terça-feira, 30 de novembro de 2021

 

Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu discípulo.

Além de ser apontado por eles próprios como o "número dois", depois, somente, de Pedro.

Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre os quatro primeiros.

Morava em Cafarnaum, era discípulo de João Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram pescadores no mar da Galiléia.

Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário profeta indicou-o e disse a célebre frase: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". André, então, começou a seguí-lo.

A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando: "Encontramos o Messias". Assim, tornou-se, também, o primeiro dos apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe. André indica a Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco pães e dois peixes.

Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus.

André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascensão e recebeu o primeiro Pentecostes.

Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com exatidão. Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia.

Nessa última, formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras, na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá, também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e juiz romano local.

André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à crucificação.

Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria "pregando a grandeza da cruz, onde morreu Jesus". Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de "X"; antes, porém, despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir.

Tudo ocorreu sob o império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a cristandade guarda para sua festa. O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla, as relíquias mortais de santo André, Apóstolo.

Elas foram levadas para Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e Escócia.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 

MEDALHA MILAGROSA DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

 

Em 1830, no dia 27 de novembro, deu-se a aparição de Maria a Santa Catarina Labouré, da Congregação das Filhas da Caridade, à Rue du Bac 140 em Paris. Nessa ocasião a Mãe de Jesus mostrou o modelo da medalha que ela desejava fosse cunhada como sinal de grandes graças que ela obteria junto de seu divino Filho.

Esta Medalha traz inúmeras mensagens e a primeira delas é atinente a Imaculada Conceição de Maria, dogma que seria proclamado dia 8 de dezembro de 1854, por Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus. As mãos abertas da Medianeira de todas as graças é outra grande lição. É o resumo do papel da Virgem Maria na história da salvação, no Evangelho.

Adite-se a cruz de Cristo nela, sacrificado pelos homens e Maria exemplo de fé ao pé da cruz, representada pelo M de seu nome. O coração de Jesus e de Maria a atestar o amor imenso do Salvador e de Sua Mãe por todos os remidos.

As doze estrelas lembrando a mulher do Apocalipse (cf. Ap 12,1).

Ela é aquela que deu nascimento ao corpo humano de Cristo e à Igreja, que dá nascimento aos batizados que formam o Corpo Místico de Jesus. Como as 12 estrelas lembram também as 12 tribos de Israel e os doze apóstolos, a medalha milagrosa tem um aspecto também profundamente missionário. Adite-se que no século XIX imperava por toda parte a negação de Deus com o endeusamento da Ciência, que pretendia responder a todas as questões religiosas e filosóficas.

A literatura da época estava impregnada de ateísmo, levando as mentes ao irracional e ao fantástico. Além disso, quando, em 1830, ia se instalar um regime político antirreligioso, desenvolvendo uma forma de capitalismo liberal particularmente materialista, a Virgem então propõe não um objeto científico, mas um objeto simples, uma medalha a falar das realidades celestes.

A difusão dessa peça se dá no momento também de uma renovação do Catolicismo social com Frederico Ozanam e as Conferências de São Vicente de Paulo. Ocorria uma vitalidade da reflexão universitária e literária católica. Tudo isso era reforçado com a medalha que mostrava a intervenção de Deus na história não só da França, mas de todo o mundo.

O Arcebispo de Paris, a quem Catarina Labouré levou o pedido de Nossa Senhora para que se cunhassem as medalhas, percebeu a riqueza doutrinária que ela continha. Em 1832 houve a primeira distribuição dessas peças por ocasião da epidemia da cólera que dizimava a capital francesa.

As primeiras 20 mil medalhas foram confeccionadas em 1830, ano em que esta epidemia, vinda da Rússia através da Polônia, irrompeu em Paris a 26 de março, ceifando vidas, num imenso cântico fúnebre. Num só dia houve 861 mortes.

No total foram registradas oficialmente 18.400 mortes, porém, na realidade, houve mais de 20 mil. As descrições da época são aterradoras: em quatro ou cinco horas, o corpo de um homem em perfeita saúde reduzia-se ao estado de um esqueleto.

Como se fora num abrir e fechar de olhos, jovens cheios de vida tomavam o aspecto de velhos carcomidos, e logo depois não eram senão cadáveres. Nos derradeiros dias de maio, a epidemia parecia recuar.

Na segunda quinzena de junho, no entanto, um novo surto da doença redobra o pânico do povo. Mas, finalmente, no dia 30 de junho, a Casa Vachette entrega as primeiras 1.500 medalhas, que são distribuídas pelas Filhas da Caridade e abrem o cortejo sem fim das graças e dos milagres: Curas maravilhosas se deram e a epidemia foi debelada.

Houve depois a conversão de Alfonso Ratisbona do Judaísmo para o Cristianismo e ele se pôs a trabalhar para a aproximação dos judeu-cristãos.

A Igreja falava na santa medalha, mas o povo logo a chamou de medalha milagrosa.

Quando Santa Catarina Labouré faleceu dia 31 de dezembro de 1876 já um bilhão de medalhas tinham sido distribuídas. Cumpre se lembre sempre que a Santa Igreja chama de “sacramental” alguns objetos abençoados pelo sacerdote, tais como: as medalhas milagrosas e de São Bento, o escapulário de Nossa Senhora do Carmo e o terço.

Não transmitem por si mesmos a graça como os sacramentos, mas penhoram as bênçãos divinas e ajudam os cristãos a progredir na fé, na esperança, na prática das outras virtudes e na vida de oração. (Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho – Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos).

 

Simbolismo da Medalha Milagrosa:

A SERPENTE: Maria aparece esmagando a cabeça da serpente. A mulher que esmaga a cabeça da serpente, que é o demônio, já estava predita na Bíblia, no livro do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher... Ela te esmagará a cabeça e tu procurarás, em vão, morder-lhe o calcanhar". Deus declara iniciada a luta entre o bem e o mal. Essa luta é vencida por Jesus Cristo, o "novo Adão", juntamente com Maria, a co-redentora, a "nova Eva". É em Maria que se cumpre essa sentença de Deus: a mulher finalmente esmaga a cabeça da serpente, para que não mais a morte pudesse escravizar os homens.

OS RAIOS: Simbolizam as graças que Nossa Senhora derrama sobre os seus devotos. A Santa Igreja, por isso, a chama Tesoureira de Deus.

AS 12 ESTRELAS: Simbolizam as 12 tribos de Israel. Maria Santíssima também é saudada como "Estrela do Mar" na oração Ave,Stella Maris.

O CORAÇÃO CERCADO DE ESPINHOS: É o Sagrado Coração de Jesus. Foi Maria quem o formou em seu ventre. Nosso Senhor prometeu a Santa Margarida Maria Alacoque a graça da vida eterna aos devotos do seu Sagrado Coração, que simboliza o seu infinito e ilimitado Amor.

O CORAÇÃO TRANSPASSADO POR UMA ESPADA: É o Imaculado Coração de Maria, inseparável ao de Jesus: mesmo nas horas difíceis de Sua Paixão e Morte na Cruz, Ela estava lá, compartilhando da Sua dor, sendo a nossa co-redentora.

O M: Significa Maria. Esse M sustenta o travessão e a Cruz, que representam o Calvário. Essa simbologia indica a íntima ligação de Maria e Jesus na história da salvação.

O TRAVESSÃO E A CRUZ: Simbolizam o Calvário. Para a doutrina católica, a Santa Missa é a repetição do sacrifício do Calvário, portanto, ressaltam a importância do Sacrifício Eucarístico na vida do cristão.

domingo, 28 de novembro de 2021

 

SANTA CATARINA LABOURÉ, A SANTA DA IMAGEM MILAGROSA

 

A chamada "medalha milagrosa" é fruto de uma visão que a religiosa vicentina Catarina Labouré teve da Virgem Maria em 1830. Na visão, a Imaculada apareceu como está na imagem e pronunciou a oração "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós", exatamente como a conhecemos. Irmã Catarina foi batizada com o nome de Zoe de Labouré.

Filha de uma numerosa família de fazendeiros cristãos, nasceu em 2 de maio de 1806, na região de Borgonha, interior da França. Na infância, ficou órfã de mãe e desde então "adotou Mãe Maria" como sua guia, dedicando-lhe grande devoção. Cresceu estudiosa, obediente e muito piedosa.

Aos dezoito anos, a vocação para a vida religiosa era forte, então pediu ao pai para seguí-la, mas ele relutou. Dada a insistência por anos a fio, ela já estava com vinte e quatro anos, antes de consentir preferiu mandá-la a Paris, para que testasse sua vocação.

Chegou em abril de 1830 na cidade, e logo percebeu que estava certa na decisão, pois não se motivou com os encantos da vida agitada da sociedade urbana. Então, em maio, com autorização de seu pai, iniciou o noviciado no Convento das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris mesmo. Quando recebeu o hábito das vicentinas, mudou o nome para irmã Catarina.

A jovem noviça impressionava pelo fervor com que rezava na capela das vicentinas, diante do relicário de são Vicente de Paulo, onde tinha constantes visões. Contou ao confessor que primeiro lhe apareceu várias vezes o fundador, depois as visões foram substituídas por Jesus eucarístico e Cristo Rei, em junho do mesmo ano. Orientada pelo confessor, continuou com as orações, mas anotando tudo o que lhe acontecia nesses períodos. Assim fez, e continuou o seu trabalho num hospital de Paris.

Em junho, sempre de 1830, teve um ciclo de cinco aparições da Imaculada da medalha milagrosa, sendo três consideradas mais significativas. A primeira delas foi na noite de 18 de junho, quanto veio um anjo e a conduziu à capela da Casa-mãe, onde Catarina conversou mais de duas horas com Nossa Senhora, que avisou sobre os novos encontros. Ela voltou a aparecer em novembro e dezembro.

A que mais chamou a atenção foi a de 27 de novembro, quando veio em duas seqüências, que, por uma intuição interior, Catarina pensou em cunhar numa medalha. Foi assim que surgiram as primeiras, em junho do ano seguinte. Também foi criada a Associação das Filhas de Maria Imaculada, que propagou o culto a Nossa Senhora Imaculada através da medalha.

Desde aquela época, passou a ser conhecida como "a medalha milagrosa", pelas centenas de curas, graças e conversões que produziu por intercessão de Maria. Depois disso, as visões terminaram. Catarina Labouré morreu em 31 de dezembro de 1876, em Paris, onde trabalhou quarenta e cinco anos, no mesmo hospital designado desde o início de sua missão de religiosa vicentina.

Foi beatificada, em 1933, pelo papa Pio XI e canonizada pelo papa Pio XII em 1947. Seu corpo está guardado num esquife de cristal na capela onde ocorreram as aparições.

Para a família vicentina, o Vaticano autorizou uma festa no dia 28 de novembro. A celebração universal a santa Catarina Labouré foi marcada no dia de sua morte pela Igreja de Roma.

Também é comemorado neste dia: São Silvestre I, que deu nome à corrida pedestre internacional de fim de ano da cidade de São Paulo.

São comemorados também neste dia: São Barbaciano de Ravena (presbítero), São Silvestre I e Santa Melânia.

sábado, 27 de novembro de 2021

 

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

 

Nossa Senhora da Medalha Milagrosa é uma invocação especial pela qual é conhecida a Virgem Maria, também invocada com a mesma intenção sob o nome de Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças.

Precede as aparições em La Salette, Lourdes e Fátima. Esta invocação está relacionada a duas aparições da Virgem a Santa Catarina Labouré, então uma noviça das Irmãs da  Caridade em Paris, França, no Século XIX.

A primeira aparição aconteceu na noite da festa de São Vicente de Paulo no dia 19 de julho, quando a Madre Superiora de Catarina pregou às noviças sobre as virtudes de seu santo fundador, dando a cada uma um fragmento de sua sobrepeliz.

Catarina então orou devotamente ao santo patrono para que ela pudesse ver com seus próprios olhos a Mãe de Deus, e convenceu-se de que seria atendida naquela mesma noite.

Indo ao leito, adormeceu, e antes que tivesse passado muito tempo foi despertada por uma luz brilhante e uma voz infantil que dizia: "Irmã Labouré, vem à capela; Santa Maria te aguarda".

Mas ela replicou: "Seremos descobertas!".

A voz angélica respondeu: "Não te preocupes, já é tarde, todos dormem... vem, estou à tua espera". Catarina então levantou-se depressa e dirigiu-se à capela, que estava aberta e toda iluminada. Ajoelhou-se junto ao altar e logo viu a Virgem sentada na cadeira da superiora, rodeada por um esplendor de luz.

A voz continuou: "A santíssima Maria deseja falar-te". Catarina adiantou-se e ajoelhou-se aos pés da Virgem, colocando suas mãos sobre seu regaço, e Maria lhe disse: "Deus deseja te encarregar de uma missão. Tu encontrarás oposição, mas não temas, terás a graça de poder fazer todo o necessário. Conta tudo a teu confessor. Os tempos estão difíceis para a França e para o mundo. Vai ao pé do altar, graças serão derramadas sobre todos, grandes e pequenos, e especialmente sobre os que as buscarem. Terás a proteção de Deus e de São Vicente, e meus olhos estarão sempre sobre ti. Haverá muitas perseguições, a cruz será tratada com desprezo, será derrubada e o sangue correrá".

Depois de falar por mais algum tempo, a Virgem desapareceu.

Guiada pelo anjinho, Catarina deixou a capela e voltou para sua cela. Catarina continuou sua rotina junto das Irmãs da Caridade até o Advento.

Em 27 de novembro de 1830, no final da tarde, Catarina dirigiu-se à capela com as outras irmãs para as orações vespertinas. Erguendo seus olhos para o altar, ela viu novamente a Virgem sobre um grande globo, segurando um globo menor onde estava inscrita a palavra "França".

Ela explicou que o globo simbolizava todo o mundo, mas especialmente a França, e os tempos seriam duros para os pobres e para os refugiados das muitas guerras da época.

Então a visão modificou-se e Maria apareceu com os braços estendidos e dedos ornados por anéis que irradiavam luz e rodeada por uma frase que dizia: "Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós".

Desta vez a Virgem deu instruções diretas: "Faz cunhar uma medalha onde apareça minha imagem como a vês agora. Todos os que a usarem receberão grandes graças". Catarina perguntou por que alguns anéis não irradiavam luz, e soube que era pelas graças que não eram pedidas. Então Maria voltou-lhe as costas e mostrou como deveria ser o desenho a ser impresso no verso da medalha. Catarina também perguntou como deveria proceder para que a ordem fosse cumprida.

A Virgem disse que ela procurasse a ajuda de seu confessor, o padre Jean Marie Aladel.

De início o padre Jean não acreditou no que Catarina lhe contou, mas depois de dois anos de cuidadosa observação do proceder de Catarina ele finalmente dirigiu-se ao arcebispo, que ordenou a cunhagem de duas mil medalhas, ocorrida em 20 de junho de 1832.

Desde então a devoção a esta medalha, sob a invocação de Santa Maria da Medalha Milagrosa, não cessou de crescer. Catarina nunca divulgou as aparições, salvo pouco antes da morte, autorizada pela própria Maria Imaculada.

A própria medalha contém as palavras por que a Santa Mãe de Deus quiz ser invocada. quis ser invocada: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós. Essa inscrição já sintetiza boa parte da mensagem que a Virgem Mãe revelou: a Imaculada Conceição, pela primeira vez objeto de revelação particular, em 1858 ratificada em Lourdes, e transformada em dogma pelo Papa Pio IX, com a bula Ineffabilis Deus, e a mediação da Mãe de Deus junto ao seu Divino Filho. Usar essa invocação, portanto, significa acreditar que a Virgem das virgens é a Medianeira imaculada.

 

Simbolismo da Medalha Milagrosa:

A SERPENTE: Maria aparece esmagando a cabeça da serpente. A mulher que esmaga a cabeça da serpente, que é o demônio, já estava predita na Bíblia, no livro do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher... Ela te esmagará a cabeça e tu procurarás, em vão, morder-lhe o calcanhar". Deus declara iniciada a luta entre o bem e o mal. Essa luta é vencida por Jesus Cristo, o "novo Adão", juntamente com Maria, a co-redentora, a "nova Eva". É em Maria que se cumpre essa sentença de Deus: a mulher finalmente esmaga a cabeça da serpente, para que não mais a morte pudesse escravizar os homens.

OS RAIOS: Simbolizam as graças que Nossa Senhora derrama sobre os seus devotos. A Santa Igreja, por isso, a chama Tesoureira de Deus.

AS 12 ESTRELAS: Simbolizam as 12 tribos de Israel. Maria Santíssima também é saudada como "Estrela do Mar" na oração Ave,Stella Maris.

O CORAÇÃO CERCADO DE ESPINHOS: É o Sagrado Coração de Jesus. Foi Maria quem o formou em seu ventre. Nosso Senhor prometeu a Santa Margarida Maria Alacoque a graça da vida eterna aos devotos do seu Sagrado Coração, que simboliza o seu infinito e ilimitado Amor.

O CORAÇÃO TRANSPASSADO POR UMA ESPADA: É o Imaculado Coração de Maria, inseparável ao de Jesus: mesmo nas horas difíceis de Sua Paixão e Morte na Cruz, Ela estava lá, compartilhando da Sua dor, sendo a nossa co-redentora.

O M: Significa Maria. Esse M sustenta o travessão e a Cruz, que representam o Calvário. Essa simbologia indica a íntima ligação de Maria e Jesus na história da salvação.

O TRAVESSÃO E A CRUZ: Simbolizam o Calvário. Para a doutrina católica, a Santa Missa é a repetição do sacrifício do Calvário, portanto, ressaltam a importância do Sacrifício Eucarístico na vida do cristão.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

 

MILAGRE DO SOL EM FÁTIMA

O SIGNIFICADO DO MILAGRE DO SOL, REALIZADO EM FÁTIMA PERANTE 70.000 PESSOAS

 

Este milagre assombroso não apenas confirmou as aparições de Nossa Senhora em Fátima: ele também visa realizar um milagre muito maior

Este texto é uma continuação do artigo “100 anos do Milagre do Sol”. Para ler a primeira parte, clique em:

 

100 ANOS DO MILAGRE DO SOL

O significado do Milagre do Sol

Para o povo mais simples, o milagre se resume em bem menos palavras. Simplesmente, “o sol dançou”. Mais do que descrever fisicamente o fenômeno, o que interessava à maioria das pessoas era o que não se podia ver, mas que ficara patente por aquela portentosa obra que eles tinham diante dos olhos: Nossa Senhora verdadeiramente apareceu a três humildes pastorinhos em Fátima.

A Lúcia, Jacinta e Francisco, de fato, foi dada uma visão bem mais abrangente da realidade. Eles declararam sobre a Virgem Maria:

“…abrindo as mãos, fê-las refletir no sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projetar-se no sol (…) Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul”.

Na última aparição da Virgem de Fátima, portanto, brilha perante os videntes a imagem da Sagrada Família de Nazaré!

Esse fato pode indicar que “o confronto final entre o Senhor e o reino de Satanás dirá respeito diretamente à família e ao matrimônio”. Quando o caminho ordinário de santificação da humanidade, que é o casamento, se encontra obstruído pela produção desenfreada da pornografia e pela popularização dos “pecados da carne” (que, segundo resposta da própria Virgem Maria à pequena Jacinta, constituem a classe de pecados que mais ofende a Deus), o resultado só pode ser uma perda incalculável de almas (realidade a que a Mãe de Deus já tinha aludido, quando deu às mesmas crianças a visão do inferno).

Naquele 13 de outubro, a Virgem Santíssima tinha um pedido especial, que ficaria gravado no coração dos pastorinhos:

“Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.

Aos observadores mundanos, tal recado poderia parecer “arcaico” ou “irrealista”: um “espírito” que vem dos céus para falar de “pecado”? Em que século a autora dessas aparições acha que estamos? Pois bem, é justamente no século XX que Nossa Senhora aparece, e é a mesma mensagem de dois mil anos atrás que ela carrega consigo: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2, 5).

Acontece que os tempos mudaram, sim, mas o ser humano continua o mesmo. E os perigos que rondavam a humanidade na época de Cristo não mudaram. Para ser católico e seguir Jesus, nada mais elementar que o apelo de Fátima: “Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor”.

O Milagre do Sol não apenas confirmou as aparições de Maria em Fátima: ele também visa realizar um milagre muito maior e mais extraordinário que qualquer outro: a salvação das almas, a conversão dos pecadores; “para que todos acreditem” em Jesus e, acreditando, tenham a vida eterna.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

 

O MILAGRE DO SOL EM FÁTIMA

UM CIENTISTA DESCREVE O MILAGRE DO SOL EM FÁTIMA

 "Olhando para o sol, percebi que tudo ao redor estava escurecendo. Olhei primeiro para os objetos mais próximos e, depois, estendi meu olhar mais longe, até o horizonte. Eu vi tudo cor de ametista", disse o professor

Milhares de pessoas se reuniram perto de Fátima, Portugal, em 13 de outubro de 1917, para testemunhar a aparição de Nossa Senhora. O fenômeno que eles viram ficou conhecido como o “Milagre do Sol”.

De acordo com várias fontes, o Dr. Gonçalo de Almeida Garrett, professor de Ciências Naturais da Universidade de Coimbra, esteve presente em Fátima e, mais tarde, recordou o ocorrido. 

 Um relato sobre o Milagre do Sol

O filho do professor, Dr. José Almeida Garret, divulgou o relato que o pai dele fez. A princípio, o cientista disse que nada de extraordinário ocorreu:

Eu estava olhando para o local das aparições, numa expectativa serena, embora fria, de algo acontecer, e com curiosidade cada vez menor, pois muito tempo havia se passado sem que nada me chamasse a atenção. Então ouvi um grito de milhares de vozes e vi a multidão, de repente, virar as costas e os ombros para longe do ponto para o qual até agora havia dirigido sua atenção e se virar para olhar o céu do outro lado.

O que aconteceu a seguir, entretanto, desafiou todo o raciocínio científico:

Deviam ser quase duas horas na hora legal e cerca de meio-dia pelo sol. O sol, alguns momentos antes, havia rompido a espessa camada de nuvens que o escondia e brilhava clara e intensamente. Desviei-me para o ímã que parecia atrair todos os olhos, e o vi como um disco de borda bem definida, luminoso e brilhante, mas que não machucava os olhos. Não concordo com a comparação que ouvi fazer em Fátima – a de um disco de prata fosca. Era uma cor mais clara, mais rica, mais brilhante, com algo do brilho de uma pérola. Não se parecia em nada com a lua em uma noite clara, porque a gente via e sentia que era um corpo vivo. Não era esférico como a lua, nem tinha a mesma cor, tom ou sombra. Parecia uma roda envidraçada feita de madrepérola. Não poderia ser confundido, também, com o sol visto através do nevoeiro (pois não havia nevoeiro na altura), porque não era opaco, difuso ou velado.”

 Paisagem diferente

A princípio, ele temeu o que estava acontecendo e tentou se afastar:

Durante o fenômeno solar, que acabei de descrever em detalhes, ocorreram mudanças de cor na atmosfera. Olhando para o sol, percebi que tudo ao redor estava escurecendo. Olhei primeiro para os objetos mais próximos e depois estendi meu olhar mais longe, até o horizonte. Eu vi tudo cor de ametista. Os objetos ao meu redor, o céu e a atmosfera, eram da mesma cor. Um carvalho próximo lançou uma sombra dessa cor no chão. Temendo estar sofrendo de uma afecção na retina, explicação improvável porque naquele caso não se viam as coisas de cor púrpura, virei-me e fechei os olhos, mantendo as mãos diante delas para interceptar a luz. Ainda de costas, abri os olhos e vi que a paisagem estava com a mesma cor roxa de antes.

 Juízo perfeito

Ao final, o Dr. Garrett afirmou que estava em seu juízo perfeito e não sofria de alucinação:

“De fato, tudo (perto e longe) havia mudado, assumindo a cor do velho damasco amarelo. As pessoas pareciam estar sofrendo de icterícia, e lembro-me de uma sensação de divertimento ao vê-las parecer tão feias e pouco atraentes. Minha própria mão era da mesma cor. Todos os fenômenos que descrevi foram observados por mim em um estado de espírito calmo e sereno, e sem qualquer perturbação emocional. Cabe a outros interpretá-los e explicá-los.

O Milagre do Sol inaugurou uma nova onda de devoção a Nossa Senhora que permanece até hoje.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

 

AMOR, O NOVO MANDAMENTO

 

“Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros, e, que assim como eu vos amei, vos ameis também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.” (Jo 13,34-35).

E como o Senhor Jesus nos amou. Amou-nos até a morte, e morte de cruz.

O amor é a maior força que existe no mundo.

O amor supera barreiras sociais, raciais, religiosas. Para o amor não existem barreiras.

O amor não mede sacrifícios e não foge dos sofrimentos.

O amor supera mal-entendidos e perdoa as fraquezas do outro.

Quem ama não abandona; ampara, permanece junto. O amor se manifesta em todas as coisas, em todos os lugares, e reside  no coração daqueles que tem boa vontade.

O amor é, muitas vezes, sofrimento e, às vezes, sofrimentos que parecem insuportáveis, intransponíveis, mas, o sofrimento que o amor nos traz vem sempre acompanhado de um consolo: o consolo de sofrer por amor...

O amor torna leve o que é pesado, torna claro o que é obscuro; alivia o que nos oprime.

O amor torna agradável o que for insuportável.

O amor transforma a dor em aceitação; a expectativa em alegria.

O amor supera todas as dificuldades de nossa vida, ilumina nossos caminhos, perdoa defeitos, desculpa imperfeições, cura enfermidades e supera quaisquer obstáculos.

O amor fornece forças sobre-humanas eliminando a fraqueza do homem. Somente o amor tem capacidade de elevar a pessoa à glória eterna. Somente o amor verdadeiro consegue vencer todas as dificuldades, todas as amarguras da existência humana.

Qualquer tipo de relacionamento, para haver harmonia e felicidade, é necessário que seja alicerçado no verdadeiro amor; amor doação, amor compreensão, amor perdão.

A pessoa amada é a expressão de Deus na pessoa que ama, pois, em cada criatura habita a divindade; cada um de nós é o templo do Espírito Santo, o templo do amor verdadeiro de Deus: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3,16). Quando amamos alguém verdadeiramente, estamos dando à pessoa amada um pedaço de Deus, pois que, o amor que sentimos pelo outro não é senão uma partícula de Deus que está dentro de nós e a repartimos com a pessoa amada.       

Quem ama de verdade tem Deus dentro de si e distribui esse Deus maravilhoso de amor a todos os que o cerca, a todos os que são verdadeiramente amados.

Quem ama e semeia amor pelos caminhos por onde passa, verá flores onde outros somente vêem espinhos; verá luzes de esperança onde outros somente descobrem  trevas e desespero.

É o verdadeiro amor que torna suportável o peso das dores; que faz sentir suave o pão ganho com sacrifício no dia-a-dia; que traz alegria sem contas no árduo, repetido e rotineiro trabalho doméstico ou serviço profissional.

É o verdadeiro amor que faz com que um homem e uma mulher se entreguem de corpo e alma para, juntos, viverem uma vida a dois, não importando as barreiras, as dificuldades, os contratempos, os sofrimentos, porque, o amor compartilhado transforma tudo em paz, em alegria, em realização, em doação, em perdão, enfim, em felicidade.

É o amor que desenha um cândido sorriso nos lábios de uma mulher quando ela olha para o amado: é o amor que faz com que o amado levante a mão somente para acariciar, para tocar, para sentir ali, bem perto, a presença e o corpo quente da amada.

Assim João Evangelista define o amor; “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor  vem de Deus. Todo o que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama, não conhece a Deus, porque DEUS É AMOR” (1Jo 4,7-8).

Deus é amor; o amor é Deus, e quem ama tem Deus dentro de si e transmite Deus para os outros.            “E nós temos reconhecido o amor de Deus por nós, e nele acreditamos, DEUS É AMOR: aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele.”(1Jo 4, 16).

Paulo Apóstolo, inebriado pelo Espírito Santo, assim define o amor que vem de Deus: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se não tivesse o amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu nada seria. “O amor é paciente, o amor é prestativo, não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. O amor nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará.” (1Cor 13,1-8).

Que magnífico poema Paulo Apóstolo fez sobre o amor.

O amor verdadeiro é paciente; se amamos, temos de ser pacientes.

O amor verdadeiro é prestativo; se não pudemos ajudar, pelo menos ofereçamos o ombro para que o outro possa se apoiar e, se preciso for, chorar a mesma lágrima que o outro.

O amor verdadeiro não tem inveja, não pode ter inveja; tem de ser puro e limpo, e não se fazer de importante. O amor verdadeiro não é orgulhoso, não pode ser orgulhoso, não faz pouco caso do outro, não age com baixeza e não é interesseiro.

O amor verdadeiro não se irrita, não é agressivo, não guarda rancor, não alimenta mágoas.

O amor verdadeiro se alegra com a verdade, e, quando amamos de verdade estamos vivendo a verdade, estamos inseridos na vida de Deus, pois que Deus é o Amor por excelência.

Levaremos para a eternidade somente o amor; o amor é eterno como eterno é o nosso Deus, porque ‘DEUS É AMOR’.

Por isso, amemos, amemos com amor verdadeiro; sejamos prestativos, pacientes, sem inveja; não nos façamos de importante; não sejamos orgulhosos; não procedamos com baixeza; não sejamos interesseiros; não nos irritemos; não guardemos mágoa de ninguém, porque o amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, e assim, o amor jamais se acabará e viverá por toda a eternidade...


segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 

SANTA CECÍLIA

 

Certa vez, o cardeal brasileiro dom Paulo Evaristo Arns assim definiu a arte musical: "A música, que eleva a palavra e o sentimento até a sua última expressão humana, interpreta o nosso coração e nos une ao Deus de toda beleza e bondade".

Podemos dizer que, na verdade, com suas palavras ele nos traduziu a vida da mártir santa Cecília. A sua vida foi música pura, cuja letra se tornou uma tradição cristã e cujos mistérios até hoje elevam os sentimentos de nossa alma a Deus.

Era de família romana pagã, nobre, rica e influente. Estudiosa, adorava estudar música, principalmente a sacra, filosofia e o Evangelho.

Desde a infância era muito religiosa e, por decisão própria, afastou-se dos prazeres da vida da Corte, para ser esposa de Cristo, pelo voto secreto de virgindade. Os pais, acreditando que ela mudaria de idéia, acertaram seu casamento com Valeriano, também da nobreza romana.

Ao receber a triste notícia, Cecília rezou pedindo proteção do seu anjo da guarda, de Maria e de Deus, para não romper com o voto.

Após as núpcias, Cecília contou ao marido que era cristã e do seu compromisso de castidade. Disse, ainda, que para isso estava sob a guarda de um anjo.

Valeriano ficou comovido com a sinceridade da esposa e prometeu também proteger sua pureza. Mas para isso queria ver tal anjo. Ela o aconselhou a visitar o papa Urbano, que, devido à perseguição, estava refugiado nas catacumbas.

O jovem esposo foi acompanhado de seu irmão Tibúrcio, ficou sabendo que antes era preciso acreditar na Palavra. Os dois ouviram a longa pregação e, no final, converteram-se e foram batizados. Valeriano cumpriu a promessa.

Depois, um dia, ao chegar em casa, viu Cecília rezando e, ao seu lado, o anjo da guarda. Entretanto a denúncia de que Cecília era cristã e da conversão do marido e do cunhado chegou às autoridades romanas. Os três foram presos, ela em sua casa, os dois, quando ajudavam a sepultar os corpos dos mártires nas catacumbas. Julgados, recusaram-se a renegar a fé e foram decapitados.

Primeiro, Valeriano e Turíbio, por último, Cecília.

O prefeito de Roma falou com ela em consideração às famílias ilustres a que pertenciam, e exigiu que abandonassem a religião, sob pena de morte.

Como Cecília se negou, foi colocada no próprio balneário do seu palacete, para morrer asfixiada pelos vapores. Mas saiu ilesa. Então foi tentada a decapitação.

O carrasco a golpeou três vezes e, mesmo assim, sua cabeça permaneceu ligada ao corpo. Mortalmente ferida, ficou no chão três dias, durante os quais animou os cristãos que foram vê-la a não renegarem a fé. Os soldados pagãos que presenciaram tudo se converteram.

O seu corpo foi enterrado nas catacumbas romanas.

Mais tarde, devido às sucessivas invasões ocorridas em Roma, as relíquias de vários mártires sepultadas lá foram trasladadas para inúmeras igrejas.

As suas, entretanto, permaneceram perdidas naquelas ruínas por muitos séculos. Mas no terreno do seu antigo palácio foi construída a igreja de Santa Cecília, onde era celebrada a sua memória no dia 22 de novembro já no século VI.

Entre os anos 817 e 824, o papa Pascoal I teve uma visão de santa Cecília e o seu caixão foi encontrado e aberto. E constatou-se, então, que seu corpo permanecera intacto. Depois, foi fechado e colocado numa urna de mármore sob o altar daquela igreja dedicada a ela.

Outros séculos se passaram. Em 1559, o cardeal Sfondrati ordenou nova abertura do esquife e viu-se que o corpo permanecia da mesma forma. A devoção à sua santidade avançou pelos séculos sempre acompanhada de incontáveis milagres.

Santa Cecília é uma das mais veneradas pelos fiéis cristãos, do Ocidente e do Oriente, na sua tradicional festa do dia 22 de novembro. O seu nome vem citado no cânon da missa e desde o século XV é celebrada como padroeira da música e do canto sacro.

São comemorados também neste dia: Santos Marcos e Estevão (mártires de Antioquia da Pisídia), Santa Afia e Santo Filemon (mártires – a Filemon São Paulo escreveu a mais breve de suas cartas), São Pragmácio e São Tomás Réggio.

domingo, 21 de novembro de 2021

 

CRISTO, REI DO UNIVERSO.

XXXIV OU ÚLTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO B

Cor – Branco; Leituras: Dn 7,13-14; Sl 92; Ap 1,5-8; Jo 18,33-37.

 

“TU O DIZES, EU SOU REI...” (Jo 18, 37).

 

Diácono Milton Restivo

 

É interessante como a palavra do Senhor nos conforta. Se estivermos deprimidos, cansados, num estado de solidão total, é só buscarmos a palavra de Deus nas Sagradas Escrituras para nos aliviamos, pois assim nos disse Jesus:

·         “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso de vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu peso é leve.” (Mt 11, 28-30).

E como encontramos consolo nas palavras do Senhor.

Daniel, Profeta do Antigo Testamento, muito tempo antes da vinda do Messias, disse:

·         “A ele (o Messias), foi outorgado o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviam. Seu império é um império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído.” (Dn 7, 14). 

·         “Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje, e será sempre o mesmo”. (Hb 13,8).

Jesus Cristo, o Messias, sempre foi anunciado e aguardado pelos profetas e pelos santos do Antigo Testamento como um rei. O povo judeu, no seu entender e de um modo geral, esperava que o Cristo viesse como um grande e poderoso rei da terra, cheio de poder e força, talvez até cavalgando um imponente cavalo branco, banindo uma reluzente espada, comandando grandes e poderosos exércitos para dominar todos os povos e o mundo e fazer do povo judeu, por ter sido o povo escolhido por Deus, um povo liberto de seus opressores e transformá-lo no povo mais forte da terra, o povo dominador de todos os povos.

Todos esperavam o Messias como sendo um rei de poder e glória terrena. Mas Jesus veio e não aconteceu nada disso, nada daquilo que o povo judeu esperava. 

O profeta Isaias já dissera que o Messias seria descendente do grande rei Davi, isto é, de linhagem real e bem por isso o povo deve ter se empolgado, aguardando um rei poderoso:

·         “Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o espírito de Yahweh, espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor a Yahweh: no temor de Yahweh está a sua inspiração.” (Is 11,1-3). 

A interpretação desse texto deve ter feito suscitar no povo judeu uma falsa esperança de que, a partir da vinda do Messias, os judeus já não seriam mais dominados por nenhum povo da terra, muito pelo contrário, pela maneira como Isaias anunciava o Messias, o povo judeu, com a vinda do Messias, resolveria todos os seus problemas políticos, financeiros, religiosos e sociais. Talvez tenham se esquecido de continuar a ler, meditar e interpretar a sequência dessa revelação, que diz:

·         “Ele não julgará segundo a aparência. Ele não dará sentença apenas por ouvir dizer. Antes, julgará os fracos com justiça, com equidade pronunciará uma sentença em favor dos pobres da terra. Ele ferirá a terra com o bastão da sua boca, e com o sopro de seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos seus lombos e a fidelidade o cinto de seus rins.” (Is 11,4-5).

O Messias esperado não veio cheio de glória terrena e majestade, cavalgando um cavalo branco e bramindo uma espada. Muito pelo contrário, chegou anônimo, humilde, andarilho, apenas pregando a paz e o amor e condenando a opressão e a injustiça. O Messias esperado vem pobre e pregando a justiça e não acontece nada daquilo que o povo judeu esperava. Jesus vem e fala de um reino sim, e até se proclama rei, mas fala de um reino que não é deste mundo:

·         “Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui.” (Jo 18, 36).

Jesus fala de um reino, sim, mas do Reino dos Céus, um Reino diferente de todos aqueles já conhecidos pelos homens até então, de um reino que nunca ninguém antes havia dito e propagado; um reino onde o primeiro deverá ser o último, e aquele que se julgar o maior deverá servir a todos:

·         “Se alguém quiser ser o primeiro seja o último de todos e o servo de todos.” (Mc 9, 35).

Jesus fala de um Reino onde não se oferece regalias, mordomias, condecorações ou glórias.

O Reino anunciado por Jesus exige sacrifícios e renúncias:

·         “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16, 24; Mc 8, 34; Lc 9,23; 14,27).

Jesus fala de um reino diferente, de um reino que ninguém até então, ouvira falar.

Um reino de vida, pois ele mesmo afirmara que viera para que todos tivessem vida, e a tivessem em abundância;

·         “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

Um reino onde deve imperar o amor, tendo antecipado, para isso, um mandamento novo:

·         “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisso reconhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.” (Jo 13,34-35).

O amor nesse reino deveria ter tal intensidade que não se poderia hesitar em morrer pelo outro por amor:

·         “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo 15,13).

E Jesus dá o itinerário para se chegar a esse reino com segurança total; o próprio Jesus se faz o Caminho para que ninguém se perca, se diz a Verdade para que ninguém se iluda com o que possa surgir nessa caminhada, e se auto-afirma Vida para que nada atemorize e afaste os caminhantes do verdadeiro destino que é o Pai:

·         “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.  ninguém vai ao Pai a não ser por mim” (João, 14,6).

Jesus traça o perfil daqueles que querem e poderão participar desse reino:

·         “Quem tem meus mandamentos e os observa é que me ama; e quem me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e me manifestarei a ele.” (Jo 14,21), e ainda:

·         “Se alguém me ama guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada.” (Jo 14,23).

Por algumas vezes o povo judeu, empolgado pelas maravilhas e milagres operados por Jesus e, na sua ignorância quanto ao Reino que Jesus veio proclamar, quis fazer dele um rei deste mundo:

·         “Jesus, porém, sabendo que viriam buscá-lo para fazê-lo rei, refugiou-se de novo, sozinho, na montanha.” (Jo 6,15).

Jesus não viera a este mundo para satisfazer a ganância e o desejo de poder do povo judeu, não aceitou ser proclamado rei e fugiu, porque, o Reino por ele anunciado, não seria um reino de ostentação, de força, de poder, de glórias terrenas, de riqueza, de dominação, mas um reino de amor, de sacrifícios, de serviço, de doação total. Os judeus não entenderam isso e, por ironia, acabaram matando em uma cruz aquele mesmo que eles queriam proclamar rei.                      

Durante o julgamento de Jesus Pilatos, o governador romano de Jerusalém, pergunta-lhe:

·         “Tu és o rei dos judeus?” [...] e Jesus responde: ‘Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui’. Mas, Pilatos insiste ainda: ‘Então, tu és rei?’ Respondeu Jesus: ‘Tu o dizes, eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz’.” (Jo 18,33.36-37).

JESUS CRISTO É REI.

É ele mesmo quem se proclama rei:

·         “Tu o dizes, eu sou rei.” (Jo 18,37).

Jesus foge quando o povo, num momento de glória, quis proclamá-lo rei e, por ironia, proclama-se rei no momento mais doloroso de sua vida.

Quando Pilatos pergunta-lhe se ele era realmente “Rei dos Judeus”, havia uma ironia nessa pergunta; Pilatos não estava preocupado com a verdade; talvez até quisesse se divertir à custa daquele homem das dores em sua presença, já profetizado por Isaias:

·         “Tão desfigurado estava o seu aspecto e a sua forma não parecia de um homem...” (Is 52,14).

Que ironia: um rei coroado com uma coroa de espinhos, tendo sobre os seus ombros um manto emprestado, como cetro, na mão, um pedaço ridículo de cana e como trono um tronco onde foi amarrado para ser açoitado... Um rei todo machucado, com a carne dilacerada, com os olhos inchados, com a aparência de um condenado, por isso:

·         “Nós o tínhamos como vítima do castigo, ferido por Deus e humilhado.” (Is, 53,4);

·         “Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro conduzido ao matadouro.” (Is 53,7).

Um rei com o rosto coberto de escarros da soldadesca violenta, embriagada e nojenta, com os cabelos em desalinho, com as mãos amarradas, com a pele e a carne dilaceradas pela violência dos açoites, com os pés descalços. Sua aparência era real e total de um condenado, traído e abandonado até pelos seus discípulos e pelos seus amigos escolhidos à dedo: os Apóstolos, aqueles mesmos que lhe afirmaram numa profissão de fé:

·         “Senhor, a quem iremos? Tens palavra de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o santo de Deus”. (Jo 6,68). 

Um rei traído por um de seus Apóstolos, Judas Escariotes, e negado pelo mesmo Pedro Apóstolo que dias antes lhe dissera:

·         “Ainda que todos se escandalizassem por tua causa, eu jamais me escandalizarei.” (Mt 26,33).

Jesus, conhecedor da fragilidade da natureza humana, faz uma terrível revelação para o pseudo valente e destemido Pedro:

·         “Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes.” (Mt 26, 34). 

E Pedro, na sua pseuda coragem e bravatisse, levanta-se, bate no peito e afirma categoricamente:

·         “Mesmo que tiver de morrer contigo, não te negarei.” (Mt 26, 35).

Pobre Pedro. Tristemente, Pedro é a imagem de tantos cristãos dos nossos dias, para não dizer de cada um de nós... E, durante o julgamento, Pedro lá estava, disfarçado, tremendo de medo, escondido em um canto para que não fosse reconhecido como um “seguidor do condenado”.

Reconhecido por uma criada, antes que o galo cantasse, Pedro nega Jesus por três vezes, como Jesus lhe havia profetizado:

·         “Não conheço esse homem.” (Mt 26,69.74).  

Mas o olhar de Jesus, apesar do sofrimento e da desilusão de se ver negado pelo Apóstolo que jurara de pés juntos que:

·         “mesmo que tiver de morrer contigo, não te negarei.” (Mt 26,35).

Aquele mesmo olhar permanecia tranquilo, como tranquilo foi o olhar de Jesus dirigido a Pedro após a sua tríplice negação:

·         “Imediatamente, enquanto ele (Pedro) ainda falava, o galo cantou, e o Senhor voltou-se, fixou o olhar em Pedro.” (Lc 22,60).

Um olhar tão tranquilo e cheio de paz que alcançava profundamente o íntimo de cada pessoa e:

·         “Pedro se lembrou da palavra que Jesus dissera: ‘Antes que o galo cante, três vezes me negarás.’ Saindo dali ele chorou amargamente.” (Mt 26,75).

Jesus, um rei que havia sido traído e negado por seus súditos. Um rei que havia sido açoitado.  Um rei que havia servido de gozação por parte da soldadesca embriagada que escarnecia dele, dizendo:

·         “Salve rei dos judeus.” (Mt 27,29).

Um rei com uma grande coroa de espinhos na cabeça que lhe rasgava o couro cabeludo e penetrava profundamente nos ossos, na testa, nas frontes, na nuca, causando os mais terríveis sofrimentos e dores. Aquele homem, naquele estado, antes de se dizer rei, devia pedir clemência, tinha de implorar misericórdia; mas não: ele se mantém digno, de pé, com uma postura e dignidade que somente um rei poderia ter: uma dignidade que perturbava a todos os seus acusadores e impressionava os seus julgadores que não tinham tanta certeza se deveriam condená-lo ou não.

Uma dignidade tal que somente um rei poderia ter, mas não um rei deste mundo, e sim um REI que tinha algo de sobrenatural, uma missão a cumprir e, aquelas cenas, aquele sofrimento, aquele julgamento estavam enquadrados nos planos de sua missão.

Pilatos, na sua prepotência e gozação, não perde a oportunidade e pergunta:

·         “Então, tu és rei?” (Jo 18,37).

Mas a resposta que Jesus lhe dá não é a mesma que ele esperava e o surpreende; e Jesus responde:

·         “Tu o dizes, eu sou rei.” (Jo 18,37);

E continua, afirmando:

·         “Para isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz.” (Jo 18,37). E afirma categoricamente: “Meu reino não é deste mundo...” (Jo 18,36).

Pilatos deve ter se impressionado com essas respostas, mas ainda surpreso, mas não convencido das grandes verdades ditas por Jesus quanto ao verdadeiro reino que ele veio trazer ao mundo para os homens e, possivelmente para atingir com sua “gozação” também os fariseus, escribas, sacerdotes e chefes do povo judeu, manda fazer uma tabuleta para colocar na cruz onde Jesus seria crucificado com a seguinte inscrição:

“Este é Jesus, o rei dos Judeus.” (Mt 27,37).

Com isso, Pilatos assina a sua condenação e assumindo a culpa de estar compartilhando, pelas suas atitudes dúbias, com a morte do REI DO UNIVERSO.

Pilatos e o povo judeu não esperavam jamais que aquele que fora escarnecido, julgado, condenado, açoitado cruelmente e crucificado como marginal e elemento nocivo à sociedade, à religião e ao governo, três dias depois ressuscitaria dos mortos e estabeleceria o seu Reino que não é deste mundo, mas o Reino dos Céus, o Reino de Deus... 

E um dia todos

·         “verão o Filho do Homem vindo entre as nuvens com grande poder e glória.” (Mt 13,26), e,

·         “quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, ele se assentará no trono de sua glória. E serão reunidas em sua presença todas as nações. E ele separará os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.” (Mt 25,31-33).

E, naquele dia todos verão o poder e a majestade do Senhor Jesus. E não somente naquele dia, mas, nós, que aderimos à verdade, que somos da verdade, que ouvimos a verdade e que vivemos a verdade e sabemos que a verdade suprema é Jesus Cristo, o Messias:

·         “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (Jo 14,6)

Compartilhamos deste poder e nos inclinamos, em adoração, diante da majestade infinita de Jesus Cristo, O Rei dos Reis, o Rei do Universo.

Hoje e todos os dias de nossa vida temos por Rei e Mestre somente Jesus, e é por meio desse Rei que nos tornamos herdeiros do Reino dos Céus e chegamos ao Senhor Nosso Deus e Pai:

·         “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” (Jo 14,6).

Se quisermos com Jesus reinar, devemos também, como ele, passar pelas incompreensões, humilhações que o mundo lhe proporcionou e nos proporciona; não estamos isentos do sofrimento pela nossa total adesão ao Cristo; se quisermos com ele sermos transfigurados como ele o foi no monte Tabor (Mt 17,1-8; Mc 9,2-8; Lc 9,28-36), devemos também, com ele, passar pelo Getsamani (Mt 26,36-46; Mc 14,32-42; Lc 22,40-46; Jo 18,1) e subir com ele ao Calvário para, com ele, sermos crucificados (Jo 19,17-37; Mt 27,31.33.37-38; Mc 15,20.22.25-27; Lc 23,33.38).

O reino de Jesus não é deste mundo e é bem por isso que o mundo não o reconhece como Rei e Senhor. Um dia todos dobrarão os joelhos em sua presença:

·         “... ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos seres celestes, dos terrestres e dos que vivem sob a terra, e, para a glória de Deus Pai, toda língua confesse: Jesus é o Senhor.” (Fl 2,10-11), porque:

·         “A ele foi outorgado o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o servirão.  Seu império é um império eterno que jamais passará e seu reino jamais será destruído.” (Dn 7,14).

Todos os cristãos, que quiserem assumir realmente o seu batismo, que quiserem assumir o seu cristianismo têm que reconhecer que Jesus Cristo é Rei.

O cristão deve ter o coração puro porque é num coração puro que Jesus Cristo, Rei, estabelece o seu trono e é através dali que ele reina no mundo e nos leva ao Pai:

·         “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”. (Mt 5,8).

Todos os cristãos, quando batizados, tornam-se reis com e em Jesus Cristo.

Jesus Cristo é rei porque:

·         “... veio a este mundo para dar testemunho da verdade, e quem é da verdade escuta a sua voz.” (Jo 18,37).

E nós, cristãos, a exemplo de Jesus Cristo, somos reis na medida em que estamos neste mundo dando o testemunho da verdade, ouvindo a verdade, vivendo a verdade, levando a verdade a todos os irmãos.

Nós somos reis na medida em que vivemos a vida ensinada por Jesus Cristo. E sabemos pelas Sagradas Escrituras e dos escritos dos Apóstolos que não é fácil seguir as pegadas do Divino Mestre. Todos os Apóstolos seguiram as pegadas do Divino Mestre e foram escarnecidos como o Mestre, humilhados como o Mestre e acabaram suas vidas como o Mestre: perseguidos e mortos violentamente por pregarem a verdade e assumirem a sua fé. Ai está o problema: se quisermos ser reis com Jesus Cristo, participar do Reino de Deus como o Mestre ensinou, temos que, como ele, abraçar a nossa cruz e seguí-lo por onde quer que ele vá ou nos leve:

·         “quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16,24), e “quem põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus.” (Lc 9,62).

Se quisermos chegar até Deus Pai e reinar com Jesus Cristo, assumamos a nossa vida de verdadeiros cristãos com todas as suas consequências, com todas as suas alegrias e espinhos.

A vida do cristão tem muitas vezes a alegria da transfiguração do Monte Tabor (Mt 17,1-13), mas sempre vai ter a dolorida subida ao Monte Calvário com a inevitável crucificação (Jo 19,17-37). A vida do cristão tem as alegrias do nascimento de Jesus em Belém (Lc 2,1-20), mas tem também as apreensões, os horrores e as tristezas da matança dos inocentes pelo sanguinário Herodes e a fuga para o Egito (Mt 1,13-18). 

A vida do cristão tem a entrada triunfal em Jerusalém, (Mt 21,1-11) mas também tem o sofrimento da flagelação e da coroação de espinhos (Mt 27,28-31).

Apesar de tudo isso, não podemos nos esquecer que, depois da morte de cruz vem a ressurreição e é através da ressurreição que o Senhor Jesus faz cumprir todas as profecias de se tornar e ser o REI DO UNIVERSO.

É através da nossa ressurreição de todos os dias e de cada dia, do nosso cair-e-levantar que nos tornamos herdeiros do Reino dos Céus onde Jesus Cristo reina por todo o sempre, como vemos na segunda leitura desta nossa liturgia:

·         “Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra. A Jesus que nos ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados e que fez de nós um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém. Olhai! Ele vem com as nuvens e todos os olhos o verão, também aqueles que o traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele. Sim. Amém! ‘Eu sou o alfa e o ômega’, diz o Senhor Deus ‘aquele que é, que era e que vem, o TODO PODEROSO”. (Apo 1,5-8).