domingo, 31 de janeiro de 2021

 

“CALA-TE E SAIA DELE.” (Mc 1,25).

 

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano – B; Cor – verde; Leituras: Dt 18,15-20; Sl 94 (95); 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28.

 

Diácono Milton Restivo

 

O livro do Deuteronômio, constante da primeira leitura, tem o seu nome derivado das palavras gregas: “deuteros”, que quer dizer segunda e “nomos”, Lei. É um dos cinco livros do Pentateuco para os cristãos e da Torah para os judeus.

Pentateuco também é derivado do grego: “penta”, cinco e “teuco”, tomos ou livros, ou rolos.

Os cinco livros do Pentateuco são pela ordem: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

Citações do livro do Deuteronômio são uma constante no Novo Testamento. Na tentação do deserto, no debate com o tentador, Jesus cita-o várias vezes (Mt 4,1-11 e Lc 4,1-13, referindo-se a Dt 8,3; 6,16; 6,13 e 10,20).

Os ensinamentos e discursos deste livro, de maneira geral, reforçam a idéia de que servir a Deus não é apenas seguir sua lei. O amor está acima da lei e, quem ama, não contraria a Lei de Deus, pelo contrário, cumpre a Lei fielmente.

O livro do Deuteronômio é categórico quanto ao amor que se deve a Deus:

·         “São estes os mandamentos, os estatutos e as normas que Yahweh vosso Deus ordenou ensinar-vos... [...] “Ouve, ó Israel: Yahweh nosso Deus é o único Yahweh! Portanto, amarás a Yahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força”. (Dt 6,1.4-5).

Isso que foi repetido por Jesus na íntegra em Marcos 12-29, Mateus 22,37 e pelo escriba quando perguntado por Jesus em Lucas 10,27.

Também, no livro do Deuteronômio, Yahweh coloca à disposição do povo os dois caminhos à escolha de cada um: o caminho da vida e o caminho da morte, o caminho da benção e o caminho da maldição:

·         “Eis que hoje estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte a infelicidade. Se ouves os mandamentos de Yahweh teu Deus, andando em seus caminhos e observando seus mandamentos, seus estatutos e suas normas, viverás e multiplicarás.” (Dt 30,15-16). 

A escolha é de cada um. O homem tem o livre arbítrio. A escolha de cada um é livre. O livre arbítrio dá a liberdade de plantar o que se quiser e onde quiser. Mas ai entra a justiça de Deus.

E a justiça é colher exatamente o que se plantou: se plantou o mal, colhe-se o mal, se o bem, colhe-se o bem.

A respeito disso, disse o Apóstolo Paulo:

·         “Não se iludam, pois com Deus não se brinca: cada um colherá aquilo que tiver semeado. Quem semeia nos instintos egoístas, dos instintos egoístas colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.” (Gl 6,7-8).

Na passagem do livro do Deuteronômio lido nesta liturgia, Moisés cita quando o povo, no deserto, ficou atemorizado ao ouvir a voz de Yahweh sobre o monte Sinai, como consta:

·         “os trovões e os relâmpagos, o som da trombeta e a montanha fumegante” (Ex 20,18).

O povo pede que o próprio Moisés lhe transmita a mensagem de Yahweh para que eles não morram:

·         “Foi exatamente o que pediste ao Senhor teu Deus, no monte Horeb, quando todo o povo estava reunido, dizendo: ‘Não quero mais escutar a voz do Senhor meu Deus nem ver este grande fogo, para não acabar morrendo.” (Dt 18,16; Ex 20,18-19).

Para que Yahweh não perdesse a comunicação com o seu povo, Moisés afirma que o próprio Yahweh lhe prometera que o povo escolhido sempre teria um porta-voz seu, um profeta e que faria surgir no meio do povo um profeta semelhante a Moisés (Dt 18,18).

Para cumprir isso, Yahweh não mandou para o seu povo alguém que fosse igual a Moisés, mas superior a ele, porque, na plenitude dos tempos a Palavra - Jesus Cristo - veio até nós:

·         “a Palavra se fez homem e veio habitar entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade”. (Jo 1,14).

Para o povo da Nova Aliança, do Novo Testamento, o Pai não somente mandou um profeta igual a Moisés, mas alguém superior a Moisés, a própria Palavra do Pai, seu Filho único, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, personificada em Jesus Cristo.

O Pai fala-nos através de Jesus Cristo, não mais através de Moisés.

O próprio Moisés falou de Jesus, advertindo de que, quem não o ouvisse, seria destruído:

·         “Porei em sua boca as minhas palavras e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar. Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome”. (Dt 18,18b-19).

E isso Pedro, cheio do Espírito Santo, afirma com autoridade:

·         “De fato Moisés afirmou: ‘O Senhor Deus fará surgir, entre os irmãos de vocês, um profeta como eu. Escutem tudo o que ele disser a vocês. Quem não der ouvidos a esse profeta será eliminado do meio do povo. E todos os profetas que falaram desde Samuel e seus sucessores, também eles anunciaram este dia.” (At 3,22-24).

O autor da carta aos Hebreus é categórico quando afirma:

·         “Nos tempos antigos, muitas vezes e de muitos modos Deus falou aos antepassados por meio dos profetas. No período final em que estamos, falou a nós por meio do Filho. Deus o constituiu herdeiro de todas as coisas e, por meio dele, também criou os mundos.” (Hb 1,1-2).

Há necessidade de acrescentar alguma coisa mais para afirmar que Jesus é a Palavra do Pai?

E o próprio Jesus evoca Moisés como testemunha de condenação para aqueles que não ouviram a sua voz:

·         “Não pensem que eu vou acusar vocês diante do Pai. Já existe alguém que os acusa: é Moisés, no qual vocês põem a sua esperança. Se vocês acreditassem mesmo em Moisés, também acreditariam em mim, porque foi a respeito de mim que Moisés escreveu. Mas, se vocês não acreditam naquilo que ele escreveu, como irão acreditar nas minhas palavras?” (Jo 5,45-47).

O Salmo 94 (95) é um convite para louvar a Yahweh:

·         “Venham, exultemos em Yahweh, aclamemos o Rochedo que nos salva. Entremos com louvor em sua presença, vamos aclamá-lo com instrumentos. [...] Entrem e se prostrem e se inclinem, bendizendo a Yahweh que nos fez.” (Sl 95 (94), 1-2.6).

Deus merece adoração porque ele é o Criador e o supremo Rei que domina toda a criação (cf Sl 95 (94),1-6). Ele é o pastor do seu rebanho:

·         “Porque ele é nosso Deus, e nós somos o seu povo, o rebanho que ele conduz.” (Sl 95 (94),7).

Yahweh chama seu povo para ser fiel e obediente e não fazer como os israelitas rebeldes que não entraram na Terra Prometida (cf Sl 95 (94),8-11).

No Evangelho Jesus está na cidade de Cafarnaum e,

·         “num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar”. (Mc 1,21).

O fato de Jesus ensinar na sinagoga não traz nada de novo, porque os escribas e doutores da Lei assim o faziam. O que chama a atenção é que

·         “todos ficam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei”. (Mc 1,22).

Isso é interessante porque os ouvintes notaram que, o que Jesus ensinava, era alguma coisa diferente, algo que eles ainda não tinham ouvido por parte das autoridades religiosas judaicas, e

·         “todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: ‘O que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade...” (Mc 1,27b).

Ensinar com autoridade quer dizer: com poder legítimo, irrecusável e incontestável e que não deixava margem de dúvida sobre o que ensinava.

·         “pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei”. (Mc 1,22).

De repente, entra em cena, dentro da própria sinagoga,

·         “um homem possuído por um espírito mau” (Mc 1,23).

Quando se fala em espírito mau nas Sagradas Escrituras, muitos entendem como sendo o demônio, portanto, um homem possuído do demônio.

Muitas seitas que se dizem cristãs, as pseudo-cristãs, aproveitam-se dessas passagens para valorizar o demônio, falando mais do demônio em suas reuniões e cultos do que de Jesus Cristo, intimidando os seus fiéis com o demônio, esquecendo-se do que Paulo disse:

·         “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?” (Rm 8,31).

O termo “espírito” na língua hebraica é “ruah” e significa respiração, vento ou brisa, ou seja, o ar sempre em movimento, pois onde há vento ou brisa, há movimento.

Vento impetuoso ou turbilhão, são imagens que servem para exprimir a força, a liberdade e a transcendência do Espírito de Deus, como aconteceu no dia de Pentecostes com a vinda do Espírito Santo:

·         “De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então como umas línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo...” (At 2,2-4a).

Quem tem um espírito mau, quer dizer que virou as costas para o espírito bom ou para o Espírito de Deus, que é o Espírito Santo. Se o espírito é o vento em movimento, quem tem dificuldades de respírar sente-se acuado, incomodado, importunado e até agressivo.

Quem deixa de ter o espírito bom, nas Sagradas Escrituras é como se tivesse caido na desgraça, no infortúnio, na calamidade e, para essa pessoa, tudo o que a rodeia é ameaçador e, incontinente, ela parte para a agressão buscando se defender.

Se entendermos desta forma, podemos chegar à conclusão que o espírito mau não chega a ser um demônio como tantos pregam, e sim um espírito que traz sofrimento, angústia, desespero para si próprio e insegurança para todos.

·         “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?” (Rm 8,31).

Temos necessidade de entender que aquilo que foi escrito pelos Evangelistas foi para os que ainda não tinham sido convertidos ou para cristãos imaturos, por isso, a linguagem que foi usada tinha que lhes ser familiar, ou seja, falar uma linguagem que eles entendiam.

O objetivo do Evangelista era mostrar que não deveriam ter medo de demônios ou espíritos maus, de contradições da vida, de infortúnios ou contratempos, considerando que existia alguém superior a eles, o próprio Jesus, e Jesus deu esse poder aos seus discípulos, o de escurraçar de perto de si qualquer demônio ou espírito mau, conforme disse Paulo:

·         “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?” (Rm 8,31).

Nos escritos das Sagradas Escrituras, que são direcionados para cristãos maduros na fé, não são mencionadas pessoas possuídas por demônios ou tomadas por espíritos maus.

O Evangelho de João e as cartas dos Apóstolos não citam pessoas dominadas pelos demônios. É a Igreja que confia no seu Deus:

·         “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?” (Rm 8,31).  

Jesus disse:

·         “... Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.” (Jo 8,34).

Quem comete pecado fecha as portas para o espírito bom, o Espírito de Deus, o Espírito Santo e as abre para o espírito mau que toma posse de suas atitudes, repito o disse Paulo:

·         “Não se iludam, pois com Deus não se brinca: cada um colherá aquilo que tiver semeado. Quem semeia nos instintos egoístas, dos instintos egoístas colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.” (Gl 6,7-8).

O demônio não tem nada com isso. O demônio só tem voz, vez e força nas seitas pseudo-cristãs que querem intimidar seus fiéis com a possessão demoníaca, esquecendo-se do que Paulo disse:

·         “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?” (Rm 8,31).

 Muitas vezes atribuímos ao demônio coisas que ele nunca fez.

Os piores demônios nós mesmos os fabricamos. Os piores demônios estão dentro de cada um de nós, e são esses os espíritos maus que não nos deixam em paz, como a inveja, o orgulho, a vaidade, a violência, a prepotência, o egoísmo, a ganância, o desamor, a luxúria, o ódio, a discriminação e tantos outros que fazem fechar as portas para o Espírito de Deus e passam a ocupar o espaço no nosso coração que Deus reservou somente para si, conforme disse Paulo:

·         "Vocês não sabem que vocês são templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; pois o templo de Deus é santo, e esse tempo são vocês. [...] Ou vocês não sabem que o seu corpo é templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por Deus?” (1Cor 3,16-17; 6,19).

O livro do Deuteronômio é categórico. Deus estabelece normas que, quando contrariadas, ocasionam consequências, tanto danosas como boas, podendo colher recompensa ou castigo pelas suas atitudes:

·         “Eis que hoje estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte a infelicidade. Se ouves os mandamentos de Yahweh teu Deus, andando em seus caminhos e observando seus mandamentos, seus estatutos e suas normas, viverás e multiplicarás.” (Dt 30,15-16).

Jesus veio para libertar o homem de todos os males, tanto dos espíritos maus como das doenças; veio para libertar o homem de toda e qualquer escravidão do mundo e deixá-lo livre, para livre caminhar para o reino dos céus.

A missão de Jesus é liberar o homem de suas tendências maléficas, deixar o homem livre dos espíritos maus que ele mesmo criou, das inclinações do pecado que pretendem manipular as mais puras intenções; libertar das doenças do corpo e da alma.

É Jesus quem liberta o homem, todos os dias, dos demônios dos vícios, do sexo, do tóxico, do desemprego, do desamor, da fome de comida e da fome de Deus. Jesus liberta o homem todo, de corpo e alma; liberta-o do pecado e do mal físico porque o sofrimento, a doença e a fome também estão na lista dos pecados, isto é, das coisas que Deus não quer para os seus filhos.

Quem está com fome não é livre. Quem está doente não é livre. Quem não tem onde morar não é livre. Quem não tem instrução não é livre, como não é livre quem se deixa dominar pelo pecado.

Em todos esses casos o homem está sendo manipulado e possuído por algo que lhe tira a liberdade e a sua autonomia; que lhe mata a alegria de viver e a vontade de trabalhar e progredir; que lhe rouba o amor e a esperança. E a isso muitos dão o nome de demônio.

São esses os espíritos maus dos nossos tempos.

A ignorância do homem o escraviza, não permite que ele seja livre.

Ignorante que o homem é das coisas de Deus, que desconhece que Jesus é o Caminho que o Senhor envia e pede que todos o sigam se quiserem deixar de ser escravos, dos vícios, do pecado, da opressão do próprio homem.

O homem se esquece ou ignora que Jesus é o irmão supremo e tem plenos poderes para libertá-lo. Ignora essa força divina e infinita que o Senhor envia na pessoa de Jesus Cristo e se encolhe com medo das provações, com medo dos que não respeitam os direitos dos irmãos, com medo dos que exploram o povo de Deus, com medo dos que violentam os direitos dos que não tem voz e nem vez.

Jesus é o Libertador. Jesus não é só o libertador da alma: é também o libertador do corpo, porque todos os cristãos filhos de Deus são um composto de corpo e alma, matéria e espírito, e o Senhor Nosso Deus se preocupa com o homem como um todo, e não em partes.

O homem desconhece Jesus como Libertador, e quando lhe vem a provação, quando é oprimido pelos grandes, quando lhe vem o desemprego e a doença, quando é atacado pela fome, ao invés de se apegar ao seu Libertador que pode tudo, porque ele é o Senhor da vida, o Filho Unigênito de Deus e, por conseguinte,

Deus, o homem recorre às baixarias da macumba, às ignorâncias das crendices populares, aos engodos do espiritismo, aos charlatães da fé do povo simples como tantas igrejas que se dizem cristãs que, para resolver os seus problemas evocam mais o demônio do que o próprio Jesus.

Jesus é o nosso irmão, e somente ele recebeu das mãos do Pai plenos poderes para libertar-nos de tudo o que nos oprime e nos afasta de Deus.

Jesus Cristo tem poderes de libertar-nos da opressão e do pecado. Jesus tem autoridade para mandar calar os poderes opressores dos espíritos maus, das doenças e dos homens e somente ele pode libertar o homem da opressão e do pecado para que sejam plenamente livres.

E como Jesus disse para o espírito mau que estava naquele homem na sinagoga:

·         “Cala-te e sai dele.” (Mc 1,25).

Todos nós, cristãos, devemos falar a tudo aquilo que escraviza e oprime o homem nos nossos dias:

·         “Sai desse homem e deixe-o ter a liberdade dos filhos de Deus.”

Todos temos o direito de sermos livres como Jesus nos quer livres; livres dos espíritos maus da fome, da doença, do desemprego, do desamor que faz com que o homem se volte contra seu irmão e, por consequência, se afasta do Reino de Deus...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

 

“NÃO PODE ESPERAR A MISERICÓRDIA DE DEUS QUEM OFENDE A SUA MÃE”

 

Ignoramos o que Maria fez e faz por nós, por isso não a amamos como deveríamos e como ela merece ser amada. São Maximiliano Maria Kolbe, grande devoto de Maria, sempre dizia a seus frades: “Ame Maria o quanto você quiser e mais do que você puder”.

Maria é do povo. Mas, infelizmente, muitos não entendem a humildade, a simplicidade, a pureza de Maria, e a afasta do povo simples e humilde.

Colocam mantos de veludos em seus ombros e coroas riquíssimas em sua  cabeça, dando-lhe uma riqueza que ela nunca teve e nunca pretendeu ter, porque ela sempre foi a humilde serva do Senhor; essa riqueza material nada significa para Maria: a riqueza de Maria está no coração, na humildade, na pobreza, na simplicidade, no silêncio, se igualando em tudo ao povo pobre, simples e oprimido.

Para conhecermos bem Maria, para encontrarmos em sua humildade todo o esplendor da graça que Deus Pai sempre a cumulou, além dos Santos Evangelhos, precisamos  ler muito sobre o que os santos que a amaram de verdade Maria disseram e dizem a respeito dela, e como eles descobriram e descobrem nela virtudes incalculáveis, tesouros com valores infinitos e proteção materna que só Maria, sendo a Mãe de Deus e nossa Mãe pode ter e nos dar. São Maximiliano Maria Kolbe nos orienta sobre a devoção a Maria, dizendo: “Quando você procurar ler alguma coisa sobre Maria, não se esqueça que você está entrando em contato com uma pessoa viva, que lhe ama e que é perfeita e sem mancha alguma.”

A nossa inteligência é por demais pequena, os nossos conhecimentos sobre Maria são escassos... São Luiz Maria Grignon de Montfort escreve que “causa espanto e compaixão ver a ignorância e as trevas de todas as criaturas deste mundo em relação à Maria. Quantos cristãos católicos que fazem promessa de ensinar aos outros a verdade, e que, no entanto, não conhecem nem a Jesus, nem a Maria”. Muitos cristãos católicos até dizem que é um absurdo amar como amamos Maria, porque acreditam que amando Maria como amamos, negamos o nosso amor a Jesus, o que é um absurdo porque, se amamos Maria como amamos, muito mais amamos a Jesus e melhor lhe conhecemos, porque, Maria como Mãe do Senhor tem por missão abrir a nossa cabeça e iluminar a nossa inteligência no amor que temos a Jesus, como homem, e na adoração que lhe devemos como Deus que é, e, bem por isso ela disse e continua nos repetindo: “Faça tudo o que ele vos mandar fazer.” Será que, os cristãos que dizem que amamos demais Maria tem o mesmo espírito de Jesus, que, como filho de Maria a amou primeiro que nós e muito mais que nós? Será que essas pessoas estão agradando a Jesus não empregando todos os esforços para agradar a sua mãe, com medo de desagradar a Jesus?            Será que a devoção à Maria poderia impedir a adoração que devemos a Jesus como Deus?”. Que absurdo quem pensa assim.

E São Luiz Maria Grignon de Montfort é categórico quando diz: “NÃO PODE ESPERAR A MISERICÓRDIA DE DEUS QUEM OFENDE A SUA MÃE, e acrescenta: “o que o demônio perdeu por orgulho, Maria Ganhou por humildade. O que Eva condenou e perdeu por desobediência, Maria salvou pela obediência. Eva, obedecendo à serpente infernal, se perdeu e perdeu consigo todos os seus filhos e os entregou ao poder infernal. Maria, por sua perfeita fidelidade a Deus, salvou consigo todos os seus filhos e servos e os consagrou a Deus. Os verdadeiros filhos de Maria serão verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, andando nas pegadas de sua pobreza e humildade, partilhando do desprezo do mundo e vivendo a mesma caridade, ensinando o caminho estreito de Deus na pura verdade, conforme o Santo Evangelho.”

Todos os que amam Jesus, devem, também, amar Maria. Não se chega a Jesus se não foi por meio de Maria: não foi Maria que apresentou Jesus aos pastores quando do seu nascimento? (Lucas, 2, 1-20). Não foi Maria que  apresentou Jesus no Templo de Jerusalém ao velho Simeão, à profetiza Ana e aos sacerdotes no oitavo dia de seu nascimento, para que se cumprisse a lei de Moisés? (Lucas, 2, 21-38).       Não foi Maria que  apresentou Jesus aos magos, quando eles vieram de terras longínquas, trazendo-lhe presentes, ouro, incenso e mirra? (Mateus, 2, 1-12).

E é o próprio Senhor Jesus que nos dá esse incentivo de nos proteger sob o manto de Maria, porque, ele mesmo veio até nós por meio de Maria, ele se alimentou do leite materno de Maria, ele dormiu aconchegado no colo quente e virginal de Maria e nós, também chegaremos a ele por meio de Maria, atendendo ao seu conselho quando disse: “Fazei tudo o que ele vos disser.” (João 2, 5).

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

 

ORAÇÃO A MARIA PELAS MÃES

 

Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe! A senhora é virgem e é mãe, única na história da humanidade a ter essa dignidade. Única escolhida por Deus para uma missão específica: a de ser virgem e ao mesmo tempo mãe do Filho de Deus.

O Senhor Nosso Deus que escolheu a Senhora para essa missão divina, continua a convidar todas as mulheres também para essa missão tão importante quanto a sua: a de serem mães.

Para ser mãe, o Senhor não faz acepção de mulheres: são mães as mulheres ricas e são mãe as mulheres pobres; são mães as mulheres que moram nos palacetes e são mães as mulheres que moram em favelas; são mães as mulheres de todas as raças, credos e cores. Faz parte do divino ser mãe. Um poeta já disse: “Ser mãe é padecer no paraíso”.

Concordo em parte com esse poeta porque, ser mãe é sempre sofrer, mas nem sempre no paraíso, porque um coração de mãe está sempre apreensivo pela educação, segurança e bem estar de seus filhos, assim como esteve o coração da Senhora desde o momento da concepção de Jesus no seu ventre sacrossanto e depois pela vida toda, até a sua morte na cruz.

E hoje, Senhora, estamos aqui para lembrar todas as mães, para pedir por todas as mães, para que a Senhora não desampare as mães nas suas aflições e compartilhe com elas sempre de suas alegrias. Pedimos, Senhora, pelas mães que estão esperando os seus bebês, numa expectativa alegre e emocionante de poder, por uma primeira vez, dar à luz a vida à alguém e depois dar a sua própria vida por esse alguém que nascerá de seu ventre.

Quando vejo uma mulher grávida em qualquer lugar, Senhora, lembro-me da Senhora e, nessa mulher grávida, vejo a figura de Maria, esperando o seu Menino Jesus, com o ventre já bastante crescido  e passando a mão por sobre o ventre como que acariciando aquele que viria para a salvação de todos os homens.

Em cada mulher grávida que eu vejo fico na esperança de que aquela criança que vai nascer também será a salvação de nossa sociedade, do nosso país, e porque não dizer, do nosso mundo? Pedimos, Senhora, pelas mães solteiras: por aquelas moças e mulheres, que, está certo, cometeram um deslize em suas vidas, e um erro por amor, mas que foram valentes e corajosas, e mesmo abandonadas pelo homem que tanto amou, abandonadas pela sociedade, abandonadas até pela sua família, foram valentes e corajosas para conservar  em seus ventres a vida de alguém que é fruto de um amor frustrado e que, em momento algum pediu para nascer.

Olhe Senhora, Virgem e Mãe, de uma maneira especial pelas mãe solteira, que, para mim, são as mães mais corajosas  porque, apesar dos pesares,  respeitou a vida e suportou nos seus ombros e na sua alma a dor do abandono e a tristeza da incompreensão da sociedade e da família. São solteiras, mas são mães em toda a extensão da palavra. Ser mãe não é estado civil, é vocação dada por Deus para, através da mulher, ter mais filhos.

Pedimos Senhora, Virgem e Mãe, pelas mães que se casaram pensando numa vida de paz e felicidade em seu lar, mas que tão facilmente se desiludiram ao sofrerem a incompreensão do marido e ao sentir que foi jogada em seus ombros a responsabilidade de, sozinhas, terem de educar seus filhos; pedimos pelas mães abandonadas por seus maridos, mulheres valentes e corajosas, que, mesmo com a incompreensão do marido, elas assumem, sozinhas, o papel que deveria ser dos dois, marido e mulher, a educação plena dos filhos.

Pedimos Senhora e Mãe,  pelas mães que tem que vender seus corpos para terem condições de dar condições de vida aos seus filhos; pelas mães que se prostituem porque são solteiras ou porque foram abandonadas por seus maridos e companheiros e pela família, e qu não encontraram apoio na família e na sociedade para, dignamente, ter uma vida condizente  com a condição de mãe que são. Como a Senhora, Virgem e Mãe, elas também são mães e, como mães, merecem todo o nosso respeito, consideração e veneração.

Pedimos, Senhora, por todas as mães, que têm  o seu lar bem estruturado e formado, bem constituído e que vivem felizes  com seus maridos e filhos. Conservai essa felicidade, Senhora, colocando no coração dessas mães o desejo de compreenderem a situação das mães solteiras e abandonadas e, sempre que possível, dar o seu apoio a essas mães menos afortunadas.

Pedimos, Senhora, pelas mães que tem os seus maridos doentes, sem condições de manter a casa enquanto que elas partem para a luta, e acabam sendo o homem e a mulher da casa; pedimos pelas mães que sofrem com os vícios do marido ou filhos. Olhe por cada uma delas, Senhora.

Pedimos, Senhora, pelas mães das mães que são as avós, que já cumpriram com sua missão de mãe e agora vêem o fruto do seu trabalho se realizar no nascimento dos seus netos.

E agora, Senhora, pedimos de uma maneira especial pelas mães falecidas, por aquelas que deram a sua vida por seus filhos, por aquelas que já cumpriram sua missão de mãe nesta terra e agora, junto com a Senhora, no Reino de Deus, recebem o merecido prêmio pela doação total de suas vidas pelos seus filhos. Só o fato de serem mães dá à mulher um lugar privilegiado junto de Deus e da Senhora.

Hoje pedimos por todas as mães Senhora: mãe de todas as nações, de todas as raças, de todas as cores, de todos os credos. Abençoe todas as mães, Senhora, e a todas dê a alegria íntima de que a salvação de todos os homens depende delas, assim como dependeu da Senhora que foi a mãe de Jesus Cristo, o nosso Salvador.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 

SANTA ÂNGELA DE MÉRICI - 1470-1540

 

Fundou a Congregação das irmãs de Santa Úrsula.

Ângela Mérici nasceu em 1470, na cidade de Desenzano, no norte da Itália. O período histórico era o do Renascimento e da Reforma da Igreja, provocada pela doutrina luterana. Os pais eram camponeses pobres e muito religiosos. E desde pequena, ela teve seu coração inclinado pela vida religiosa, preferindo a leitura da vida dos Santos. De fato, sua provação começou muito cedo, na infância, quando ficou órfã de pai. Logo em seguida perdeu a mãe e a irmãzinha, com quem se identificava muito. Assim, ela foi viver na casa de um tio, que a havia adotado, mas que também veio a falecer. Voltou à terra natal. Depois de passar dias e dias chorando, com apenas treze anos, pediu para ingressar num convento, entrando para a Ordem Terceira de São Francisco de Assis. Ângela tinha apenas o curso primário e chegou a ser "conselheira" de governadores, bispos, doutores e sacerdotes. Os seus sofrimentos, sua entrega à Deus e a vida meditativa de penitência lhe trouxeram, através do Espírito Santo, o dom do conselho, que consiste em saber ponderar as soluções adequadas para todas as situação da vida.

Ela também, percebeu que naquele momento histórico, as meninas não tinham quem as educassem e livrassem dos perigos morais, e que as novas teorias levavam as pessoas a querer organizar a vida como se Deus não existisse. Para lutar contra o paganismo, era preciso restaurar a célula familiar. Inspirada pela Virgem Maria, fundou a Comunidade das irmãs Ursulinas, em homenagem a santa Úrsula, a mártir do século IV, que dirigia o grupo das moças virgens, que morreram por defender sua religião e sua castidade. Ângela acabou se tornando a portadora de uma mensagem inovadora para sua época. Organizou um grupo de vinte e oito moças, para ensinar catecismo em cada bairro e vila da região.

As "Ursulinas" tinham como finalidade a formação das futuras mães, segundo os dogmas cristãos. Ângela teve uma concepção bastante revolucionária para sua época, quando se dizia que uma sólida educação cristã para as moças só seria possível dentro das grades de uma clausura. Decidiu que era a hora de fazer a comunidade se tornar uma Congregação religiosa.Consta, pela tradição, que antes de ir à Roma para dar início a esse projeto, quis fazer uma peregrinação em Jerusalém. Assim que chegou, ficou cega. Visitou os Lugares Sagrados e os viu com o espírito, não com os olhos. Só recobrou a visão, na volta, quando parou numa pequena cidade onde existia um crucifixo milagroso, foi até ele, rezou e se curou. Anos depois, foi recebida pelo papa Clemente VII, durante o Jubileu de 1525, que deu início ao processo de fundação da Congregação, que ela desejava. Ângela a implantou na Bréscia, dez anos depois, quando saiu a aprovação definitiva. E ali, a fundadora morreu aos setenta e cinco anos, em 27 de janeiro de 1540 e foi canonizada, em 1807. Santa Ângela de Mérici, atualmente, recebe as homenagens no dia de sua morte.

São comemorados, também, neste dia: Santo Avito (mártir da África), Santa Cândida de Banholes (viúva), Santo Emério de Bonholes (abade), São Juliano de Sora (mártir), São Vitaliano.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

 

PELAS MÃES QUE NÃO ACEITAM A VIDA...

 

Virgem Mãe Maria.  A Senhora é mãe e assumiu a vocação de mãe com todas as suas conseqüências. Ser mãe é tão importante, tão necessário, tão sublime e tão divino que o próprio Filho de Deus quis ter uma e escolheu a Senhora entre todas as mulheres deste mundo para ser a sua mãe.  E depois que ele voltou para os céus, ele deixou a Senhora como mãe de todos os homens.       Todas as mães desta terra  procuram se espelhar na Senhora para bem desempenhar a vocação e a responsabilidade de serem mães. Em todas as mães deste mundo existe muito da Senhora. E por isso, todos os dias, devem ser dias  para os filhos elevarem suas orações aos céus e pedirem ao Senhor Nosso Deus por suas próprias mães; por elas terem aceitado com amor e carinho a sublime vocação da maternidade física e espiritual.

A Senhora, querida Mãe Maria, deu o seu “Sim” para ser a mãe de Jesus Cristo, e, seguindo o teu exemplo, todas as mães desta terra dão o seu “Sim” para serem mães de cada um de nós.    E por isso, Maria, nós pedimos e agradecemos por nossas mães terem dado o seu “Sim” e terem levado a sério o “Sim” que deram , caso contrário não seríamos o que somos hoje e, talvez, nem a vida teríamos se esse “Sim” não tivesse sido dado com responsabilidade.           

Mas, infelizmente, Senhora, existem mulheres que quando chamadas para serem mães, muito embora muitas vezes tenham dado o seu “Sim”, não o levam a sério e não assumem com seriedade e responsabilidade tão  divina missão, a de serem mães.      

Existem mulheres que são chamadas à divina missão da maternidade, mas não respeitam a vida e arrancam, violentamente de seu ventre, o fruto que deveria ter sido do seu amor, alguém que não pediu para nascer. Mães que exterminam a vida  antes mesmo de ela ter a oportunidade de vir à luz.     Infelizmente, Senhora, no meio de tantas mães santas e que sacrificam para que seus filhos tenham vida, existem muitas mães que são assassinas, que, através do aborto, dão fim a uma vida que ainda não começou. O aborto é o crime mais hediondo que possa existir na face da terra. É o crime que a mãe mata o próprio filho ou permite que o matem.                    

O aborto é o crime que clama justiça aos céus, e o Senhor Nosso Deus ouve o clamor silencioso dessas vidas que são exterminadas ainda no ventre de suas mães. O Senhor ouve o clamor silencioso dessas crianças que foram geradas por um ato de amor e são exterminadas por um ato criminoso de uma mãe que havia sido chamada para ser santa na missão de maternidade mas que se transforma num monstro quando extermina dentro de si própria o seu próprio filho, cometendo um crime que clama  pela justiça divina. E hoje, Senhora, de uma maneira especial, queremos pedir pelas mães que praticaram e praticam o aborto. Coloque, Senhora, no coração dessas mães que são verdadeiros monstros, o respeito verdadeiro pela vida. Coloque, Senhora, no coração dessas mães o conhecimento de que, se elas aceitarem com amor e dedicação  a  sua maternidade, o Senhor Nosso Deus, por antecedência, já reserva um lugar para elas no reino, porque, só o fato de uma mulher ser mãe já é razão suficiente para que o seu lugar esteja reservado junto da Senhora na glória de Deus Pai.

Coloque, Senhora, no coração das mães que já praticaram, praticam, ou tem a intenção de praticarem o aborto, uma verdadeira aversão por esse crime e faça com que elas tomem conhecimento da barbaridade que cometeram, cometem e pretendem cometer e se arrependam de seus crimes e digam o seu “Sim” com responsabilidade e amor, e possam gerar vidas novas que serão o seu amparo na sua velhice.

Também, Senhora, pedimos pelas mães santas, pelas mães que, legalmente assumiram a sua maternidade. Pedimos, Senhora, pelas mães, que mesmo violentadas respeitaram e respeitam a vida de quem não teve culpa de um ato impensado e covarde de alguém que, não respeitando a sua liberdade de mulher, a forçou, por meio violento, a praticar um ato que desse origem a uma vida.          Pedimos, Senhora, pelas mães solteiras que embora, com muito sacrifício, respeitam a vida gerada na ilegalidade.    Mas, também, Senhora, pedimos também pelas mães que não respeitaram e não respeitam a vida, pelas mães que praticaram o praticam o aborto, para que elas tenham um arrependimento verdadeiro de seus crimes, para que elas reneguem as suas atitudes de monstros que exterminam a ida de seus próprios filhos e para que elas tomem consciência do crime que cometeram, se arrependam e possam ainda ser colaboradoras de Deus na missão sublime de gerar novos filhos para o Pai Eterno...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

 

CONVERSÃO DE SÃO PAULO

 

O martírio de São Paulo é celebrado junto com o de São Pedro, em 29 de junho, mas sua conversão tem tanta importância para a história da Igreja que merece uma data à parte. Neste dia, no ano 1554, deu-se também a fundação da que seria a maior cidade do Brasil, São Paulo, que ganhou seu nome em homenagem a tão importante acontecimento.

Seu nome original era Saul, em homenagem ao primeiro rei do reino de Israel que na literatura bílica passou a ser Saulo., nasceu no ano 10 na cidade de Tarso, na Cilícia, atual Turquia. À época era um pólo de desenvolvimento financeiro e comercial, um populoso centro de cultura e diversões mundanas, pouco comum nas províncias romanas do Oriente. Seu pai Eliasar era fariseu e judeu descendente da tribo de Benjamim, e, também, um homem forte, instruído, tecelão, comerciante e legionário do imperador Augusto.

Pelo mérito de seus serviços recebeu o título de Cidadão Romano, que por tradição era legado aos filhos. Sua mãe uma dona de casa muito ocupada com a formação e educação do filho. Portanto, Saulo era um cidadão romano, fariseu de linhagem nobre, bem situado financeiramente, religioso, inteligente, estudioso e culto.

Aos quinze anos foi para Jerusalém dar continuidade aos estudos de latim, grego e hebraico, na conhecida Escola de Gamaliel, onde recebia séria educação religiosa fundamentada na doutrina dos fariseus, pois seus pais o queriam um grande Rabi, no futuro. Parece que era mesmo esse o anseio daquele jovem baixo, magro, de nariz aquilino, feições morenas de olhos negros, vivos e expressivos. Saulo já nessa idade se destacava pela oratória fluente e cativante marcada pela voz forte e agradável, ganhando as atenções dos colegas e não passando despercebido ao exigente professor Gamaliel.

Saulo era totalmente contrário ao cristianismo, combatia-o ferozmente, por isso tinha muitos adversários. Foi com ele que Estevão travou acirrado debate no templo judeu, chamado Sinédrio. Ele tanto clamou contra Estevão que este acabou apedrejado e morto, iniciando-se então uma incansável perseguição aos cristãos, com Saulo à frente com total apoio dos sacerdotes do Sinédrio. Um dia, às portas da cidade de Damasco, uma luz, descrita nas Sagradas Escrituras como "mais forte e mais brilhante que a luz do Sol", desceu dos céus, assustando o cavalo e lançando ao chão Saulo , ao mesmo tempo em que ouviu a voz de Jesus pedindo para que parasse de persegui-Lo e aos seus e, ao contrário, se juntasse aos apóstolos que pregavam as revelações de Sua vinda à Terra. Os acompanhantes que também tudo ouviram, mas não viram quem falava, quando a luz desapareceu ajudaram Saulo a levantar pois não conseguia mais enxergar. Saulo foi levado pela mão até a cidade de Damasco, onde recebeu outra "visita" de Jesus que lhe disse que nessa cidade deveria ficar alguns dias pois receberia uma revelação importante.

A experiência o transformou profundamente e ele permaneceu em Damasco por três dias sem enxergar, e à seu pedido também sem comer e sem beber. Depois Saulo teve uma visão com Ananias, um velho e respeitado cristão da cidade, na qual ele o curava. Enquanto no mesmo instante Ananias tinha a mesma visão em sua casa. Compreendendo sua missão, o velho cristão foi ao seu encontro colocando as mãos sobre sua cabeça fez Saulo voltar a enxergar, curando-o.

A conversão se deu no mesmo instante pois ele pediu para ser Batizado por Ananias. De Damasco saiu a pregar a palavra de Deus, já com o nome de Paulo, como lhe ordenara Jesus, tornando-se Seu grande apóstolo. Sua conversão chamou a atenção de vários círculos de cidadãos importantes e Paulo passou a viajar pelo mundo, evangelizando e realizando centenas de conversões. Perseguido incansavelmente, foi preso várias vezes e sofreu muito, sendo martirizado no ano 67, em Roma. Suas relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na Itália, festejada no dia de sua consagração em 18 de novembro.

O Senhor fez de Paulo seu grande apóstolo, o apóstolo dos gentios, isto é, o evangelizador dos pagãos. Ele escreveu 14 cartas, expondo a mensagem de Jesus, que se transformaram numa verdadeira "Teologia do Novo Testamento". Também é o patrono das Congregações Paulinas que continuam a sua obra de apóstolo, levando a mensagem do Cristianismo a todas as partes do mundo, através dos meios de comunicação.

domingo, 24 de janeiro de 2021

 

“SIGAM-ME E EU FAREI DE VOCÊS PESCADORES DE HOMENS”. (Mc 1,17).

 

 TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano – B; Cor – Verde; Jn 3,1-5.10; Sl 24 (25); 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20)

 

Diácono Milton Restivo

 

Não podemos perder a oportunidade de conhecer os profetas do Antigo Testamento que, costumeiramente, dão suas mensagens, expõem seu estilo de vida e fortalecem a nossa fé nos exemplos positivos e, muitas vezes, até negativos de suas vidas.

A liturgia de hoje apresenta-nos o profeta Jonas. Jonas foi um profeta polêmico e, como muitos de nós, tentou ludibriar a vocação a que fora chamado: a mensagem de salvação que Yahweh lhe ordenara levar aos habitantes de Nínive, uma cidade da Assíria que não praticava a religião judaica.

Jonas fora chamado, mas, a princípio fugiu, como se fosse possível fugir da presença de Deus.

O livro do profeta Jonas tem o seu início com um imperativo chamamento de Yahweh a Jonas e uma ordem expressa para ser missionário e levar a Palavra de Yahweh à cidade de Nínive:

·         “Levante-se e vá à Nínive, a grande cidade, e anuncie ai que a maldade dela chegou até mim”. (Jn 1,2).

Jonas ignorou ao chamamento de Yahweh e buscou caminhos diversos à Nínive, como nós buscamos caminhos diferentes em nossas vidas tentando ludibriar o chamamento de Deus.

A fuga de Jonas não é diferente da atitude de muitos de hoje. Repito: como é possível alguém fugir da presença de Deus?

·         “Não existe criatura que possa esconder-se de Deus; tudo fica nu e descoberto aos olhos dele; e a ele devemos prestar contas”. (Hb 4,13).

A atitude dos que ignoram o chamamento de Deus não fica impune, como aconteceu com Jonas; ao tentar fugir de navio, causou desespero aos marinheiros (cf Jn 1,4-11); provocou uma situação suicida (cf Jn 1,12-16) e ainda ocasionou o inusitado acontecimento do grande peixe (cf Jn 1,17). Quem desobedece a Deus não cria problemas só para si, mas envolve todos os que o cercam e coloca outras pessoas também em dificuldades. Quem está em fuga de Deus leva problemas consigo e para onde vai. Disse Jesus:

·         “Vocês são o sal da terra” (Mt 5,13).

Mas, como tantos cristãos dos nossos dias, Jonas era o sal que não queria salgar. Foram os preconceitos de Jonas que o levaram a fugir da missão que Deus lhe havia ordenado.

Quais seriam esses preconceitos?

Preconceitos políticos: pois os ninivitas eram velhos inimigos de seu povo.

Preconceitos raciais: os ninivitas eram gentios e não pertenciam ao povo escolhido.

Preconceitos religiosos: um povo tão perverso, tão mau, tão grosseiro, não podia nem devia ser perdoado. Mas, os pensamentos dos homens não são os pensamentos de Deus:

·         “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor”. (Is 55,8).

Foi necessária a intervenção divina para que Jonas se arrependesse de sua recusa e, forçado pelas consequências dos seus atos, retornou ao caminho da obediência.

A leitura de hoje narra a segunda vez em que Yahweh dirige a Jonas sua palavra para que ele tomasse a iniciativa do caminho certo:

·         “A palavra de Yahweh foi dirigida a Jonas pela segunda vez, ordenando: ‘Levante-se, e vá a Nínive, a grande cidade, e anuncie o que eu vou dizer a você.” (Jn 3,1-2).

No cancioneiro religioso popular existe uma música que era muito cantada nos cultos e reuniões e tem um verso que diz:

·         “Quando Jesus passar eu quero estar no meu lugar...”.

Jesus passa constantemente em nossa vida e, cada vez que isso acontece, convida-nos a segui-lo. Como aconteceu quando Jesus entrou na cidade de Jericó e deparou-se com um homem, Zaqueu, que estava sobre uma árvore para ver Jesus mais de perto, considerando que Zaqueu era um homem de baixa estatura. Ao vê-lo, Jesus dirige-lhe a palavra, dizendo:

·         “Zaqueu, desce depressa, porque convém que eu fique hoje em sua casa.” (Lc 19,1-5).

E a esse chamamento de Jesus Zaqueu mudou de vida e mentalidade, havendo nele uma conversão radical (cf Lc 19,8-10).

Quando Jesus, caminhando, passava pelas estradas ensolaradas e poeirentas da Palestina, o povo se postava ao longo dos caminhos trazendo os seus doentes, esperando um olhar de Jesus, uma palavra, buscando tocar em Jesus ainda que fosse na borda de seu manto ou que sua sombra os cobrisse para que todos os seus males, tanto do corpo como da alma, lhes fossem curados. 

Centenas e milhares de pessoas, de uma maneira ou de outra, tiveram contato com Jesus, mas foram para poucos que Jesus dirigiu a palavra convidando-os para que o seguissem ou dizendo que ficaria em sua casa, como fez com Zaqueu.          

Jesus está constantemente passando por nossa vida; e foi assim com os apóstolos. A cada um Jesus faz um chamamento imperativo:

·         “Segue-me”.

Seguir a Jesus e crescer espiritualmente é diretamente proporcional ao auto de negação da auto-suficiência, do poder e da glória passageira. Na pessoa que recebe esse chamamento e adere ao seguimento de Jesus, deve morrer a sua própria vontade para poder viver a vida e a vontade de Jesus em suas vidas.

Atender a esse chamamento de Jesus significa amar ao Senhor de toda a alma, acima de tudo e acima de todos (cf Dt 6,5; Mt 22,37; Mc 12,29; Lc 10,26). Significa servir ao Senhor de todo o coração e com entendimento.

Os primeiros a quem Jesus chamou foram João e seu irmão Tiago e André e seu irmão Simão, a quem mais tarde Jesus chamaria de Pedro e todos chamados de apóstolos.

Vemos ai Jesus passar na vida de seus primeiros discípulos e chamá-los para seguí-lo por toda a vida, tornando-se, por isso, os primeiros apóstolos.

Jesus fez esse chamamento imperativo “segue-me” a Felipe e Natanael, que aceitaram o convite de Jesus sem relutância e, a partir dai, não mais se afastaram do Divino Mestre.

Com o apóstolo e evangelista Mateus não foi diferente:

·         “Partindo Jesus dali, viu um homem que estava sentado na coletoria, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. Ele, levantando-se, o seguiu.” (Mt 9,9).

Ao chamamento de Jesus os apóstolos não relutaram:

·         “Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram." e “Eles imediatamente, deixando a barca e o pai, o seguiram.” (Mt 4,22).

Deixaram tudo o que tinham: suas redes, seus barcos, seus utensílios e ferramentas de pesca, suas famílias, seus amigos e seguiram a Jesus, sem perguntar para que finalidade, ou o que deveria ser feito, ou o quanto ou o que receberiam para seguir o Mestre, ou ainda, para onde o Mestre os levaria.

Por muitas vezes os Santos Evangelhos deixam claro que Jesus passou na vida de muitas pessoas e muitos atenderam imediatamente ao seu apelo e o seguiram. E a todos os que se propuseram seguí-lo, Jesus não deixou nenhum mal-entendido ou equívoco; a todos foi dito que, neste vale de lágrimas, passariam pelo que o Mestre passou, porque:

·         “nenhum discípulo é maior que o Mestre” (Lc 6,40),

E disse alto e em bom som:

·         “Se alguém me serve, siga-me; e onde eu estou, estará ali também o que me serve.” (Jo 12,26);

·         “... eis que eu os envio como cordeiro entre lobos.” (Lc 10,3):

·         "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida a perderá; e quem perder a sua vida por causa de mim, salva-la-á.” (Lc 9,23-24).

Jesus nunca disse que a caminhada seria fácil, mas prometeu que a chegada seria recompensadora.

À primeira vista não é nada animador seguir Jesus; mas, para os que o seguem, Jesus tem também palavras de ânimo, de conforto e orientadoras:

·         “Eu sou o Caminho, a verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim.” (Jo 14,6); “Quem perseverar até o fim, será salvo.” (Mt 24,13);

·         “Não se turbe o seu coração. Creia em Deus, creia também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu teria dito a vocês. Vou preparar o lugar para vocês. Depois que eu tiver ido e lhes tiver preparado o lugar, virei novamente  e tomarei vocês comigo para que, onde eu estou, vocês estejam também.  E vocês conhecem o caminho para onde eu vou.” (Jo 14,1-4).

Muitos levaram a sério o convite de Jesus e o seguiram.

Mas, em contrapartida, os Santos Evangelhos narram-nos tristes episódios de pessoas que, quando Jesus passava e as convidava a seguí-lo, não atenderam ao chamado do Divino Mestre.

Essas pessoas preferiram permanecer com as suas riquezas, o seu comodismo, a sua mesquinhez, o seu conforto, os seus prazeres e se entristeciam com o convite de Jesus: viravam as costas e simplesmente se retiravam.

Conhecemos o episódio em que um jovem rico se aproximou de Jesus e disse-lhe:

·         Mestre, que hei de eu fazer de bom para alcançar a vida eterna? Jesus respondeu-lhe: Porque me interrogas acerca do que é bom? Um só é o bom. Porém, se queres entrar na vida, guarda os mandamentos. ‘Quais’? Perguntou ele. E Jesus disse: ‘Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não dirás falso testemunho. Honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo’.” (Mt l9,16-19).

Ao ouvir isso, com toda a certeza, o jovem rico deve ter ficado satisfeito consigo mesmo e, cheio de orgulho encheu o peito e até com uma falsa modéstia, respondeu a Jesus:

·         “Tenho observado tudo isso desde a minha mocidade. Que me falta ainda?” (Mt 19,20).

O Evangelista Marcos, nesta cena, entrou no íntimo de Jesus, analisou os sentimentos do Mestre, e assim escreve: “Fitando-o, Jesus o amou e disse: ‘Uma só coisa te falta: vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu’.” (Mc 10,21).

E, depois de Jesus te-lo fitado profundamente e o amado de coração, e ter-lhe dito o que faltava para realmente “alcançar a vida eterna”, faz-lhe o convite que até então fora feito para todos os escolhidos a dedo: “depois vem e segue-me”. (Mc 10,21).

Esta passagem do jovem rico mostra-nos como é dificultoso atender a esse chamado do Divino Mestre. Como é difícil aceitar esse convite e como o jovem rico se portou após ser escolhido por Jesus para seguí-lo: “mas ele (o jovem rico), entristecido por esta palavra, retirou-se desgostoso, porque tinha muitos bens.” (Mc 10,22). Que pena. Não teria Jesus escolhido esse jovem rico, caso ele aceitasse a sua proposta de vida eterna, para ser seu apóstolo? Se o jovem rico tivesse aceitado a proposta e as condições de Jesus, possivelmente teríamos treze, e não doze apóstolos. Mas ele não aceitou e, bem por isso, nem o seu nome foi gravado na história: é um jovem rico, mas anônimo.

Depois de Jesus ter fitado e amado o jovem, obviamente se entristecido com sua atitude de recusa, não perde a oportunidade de orientar e chamar a atenção de seus apóstolos e discípulos e, então

·         “Jesus, olhando em roda, disse a seus discípulos: Quanto é difícil que entrem no reino de Deus os que tem riquezas!” (Mc 10,23).

Jesus, depois de repetir a afirmativa acima, vai mais além, e faz essa comparação que chega às raias do absurdo:

·         “Meus filhos, quanto é difícil entrarem no reino de Deus os que confiam nas riquezas! Mais fácil é passar um camelo pelo orifício de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus.” (Mc 10,24-25).

Quantas vezes, quando Jesus passa por nossa vida e nos chama para seguí-lo, não somos diferentes desse jovem rico; não queremos deixar a nossa vaidade, a nossa soberba, o nosso orgulho, o nosso egoísmo, a nossa indiferença, o nosso comodismo.

Não queremos deixar os nossos prazeres e veleidades, os nossos orgulhos e avarezas. Somos por demais ricos de tudo isso, e é também para nós, que relutamos em deixar isso tudo para seguir o convite do Mestre, a ameaça feita por ele próprio:

·         “... quanto é difícil entrarem no reino de Deus os que confiam nas riquezas! Mais fácil é passar um camelo pelo orifício de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus.” (Mc 10,24-25).

Em outra ocasião Jesus chega a um outro homem e lhe faz este convite, dizendo:

·         “... ‘segue-me’. Mas ele disse: ‘Senhor, permite que eu vá primeiro sepultar meu pai’.” (Lc 9,59). “Outro disse-lhe: ‘Eu, Senhor, seguir-te-ei, mas permite que eu vá primeiro dizer adeus aos de minha casa’." (Lc 9,61).

Essas pessoas a quem Jesus chamara para o seu serviço não entenderam que, para aceitar o convite de Jesus não existem condições ou tempo de espera; tem que deixar tudo ao receber o convite. Não foi assim que aconteceu com André, Pedro, Tiago, João, Felipe, Natanael, Mateus, os primeiros escolhidos, e a tantos outros que atenderam ao chamado de “segue-me” feito pelo Mestre? Não abandonaram tudo e seguiram incontinente e incondicionalmente a Jesus?

Para aqueles que querem impor condições ao chamamento de Jesus, ele tem uma resposta dura:

·         “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o reino de Deus.” (Lc 9,62).

·         Para todos aqueles que seguiram incontinentemente a Jesus e perseveraram até o fim, Jesus faz essa promessa e dá esse conforto: E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais, e terá como herança a vida eterna.” (Mt 19,29).

Repito: Jesus nunca disse que a caminhada seria fácil, mas prometeu que a chegada seria recompensadora.

Jesus continua passando na nossa vida e a música do cancioneiro popular religioso continua dizendo:

·         “Quando Jesus passar eu quero estar no meu lugar...”.

Jesus, todos os dias, continua passando, continua convidando-nos, continua amando-nos, continua olhando bem profundamente nos nossos olhos repetindo o convite que fez a todos aqueles que aguardavam a sua passagem.

Jesus continua a repetir-nos todos os dias, como já fez a centenas e milhares de pessoas:

·         “... vem e segue-me.” (Mc 10,21).

Algumas vezes fazemos igual aos apóstolos; deixamos, pelo menos, momentaneamente, os nossos afazeres e, por um determinado tempo seguimos Jesus, ou, quem sabe, o seguimos a vida inteira.

Outras vezes somos iguais ao jovem rico; fazemos tudo bem, tudo perfeito, cumprimos e obedecemos todas as leis, mas, quando Jesus nos convida a seguí-lo, entristecemos-nos, viramos as costas e recusamos o convite do Divino Mestre porque teríamos que nos despojar de todos os nossos bens, de todos os nossos vícios, de toda a nossa vaidade, de todo o nosso orgulho, de toda a nossa soberba, de todo o nosso amor próprio, da nossa cobiça e não seguimos a Jesus porque preferimos continuar na ilusão de que é isso tudo que nos dá a felicidade, esquecendo-nos que esta felicidade é como fogo de palha, é passageira e se apaga ao mais leve sopro da brisa de um contratempo.

Muitas vezes Jesus chama-nos e lhe respondemos, como já fizeram tantos:

·         “Espera, Senhor, primeiro vou cuidar de alguns problemas pendentes, e depois lhe seguirei...”  

Esse “depois” pode não permitir que nos dediquemos ao serviço do Mestre e, se assim não for, teremos frustrada a nossa “morada no céu”.

O Senhor Jesus já passou tantas vezes na nossa vida e em todas elas ele nos fez o convite:

·         “... vem e segue-me”. (Mc 10,21).

Talvez Jesus não passe outra vez em nossa vida...