PADRE MARIANO DE LA MATA
APARÍCIO
Mariano de La Mata Aparício nasceu na
Espanha, em 31 de dezembro de 1905, e veio ao Brasil em agosto de 1931, um ano
após a sua ordenação sacerdotal.
Mariano veio ao mundo numa família
amorosamente católica, de oito filhos, sendo que todos os quatro homens
tornaram-se agostinianos, e os casamentos de suas irmãs deram-lhe vinte e sete
sobrinhos, dos quais três sacerdotes e três religiosas missionárias.
Mariano chegou primeiro na cidade de
Taquaritinga, Estado de São Paulo, onde trabalhou como vigário capelão do
colégio das Irmãs Agostinianas Missionárias.
Passou por São José do Rio Preto onde
deu aulas no Colégio São José, da congregação dos Agostinianos e depois foi
capelão no asilo no distrito de Engenheiro Schimit, São José do Rio Preto, onde
celebrava na Igreja de Santa Apolôlia e atendia a paróquia de Cedral, aproximadamente
quinze quilômetros de onde estava, fazendo esse percurso sempre à pé. Depois
foi transferido para a capital paulista, onde permaneceu até a sua morte.
Em vida, não realizou ações
extraordinárias aos olhos do mundo, levando uma vida aparentemente comum nesta
imensa cidade de São Paulo, mas viveu um heroísmo autêntico, e teve o Amor a
Deus como incentivo maior, até nos seus mínimos gestos.
A partir de 1961 padre Mariano viveu
no Colégio-Paróquia Sto. Agostinho, como professor, diretor espiritual e vigário
paroquial.
As pessoas que o conheceram dão
testemunho de como foi a sua vida, especialmente o Vice-Postulador da causa de
sua beatificação, padre Miguel Lucas, que narrou sua vida e a reproduziu em
pinturas.
A sobrinha agostiniana, Irmã María
Paz, disse: “Conhecer Pe. Mariano e não conhecer o Amor de Deus era impossível.
Usava qualquer pretexto para falar de Deus aos outros”.
Padre Mariano era chamado “mensageiro
da caridade”, porque percorria as ruas de São Paulo visitando as dezenas de
casas das Associações de Santa Rita de Cássia, onde se faziam roupas para os
pobres; foi diretor espiritual dessa obra por quase 31 anos.
Procurava recursos para socorrer os
necessitados. Ficou conhecido por distribuir santinhos e medalhas de santo
Agostinho e santa Rita de Cássia aos operários de uma grande construção próxima
à igreja onde trabalhava. Sempre levava-lhes, também, alimento, e muita fé e
coragem. Era um sacerdote zelosamente cumpridor de suas obrigações
ministeriais.
Madrugava muito; pouco depois das seis
horas já se podia vê-lo a preparar o Altar para as Missas. Destacou-se pela
visita aos doentes: era um bálsamo para os enfermos, levava a eles a Eucaristia
e os demais Sacramentos, a qualquer hora do dia ou da noite.
Nas horas de angústia e dor, consolava
as viúvas e filhos dos falecidos. Era como um pai para todos. Padre José Luiz
Martínez, que conviveu muito com o padre Mariano, testemunha que “nos momentos
mais difíceis a sua presença era desejada, porque significava um elemento de
equilíbrio e de paz”.
Sempre conciliador, às vezes alguém o
enganava, ou melhor, ele se deixava enganar, desde que isso servisse para
ganhar outros para Deus.
Nunca falava mal do próximo, nem
comentava defeitos alheios. Relacionava-se tão bem com os pobres quanto com os
ricos piedosos, e com as autoridades.
Padre Mariano tinha uma alma alegre, e
uma simplicidade contagiante e acolhedora. Nunca se vangloriava das suas
qualidades, mesmo ao exercer cargos importantes.
Como professor era muito querido pelos
alunos, porque sabia, sem perder a autoridade, fazer de cada um deles um amigo.
Estava sempre disposto a sacrificar
seus direitos pelo bem da unidade. Extrovertido, festejava os sucessos dos
outros. Cecília Maria de Queiroz, secretária da Igreja de santo Agostinho,
relembra: “Padre Mariano falava muito da devoção ao Terço. Vi-o muitas vezes
caminhar de um lado ao outro, rezando com o Breviário e seu Terço.
Recomendava-nos rezar muito e sempre. Punha as coisas de Deus sempre em
primeiro lugar”.
Padre Mariano pode ser considerado
também um protetor dos esportistas.
Padre Mariano não só organizava,
orientava e motivava jovens atletas, mas aconselhava-os antes das competições.
Num programa de rádio, ele disse: “Os jogos, além de enrijecer os músculos do
corpo, fortalecem a vontade, fomentam o companheirismo, reanimam o coração nas
lutas que se apresentam e oferecem descanso ao intelecto que reclama algumas
horas de lazer”.
A manifestação de santidade de uma
pessoa cresce ao longo da vida e às vezes atinge o auge nos momentos finais.
Aquele que com tanta dedicação cuidou dos doentes, foi visitado pela doença.
Numa tarde de 1983, padre Mariano sentou-se numa escada do Colégio, o que não
era comum para ele, sempre cheio de energia e disposição.
Perguntado por que se sentara ali,
respondeu: “Sinto como se um gato me arranhasse o estômago...”. Era o câncer.
Aceitou e suportou a doença com grande resignação. Sofria grandes dores mas
esquecia de si e preocupava-se com os outros doentes do Hospital do Câncer,
onde fora internado. Apesar dos sofrimentos, conservava a alegria.
Seus gestos de amor para com os
visitantes, pessoal do serviço e demais enfermos causavam admiração. Na
Quinta-Feira Santa, recebeu a visita dos confrades, dos amigos e do Cardeal-Arcebispo
Dom Evaristo Arns. Insistiu com sua sobrinha, Irmã María Paz, para ir visitar a
unidade de crianças com câncer. Pediu que todos fossem celebrar juntos a
Eucaristia. Passou tranquilo a noite, mas na manhã seguinte tinha muita
dificuldade em falar. À
tarde já não falava, e assim permaneceu no
Sábado Santo e Domingo de Páscoa. Na segunda- feira após a cristandade celebrar
a Ressurreição do Senhor, perto das oito da manhã, partiu padre Mariano para
celebrar no Céu a Páscoa eterna: sem nenhum movimento, sem o mínimo gesto,
simplesmente parou de respirar, inclinando suavemente a cabeça para a
direita...
Tinha 78 anos de idade. Era 5 de abril
de 1983. O milagre necessário para a beatificação, aprovado pela Congregação
para as Causas dos Santos e pelo Papa Bento XVI, ocorreu no dia 26 de abril de
1996.
Em Barra Bonita, interior de São
Paulo, o menino João Paulo Polotto, de São José do Rio Preto, de seis anos de
idade, aluno do colégio agostiniano de São José do Rio Preto e que fazia parte
de um grupo de alunos que visitavam aquela cidade, sofreu um gravíssimo
acidente ao soltar-se de sua mãe e atravessar a rua. Foi atingido por um
caminhão que lançou seu pequeno corpo pelos ares, a vários metros de distância.
O menino, com o impacto, sofreu
fratura do crânio. Foi internado com parada respiratória e hemorragia cerebral.
Padres e alunos do Colégio Agostiniano São José, de São José do Rio Preto, onde
padre Mariano viveu, pediram oração a intercessão do Padre Mariano pela
criança.
Socorrido em estado de coma, no
hospital foi diagnosticada fratura craniana, traumatismo crânioencefálico
grave, paralisia, batimentos cardíacos lentos, parada respiratória, globo
ocular projetado e afundamento do crânio.
Estava praticamente morto. Alguns
minutos após o acidente, padres e alunos do Colégio Agostiniano São José, de
São José do Rio Preto, rezaram pedindo a intercessão de Padre Mariano,
juntamente com familiares do menino.
O resultado foi que o menino se
recuperou tão rapidamente que, dez dias depois, o médico que o tinha atendido
no hospital foi visitá-lo e, estupefato, o encontrou já na rua, perfeito,
brincando com os colegas, andando de patins, sem nenhuma sequela do terrível
atropelamento, como se nada tivesse acontecido! João Paulo é hoje um moço.
Dez dias depois do acindente o menino
era visto nas ruas da cidade caminhando e brincando sem qualquer sequela do
acidente. O Altar em honra ao Beato Mariano e suas relíquias encontram-se na
igreja da Paróquia Santo Agostinho, que fica na Praça Santo Agostinho, 79, próxima
à estação Vergueiro do Metrô.
São comemorados também neste dia:
Santa Bertila de Chelles (virgem, abadessa), São Caio de Nagasakiu (catequista,
mártir), São Dominator de Brescia (bispo), São Domnino de Grenoble (bispo), São
Galácio, São Guido Maria Conforti.
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