Morava em Cafarnaum, era discípulo de João Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram pescadores no mar da Galiléia.

Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário profeta indicou-o e disse a célebre frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". André, então, começou a seguí-lo.

A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando: "Encontramos o Messias". Assim, tornou-se, também, o primeiro dos apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe. André indica a Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco pães e dois peixes.

Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus.

André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascensão e recebeu o primeiro Pentecostes.

Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com exatidão. Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia.

Nessa última, formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras, na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá, também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e juiz romano local.

André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à crucificação.

Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria "pregando a grandeza da cruz, onde morreu Jesus". Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de "X"; antes, porém, despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir.

Tudo ocorreu sob o império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a cristandade guarda para sua festa. O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla, as relíquias mortais de santo André, Apóstolo.

Elas foram levadas para Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e Escócia.

domingo, 29 de novembro de 2020

 

O QUE EU DIGO A VOCÊS, DIGO A TODOS: FIQUEM VIGIANDO”. (Mc 13,37).

 

PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO

 

Ano – B; Cor – roxo; Leituras: Is 63,16-17.19; 64,2-7; Sl 79 (80); 1Cor 1,3-9; Mc 13,33-37.

 

Diácono Milton Restivo

 

·         “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que habitavam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” (Is 9,2).

Não poderia existir citação melhor do que essa do profeta Isaias para darmos início a um novo Ano Litúrgico e entrada ao período do Advento que antecede e prepara o povo de Deus para o Natal de Jesus Cristo.

Isaias ainda diria:

·         “O sol não será mais a luz do seu dia, e de noite não será a lua a iluminá-la; o próprio Yahweh será para você uma luz permanente, e o seu Deus será o seu esplendor. O sol dela jamais vai se por, e a sua lua não terá mais minguante, pois o próprio Yahweh será para você uma luz permanente.” (Is 60,19-20). 

Mais ou menos seiscentos anos mais tarde Jesus diria:

·         “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas possuirá a luz da vida.” (Jo 812);

·         “Eu vim ao mudo como luz, para que todo aquele que acredita em mim não fique nas trevas.” (Jo 12,46).

Estamos na expectativa de comemorar novamente a vinda dessa luz que virá até nós, como na primeira vinda do Salvador, quando já nos preparamos para a sua segunda vinda.

Este domingo, a que denominamos “primeiro domingo do Advento”, é também o primeiro dia e o primeiro domingo do novo Ano Litúrgico.

O ano Litúrgico não acompanha o início e fim do ano civil ou comercial que começa no dia primeiro de janeiro e termina trinta e um de dezembro de cada ano.

O Ano Litúrgico da nossa Igreja começa quatro domingos antes do Natal de Jesus Cristo e a esse período dá-se o nome de “Tempo do Advento”, tempo que a Igreja se prepara para a primeira vinda do Salvador, o seu nascimento.

A palavra "advento" significa literalmente "vinda, chegada", que é um tempo de vigilância e oração, de expectativa da primeira vinda de Jesus, o Salvador dos homens, a luz do mundo.

Durante todo o Ano Litúrgico a Igreja celebra todos os principais eventos da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Advento é um tempo não tanto de penitência, mas de expectativa e preparação para a vinda do Senhor no Natal. Pela cor do Advento ser roxa, muitos associam o Advento com o tempo da Quaresma, que é tempo de jejum e penitência, enquanto que o Advento é tempo de expectativa, vigilância e oração.

A cor roxa do Advento não tem o mesmo significado da cor roxa da Quaresma.

O Advento é um tempo de alegre esperança da chegada do Senhor. Jesus vem e isso é motivo de muita alegria, onde os fiéis, vigilantes e orantes, esperam o nascimento de Jesus Cristo, o Emanuel – Deus conosco – (cf Is 7,14; Mt 1,23), vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a paz.

Advento é o tempo de expectativa da vinda do Senhor.

Jesus foi o maior acontecimento da história da humanidade, conforme disse Agostinho, bispo de Hipona:

·         “Um Deus que se fez homem para que os homens se tornassem filhos de Deus”

E João, no seu Evangelho, afirma:

·         “E a Palavra se fez homem e veio habitar entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.” (Jo 1,14).

Jesus é a Palavra do Pai. Se quisermos conhecer o som da voz do Pai, ouçamos Jesus.

Os personagens apresentados nas leituras do tempo do Advento são de pessoas fortes e decididas e que tiveram papeis preponderantes na preparação e na vinda do Messias: Isaias, o precursor João Batista, José e Maria.

As primeiras leituras dos três primeiros domingos do tempo do Advento são do profeta Isaias onde as principais passagens do seu livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de boa vontade de todos os tempos (cf Lc 2,14).

Isaias foi o profeta mais messiânico de todos os profetas e que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito nas terras da Babilônia, levou a consolação e a esperança.

Na segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 a 55, chamado de “o Livro da Consolação”, Isaias anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando, assim, os exilados que não perdem a esperança de voltarem para a terra natal.

Nas leituras dos Evangelhos do segundo e terceiro domingo do Advento aparece com destaque a figura de João Batista, que foi o último dos profetas e segundo o que o próprio Jesus falou para as multidões:

·         “O que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Ora, os que se vestem com roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. Então, o que vocês foram ver? Um profeta? Eu garanto que sim: alguém que é mais que um profeta. É de João que a Escritura afirma: ‘ Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente: ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. Eu digo a vocês: entre os nascidos de mulher ninguém é maior que João.” (Lc 7,24b-28a).

João Batista pregou aos povos a conversão pelo conhecimento da salvação e perdão dos pecados, conforme profetizou seu próprio pai, Zacarias:

·         “E a você, menino, chamarão de profeta do Altíssimo, porque irá à frente do Senhor, para preparar-lhe os caminhos, anunciando ao seu povo a salvação, o perdão dos pecados.” (Lc 1,76).

A figura de João Batista, ao ser o precursor do Senhor e apontá-lo como presença já estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito do Advento.

Por isso João Batista ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em especial nos evangelhos do segundo e no terceiro domingo.

João Batista é o modelo dos que são consagrados a Deus e que, no mundo de hoje, são chamados a também ser profetas do Reino, vozes no deserto e caminho que sinaliza para o Senhor, permitindo, na própria vida, o crescimento de Jesus e a diminuição de si mesmo: “É preciso que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30), levando, por sua vez os homens a despertar do torpor do pecado.

Ainda que a figura de José, esposo de Maria, não apareça com destaque nas leituras dos evangelhos deste Ano B e apenas no quarto domingo do Advento, onde se lê:

·         “... a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José”, (Mc 1,27).

 José se destaca como esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o pai adotivo de Jesus.

Ao ser da descendência de Davi e pai putativo de Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se cumpra em Jesus o título messiânico de “Filho de Davi”.

José, no Evangelho de Mateus, é chamado “homem justo” (Mt 1,19). José é justo por causa de sua fé, modelo de fé dos que querem entrar em diálogo e comunhão com Deus.

A figura de Maria é primordial no desfecho do envio da Salvação para todos os povos.

Não haveria melhor maneira de viver o Advento do que unindo-se a Maria como mãe, grávida de Jesus, esperando o nascimento do seu filho.

Assim como Deus precisou do sim de Maria, hoje, Deus também precisa do nosso sim para poder nascer e se manifestar no mundo; assim como Maria se "preparou" para o nascimento de Jesus, a começar pele renúncia e mudança de seus planos pessoais para sua vida inteira, nós precisamos nos preparar para vivenciar o seu nascimento em nós mesmos e no mundo, também numa disposição de “Faça-se em mim segundo a sua Palavra” (Lc 1, 38), permitindo uma conversão do nosso modo de pensar, da nossa mentalidade, do nosso modo de viver e agir.

Em Maria encontramos, realizando-se, a expectativa messiânica de todo o Antigo Testamento.

A Salvação, antes de chegar até nós, passou primeiro por Maria, que foi chamada “cheia de graça” pelo anjo e que afirmou a presença do Senhor nela antes que ele viesse até nós na pessoa de Jesus: “O Senhor está com você” (Lc 1,28).

Isabel ratificou a presença do Senhor em Maria ao afirmar:

·         “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre [...] Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,42.45).

Também na liturgia do tempo do Advento, temos a que chamamos “coroa do Advento”, ou seja, um círculo, sem princípio nem fim, simbolizando a eternidade, com quatro velas que indicam as quatro semanas do Tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação preparando a vinda do Salvador, os quatro pontos cardeais, as quatro arestas da Cruz de Cristo, a Luz do mundo, o Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas.

O ato de acender a cada domingo uma das velas significa a progressiva aproximação do nascimento de Jesus, a progressiva vitória da luz sobre as trevas, repetindo o que dissera o profeta Isaias:

·         “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que habitavam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” (Is 9,2).

Os ramos verdes, que devem enfeitar a coroa do Advento, simbolizam a vida e a esperança.

As velas representam os séculos de escuridão, cada uma aumentando a luz até o Natal, quando comemoramos o nascimento de Jesus, a Luz eterna. Sabendo que as quatro velas representam os principais personagens lembrados no Advento – Isaias, João Batista, Maria, Jesus -.

Apesar do número de velas na coroa do Advento ser quatro, cada comunidade se sente à vontade para colocar em cada uma a cor que mais vai de encontro com a solenidade que celebra: muitas comunidades colocam três velas roxas e uma branca, outras roxa, verde, vermelha ou rosa e branca. As velas simbolizam a luz do Cristo ressuscitado, como vida nova e luz para o mundo.

A vela roxa acessa no primeiro domingo do Advento, simboliza o profeta Isaías, que profetiza um mundo novo, que surgirá quando soubermos acolher, viver e praticar a boa nova.

A vela verde acessa no segundo domingo do Advento, simboliza João Batista, que convida todos à conversão, para permitir que o Messias se manifeste, e que o mundo novo possa surgir.

A vela vermelha ou rosa acessa no terceiro domingo do Advento, simboliza Jesus Cristo, que diz: “É feliz aquele que escuta a voz de alguém como João Batista, que aponta para o caminho, a verdade e a vida”. No terceiro domingo do Advento a liturgia pode revestir-se de rosa, considerando que é um domingo de alegria, chamado “Gaudete”, simbolizando a alegria em meio à expectativa da chegada de Jesus.

E a vela branca, acessa no quarto domingo do Advento, simboliza Maria, a Mãe de Deus.

Nessa oportunidade a Igreja pensa em Maria, a Estrela da Manhã, que anuncia a vinda do Sol da justiça. Maria é a obra prima do Pai, pois tudo nela é obra do onipotente. É chamada cheia de graça (cf Lc 1,28), e é esta mesma graça que Deus quer dar em plenitude a todos nós.

Neste primeiro domingo do Advento o profeta Isaias lamenta a situação em que se encontra o povo israelita longe de Yahweh e clama a ele:

·         “Não fiques insensível, porque tu és o nosso pai, pois Abraão não nos reconhece mais e Israel não se lembra de nós. Yahweh tu és o nosso pai. Teu nome é desde sempre. Nosso Redentor. Yahweh, por que nos deixas desviar de teus caminhos? Porque fazes nosso coração endurecer e, assim, perdermos o teu temor?” (Is 63,15b-17a).

E Isaias eleva a Yahweh um reconhecimento do seu poder e do grande amor que Yahweh tem pelo seu povo:

·         “Diante de ti tremiam os povos, quando realizavas coisas terríveis que não esperávamos, coisas de que nunca se ouviu falar desde os tempos antigos. O ouvido jamais ouviu e o olho jamais viu que um Deus além de ti tenha feito tanto por aqueles que nele confiam.” (Is 64,2b-3), e reconhece a fragilidade do homem diante do Deus onipotente e criador: “Mas agora, Yahweh, tu és o nosso pai; nós somos o barro, e tu és o nosso oleiro; todos nós somos obras de tuas mãos.” (Is 64,7).

O Salmo é uma oração onde o salmista expõe o sofrimento que o povo passa no exílio em terras estrangeiras:

·         “Yahweh Deus dos Exércitos, até quando ficarás irado enquanto teu povo suplica? [...] Porque lhe derrubaste as cercas (da sua vinha) para que os viandantes a saqueiem, e os javalis da floresta a devastem, e as feras do campo a devorem?” (Sl 80 (79).

E o salmista eleva uma súplica à Yahweh pedindo que a sua luz se volte para seu povo:

·         “Desperta o teu poder e vem socorrer-nos. Restaura-nos, ó Deus! Faze brilhar a tua face, e seremos salvos”. (Sl 80 (79) 3b-4).

Na segunda leitura o Apóstolo Paulo escreve aos coríntios incentivando-os a manterem-se fieis na perseverança e vigilância porque

·         “na verdade, o testemunho de Cristo tornou-se firme em vocês, a tal ponto que não lhes falta nenhum dom, que esperam a Revelação de nosso Senhor Jesus Cristo. É ele que também os fortalecerá até o fim, para que vocês não sejam acusados no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. O Deus que chamou vocês para a comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, ele é fiel.” (1Cor 1,6-9).

No Evangelho e para que não aconteça novamente o que havia acontecido com o povo do Antigo Testamento, Jesus adverte sobre a perseverança, a vigilância e a oração:

·         “Prestem atenção! Não fiquem dormindo, porque vocês não sabem quando vai ser o momento. [...] Vigiem, portanto, porque vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar; pode ser à tarde, à meia noite, de madrugada ou pelo amanhecer. Se ele vier de repente, não deve encontrá-los dormindo. O que eu digo a vocês, digo a todos: fiquem vigiando.” (Mc 13,33.35-37).

Vigilância, perseverança e oração é o tema principal do tempo do Advento, como diria mais tarde Jesus enquanto rezava no Getsêmani:

·         “Vigiem e rezem para não cair em tentação! Porque o espírito está pronto para resistir, mas a carne é fraca.” (Mc 14,38; Mt 26,41).

A vigilância e perseverança sem a oração são inúteis e até prejudicial.

Paulo Apóstolo chamava a atenção de seus discípulos a respeito da vigilância, perseverança e oração:

·         “Mas vocês, irmãos, não fiquem em trevas, de tal modo que esse dia possa surpreendê-los como um ladrão. Porque todos vocês são filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas. Portanto, não fiquemos dormindo como os outros, estejamos acordados e sóbrios.” (1Ts 5,4-6).

No tempo do Advento a Igreja nos convida à perseverança, vigilância, oração, expectativa e alegria pela vinda do Filho de Deus que se fará homem para que todos os homens se tornem filhos de Deus.

sábado, 28 de novembro de 2020

 

SANTA CATARINA LABOURÉ, A SANTA DA IMAGEM MILAGROSA

 

A chamada "medalha milagrosa" é fruto de uma visão que a religiosa vicentina Catarina Labouré teve da Virgem Maria em 1830. Na visão, a Imaculada apareceu como está na imagem e pronunciou a oração "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós", exatamente como a conhecemos. Irmã Catarina foi batizada com o nome de Zoe de Labouré.

Filha de uma numerosa família de fazendeiros cristãos, nasceu em 2 de maio de 1806, na região de Borgonha, interior da França. Na infância, ficou órfã de mãe e desde então "adotou Mãe Maria" como sua guia, dedicando-lhe grande devoção. Cresceu estudiosa, obediente e muito piedosa.

Aos dezoito anos, a vocação para a vida religiosa era forte, então pediu ao pai para seguí-la, mas ele relutou. Dada a insistência por anos a fio, ela já estava com vinte e quatro anos, antes de consentir preferiu mandá-la a Paris, para que testasse sua vocação.

Chegou em abril de 1830 na cidade, e logo percebeu que estava certa na decisão, pois não se motivou com os encantos da vida agitada da sociedade urbana. Então, em maio, com autorização de seu pai, iniciou o noviciado no Convento das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris mesmo. Quando recebeu o hábito das vicentinas, mudou o nome para irmã Catarina.

A jovem noviça impressionava pelo fervor com que rezava na capela das vicentinas, diante do relicário de são Vicente de Paulo, onde tinha constantes visões. Contou ao confessor que primeiro lhe apareceu várias vezes o fundador, depois as visões foram substituídas por Jesus eucarístico e Cristo Rei, em junho do mesmo ano. Orientada pelo confessor, continuou com as orações, mas anotando tudo o que lhe acontecia nesses períodos. Assim fez, e continuou o seu trabalho num hospital de Paris.

Em junho, sempre de 1830, teve um ciclo de cinco aparições da Imaculada da medalha milagrosa, sendo três consideradas mais significativas. A primeira delas foi na noite de 18 de junho, quanto veio um anjo e a conduziu à capela da Casa-mãe, onde Catarina conversou mais de duas horas com Nossa Senhora, que avisou sobre os novos encontros. Ela voltou a aparecer em novembro e dezembro.

A que mais chamou a atenção foi a de 27 de novembro, quando veio em duas seqüências, que, por uma intuição interior, Catarina pensou em cunhar numa medalha. Foi assim que surgiram as primeiras, em junho do ano seguinte. Também foi criada a Associação das Filhas de Maria Imaculada, que propagou o culto a Nossa Senhora Imaculada através da medalha.

Desde aquela época, passou a ser conhecida como "a medalha milagrosa", pelas centenas de curas, graças e conversões que produziu por intercessão de Maria. Depois disso, as visões terminaram. Catarina Labouré morreu em 31 de dezembro de 1876, em Paris, onde trabalhou quarenta e cinco anos, no mesmo hospital designado desde o início de sua missão de religiosa vicentina.

Foi beatificada, em 1933, pelo papa Pio XI e canonizada pelo papa Pio XII em 1947. Seu corpo está guardado num esquife de cristal na capela onde ocorreram as aparições.

Para a família vicentina, o Vaticano autorizou uma festa no dia 28 de novembro. A celebração universal a santa Catarina Labouré foi marcada no dia de sua morte pela Igreja de Roma.

Também é comemorado neste dia: São Silvestre I, que deu nome à corrida pedestre internacional de fim de ano da cidade de São Paulo.

São comemorados também neste dia: São Barbaciano de Ravena (presbítero), São Silvestre I e Santa Melânia.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

 

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

 

Nossa Senhora da Medalha Milagrosa é uma invocação especial pela qual é conhecida a Virgem Maria, também invocada com a mesma intenção sob o nome de Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças.

Precede as aparições em La Salette, Lourdes e Fátima. Esta invocação está relacionada a duas aparições da Virgem a Santa Catarina Labouré, então uma noviça das Irmãs da  Caridade em Paris, França, no Século XIX.

A primeira aparição aconteceu na noite da festa de São Vicente de Paulo no dia 19 de julho, quando a Madre Superiora de Catarina pregou às noviças sobre as virtudes de seu santo fundador, dando a cada uma um fragmento de sua sobrepeliz.

Catarina então orou devotamente ao santo patrono para que ela pudesse ver com seus próprios olhos a Mãe de Deus, e convenceu-se de que seria atendida naquela mesma noite.

Indo ao leito, adormeceu, e antes que tivesse passado muito tempo foi despertada por uma luz brilhante e uma voz infantil que dizia: "Irmã Labouré, vem à capela; Santa Maria te aguarda".

Mas ela replicou: "Seremos descobertas!".

A voz angélica respondeu: "Não te preocupes, já é tarde, todos dormem... vem, estou à tua espera". Catarina então levantou-se depressa e dirigiu-se à capela, que estava aberta e toda iluminada. Ajoelhou-se junto ao altar e logo viu a Virgem sentada na cadeira da superiora, rodeada por um esplendor de luz.

A voz continuou: "A santíssima Maria deseja falar-te". Catarina adiantou-se e ajoelhou-se aos pés da Virgem, colocando suas mãos sobre seu regaço, e Maria lhe disse: "Deus deseja te encarregar de uma missão. Tu encontrarás oposição, mas não temas, terás a graça de poder fazer todo o necessário. Conta tudo a teu confessor. Os tempos estão difíceis para a França e para o mundo. Vai ao pé do altar, graças serão derramadas sobre todos, grandes e pequenos, e especialmente sobre os que as buscarem. Terás a proteção de Deus e de São Vicente, e meus olhos estarão sempre sobre ti. Haverá muitas perseguições, a cruz será tratada com desprezo, será derrubada e o sangue correrá".

Depois de falar por mais algum tempo, a Virgem desapareceu.

Guiada pelo anjinho, Catarina deixou a capela e voltou para sua cela. Catarina continuou sua rotina junto das Irmãs da Caridade até o Advento.

Em 27 de novembro de 1830, no final da tarde, Catarina dirigiu-se à capela com as outras irmãs para as orações vespertinas. Erguendo seus olhos para o altar, ela viu novamente a Virgem sobre um grande globo, segurando um globo menor onde estava inscrita a palavra "França".

Ela explicou que o globo simbolizava todo o mundo, mas especialmente a França, e os tempos seriam duros para os pobres e para os refugiados das muitas guerras da época.

Então a visão modificou-se e Maria apareceu com os braços estendidos e dedos ornados por anéis que irradiavam luz e rodeada por uma frase que dizia: "Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós".

Desta vez a Virgem deu instruções diretas: "Faz cunhar uma medalha onde apareça minha imagem como a vês agora. Todos os que a usarem receberão grandes graças". Catarina perguntou por que alguns anéis não irradiavam luz, e soube que era pelas graças que não eram pedidas. Então Maria voltou-lhe as costas e mostrou como deveria ser o desenho a ser impresso no verso da medalha. Catarina também perguntou como deveria proceder para que a ordem fosse cumprida.

A Virgem disse que ela procurasse a ajuda de seu confessor, o padre Jean Marie Aladel.

De início o padre Jean não acreditou no que Catarina lhe contou, mas depois de dois anos de cuidadosa observação do proceder de Catarina ele finalmente dirigiu-se ao arcebispo, que ordenou a cunhagem de duas mil medalhas, ocorrida em 20 de junho de 1832.

Desde então a devoção a esta medalha, sob a invocação de Santa Maria da Medalha Milagrosa, não cessou de crescer. Catarina nunca divulgou as aparições, salvo pouco antes da morte, autorizada pela própria Maria Imaculada.

A própria medalha contém as palavras por que a Santa Mãe de Deus quiz ser invocada. quis ser invocada: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós. Essa inscrição já sintetiza boa parte da mensagem que a Virgem Mãe revelou: a Imaculada Conceição, pela primeira vez objeto de revelação particular, em 1858 ratificada em Lourdes, e transformada em dogma pelo Papa Pio IX, com a bula Ineffabilis Deus, e a mediação da Mãe de Deus junto ao seu Divino Filho. Usar essa invocação, portanto, significa acreditar que a Virgem das virgens é a Medianeira imaculada.

 

Simbolismo da Medalha Milagrosa:

A SERPENTE: Maria aparece esmagando a cabeça da serpente. A mulher que esmaga a cabeça da serpente, que é o demônio, já estava predita na Bíblia, no livro do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher... Ela te esmagará a cabeça e tu procurarás, em vão, morder-lhe o calcanhar". Deus declara iniciada a luta entre o bem e o mal. Essa luta é vencida por Jesus Cristo, o "novo Adão", juntamente com Maria, a co-redentora, a "nova Eva". É em Maria que se cumpre essa sentença de Deus: a mulher finalmente esmaga a cabeça da serpente, para que não mais a morte pudesse escravizar os homens.

OS RAIOS: Simbolizam as graças que Nossa Senhora derrama sobre os seus devotos. A Santa Igreja, por isso, a chama Tesoureira de Deus.

AS 12 ESTRELAS: Simbolizam as 12 tribos de Israel. Maria Santíssima também é saudada como "Estrela do Mar" na oração Ave,Stella Maris.

O CORAÇÃO CERCADO DE ESPINHOS: É o Sagrado Coração de Jesus. Foi Maria quem o formou em seu ventre. Nosso Senhor prometeu a Santa Margarida Maria Alacoque a graça da vida eterna aos devotos do seu Sagrado Coração, que simboliza o seu infinito e ilimitado Amor.

O CORAÇÃO TRANSPASSADO POR UMA ESPADA: É o Imaculado Coração de Maria, inseparável ao de Jesus: mesmo nas horas difíceis de Sua Paixão e Morte na Cruz, Ela estava lá, compartilhando da Sua dor, sendo a nossa co-redentora.

O M: Significa Maria. Esse M sustenta o travessão e a Cruz, que representam o Calvário. Essa simbologia indica a íntima ligação de Maria e Jesus na história da salvação.

O TRAVESSÃO E A CRUZ: Simbolizam o Calvário. Para a doutrina católica, a Santa Missa é a repetição do sacrifício do Calvário, portanto, ressaltam a importância do Sacrifício Eucarístico na vida do cristão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

 

CHEGAMOS A JESUS POR MEIO DE MARIA

 

Os escritos de São Luiz Maria Grignon de Montfort, sobre Maria são maravilhosos e sempre que os leio  sinto meu amor aumentar cada vez mais por nossa querida mãe do céu.

É um santo que fala e escreve sobre Maria, São Luiz Maria Grignon de Montfort que, inspirado pelo  Divino Espírito Santo, fala das belezas e do amor imenso que vivem aqueles que se entregam  de corpo e alma aos cuidados da Virgem Imaculada, mãe de Deus e nossa mãe.

E no seu livro, Verdadeiro Tratado da Devoção à Maria Santíssima, São Luiz Maria Grignon de Montfort nos diz que “por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por meio de Maria que essa salvação deve ser consumada. Na primeira vinda de Jesus Cristo, Maria quase não apareceu, e isso aconteceu exatamente para que os homens, ainda insuficientemente instruídos e esclarecidos sobre a pessoa de Jesus Cristo, não se apegassem demais e grosseiramente na figura de Maria, ocorrendo o risco de afastarem-se, assim, da verdade.

E isso verdadeiramente poderia ter acontecido devido aos encantos  e belezas admiráveis com que o próprio Senhor Nosso Deus havia ornamentado a aparência exterior de Maria.”

Maria, nos testemunhos dos santos que a conheceram pessoalmente, era uma mulher formosa, linda, radiante, maravilhosa, e sua beleza cativava a todos os que tivessem qualquer contato com ela.

E disso nós temos o testemunho escrito deixado por um santo que conheceu Maria pessoalmente.

E São Dioniso  confirma, numa página que nos deixou escrita, que, quando viu pessoalmente Maria, te-la-ia tomado  por uma divindade, tal o encanto que emanava da pessoa de Maria de beleza incomparável, se a fé, em que Dionísio estava bem confirmado, não lhe ensinasse o contrário.

Com a sua presença Maria cativava a todos; com a sua beleza Maria confirmava e confirma os santos na fé.

São Dionísio não teria sido o primeiro admirador da grande beleza física e espiritual de Maria; pelo menos São Dionísio conheceu Maria pessoalmente e dela deixou escritos maravilhosos. Na primeira vinda de Jesus Cristo Maria ficou oculta  e houve por bem ao Senhor Nosso Deus inspirar os evangelistas  que falassem pouco dela para não embaçar a missão de Jesus, mas, na segunda vinda de Jesus Cristo Maria deverá ser conhecida e revelada pelo Espírito Santo, a fim de que, por ela, Jesus Cristo seja conhecido, amado e servido, pois, nessa segunda vinda, já não existem mais as razões pelas quais levaram o Espírito Santo ocultar Maria, sua esposa, durante a primeira vinda e a revelá-la só pouco depois da pregação do Evangelho. A vontade de Deus é que, nesses últimos tempos, no tempo em que vivemos, Maria seja revelada e manifestada, porque Maria é obra prima das mãos do Criador.

A Jesus Cristo foi dado o privilégio de escolher a sua própria mãe, coisa que não é facultada a nenhum ser mortal. E, na escolha de sua mãe, o Senhor Jesus foi exigente, e já a começou prepará-la desde o início do mundo e a completou ao ser concebida no seio materno: Maria foi concebida sem a mancha do pecado.

Maria foi isenta do pecado desde o primeiro segundo de sua existência, e não pode existir alma mais bela, mais pura que a alma isenta da mancha do pecado. E o Senhor Jesus, na escolha de sua mãe, escolheu a mulher e mãe mais bela, a mais pura, a mais santa, a Virgem por excelência, a Imaculada pela preferência do Senhor Nosso Deus.

Maria, no dizer de São Luiz Maria Grignon de Montfort, é a obra prima das mãos de Deus, e Deus faz tudo perfeito, e se Maria é a obra prima de Deus, Maria, depois de Jesus Cristo, é a criatura mais bela, mais pura, mais santa e imaculada que já pisou o nosso chão e viveu neste vale de lágrimas. Como é gostoso a gente falar de Maria.

Ficaríamos o dia todo falando de Maria, e ainda seria pouco. Que delícia nos jogarmos nos braços virginais de Maria e nos tornarmos crianças novamente, para que ela, docilmente, possa nos conduzir pelos caminhos da verdade, da vida, da justiça e do amor que vem de Deus.

Não posso entender como podem existir pessoas  que não conhecem e nem amem Maria.

Quem não conhece e nem ama Maria, não é possível que conheça de verdade e ame honestamente ao Senhor Jesus, porque, somente chegaremos a Jesus se for por meio de Maria...  

Quem está com Maria, jamais estará longe de Jesus.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

 

AMOR, O NOVO MANDAMENTO

 

“Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros, e, que assim como eu vos amei, vos ameis também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.” (Jo 13,34-35).

E como o Senhor Jesus nos amou. Amou-nos até a morte, e morte de cruz.

O amor é a maior força que existe no mundo.

O amor supera barreiras sociais, raciais, religiosas. Para o amor não existem barreiras.

O amor não mede sacrifícios e não foge dos sofrimentos.

O amor supera mal-entendidos e perdoa as fraquezas do outro.

Quem ama não abandona; ampara, permanece junto. O amor se manifesta em todas as coisas, em todos os lugares, e reside  no coração daqueles que tem boa vontade.

O amor é, muitas vezes, sofrimento e, às vezes, sofrimentos que parecem insuportáveis, intransponíveis, mas, o sofrimento que o amor nos traz vem sempre acompanhado de um consolo: o consolo de sofrer por amor...

O amor torna leve o que é pesado, torna claro o que é obscuro; alivia o que nos oprime.

O amor torna agradável o que for insuportável.

O amor transforma a dor em aceitação; a expectativa em alegria.

O amor supera todas as dificuldades de nossa vida, ilumina nossos caminhos, perdoa defeitos, desculpa imperfeições, cura enfermidades e supera quaisquer obstáculos.

O amor fornece forças sobre-humanas eliminando a fraqueza do homem. Somente o amor tem capacidade de elevar a pessoa à glória eterna. Somente o amor verdadeiro consegue vencer todas as dificuldades, todas as amarguras da existência humana.

Qualquer tipo de relacionamento, para haver harmonia e felicidade, é necessário que seja alicerçado no verdadeiro amor; amor doação, amor compreensão, amor perdão.

A pessoa amada é a expressão de Deus na pessoa que ama, pois, em cada criatura habita a divindade; cada um de nós é o templo do Espírito Santo, o templo do amor verdadeiro de Deus: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3,16). Quando amamos alguém verdadeiramente, estamos dando à pessoa amada um pedaço de Deus, pois que, o amor que sentimos pelo outro não é senão uma partícula de Deus que está dentro de nós e a repartimos com a pessoa amada.      

Quem ama de verdade tem Deus dentro de si e distribui esse Deus maravilhoso de amor a todos os que o cerca, a todos os que são verdadeiramente amados.

Quem ama e semeia amor pelos caminhos por onde passa, verá flores onde outros somente vêem espinhos; verá luzes de esperança onde outros somente descobrem  trevas e desespero.

É o verdadeiro amor que torna suportável o peso das dores; que faz sentir suave o pão ganho com sacrifício no dia-a-dia; que traz alegria sem contas no árduo, repetido e rotineiro trabalho doméstico ou serviço profissional.

É o verdadeiro amor que faz com que um homem e uma mulher se entreguem de corpo e alma para, juntos, viverem uma vida a dois, não importando as barreiras, as dificuldades, os contratempos, os sofrimentos, porque, o amor compartilhado transforma tudo em paz, em alegria, em realização, em doação, em perdão, enfim, em felicidade.

É o amor que desenha um cândido sorriso nos lábios de uma mulher quando ela olha para o amado: é o amor que faz com que o amado levante a mão somente para acariciar, para tocar, para sentir ali, bem perto, a presença e o corpo quente da amada.

Assim João Evangelista define o amor; “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor  vem de Deus. Todo o que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama, não conhece a Deus, porque DEUS É AMOR” (1Jo 4,7-8).

Deus é amor; o amor é Deus, e quem ama tem Deus dentro de si e transmite Deus para os outros. “E nós temos reconhecido o amor de Deus por nós, e nele acreditamos, DEUS É AMOR: aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele.”(1Jo 4, 16).

Paulo Apóstolo, inebriado pelo Espírito Santo, assim define o amor que vem de Deus: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se não tivesse o amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu nada seria. “O amor é paciente, o amor é prestativo, não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. O amor nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará.” (1Cor 13,1-8).

Que magnífico poema Paulo Apóstolo fez sobre o amor.

O amor verdadeiro é paciente; se amamos, temos de ser pacientes.

O amor verdadeiro é prestativo; se não pudemos ajudar, pelo menos ofereçamos o ombro para que o outro possa se apoiar e, se preciso for, chorar a mesma lágrima que o outro.

O amor verdadeiro não tem inveja, não pode ter inveja; tem de ser puro e limpo, e não se fazer de importante. O amor verdadeiro não é orgulhoso, não pode ser orgulhoso, não faz pouco caso do outro, não age com baixeza e não é interesseiro.

O amor verdadeiro não se irrita, não é agressivo, não guarda rancor, não alimenta mágoas.

O amor verdadeiro se alegra com a verdade, e, quando amamos de verdade estamos vivendo a verdade, estamos inseridos na vida de Deus, pois que Deus é o Amor por excelência.

Levaremos para a eternidade somente o amor; o amor é eterno como eterno é o nosso Deus, porque ‘DEUS É AMOR’.

Por isso, amemos, amemos com amor verdadeiro; sejamos prestativos, pacientes, sem inveja; não nos façamos de importante; não sejamos orgulhosos; não procedamos com baixeza; não sejamos interesseiros; não nos irritemos; não guardemos mágoa de ninguém, porque o amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, e assim, o amor jamais se acabará e viverá por toda a eternidade...

terça-feira, 24 de novembro de 2020

 

SANTA FELICIDADE E SEUS SETE IRMÃOS - + 165

 

Não há muitas informações sobre a vida anterior ao martírio de Felicidade e dos sete irmãos.

Eles viveram nos tempos do imperador Antonino e foram presos e mortos todos juntos no ano 165, em Roma. Há dúvidas, até, de se os sete jovens seriam realmente todos irmãos e ainda, em sendo irmãos, se a mulher presa e morta ao lado deles seria mesmo a mãe deles.

Entretanto são os dados registrados nas "Atas" sobre este martírio coletivo. Também este não teria sido o único caso de uma mãe que recebeu a pena capital juntamente com os filhos.

Há, por exemplo, o caso dos "sete irmãos Macabeus", de que fala a Sagrada Escritura no capítulo sete do segundo livro dos Macabeus. Além disso, quanto a esta mártir, consta que o próprio papa são Gregório Magno teria encontrado uma gravura mural que representava esta mãe, de nome Felicidade, rodeada por sete jovens, numa das catacumbas de Roma.

A tradição diz que Felicidade era uma rica viúva que foi acusada de ser cristã pelos sacerdotes pagãos ao imperador. Públio, prefeito de Roma, ficou encarregado do seu julgamento. Começou o interrogatório somente com ela, todavia não obteve resultado algum.

No dia seguinte, mandou conduzir a mãe e os sete filhos para adorarem os deuses. Mas Felicidade exortou os filhos a que não fraquejassem na fé.

O juiz, então, condenou mãe e filhos à morte. Através das "Atas" podemos saber todos os seus nomes e a forma de martírio de cada um. Nela, eles estão citados como "os sete irmãos mártires": Januário, Félix, Filipe, Silvano, Alexandre, Vidal e Marcial.

Januário, após ser açoitado com varas e ter padecido no cárcere, foi morto com flagelos chumbados. Félix e Filipe foram espancados e mortos a cacetadas.

Silvano foi jogado num precipício. Alexandre, Vidal e Marcial foram decapitados.

Apesar de saberem que sofreriam muito antes de morrer, todos mantiveram a firmeza na fé e não renegaram o Cristo. A última a morrer, por decapitação foi Felicidade, que sofreu muitas torturas até a execução no dia 23 de novembro.

A tradição cristã reverência todos estes santos mártires na mesma data.

São Comemorados também neste dia: Clemente I, papa, São Columbano, Santo Anfilóquio de Icônio (bispo), São Gregório de Girgenti (bispo) e Santa Lucrecia.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

 

SANTA CECÍLIA

 

Certa vez, o cardeal brasileiro dom Paulo Evaristo Arns assim definiu a arte musical: "A música, que eleva a palavra e o sentimento até a sua última expressão humana, interpreta o nosso coração e nos une ao Deus de toda beleza e bondade".

Podemos dizer que, na verdade, com suas palavras ele nos traduziu a vida da mártir santa Cecília. A sua vida foi música pura, cuja letra se tornou uma tradição cristã e cujos mistérios até hoje elevam os sentimentos de nossa alma a Deus.

Era de família romana pagã, nobre, rica e influente. Estudiosa, adorava estudar música, principalmente a sacra, filosofia e o Evangelho.

Desde a infância era muito religiosa e, por decisão própria, afastou-se dos prazeres da vida da Corte, para ser esposa de Cristo, pelo voto secreto de virgindade. Os pais, acreditando que ela mudaria de idéia, acertaram seu casamento com Valeriano, também da nobreza romana.

Ao receber a triste notícia, Cecília rezou pedindo proteção do seu anjo da guarda, de Maria e de Deus, para não romper com o voto.

Após as núpcias, Cecília contou ao marido que era cristã e do seu compromisso de castidade. Disse, ainda, que para isso estava sob a guarda de um anjo.

Valeriano ficou comovido com a sinceridade da esposa e prometeu também proteger sua pureza. Mas para isso queria ver tal anjo. Ela o aconselhou a visitar o papa Urbano, que, devido à perseguição, estava refugiado nas catacumbas.

O jovem esposo foi acompanhado de seu irmão Tibúrcio, ficou sabendo que antes era preciso acreditar na Palavra. Os dois ouviram a longa pregação e, no final, converteram-se e foram batizados. Valeriano cumpriu a promessa.

Depois, um dia, ao chegar em casa, viu Cecília rezando e, ao seu lado, o anjo da guarda. Entretanto a denúncia de que Cecília era cristã e da conversão do marido e do cunhado chegou às autoridades romanas. Os três foram presos, ela em sua casa, os dois, quando ajudavam a sepultar os corpos dos mártires nas catacumbas. Julgados, recusaram-se a renegar a fé e foram decapitados.

Primeiro, Valeriano e Turíbio, por último, Cecília.

O prefeito de Roma falou com ela em consideração às famílias ilustres a que pertenciam, e exigiu que abandonassem a religião, sob pena de morte.

Como Cecília se negou, foi colocada no próprio balneário do seu palacete, para morrer asfixiada pelos vapores. Mas saiu ilesa. Então foi tentada a decapitação.

O carrasco a golpeou três vezes e, mesmo assim, sua cabeça permaneceu ligada ao corpo. Mortalmente ferida, ficou no chão três dias, durante os quais animou os cristãos que foram vê-la a não renegarem a fé. Os soldados pagãos que presenciaram tudo se converteram.

O seu corpo foi enterrado nas catacumbas romanas.

Mais tarde, devido às sucessivas invasões ocorridas em Roma, as relíquias de vários mártires sepultadas lá foram trasladadas para inúmeras igrejas.

As suas, entretanto, permaneceram perdidas naquelas ruínas por muitos séculos. Mas no terreno do seu antigo palácio foi construída a igreja de Santa Cecília, onde era celebrada a sua memória no dia 22 de novembro já no século VI.

Entre os anos 817 e 824, o papa Pascoal I teve uma visão de santa Cecília e o seu caixão foi encontrado e aberto. E constatou-se, então, que seu corpo permanecera intacto. Depois, foi fechado e colocado numa urna de mármore sob o altar daquela igreja dedicada a ela.

Outros séculos se passaram. Em 1559, o cardeal Sfondrati ordenou nova abertura do esquife e viu-se que o corpo permanecia da mesma forma. A devoção à sua santidade avançou pelos séculos sempre acompanhada de incontáveis milagres.

Santa Cecília é uma das mais veneradas pelos fiéis cristãos, do Ocidente e do Oriente, na sua tradicional festa do dia 22 de novembro. O seu nome vem citado no cânon da missa e desde o século XV é celebrada como padroeira da música e do canto sacro.

São comemorados também neste dia: Santos Marcos e Estevão (mártires de Antioquia da Pisídia), Santa Afia e Santo Filemon (mártires – a Filemon São Paulo escreveu a mais breve de suas cartas), São Pragmácio e São Tomás Réggio.

domingo, 22 de novembro de 2020

 

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO.

Ano: A; Cor: branco; Leituras: Ez 34,11-12.15-17; Sl 22 (23); 1Cor 15,20-26.28; Mt 25,31-46

 

“VINDE, BENDITOS DE MEU PAI...” (Mt 25,34).

 

Diácono Milton Restivo

 

Chegamos, finalmente, ao último domingo do Ano Litúrgico.

O ano civil começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro de cada ano. Já o Ano Litúrgico começa no 1º Domingo do Advento, quatro semanas antes do Natal, e termina no sábado anterior a ele, exatamente no sábado seguinte à festa de Jesus Cristo Rei do Universo, que festajamos nesta liturgia.

O Ano litúrgico não tem data fixa para iniciar ou terminar. A festa de Jesus Cristo, Rei do Universo marca e simboliza a realeza absoluta de Cristo no fim dos tempos.

Comemoramos, neste domingo, o último domingo deste Ano Litúrgico, a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

No Antigo Testamento o título de pastor era dado a todos aqueles que representavam Deus no meio do povo: reis, sacerdotes, mandatários governamentais, etc.

Por isso, na primeira leitura o profeta Ezequiel transmite a palavra de Yahweh ao seu povo, onde Yahweh identifica-se como pastor em substituição àqueles pastores que ele designara para cuidar de seu povo e que foram negligentes, relapsos e omissos, e por isso ele mesmo, Yahweh, assume a função de pastor de seu povo, aquele que dirige o destino do seu povo, o Rei por excelência:

ü  “Recebi de Yahweh a seguinte mensagem [...] Minhas ovelhas se espalharam e vagaram sem rumo pelos montes e morros. Minhas ovelhas se espalharam por toda a terra, e ninguém as procura para cuidar delas. [...] Eu mesmo vou procurar as minhas ovelhas. Como o pastor conta o seu rebanho, que está no meio de suas ovelhas que se haviam dispersado, nos dias nebulosos e escuros. [...] Vou levá-las para pastar nas melhores invernadas, e o seu curral ficará no mais alto dos montes de Israel. Ai elas poderão repousar num curral bom, e terão pastos abundantes sobre os montes de Israel. Eu mesmo conduzirei as minhas ovelhas para o pasto e as farei repousar.”. (Ez 34,1.6.11-12.14-15).

Mas, antes dessa declaração de amor de Yahweh ao seu povo, o próprio Yahweh já havia chamado a atenção e feito duras críticas aos dirigentes do povo por direcioná-lo por caminhos errados:

ü  “Ai dos pastores de Israel, que são pastores de si mesmos. [...] Vocês não procuram fortalecer as ovelhas fracas, não dão remédio para as que estão doentes, não curam as que se machucam, não trazem de volta as que se desgarraram e não procuram aquelas que se extraviaram. Pelo contrário, vocês dominam com violência e opressão. [...] Por isso, vocês, pastores, ouçam a palavra de Yahweh: juro por minha vida – oráculo do Senhor Yahweh: minhas ovelhas se tornaram presa fácil e servem de pasto para as feras selvagens. Elas não têm pastor, porque os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho. Por isso, pastores, ouçam a palavra de Yahweh! Assim diz o Senhor Yahweh: vou me colocar contra os pastores. Vou pedir contas a eles sobre o meu rebanho e não deixarei mais que eles cuidem do meu rebanho. Deste modo os pastores não ficarão mais cuidando de si mesmos. (Ez 34,2b.4.7-10a).

O Salmo 22, atribuído ao próprio rei Davi, é um dos mais belos, mais conhecidos, mais cantados e mais recitados salmos em todo o mundo cristão.

O Salmo desta liturgia transmite o cuidado e o amor que Yahweh tem para com o seu povo e o salmista, manifestando os anseios de toda a humanidade, chama a Yahweh de seu pastor, considerando que pastor é Rei, colocando nele toda a sua confiança e segurança:

ü  “Yahweh é meu pastor. Nada me falta. [...] Ele me guia por bons caminhos, por causa do seu nome.” (Sl 22,1.3).

Conforme a tradição judaica, David teria escrito este Salmo quando estava cercado por tropas inimigas num oásis, à noite; daí o Salmo inserir tamanha confiança na Providência Divina contra os inimigos.

Claro que há outras interpretações que defendem que esse Salmo tenha sido feito de outra maneira e em outro lugar e em outra circunstância, mas, particularmente, prefiro ficar com a tradição judaica.

O rei Davi deleita-se ao entregar-se aos cuidados de Yahweh, a quem chama de Pastor:

ü  Yahweh é o meu pastor. Nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar; para fontes tranquilas me conduz, e restaura minhas forças”. (Sl 23 (22),1-2).

O pastor passava o dia todo e a noite inteira com as suas ovelhas e estabelecia com elas uma profunda identidade.

No Salmo 80 (79) o salmista, em suas súplicas, também chama Yahweh de pastor:

ü  “Pastor de Israel, dá ouvidos, tu que diriges a José como a um rebanho...”. (Sl 80 (79),1).

O profeta Isaias demonstra o amor que Yahweh tem por seu rebanho:

ü  Como um pastor, Ele cuida do rebanho, e com seu braço o reúne; leva os cordeirinhos ao colo e guia mansamente as ovelhas que amamentam”. (Is 40,11).

Os reis de Israel eram considerados, por Yahweh, pastores do seu povo:

ü  Darei a vocês pastores de acordo com o meu coração, e eles guiarão vocês com ciência e sensatez”. (Jr 3,15).

Isso deixa claro o porque Yahweh serviu-se da figura do pastor para expressar a sua relação de amor para com a humanidade.

A segunda leitura, tirada da primeira epístola de Paulo aos corintos, aborda o tema ressurreição dos mortos e da realeza de Jesus Cristo sobre todos os mortais, ratificando o que está contido no Evangelho desta liturgia, que trata do Juízo Final.

Nos versículos anteriores aos citados nesta referência, Paulo diz que, se não houvesse a ressurreição dos cristãos, seriam inúteis tanto a fé quanto os trabalhos da difusão do Evangelho para todos os homens:

ü  “Pois, se os mortos não ressuscitam, Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é ilusória, e vocês ainda estão nos seus pecados. E desse modo, aqueles que morreram em Cristo estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens.” (1Cor 15,16-19).

Paulo afirma que, se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis dos homens, e demonstra que, da mesma maneira como Cristo ressuscitou e vive e reina para sempre e, na sua realeza, o último inimigo a ser vencido é a morte:

ü  “O último inimigo a ser destruído será a morte, pois Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo.” (1Cor 15,26-27).

Paulo deixa claro que, da mesma forma que a morte afetou todos os homens pela desobediência de Adão, a ressurreição é alcançada pelo sacrifício de Jesus:

ü  “Como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos receberão a vida.” (1Cor 15,22).

Mateus, no seu Evangelho, mostra que, ao aproximar-se o momento da entrega total, antes de Jesus, voluntariamente, entregar-se à morte para a salvação do gênero humano mergulhado no pecado, ele abre seu divino coração e revela a todos aos seus amigos os segredos nele contidos; e esses segredos são como um testamento, uma aliança que Jesus Cristo deixa a todos aqueles que se propuserem seguir suas pegadas, conforme disse João no seu Evangelho:

ü  “Dou a vocês um mandamento novo: que vocês se amem uns aos outros. Como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Nisso reconhecerão todos que são meus discípulos, se tiverem amor uns pelos outros.” (Jo 13,34-35).

Os primeiros cristãos levaram tão a sério esse preceito de Jesus que assim viviam nos primeiros tempos do cristianismo:

ü  “Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. [...] Louvavam a Deus e gozavam da simpatia do povo.” (At 2, 44-45.47).

Jesus fez do amor ao próximo o sinal que servirá de julgamento no Juízo Final para distinguir os eleitos dos condenados, e para antecipar como será o Juízo Final, um julgamento baseado no amor que tivemos ao nosso próximo, e esse julgamento é citado no Evangelho desta liturgia.

Através do mandamento do amor e dessa narrativa do fim do mundo e juízo final, Jesus afirma que a nossa sorte eterna será decidida pelo amor que tivemos a ele próprio na pessoa do nosso próximo, recordando o que ele mesmo havia dito aos que cumpriram o mandamento do amor ao próximo:

ü  “Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. [...] Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que o fizeram.” (Mt 25,34.40).

E aos que não cumpriram o mandamento do amor ele dirá a terrível sentença:

ü  “Afastem-se de mim, malditos, Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. [...] Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram. Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.” (Mt 25,41.45-46).

Quando comparecermos diante do Juiz Eterno, no Juízo Final, o Rei do Universo não vai nos perguntar se jejuamos muito, se vivemos na penitência, se passamos muitas horas em oração, ou quantas missas participamos, quantos terços rezamos, quantos grupos de orações estivemos presentes, mas vai nos perguntar e nos julgar unicamente pelo amor que dispensamos ao próximo seguindo o seu grande mandamento do amor no atendimento às necessidades do irmão carente:

ü  “Eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede e me deram de beber; eu era estrangeiro e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente e cuidaram de mim; eu estava na prisão e vocês foram me visitar.” (Mt 25,35-36).

A nossa vida de fé, espiritualidade e oração deve ser o suporte ao mandamento do amor.

O amor é o distintivo, a marca pela qual serão reconhecidos os discípulos de Jesus Cristo:

ü  “Se vocês tiverem amor uns pelos outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos.” (Jo 13,35).

Paulo Apóstolo, conhecedor profundo das verdades pregadas por Jesus Cristo, ensina:

ü  “Que o amor de vocês seja sem hipocrisia, detestando o mal e apegados ao bem; com amor fraterno, tendo carinho uns para com os outros, cada um considerando o outro como mais digno de estima.” (Rm 12,9-10).

ü  “Abençoem os que perseguem vocês; abençoem, e não amaldiçoem. Alegrem-se com os que se alegram, e chorem com os que choram. Vivam em harmonia uns com os outros. Não se deixem levar pela mania de grandeza, mas se afeiçoem às coisas modestas. Não se considerem sábios. Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Se for possível, no que depende de vocês, vivam em paz com todos.” (Rm 12, 14-18).

João, o Apóstolo do Amor, chama de mentiroso aquele que diz que ama a Deus, mas despreza o seu irmão:

ü  “Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’ e, no entanto, odeia o seu irmão, esse tal é mentiroso; pois quem não ama a seu irmão a quem vê não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é justamente o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também o seu irmão.” (1Jo 4,20-21).

ü  Aquele que diz que está na luz, mas odeia o seu irmão, está nas trevas até agora. O que ama o seu irmão permanece na luz, e nele não há ocasião de queda. Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas; caminha nas trevas, e não sabe onde vai, porque as trevas cegaram seus olhos.” (1Jo 2,9-11).

ü  “Se alguém, possuindo os bens deste mundo, ver o seu irmão na necessidade e lhe fecha o coração, como permanecerá nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com ações e em verdade.”  (1Jo 3,17-18), ratificando aquilo que Jesus havia dito: “Este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros  como eu  amei vocês. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vocês são meus amigos se praticarem o que lhes mando.” (Jo 15,12-14).

A vida em abundância depende de como é colocado em prática o mandamento do amor:

ü  “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns pelos outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos.” (Jo 13,34-35).

É o amor que nos une e nos faz filhos de Deus e herdeiros da vida que não se acaba mais.

E é dentro dos preceitos do novo mandamento do amor que o Rei do Universo virá um dia “na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará no seu trono glorioso” e então:

ü  “Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.” (Mt 25,31-32).

E julgará a todos, usando como medida o amor que tivemos uns pelos outros, o cuidado, a dedicação, o respeito que tivemos uns pelos outros.

Repito, nessa oportunidade o Rei não vai nos perguntar se jejuamos muito, se vivemos na penitência, se passamos muitas horas em oração, ou quantas missas participamos, quantos terços rezamos, quantos grupos de orações estivemos presentes, mas vai nos perguntar e nos julgar unicamente pelo amor que dispensamos ao próximo seguindo o seu grande mandamento do amor.

Mas, então, surge a pergunta: atendendo as necessidades do irmão carente estamos dispensados da participação da missa? Absolutamente, não!

A Santa Missa é a congregação dos filhos e filhas do Pai nosso que está no céu. É a comunhão dos irmãos que, pelo menos uma vez por semana reúnem-se na casa do Pai para se alimentar da Palavra e do Pão da vida e vivo descido do céu, conforme disse Jesus:

ü  “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. [...] Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” (Jo 6,36.51).

A participação da Santa Missa é a oportunidade que todos temos de agradecer ao Senhor nosso Deus pelas graças e forças que ele nos concede para, a exemplo de Teresa de Calcutá e dos grandes santos, amenizar o sofrimento e necessidades dos nossos irmãos e pedir ao Pai forças para darmos continuidade a esse mandamento do amor.

A Santa Missa não é somente o cumprimento de um preceito. Se assim fosse, o nosso rito e orações seriam vazios, como eram as dos fariseus do tempo de Jesus, que mereceram do Mestre esta reprimenda condenatória:

ü  Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas. Vocês são como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheio de ossos de mortos e podridão. Assim também vocês: por fora parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça.” (Mt 23,27-28).

A Santa Missa não é o fim, mas o início da nossa missão de levar a sério o mandamento do Rei: o do amor.