MORTE, PASSAGEM PARA A VIDA...
Todos nós, sempre e de um modo
especial, nos lembramos dos nossos mortos. Todos temos dentro de nós uma
lembrança, um vazio deixado por alguém a quem a gente amou e que partiu para a
outra vida.
Todos, de uma maneira ou de outra,
conhecemos a dor do luto, lamentamos o
lugar que ficou vazio na mesa, no sofá da sala, reclamamos a voz que se calou,
sentimos a falta da presença que se tornou ausência. Em muitos dos nossos
lares, senão em quase todos, já passou a figura tenebrosa e indesejável da
morte, e a morte já levou muitos dos nossos entes queridos.
Se não conhecêssemos a Cristo e a sua
mensagem, talvez não houvesse esperanças em nossos corações e nossa vida seria
uma fuga eterna da morte, uma fuga de uma realidade que nenhum ser vivente sobre esta terra
poderá se livrar; o que nos conforta, quando pensamos sobre a morte ou somos
atingido por ela através de um ente querido são as palavras de Jesus Cristo, quando
disse: “Em verdade, em verdade eu lhes
digo: se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte.” (Jo, 8, 51).
Até Jesus Cristo e a sua Mãe
Santíssima, Maria, conheceram a morte e passaram por ela; passaram pela morte,
mas venceram a morte, nos dando a esperança e a certeza de uma vida plena
depois da morte, a vida que não se acaba, a vida eterna, a vida que o Senhor
Jesus nos veio trazer em abundância, e Jesus afirma isso no seu Evangelho
quando conversava com as irmãs Marta e Maria: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra,
viverá; e todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre.” (Jo,
11, 15-26).
A morte é para o cristão apenas a
passagem que une o nosso tempo à eternidade; a morte é a porta que se abre para
que nós possamos entrar na vida que Jesus Cristo preparou para todos nós, “e não nos devemos admirar porque vai chegar
a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a voz do Filho de Deus,
e os que fizeram o bem, sairão para a ressurreição da vida, e os que fizeram o
mal, para a ressurreição do juízo.” (conf Jo, 5, 28-29).
Todos nós, quando morre alguém da
nossa família, do nosso círculo de amizade, choramos, e às vezes choramos
muito. É bom chorar, é necessário que
se chore porque as lágrimas sinceras são as provas mais evidentes do amor que
tínhamos por aquela pessoa que se foi; as lágrimas são a demonstração e a
exteriorização dos nossos sentimentos mais sinceros e mais íntimos.
Todo cristão chora quando um ente
querido parte para a vida eterna.
Mas o cristão não chora de desespero,
o cristão chora, sim, mas de saudade.
Nós sentimos saudade do ente querido
que se foi, mas temos confiança nos
ensinamentos evangélicos de Jesus Cristo, acreditamos na sua mensagem e temos a
certeza evangélica de que os nossos entes queridos que conviveram longo tempo
conosco neste vale de lagrimas e que ouviram a voz do Bom Pastor e fizeram
parte do seu rebanho, agora, depois de sua morte, estão na glória de Deus Pai,
na casa do Pai onde, segundo uma das promessas de Jesus Cristo, existem muitas
moradas, e Jesus nos diz no seu Evangelho: “Não
se perturbe o seu coração; creia em Deus, creia também em mim. Na casa do meu
Pai há muitas moradas; se assim não fosse eu não teria dito isso para vocês,
porque eu ou preparar um lugar para vocês. Quando eu tiver ido e tiver
preparado um lugar para vocês, de novo voltarei e tomarei vocês comigo, para
onde eu estiver estejam também vocês.”
(Jo 14, 1-3).
Paulo, Apóstolo, em sua carta aos
Romanos, ele escreveu para nos confortar a respeito da morte: “Pelo batismo fomos sepultados com Cristo na
morte a fim de que nós também, como o Cristo ressuscitou dos mortos pela glória
do Pai, levemos uma vida nova. Mas, se morremos com Cristo, cremos também que
vivemos com ele, sabendo que o Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a
morte não tem mais poder sobre ele.” (Rom 6, 3-4, 8-9).
Paulo, através dessa sua carta nos dá
a certeza que a vida eterna já começou aqui e agora em nós pelo batismo e pela
fé no Senhor Jesus. João Evangelista, com
sua mensagem de fé e amor, também nos conforta a todos e nos dá a certeza de
que, um dia, após a nossa morte, nós veremos realmente a Deus tal qual ele é.
Na sua primeira carta, João nos
escreve: “Filhinhos, vejam como é grande
o amor que o Pai tem por nós! Seu amor para conosco é tão grande que ele nos
deu a graça de sermos chamados “Filhos de Deus”, e o somos de fato. O mundo não
nos conhece, porque não conhece a Deus. Meus queridos amigos, já somos filhos
de Deus aqui e agora, embora, externamente ainda não apareça o que vamos ser.
Mas sabemos, com certeza, que, quando aparecer, seremos semelhantes a ele
porque o veremos como ele realmente é. Todo aquele que tem essa esperança nele
se torna puro, como também ele é puro.” (1Jo, 3, 1-3).
O que nos conforta sobre os
pensamentos que temos sobre os nossos mortos são as palavras de Jesus, quando
diz: “Deus, não é Deus dos mortos, e sim
dos vivos, porque para ele todos vivem.” (Lc 20, 38).
Tudo isso revigora a nossa certeza de
que os nossos mortos, os nossos entes queridos por quem a gente derramou
copiosas lágrimas de dor e saudade, todos eles estão na casa do Pai.
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