domingo, 28 de fevereiro de 2021

 

TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS

 

SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA

Ano – B; Cor – roxo; Leituras: Gn 22,1-2.9-10.15-18; Sl 115; Rm 8,31-34; Mc 9,2-10.

 

“MESTRE, É BOM FICARMOS AQUI”. (Mc 9,5).

 

Diácono Milton Restivo

 

A primeira leitura deste segundo domingo da Quaresma fala do sacrifício de Abraão.

·         “Deus pôs Abraão à prova, e lhe disse: ‘Abraão, Abraão’! Ele respondeu: ‘Estou aqui’. Deus disse: ‘Toma teu filho, o seu único filho Isaac, a quem você ama, vá à terra de Moriá e ofereça-o aí em holocausto, sobre uma montanha que eu vou lhe mostrar.” (Gn 22,1-2).

O povo daquelas terras onde Abraão havia se instalado depois de deixar a casa de seu pai, costumava sacrificar aos seus deuses o que havia de melhor em sua vida como a primeira colheita dos frutos dos seus pomares, os primeiros grãos da sua seara, os primeiros filhotes de suas ovelhas ou de outros animais, chegando ao cúmulo de, muitas vezes, sacrificar os seus próprios filhos primogênitos.

É a primeira vez que um sacrifício humano é citado nas Sagradas Escrituras.

Deus quis provar a fé de Abraão, mas ele deu a Abraão três dias de caminhada para que Abraão pensasse sobre que atitude deveria tomar.

O monte Moriá distava oitenta quilômetros de Bersabéia, três dias de caminhada de onde Abraão e sua família estavam acampados.

Bersabéia era o centro da vida patriarcal.

Bersabéia significa “poço de sete ou poço do juramento” e se originou com um pacto entre Abraão e Abimeleque, rei de Gerar (cf Gn 21,22-34).

Abraão caminhou pelo deserto durante três dias até o monte Moriá com o seu filho Isaac e continuou fiel à vontade de Deus.

Muito tempo depois o rei Salomão edificaria neste mesmo monte Moriá, depois monte Sião, o Templo de Jerusalém, chamado também Templo de Salomão, (cf 2Cr 3,1) e perto do monte chamado Gólgota -  Calvário - (cf Jo 19,17) onde, séculos mais tarde Jesus seria crucificado.

No terceiro dia de caminhada Abraão viu o lugar de longe, e

·         “Abraão tomou a lenha do holocausto e a colocou nas costas de seu filho Isaac, tendo ele próprio tomado nas mãos o fogo e a faca.” (Gn 22,6).

Isaac levando a lenha do holocausto nas costas é o primeiro símbolo nas Sagradas Escrituras do sacrifício de Jesus: Isaac levou a lenha do seu holocausto nas costas e subiu o monte Moriá; Jesus levou o lenho do seu sacrifício nas costas e subiu o monte Calvário.

Abraão levou o fogo, que simboliza o julgamento, e a faca, figura de castigo e sacrifício.

A obediência de Isaac em levar a lenha de seu próprio holocausto, sem contestar a ordem de seu pai Abraão, é o prenúncio da obediência de Jesus à vontade do Pai:

·         não se faça a minha vontade, e, sim, a Tua” (Lc 22,42).

Abraão prosseguiu, sem contestar, a ordem de Yahweh:

·         “Quando chegaram no lugar que Deus lhe indicara, Abraão construiu o altar, colocou a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Abraão estendeu a mão e pegou a faca para imolar seu filho” (Gn 22,9-11).

Mas Deus impede que Abraão imolasse seu próprio e único filho porque isso contrariaria o que Yahweh havia dito tempos atrás para Noé e seus filhos:

·         “Vou pedir contas do sangue que é a vida de vocês; vou pedir contas a qualquer animal; e ao homem vou pedir contas da vida do seu irmão. Quem derrama o sangue do homem, terá o seu próprio sangue derramado por outro homem. Porque o homem foi feito à imagem de Deus” (Gn 9,5-6).

Yahweh elogia a fé e obediência de Abraão:

·         “Agora sei que você teme a Deus, pois não me recusou seu único filho” (Gn 12b).

Mas, em contrapartida, o Pai não poupou a vida de seu próprio e único Filho, entregando-o por todos os homens, como fala Paulo na segunda leitura desta liturgia:

·         “Ele não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós” (Rm 8,32).

Yahweh oferece a Abraão um cordeiro que foi sacrificado no lugar de Isaac.

O cordeiro oferecido por Yahweh para poupar a vida de Isaac é o símbolo do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 12,9), que é o próprio Jesus, o Cordeiro com o qual Deus Pai nos substitui para morrer por cada um de nós e por todos nós pelos nossos pecados.

Paulo, imbuído deste grande amor que o Pai tem pelos homens e convicto de que o Pai não abandona os que a ele obedece, diz num belo hino de amor de Deus:

·         “O que nos resta dizer: Se Deus está a nosso favor, quem estará contra nós? Ele não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará também todas as coisas junto com o seu Filho?”. (Rm 8,31-32).

E Paulo continua falando do amor de Deus aos corintios:

·         “Se alguém está em Cristo é nova criatura. As coisas antigas passaram; eis que uma realidade nova apareceu. Tudo vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação. Pois era Deus quem reconciliava com ele mesmo o mundo por meio de Cristo, não levando em conta os pecados dos homens e colocando em nós a palavra da reconciliação. [...] Aquele que não tinha nada a ver com o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que por meio dele sejamos reabilitados com Deus.” (2Cor 5,17-19.21).

A leitura do Evangelho transmite-nos a transfiguração de Jesus.

A transfiguração de Jesus é uma passagem que se encontra em todos os Evangelhos sinóticos: Lucas 9,28-36, Mateus 17,1-9 e Marcos 9,2-10, mas cada um dos evangelistas sinóticos trabalhou ao seu modo a narrativa dentro dos objetivos que lhes eram peculiares e da maneira que acharam melhor para o entendimento de suas comunidades específicas.

A transfiguração de Jesus é o ponto culminante da sua vida pública, assim como o seu batismo é o seu ponto de partida, e sua ascensão aos céus é o seu termo.

Pedro refere-se a esse glorioso evento na sua segunda carta:

·         “De fato, não tiramos de fábulas complicadas o que lhes ensinamos sobre o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pelo contrário, falamos porque somos testemunhas oculares da majestade dele. Pois ele recebeu de Deus Pai a honra e a glória, quando uma voz vinda de sua Glória, lhe disse: ‘Este é o meu Filho amado: nele encontro o meu agrado’.” (2Pd 1,16-18).

João também, no seu Evangelho, não deixa passar despercebida a contemplação da glória de Jesus que foi testemunhada por ele:

·         “E nós contemplamos a sua glória; glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.” (Jo 1,4b).

Então, podemos dizer que duas das três testemunhas oculares privilegiadas fazem alusão nos seus escritos à transfiguração de Jesus.  

Quando falamos da Transfiguração de Jesus logo a associamos ao monte Tabor, mas, por incrível que possa parecer, nenhum dos evangelistas que narra esse episódio cita o fato como acontecido nesse monte.

Os evangelistas são unânimes em afirmar que Jesus subiu numa “alta montanha” (Mc 9,2; Mt 17,1), ou apenas “à montanha” (Lc 9,28) sem citar o nome da montanha. Pela narrativa dos Evangelhos não sabemos que montanha foi essa.

A tradição deu o nome a essa montanha, identificando-a como sendo o monte Tabor, e isso somente a partir do século IV. Isso foi dito pela primeira vez por Cirilo de Jerusalém e por Jerônimo em suas obras literárias.

O monte Tabor não é citado nenhuma vez no Novo Testamento, mas são encontrados, pelo menos, doze registros do monte Tabor no Antigo Testamento, a saber: Josué 19,12; 19,22; 19,34; Juízes 4,6; 4,12; 4,14; 8,18; 1 Samuel 10,3; 1 Crônicas 6,62; Salmo 89 (88),13; Jeremias 46,18 e Oséias 5,1.

Nesta narrativa entramos na segunda parte do Evangelho segundo Marcos e Jesus começa, lentamente, revelar-se.

·         Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha”. (Mc 9,2).

Por que “seis dias depois”?

Seis dias depois do diálogo entre Jesus e Pedro, por ocasião em que Pedro fizera sua profissão de fé, quando Jesus havia perguntado: “E vocês, quem dizem que eu sou?” tendo respondido Pedro: “Tu és o Messias” (cf Mc 8,27-30). A partir daí Jesus começa uma catequese aos apóstolos, fazendo três anúncios de sua paixão (cf Mc 8,31-33; 9,30-32; 10,32-34), sendo que todos esses anúncios foram repelidos e contestados pelos apóstolos. A particularidade é que todos esses anúncios da paixão, apesar de falar de dor e abandono, remetem à ressurreição.

·         “Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João...” (Mc 9,2).

Em várias outras ocasiões, quando Jesus busca refúgio e quer companhia ou testemunhas, chama esses três apóstolos. Foram esses três, dos quatro primeiros apóstolos chamados por Jesus para seguí-lo (cf Mc 1,16-20).

Foram, também, escolhidos para acompanhar Jesus quando da ressurreição da filha de Jairo (cf Mc 5,37).

Também quando Jesus falava do fim dos tempos foram esses três apóstolos e mais André que se aproximaram, em particular, até Jesus para perguntar quando isso aconteceria (Cf Mc 13,3-4).

Quando estava próximo de sua entrega total nas mãos do Pai para levar a cabo sua missão, foram esses três apóstolos que Jesus escolheu para acompanhá-lo até o monte Getsêmani (cf Mc 14,33). Para esses acontecimentos Jesus buscou testemunhas, e elas foram, exatamente, Pedro, Tiago e seu irmão João.

Jesus, com Pedro, Tiago e João, sobe a uma alta montanha.

A montanha ou lugar elevado, para os judeus, era o lugar adequado para se comunicar com Deus, pois entendiam que ali estavam mais próximo de Deus.

Era o lugar ideal para a oração e recolhimento. Moisés, no Antigo Testamento, para se comunicar com Deus e receber as tábuas da Lei, subiu a uma montanha (cf Ex 19,16-20).

Subindo a montanha com três dos seus apóstolos, Jesus ocupa o lugar de Moisés.

Jesus “transfigurou-se diante deles” (Mc 9,2).

Transfigurar-se é aparecer em outra forma que não seja a sua própria.

Na Bíblia esta é a única vez que é usado o termo “transfiguração”.

Para Moisés, foi usado o termo “resplandecente” para o seu rosto quando desceu da montanha com as tábuas da Lei:

·         “Quando Moisés desceu da montanha do Sinai, levou nas mãos as duas tábuas da aliança. Ele não sabia que seu rosto estava resplandecente, por ter falado com Yahweh.” (Ex 34,29).

Marcos não fala do rosto de Jesus, mas Mateus diz que:

·         “O seu rosto brilhou como o sol” (Mt 17,2),

E Lucas diz:

·         “Seu rosto mudou de aparência” (Lc 9,29).

Na transfiguração Jesus deixou transparecer sua natureza divina, aquilo que ele sempre recomendara aos seus apóstolos que não fosse revelado até que ressuscitasse dos mortos:

·         “Então Jesus proibiu severamente que eles falassem a alguém a respeito dele.” (Mc 8,30).

E ao descer da montanha, Jesus faz novamente essa recomendação:

·         “Ao descerem da montanha Jesus recomendou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos.” (Mc 9,9).

Enquanto estava transfigurado,

·         “apareceram-lhes Elias e Moisés, que conversavam com ele.” (Mc 9,4).

Moisés representava a Lei e Elias os profetas.

No tempo de Jesus havia uma crença de que Elias estava vivo, não havia morrido, porque

·         “Enquanto estavam andando e conversando (Elias e Eliseu), apareceu um carro de fogo com cavalos de fogo, que os separou um do outro. E Elias subiu ao céu no redemoinho.” (2Rs 2,11).

Os judeus estavam no aguardo da realização da profecia de Malaquias que Yahweh enviaria Elias para anunciar a vinda do Messias:

·         “Vejam! Eu mandarei a vocês o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia de Yahweh.” (Ml 3,23).

Jesus era maior que Moisés e Elias. Moisés foi o legislador da lei antiga, Jesus, através do seu sangue, sanciona a Nova Aliança. Elias é o príncipe dos profetas do Antigo Testamento. Jesus não é mais um profeta, é O Profeta por excelência.

Pedro ficou inebriado, confuso e estático com o que estava vendo, como disse Lucas no seu evangelho:

·         “Pedro não sabia o que estava dizendo” (Lc 9,33b), mas disse: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.”! (Mc 9,5).

Nas grandes festas do povo, quando os judeus afluíam a Jerusalém para as comemorações, as famílias construíam tendas para ali permanecerem até o final das festividades, como na festa das Tendas (cf Jo 7,2). Pedro queria que aquele momento não fosse passageiro e permanecesse até pelo menos quando ele e seus companheiros, Tiago e João, pudessem entender o que estava acontecendo. Mas eis que, de repente

·         “desceu uma nuvem e os cobriu com a sua sombra” (Mc 9,7).

O Antigo Testamento fala de uma nuvem que acompanhava o povo no deserto. Orígenes, teólogo do século III, fala e diz “No que eles acreditavam ser uma nuvem, Paulo vê o Espírito Santo”. Não foi isso que Gabriel falou para Maria? “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra.” (Lc 1,35).

A nuvem manifesta a presença de Deus como tinha acontecido no Sinai com Moisés (cf Ex 19,16). Mas, ao invés de trovões e relâmpagos que saiam das nuvens, como aconteceu a Moisés, com Jesus ouviu-se uma voz que saia das nuvens:

·         “da nuvem saiu uma voz: ‘Este é meu Filho amado. Escutem o que ele diz.” (Mc 9,7).

Esta é a mesma frase dita pelo profeta Isaias e que foi ouvida depois que Jesus foi batizado e saiu da água (Is 42,1; Mc 1,11).

O Pai apresenta o seu Filho único aos três discípulos. O Pai dá a identidade de Jesus: ele é o Filho amado do Pai. Este é o âmago, o coração do Evangelho de Marcos.

·         “Escutem o que ele diz”.

As palavras, os ensinamentos de Jesus têm o pleno aval do Pai.

Isso reafirma o que Moisés disse ao povo no deserto:

·         “Yahweh seu Deus fará surgir, dentre seus irmãos, um profeta como eu em seu meio, e vocês o ouvirão” (Dt 18,15).

Moisés disse:

·         “vocês o ouvirão”.

Agora o Pai diz:

·         “Escutem o que ele diz”.

A ordem do Antigo Testamento é para o futuro:

·         “vocês o ouvirão”.

A ordem do Pai é para o presente:

·         “Escutem o que ele diz”.

·         “E, de repente eles olharam em volta e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles”. (Mc 9,8).

Aquele mesmo Jesus que estava preparando seus discípulos para a sua hora, a hora do Calvário, para a condenação por parte dos chefes de Israel, é exatamente o “Filho amado” de Deus. Precisamente ele, não mais Moisés ou Elias, é o Mestre que agora Deus Pai apresenta ao mundo.

E é a nação eleita, que tinha escutado Moisés e Elias, que iria cumprir o mais trágico erro judicial: condenar o Filho amado do Pai ao suplício da Cruz.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

 

AMA-SE O FILHO RESPEITANDO A MÃE

 

Como é gostoso falar de Maria, a mãe do Verbo Divino que se fez carne e veio habitar entre nós. Falar da Mãe do Filho de Deus, falar da nossa querida Mãe.

Jamais poderemos deixar de amar a nossa Mãe, que, antes que nós, foi amada pelo próprio Deus feito homem e, como dizia São Maximiliano Maria Kolbe – “Procure amar a Nossa Senhora o tanto que você quiser e mais do que você puder.”

Santa Terezinha do Menino Jesus nos deixa escrito em seu livro, História de uma Alma, que o menor caminho que nos leva a Jesus Cristo, é Maria.

São Bernardo dizia em suas pregações que jamais ouvira dizer que qualquer pessoa que tenha recorrido à proteção da Virgem Maria, não tivesse sido atendida. Maria é o nosso socorro, é o refúgio dos pecadores, é o auxílio dos cristãos, é a saúde dos enfermos.

Se lermos as histórias de todos os santos ou santas, nas histórias dessas vidas sempre vamos encontrar a presença marcante de Maria, e todos os santos e santas atestam com convicção que chegaram mais facilmente até Jesus conduzidos pelas mãos imaculadas, virginais e maternais de Maria. No casamento de Caná, na Galiléia, Maria havia dito aos que serviam vinho na festa = ``Façam tudo o que ele vos disser.`` =  façam tudo o que o meu Filho vos mandar fazer.

Esta foi uma ordem de Maria aos serventes. E os serventes fizeram o que Maria havia determinado, e Jesus transformou a água em vinho.           E Maria continua a nos dizer ainda hoje, todos os dias, todas as horas, todos os minutos da nossa vida = ``faça tudo o que o meu Divino Filho vos disser``. E, se somos realmente seguidores de Jesus Cristo, devemos obedecer essa ordem da Mãe e fazer tudo o que fez e manda fazer e com a perfeição que só pode vir dele = antes que nós ele amou plenamente a sua mãe, a sua imaculada e virgem mãe, e, seguindo o exemplo de Jesus, devemos amar Maria com todas as forças de nosso coração, com toda a nossa vontade, com todo o nosso desejo. Jesus, o filho de Deus feito homem, amou sua mãe, e é seguindo o exemplo de Jesus que devemos amar Maria, a mãe de Jesus, a nossa mãe, a Nossa Senhora.

Não podemos conceber um cristão que diz que ama a Jesus e que não ame Maria.

Não podemos conceber  alguém que diz que ama o filho e que não admire sua mãe.     

E isso com relação a outra pessoa.

Mas Maria não é somente a mãe do outro, Maria é a mãe de Jesus Cristo, é a nossa mãe, que nos foi dada pelo seu próprio filho Jesus Cristo, Nosso Senhor, quando agonizante, no alto do Calvário, e já sentindo que nada mais poderia fazer,  e dar a esses homens ingratos, ainda lhe restava a sua mãe sobre a terra, e, num esforço supremo, ainda, num ato de amor sem precedentes, dá a sua mãe para os homens , dá a sua Mãe para ser a mãe de todos os homens, dá a sua mãe para zelar por aqueles que o haviam matado e a quem ele dera, espontaneamente, a sua própria vida.

Jesus estava partindo para a casa do Pai, mas a sua Mãe, agora nossa mãe, , ainda permaneceria com os seus apóstolos amados, apoiando-os e, na figura de Maria, tinham eles a visão sempre viva de Jesus Cristo.

E é por isso que já, os primeiros cristãos, reconheceram Maria como a Mãe de Deus e mãe dos homens, e, completando a saudação do Anjo Gabriel e depois a saudação de Isabel, rezavam com fervor a oração que chegou até os nossos dias e que todos os dias, sem cessar e centenas de vezes, nós a repetimos com amor e confiança, porque  nós, cristãos católicos, amamos realmente a Virgem Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida.  

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 

PANELINHA DENTRO DA IGREJA E NAS COMUNIDADES

 

É muito triste ver dentro das igrejas a famosa "panelinha".

Se você não faz parte da panelinha sua voz não é ouvida; sua opinião não conta...

Já vi muitas pessoas abandonarem seu ministério, sua pastoral e até abandonar a igreja por causa de panelinhas...

Deus colocou em mim neste momento o desejo de direcionar para você que está passando por essa situação este texto....

Quando você olha para cruz o que você vê?

Eu vejo na cruz um Senhor que não quer a divisão, todos nós somos eleitos por Ele e na palma de Sua mão o meu e o seu nome está gravado....

Jesus se entregou na cruz por todos nós, não por um grupinho pré selecionado...

Na passagem dos operários da vinha, Jesus paga o mesmo salário para quem trabalhou o dia todo e para quem trabalhou apenas uma hora...

Se na tua comunidade tem panelinha e você está ficando de fora dela, o que eu tenho para te falar é: você não está na igreja para fazer parte desta ou daquela panelinha.

Não está nesta igreja para agradar esta ou aquela pessoa.

Você está na igreja para ser SAL, LUZ E FERMENTO....

Você está na igreja porque Aquele que tem o nome sobre todos os nomes te escolheu, te capacitou e te chamou.

Eu vejo uma pessoa neste momento querendo desistir e jogar tudo para cima, largar a pastoral, largar até a igreja por causa de uma panelinha....

Eu declaro a você que está com esse pensamento:

NÃO DESISTA!!!!!!!

PERSISTA!!!!

FAÇA VOCÊ A DIFERENÇA!!!!!

DEUS PRECISA DE VOCÊ!!!!!

DO SEU MINISTÉRIO!!!!!

Agora falo para você que tem liderança, que é coordenador de pastoral, que faz parte de sua comunidade:

NÃO DEIXE SUA PASTORAL, SUA COMUNIDADE SER UMA PANELINHA SELETIVA E EXCLUSIVA!!!!

INCLUA!!!!!

RECEBA!!!!

ACEITE!!!!!

Deus precisa de cada um de nós, unidos, o corpo precisa de todos os seus membros, do fio de cabelo até a unha do dedinho mindinho....

Meu irmão, minha irmã NÃO DESISTA!!!!!!

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Padre Carlos Eduardo Nascimento

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

 

COM MARIA, QUANDO ÉRAMOS CRIANÇAS

 

Quando éramos pequenos, quando éramos crianças, quantos de nós aprendemos as primeiras orações no colo de nossas mães ou avós. Íamos ao catecismo, e a catequista, com muito amor, carinho e paciência, repetia conosco as orações do Pai Nosso, da Ave Maria e pegava em nossas mãos de crianças para nos ajudar a aprender e a fazer o Sinal da Cruz.

Quando éramos crianças rezávamos e tínhamos a certeza de que o Papai do Céu nos ouvia e nos atendia.

Depois fomos crescendo, crescendo e passamos a achar que éramos auto-suficientes, que não precisaríamos mais de rezar, que poderíamos muito bem viver sem orações e sem Deus, que, afinal de contas, rezar era para crianças e mulheres que tinham que cuidar dos maridos e dos filhos.

Fomos nos tornando pessoas adultas e maduras e começamos  a achar que poderíamos resolver os nossos próprios problemas e passamos a ficar descrentes no poder da oração.

Se fizermos uma retrospectiva na nossa vida, vamos notar que, a partir do momento em que deixamos de rezar, passamos a dar cabeçadas por esse mundo a fora.

Deixando de rezar, começamos a nos afastar de Deus e da sua Igreja e, fazendo isso e olhando para traz, notamos quantas coisas que fizemos e não deveríamos ter feito e que não faríamos se ainda tivéssemos mantido o contato com Deus, ou ainda, quantas coisas que fizemos e que poderíamos tê-las feito melhor.

Muitos de nós tivemos apenas uma iniciação na vida religiosa, na vida cristã, apenas uma iniciação na vida de oração, de conversa amigável e amorosa com Deus, nosso Pai.

Quando éramos crianças o nosso respeito, o nosso amor para com Deus, com sua Igreja, com os irmãos e com os mais velhos estavam sempre presentes em nossas vidas, em nossos atos e pensamentos. Crescemos, começamos a achar que rezar e ir à Igreja era perda de tempo, coisas de crianças e mulheres. Desaprendemos de rezar.

Quando éramos crianças aprendemos a rezar orações decoradas e também orações espontâneas, numa conversa amigável com Deus com as nossas próprias palavras e sentimentos como se estivéssemos conversando com o nosso próprio pai ou mãe, e fazíamos isso com confiança total na bondade e misericórdia de Deus.

Quando a criança deixa de ser criança e passa a se julgar adulto, proclama a sua independência de tudo e de todos, inclusive de Deus e se esquece de quem Jesus amava de verdade era das crianças, perde o contato com a família do Pai Nosso.

Ser criança, no Evangelho, não é pertencer a uma determinada faixa etária; ser criança, para Jesus, é um estado de espírito e se não voltarmos a ser crianças e a nos tornarmos crianças, não alcançaremos o Reino do Céu: “Eu lhes garanto: se vocês não se converterem e não se tornarem como crianças, vocês nunca entrarão no Reino do Céu”. (Mt 18,3).

Eram as crianças que Jesus queria perto de si para abraçá-las e abençoar: “Deixem as crianças e não lhes proíbam de vir a mim, porque o Reino do Céu pertence a elas”. (Mt 19,14).

O Reino do Céu foi feito para as crianças, não importa a idade que elas tenham: de um a cem anos. Nós envelhecemos quando queremos, quando deixamos de ser crianças, quando nos julgamos auto-suficientes e não necessitamos de mais ninguém, nem de Deus. Se quisermos, seremos sempre crianças e o Reino do Céu não fugirá de nós, será sempre nosso, das crianças.

Enquanto confiarmos em Deus e colocarmos em suas mãos a nossa vida, os nossos anseios, as nossas realizações, o nosso presente, o nosso futuro, acreditando que Deus só quer o nosso bem, ai somos ou voltamos a ser crianças.

Caso contrário, se passarmos a querer resolver os nossos problemas sozinhos e nos negarmos ao amor do Pai, deixamos de ser crianças e nos afastamos da possibilidade de nos entregar-mos ao amor da mãe.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

 

JESUS NÃO RESISTE AOS PEDIDOS DE MARIA

 

Através dos Santos Evangelhos tomamos conhecimento que Jesus Cristo quis começar e começou a realizar os seus milagres por intercessão de sua Mãe, Maria Santíssima.

Quando da visita de Maria à sua prima Isabel, estando Maria grávida de Jesus Cristo e Isabel grávida de João Batista, a simples presença de Maria com Jesus no seu ventre fez com que o filho de Isabel, João Batista, pulasse no ventre de sua mãe assim que Maria cumprimentou Isabel, tendo nessa oportunidade, realizada a santificação de João Batista ainda no entre de sua mãe pela palavra de Maria, pela saudação de Maria à sua prima Isabel, e este foi o primeiro e o maior milagre da graça. No casamento de Canaã, na Galiléia, Jesus atende a humilde súplica de sua mãe e transforma a água em vinho, e este foi o primeiro milagre da natureza.

Jesus Cristo começou e continuou os seus milagres por Maria e continuará a fazer os seus milagres por intercessão de Maria, como aconteceu nas bodas de Caná (Jo 2) isso até o fim dos tempos. Foi em Maria que Deus Espírito Santo produziu a sua obra prima, que é um Deus feito homem, e assim o Espírito Santo continua produzindo todos os dias, através de Maria, os membros do corpo dessa cabeça adorável, formando, desta forma,, o grande corpo místico de Jesus Cristo, que é a sua Igreja. Na criação do mundo Deus Pai fez um conjunto de todas as águas, a quem chamou de Mar; depois fez um conjunto de todas as suas graças, a quem chamou Maria, como disse e escreveu o grande santo Luiz Maria Grignon de Montfort.

Maria é um tesouro, um armazém muito rico onde Deus encerrou tudo o que há de mais belo, de refulgente, de raro, de precioso, até o seu próprio Filho.

É através de Maria que Jesus aplica os seus merecimentos a todos os membros do seu Corpo Místico, comunica sua virtudes e distribui as suas graças; Maria é o mistério, é o canal por onde passam, suave e abundantemente, as misericórdias de Jesus.

Deus Espírito Santo comunicou seus dons inefáveis à Maria, sua fiel Esposa, e escolheu-a para ser a distribuidora de todos os seus bens, de modo que Maria distribuía as graças de Deus a quem quer, quando quer, como quer, quanto quer, e não existe dom celeste feito para os homens que não tenha passado pelas mãos virginais de Maria.

Esta é a vontade de Deus: que tenhamos tudo através de Maria; é assim que deve ser enriquecida, elevada e honrada do Altíssimo aquela que, por sua profunda humildade, se fez pobre, humilhou-se ocultou-se até ao nada durante toda a sua vida.

Jesus Cristo, o filho de Deus feito homem, veio até nós por meio de Maria, e todos nós, homens, devemos chegar até Deus também por meio de Maria.

É certo que no céu Nosso Senhor Jesus Cristo  é ainda filho de Maria como o era aqui na terra, e tudo nos leva a crer que ele tem conservado a submissão e obediência do mais perfeito dos filhos à melhor e mais santa de todas as mães.

Temos consciência que Maria está infinitamente abaixo de seu Filho, que é Deus, e, obviamente, lá no céu, ela não dá ordens a Jesus como uma mãe aqui da terra.

Quando lemos nos escritos de São Bernardo, de São Bernardino, de São Boaventura, de São Luiz Maria Grignon de Montfort, que no céu e na terra tudo se submete à Santíssima Virgem Maria, isso quer dizer que é tão grande a autoridade que o Senhor Nosso Deus deu à Maria que ela pode tudo e que, perante Deus, as orações e as súplicas de Maria são tão poderosas que não existe nada que Maria peça a Deus que não seja atendida, pois Jesus Cristo, que é Deus, jamais resiste aos pedidos  de sua mãe muito amada, porque tudo o que Maria pede a Deus está de acordo com a eterna e imutável vontade do Altíssimo.0

Jesus Cristo veio até nós por meio de Maria.

Devemos chegar a Jesus também por meio de Maria.

(baseado no livro “Glórias de Maria Santíssima” de Santo Afonso Maria de Ligouri).



terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

 

VOCAÇÃO... PARA QUAL DELAS VOCÊ FOI CHAMADO?

 

A todos nós, o Senhor Nosso Deus nos chama para uma vocação especial. Cada um de nós, em particular, é chamado para uma vocação específica. E, para qualquer tipo de vocação a que somos chamados, a finalidade primordial é para servir e adorar ao Senhor Nosso Deus e amar e servir o irmão para melhor chegarmos até Deus.           

Qualquer vocação aceita e vivida com responsabilidade,  é para a maior glória de Deus.

Para a maior parte do seu povo o Senhor Nosso Deus chama para a vocação da vida matrimonial, para o casamento, para, de acordo com a lei do Senhor, em casamento, em matrimônio, se unir a uma outra pessoa, do outro sexo, e os dois se tornarem um através do amor, o que Deus uniu o homem não pode desunir.

Aos que são chamados para a vocação do matrimônio, o Senhor lhes transmite a missão de gerar filhos, de educar para o Senhor novos herdeiros para o Reino dos Céus.  

As vocações religiosas, sacerdotais e matrimoniais, poderíamos dizer, são as vocações fundamentais na vida do povo cristão, porque, ou somos religiosos, ou somos sacerdotes ou nos casamos, constituindo família.         

A outros o Senhor nosso Deus chama para a vocação da vida religiosa, para servir a Deus, através dos irmãos, em conventos  ou nas comunidades distantes onde falta uma assistência religiosa, por menor que seja. São os irmãos e irmãs que se tornam religiosos e religiosas e que deixam suas famílias, abandonam o mundo, e se dedicam inteiramente ao serviço do Senhor indo servir a Deus na pessoa do irmão de uma maneira mais dedicada e com muito mais amor.

A muitos outros o Senhor chama para a vocação de ministor ordenados. São os nossos diáconos, sacerdotes, bispos, os nossos pastores, que Deus escolhe nas próprias famílias para serem continuadores da missão de Jesus Cristo neste mundo, para serem os propagadores e anunciadores das mensagens evangélicas que nos foi deixada pelo Senhor Jesus. Os sacerdotes administram os santos sacramentos e dão assistência religiosa integral ao povo de Deus.

A outros, ainda, o Senhor chama para a vocação da vida celibatária ou virginal, homens e mulheres que não são chamados para a vida religiosa em conventos e nem para a vida sacerdotal, mas que permanecem neste mundo como leigos e leigas, vivendo integralmente os mandamentos e as determinações do Senhor, permanecendo solteiros e castos, que não constituem família própria para auxiliar a cuidar da família de Deus, que é o povo cristão.     

Mas, a vocação mais importante, que está acima de todas as vocações fundamentais, é a vocação do cristão. A todos nós o Senhor Nosso Deus nos chama, em primeiríssimo lugar, para sermos cristãos. E, para sermos cristãos, é fundamental e indispensável que sejamos batizados. E todos nós, cristãos, fomos batizados.  

Para ser cristão é necessário ser batizado. Desde o Papa, que é o chefe visível da nossa santa Igreja, até o mais humilde dos humildes dos cristãos, somos todos batizados, senão não poderíamos pertencer e nem pertenceríamos à Igreja de Jesus Cristo. E ser cristão não quer dizer apenas ser batizado, porque, temos muitos irmãos que são batizados, se autodenominam cristãos mas não vivem a vida de cristão.   

Para ser cristão verdadeiro, antes de mais nada é necessário viver o batismo. E, para viver o batismo, se faz necessário conhecer o que o Senhor Jesus quer de cada um de nós; é necessário conhecer a sua mensagem, os seus mandamentos, a sua vida, o seu amor por todos os homens, e não somente conhecer, mas colocar em prática os seus ensinamentos e os seus mandamentos.

O religioso, para ser um santo religioso, é necessário que, antes de mais nada ele seja um bom e santo cristão. O ministro, ordenado, para ser um ministro ordenado (diácono, padre, bispo) santo, antes de mais nada tem que ser um bom e santo cristão.        

O homem e a mulher para receberem o sacramento do matrimônio, antes de mais nada precisam ser bons e santos cristãos.           Todos, religiosos, ministros ordenados e leigos, casados ou não, precisam conhecer a vocação para a qual o Senhor Nosso Deus os está chamando.

Todos nós, indistintamente, somos chamados para uma vocação, mas, para cumprirmos bem a vocação para a qual fomos chamados, para respondermos um “sim” consciente e responsável ao chamamento de Deus, antes de mais nada, precisamos ser cristãos, bons e santos cristãos, não somente cristãos porque fomos e somos batizados, mas principalmente cristãos porque somos batizados e nos interessamos incondicionalmente pelas coisas do Senhor Jesus e da sua Igreja.

Os casados que estão realmente vivendo a vocação de cristão e a vocação para o matrimônio, são realmente representantes de Deus no lar, diante dos filhos, junto com os  vizinhos e toda a comunidade?   Vivem realmente o cristianismo onde quer que estejam?

É o momento de conferir como estamos vivendo a vocação paa a qual o Senhor chamou a cada um: não importando se religiosos, sacerdotes ou casados. Todos são importante para Deus. Todos são amados por Deus.

Foi para todos que Jesus veio até nós, porque “Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou o seuFilho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele. Quem acredita nele, não está condenado; quem não acredita, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus” (Jo 3,16-18).

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 

SANTA MARGARIDA DE CORTONA - 1247-1297

 

A penitência marcou a vida de Margarida que nasceu em 1247, em Alviano, Itália. Foi por causa de sua juventude, período em que experimentou todos os prazeres de uma vida voltada para as diversões mais irresponsáveis. Margarida ficou órfã de mãe, quando ainda era muito criança.

O pai se casou de novo e a pequena menina passou a sofrer duramente nas mãos da madrasta. Sem apoio familiar, ela cresceu em meio a toda sorte de desordens, luxos e prazeres.

No início da adolescência se tornou amante de um nobre muito rico e passou a desfrutar de sua fortuna e das diversões mundanas. Um dia, porém, o homem foi vistoriar alguns terrenos dos quais era proprietário e foi assassinado. Margarida só descobriu o corpo, alguns dias depois, levada misteriosamente até ele pela cachorrinha de estimação que acompanhara o nobre na viagem.

Naquele momento, a moça teve o lampejo do arrependimento. Percebeu a inutilidade da vida que levava e voltou para a casa paterna, onde pretendia passar o resto da vida na penitência. Para mostrar publicamente sua mudança de vida, compareceu à missa com uma corda amarrada ao pescoço e pediu desculpas a todos pelos excessos da sua vida passada.

Só que essa atitude encheu sua madrasta de inveja, que fez com que ela fosse expulsa da paróquia. Margarida sofreu muito com isso e chegou a pensar em retomar sua vida de luxuria e riqueza. No entanto, com firmeza conseguiu se manter dentro da decisão religiosa, procurando os franciscanos de Cortona e conseguindo ser aceita na Ordem Terceira.

Para ser definitivamente incorporada à Ordem teria que passar por três anos de provação. Foi nesta época que ela se infligiu as mais severas penitências, que foram vistas como extravagantes, relatadas nos antigos escritos, onde se lê também que a atitude foi tomada para evitar as tentações do demônio. Seus superiores passaram a orienta-la e isso a impediu de cometer excessos nas penitências.

Aos vinte e três anos Margarida de Cortona, como passou a ser chamada, foi premiada com várias experiências de religiosidade que foram presenciadas e comprovadas pelos seus orientadores espirituais franciscanos. Recebeu visitas do anjo da guarda, teve visões, revelações e mesmo aparições de Jesus, com quem conversava com freqüência durante suas orações contemplativas.

Ela percebeu que o momento de sua morte se aproximava e foi ao encontro de Jesus serenamente, no dia 22 de fevereiro de 1297. Margarida de Cortona foi canonizada pelo Papa Bento XIII em 1728 e o dia de sua morte indicado para a sua veneração litúrgica.

São celebrados, também, neste dia: Cátedra de São Pedro, Santo Abílio de Alexandria (bispo), Santo Aristeu de Salamis (mártir), Santo Atanásio de Nicomédia (abade).

domingo, 21 de fevereiro de 2021

 

“CONVERTAM-SE E ACREDITEM NO EVANGELHO” (Mc 1,15).

 

PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Ano – B; Cor – roxo; Leituras: Gn 9,8-15; Sl 24 (25); 1Pd 3,18-22; Mc 1,12-15.

 

Diácono Milton Restivo

 

A liturgia faz uma pausa no Tempo Comum onde a Igreja vestia-se de verde e entra no Tempo da Quaresma, cujos paramentos adquirem a cor roxa.

O roxo na Quaresma não tem o mesmo significado da cor roxa do Tempo do Advento.

No Advento o roxo sugere expectativa, espera e preparação para a primeira vinda do Salvador no Natal e de olhos voltados para a sua segunda vinda.

Na Quaresma o roxo é uma chamada de atenção para a oração, jejum, abstinência, penitência, preparando o cristão para a Páscoa, a Ressurreição de Jesus.

A Quaresma é um período de retiro espiritual voltado para a reflexão, onde os cristãos recolhem-se em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa.

A Quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja Católica, a Igreja Anglicana e algumas protestantes marcam para preparar os fiéis para a grande festa da Páscoa.

Durante este período, os seus fiéis são convidados a um período de penitência e meditação, por meio da prática do jejum, da esmola e da oração.

O período da quaresma é de quarenta dias. Segundo o Missal Romano, o tempo da Quaresma vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive.

Nas Sagradas Escrituras o número quatro simboliza o universo material – terra, água, ar e fogo. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades.

Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia.

Nas Sagradas Escrituras o número quarenta indica um tempo necessário para algo novo que vai chegar, ou um tempo que se finda uma geração, ou um tempo para conversão, de mudança de vida e de mentalidade como, por exemplo, os quarenta dias que duraram as águas do dilúvio (Gn 7,4.12.17; 8,6), quarenta dias e quarenta noites que Moisés passa entre as nuvens no cume do monte Sinai para receber as tábuas da Lei (Ex 24,18; 34,28; Dt 9,9.11.18.25; 10,10); quarenta anos de caminhada do povo israelita pelo deserto (Nm 14,33; 32,13; Dt 2,7;0 8,2; 29,4; Js 5,6; Sl 94,10; At 7,36; 13,18); quarenta anos de reinado de Davi em Israel (2Sm 5,4; 1Rs 2,11; 1Cr 29,27), quarenta anos de reinado de Salomão em Israel (1Rs 11,42; 2Cr 9,30); quarenta dias de caminhada de Elias pelo deserto até chegar no monte Horeb, a montanha de Deus (1Rs 19,8); quarenta dias e quarenta noites em que Jesus passou no deserto jejuando em oração e tentado pelo demônio (Mt 4,2; Mc 1,13; Lc 4,2); quarenta dias que Jesus passou entre os apóstolos depois de sua ressurreição e antes de sua ascensão aos céus (At 1,3).

Quando julgavam que alguém cometia alguma infração contra a Lei de Moisés, esta mesma Lei determinava que, corrigi-lo, lhe dessem quarenta chicotadas (cf Dt 25,3) e Paulo afirma que recebeu cinco vezes as quarenta chicotadas menos uma por pregar a mensagem do Cristo Ressuscitado (2Cor 11,24).

Muitas outras citações do número quarenta acontecem nas Sagradas Escrituras preconizando e objetivando mudança para melhor. Vemos ai que, nas Sagradas Escrituras o número quarenta está implicitamente ligado à mudança de vida ou na expectativa de algo novo que deveria acontecer.

O Tempo da Quaresma não foge a essa prescrição e tem essa finalidade: mudança de vida e de mentalidade e é a preparação de penitência, jejum e oração para a Páscoa.

Os períodos de quarenta dias ou quarenta anos relacionados nas Sagradas Escrituras vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo de destaque que vai acontecer: a concretização da conversão, a passagem da escravidão para a liberdade; a mudança de vida e de mentalidade, como dizia João Batista:

·         “Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo”. (Mt 3,2), e também Jesus: “Daí em diante, Jesus começou a pregar, dizendo: ‘Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo.” (Mt 4,17); “O tempo já se completou e o reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no Evangelho.” (Mc 1,15).

Ao pressentir que deveria iniciar sua vida pública, o momento de começar a sua missão, Jesus deixa sua vida oculta e no anonimato e dirige-se às margens do rio Jordão para se batizado por João Batista. Depois disso

·         “o Espírito levou Jesus para o deserto durante quarenta dias e ai foi tentado por satanás.” (Mc 1,12).

Ser conduzido pelo Espírito quer dizer que Jesus vivia em oração e total recolhimento, entregando-se inteiramente à vontade de Deus, ocasião em que teve uma profunda experiência de encontro com o Pai.

Quem busca a Deus com insistência e persistência, é tentado pelo demônio, pelo chamamento do mundo que sugere ao retirante que deixe essa vida de oração e recolhimento e volte para a vida vulgar e das passageiras facilidades que o mundo oferece. Com Jesus não foi diferente.

As tentações que Jesus viveu são apresentadas como aquelas que também os cristãos precisam viver. É por isso então, que os cristãos realizam uma penitência de quarenta dias, chamada Quaresma. Ao longo deste período, sobretudo na liturgia do domingo, é feito um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que pretendem viver como filhos de Deus.

A Igreja prescreve, além do jejum quaresmal, também a abstinência de carne, que consiste em não comer carne ou derivados em alguns dias do ano que variam conforme determinação dos bispos locais. No Brasil são dias de jejum e abstinência a quarta-feira de cinzas e a sexta-feira santa.

Por determinação do episcopado brasileiro, nas sextas-feiras do ano (inclusive as da Quaresma, exceto a Sexta-feira Santa) fica a abstinência comutada em outras formas de penitência.

Praticar a abstinência é privar-se de algo, não só de carne. Por exemplo, se se tem o hábito diário de assistir televisão, fumar, etc., vale o sacrifício de abster-se destes itens nesses dias.

A obrigação de se abster de carne começa aos 15 anos. A obrigação de jejuar, limitando-se a uma refeição principal e a duas mais ligeiras no decurso do dia, vai dos 21 aos 59 anos. Quem está doente nessa faixa etária e também as mulheres grávidas estão desobrigados do jejum.

A Quaresma é um tempo de graça e bênção, de escuta mais intensa da palavra de Deus, de conversão e mudança de vida e mentalidade, de recordação e preparação do batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos; tempo de oração mais intensa; tempo de jejum como aprendizagem, entrega e docilidade à vontade do Pai; tempo de esmola ou de partilha de bens e de gestos solidários, de carinho com os pobres e necessitados.

Todos os anos durante o período quaresmal, tempo de conversão, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) realiza a Campanha da Fraternidade, que tem por objetivo despertar a solidariedade de seus fiéis e de toda a sociedade em relação a um problema concreto que envolve toda a nação, buscando uma solução para o mesmo. O tema para 2018 será

·         “Fraternidade e superação da violência” e o tema

·         “Em Cristo somos todos irmãos” (Mt 23,8).

A primeira leitura da liturgia deste primeiro domingo da Quaresma relata a segunda aliança citada no Antigo Testamento que Yahweh faz com o homem, neste caso, com Noé:

·         “Deus disse a Noé e seus filhos: ‘Eu estabeleço a minha aliança com vocês e com seus descendentes, e com todos os animais que os acompanham; aves, animais domésticos e feras, com todos os que saíram da arca e agora vivem sobre a terra. Estabeleço a minha aliança como vocês: de tudo o que existe, nada mais será destruído pelas águas do dilúvio, e nunca mais haverá dilúvio para devastar a terra. [...] Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vocês e todos os seres vivos que estão com vocês, para todas as gerações futuras. Colocarei o meu arco nas nuvens, e ele se tornará um sinal de minha aliança com a terra.” (Gn 9,8-10.12-13).

Nesta aliança Yahweh inclui um sinal: o arco-íris.

O propósito de um sinal visível é que todos, ao vê-lo, possam se lembrar da Aliança feita.

Visto a olho nu, observa-se que o arco-íris apresenta sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. O número sete, nas Sagradas Escrituras, tem a representatividade da perfeição. Em primeira instância, o arco-íris é a certeza de que a tempestade já passou e que não choverá mais daí por diante.

O arco-íris também pode ser interpretado como Yahweh, chamado no Antigo Testamento de “Deus dos Exércitos”, depondo a sua arma, o seu arco sobre as nuvens acompanhado da promessa de que não haveria mais punições como aquela que foi imposta para os homens, o dilúvio.

Citadas nas Sagradas Escrituras, aconteceram sete alianças e uma renovação da aliança no deserto feitas por Deus como o homem criado por ele e que sempre lhe virou as costas.

Yahweh é Deus de alianças. Através das alianças que Yahweh fez com o homem, pelo seu imenso amor, dá a garantia de muitas bênçãos, se houver fé e obediência a essas alianças.

A iniciativa da aliança sempre foi de Deus, que estabelece as condições. 

A primeira aliança foi feita com o primeiro homem, Adão (Gn 1.27-30; 2.16-17; 3.2-20).

A segunda aliança foi feita com Noé e seus filhos, constantes da leitura desta liturgia (Gen 9.11-17). 

A terceira aliança foi feita Abraão (Gn 12,2-3.7-15; 13,14-16; 15,5-6; 17,1-14). Para Abraão, ainda, Deus prometeu estender a aliança a Isaque, o filho da promessa que iria nascer (Gn 17,16,19).

A quarta aliança foi com Isaque, filho de Abraão (Gn 26,2-5.23-24).

A quinta aliança foi feita com Jacó, filho de Isaque (Gn 28,13-14).

A sexta aliança foi feita com os israelitas no deserto através de Moisés (Ex 6,3-8; 19,4-6; 23,20-33;  24,3-4).

Nas planícies de Moab houve a renovação dessa aliança antes do povo israelita entrar na terra prometida já no final da sua caminhada pelo deserto para fortalecer espiritualmente o povo que iria enfrentar os contratempos da conquista da Terra Prometida (Dt 4,44-45; 5,1-3; 31.1-33.29).

A sétima, a nova e eterna aliança de Deus com o seu povo se realizou em Jesus Cristo:

·         “E a Palavra se fez homem e veio habitar entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.” (Jo 1,14); “Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, o partiu e disse: ‘Isto é o meu corpo que é para vocês; façam isso em memória de mim’. Do mesmo modo, após a Ceia, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que vocês beberem dele, façam isso em memória de mim.” (1Cor 11,23b-25).

A nova aliança já estava preconizada no livro de Jeremias:

·         “Eis que chegarão  dias – oráculo de Yahweh – em que eu farei uma aliança nova com Israel e Judá: Não será como a aliança que fiz com seus antepassados, quando os peguei pela mão para tirá-los da terra do Egito; aliança que eles quebraram, embora fosse eu o Senhor deles – oráculo de Yahweh -. A aliança que eu farei com Israel depois desses dias é a seguinte – oráculo de Yahwew: Colocarei minha Lei em seu peito e a escreverei em seu coração: eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo.” (Jr 31,31-33).

A Nova aliança está selada com e no sangue de Jesus:

·         “Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão de pecados” (Mt 26,28).

A nova aliança é superior a todas as demais:

·         “Jesus, porém, foi encarregado para um serviço sacerdotal superior, pois é o mediador de uma aliança melhor, que promete melhores benefícios. De fato, se a primeira aliança não tivesse defeito, nem haveria lugar para segunda aliança. [...] Dizendo ‘aliança nova’ Deus declara que a primeira ficou antiquada; e aquilo que se torna antigo e envelhece, vai desaparecer logo” Hb 8,6-7.13).

E o profeta Ezequiel anteve como Deus vai preparar o povo para essa nova aliança:

·         “Darei a eles um coração íntegro, e colocarei no íntimo deles um espírito novo. Tirarei do peito deles o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Tudo isso para que  sigam os meus estatutos e ponham em prática as minhas normas.Então eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.” (Ez 11,19-20).

O povo da Nova Aliança será guiado pelo Espírito de Deus e será chamado filho de Deus e será herdeiro do reino:

·         “Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. E vocês não receberam um Espírito de escravos para recair no medo, mas receberam um Espírito de filhos adotivos, por meio do qual clamamos ‘Abba! Pai!’ O próprio Espírito assegura ao nosso espírito que somos filhos de Deus. E se somos filhos, somos também herdeiro: herdeiros de Deus, herdeiros junto com Cristo, uma vez que tendo participado dos seus sofrimentos, também participaremos da sua glória.” (Rm 8,14-17).

Através da ordem expressa de Jesus quando do envio dos seus apóstolos e discípulos a todo o mundo, Jesus determina quem fará parte do povo da Nova Aliança:

·         “Toda autoridade  foi dada a mim no céu e sobre a terra.  Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo.” (Mt 28,18b-20).

Pelo batismo em nome da Trindade, este povo está repleto do Espírito Santo:

·         “João batizou com água: vocês,, porém, dentro de poucos dias, serão batizados com o Espírito Santo.” (At 1,5).

A Quaresma, portanto, é o tempo para que o povo de Deus se volte para a Aliança definitiva feita com e pelo sangue de Jesus para que a Igreja possa entender o grande amor que o Pai tem pelos seus filhos: “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, , mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou  o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por ele. Quem acredita nele, não está condenado; quem não acredita, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus. (Jo 3,16-18).

O Tempo da Quaresma repete o dito por Jesus:

·         “O tempo já se completou e o reino de Deus está próximo. “Convertam-se e creiam no Evangelho.” (Mc 1,15).