sexta-feira, 30 de abril de 2021

 

MARIA É DO POVO POBRE E HUMILDE

 

O povo humilde e pobre está com Maria.

O povo pobre e humilde é como o Apóstolo João, o único que não fugiu e que permaneceu com Maria aos pés da cruz de Jesus, no Calvário, naquela sombria e triste sexta feira.

O povo pobre, como João, junto de Maria, não foge, não tem medo de sofrer. Já sofre tanto.      Mas, não fica aos pés da cruz sozinho; Maria está com ele.

O povo fica junto de Maria, aos pés de tantos irmãos que estão morrendo de fome ainda hoje, morrendo de inanição, de desprezo dos ricos e poderosos nas portas do século dois mil e na entrada do terceiro milênio; o Cristo continua morrendo hoje nos irmãos, como morreu no Calvário, aos olhos de sua Santíssima Mãe, Maria. Chegando no Calvário, o povo não fala.

Só fica olhando, como João Apóstolo ficou olhando e marcando presença. Jesus também não fala; só fica rezando do alto da cruz.

E ai, no silêncio daquela dor, os olhos de Jesus repetem as mesmas palavras que foram ouvidas pela primeira vez do Calvário na Palestina, porque lá. “quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo (representando o povo pobre), a quem amava tanto, disse à sua mãe: “eis ai teu filho”, e, em seguida disse a João (que representava o povo pobre), “eis ai tua mãe”, e, a partir daí João, que representava o povo pobre, levou a mãe de Jesus para morar em sua casa daquele momento em diante, e até hoje, o povo pobre tem Maria em sua casa, em seu coração.

Desde que Jesus, do alto da cruz, pouco antes de morrer, pronunciou aquelas palavras, o povo pobre e humilde nunca mais se separou de Maria. O povo pobre carrega Maria em seu coração, a mantém dentro de sua casa, e a acompanha por onde quer que for.

Foi Jesus quem mandou.

Foi a sua última vontade.

E, para isso, o Senhor Nosso Deus cumulou Maria de riquezas; riquezas espirituais.

Jesus deu à Maria todos os homens para serem seus filhos; Maria tem a todos nós, e nós todos temos Maria por Mãe; a Mãe de Deus é também nossa Mãe, e, através de Maria somos filhos do mesmo Pai e irmãos de Jesus Cristo.

Mas, desde aquele momento no Calvário em que Jesus nos deu Maria por Mãe até os nossos dias, os poderosos e o tempo andaram deformando a imagem que o povo tem de Maria.

Ladrões vieram e roubaram a beleza de Maria, a pureza de Maria, roubaram as jóias espirituais de Maria. Já não é tão fácil reconhecer todas as belezas que Deus, o artista supremo, colocou em Maria, quando disse: “eis ai a sua mãe”. (Jo 19, 27).

Ah, se fosse possível restaurar e renovar a imagem que Maria tinha desde que aceitou ser Mãe de Jesus até a tragédia do Calvário, sem destrui-la, sem deformá-la.

Restaurar a imagem de Maria de tal maneira que nela transparecesse melhor a imagem de Deus, a mensagem de Deus ao povo pobre e que aparecesse claramente aos olhos de todos o testemunho que Maria nos deu da sua fé e entrega total nas mãos do seu Senhor, e da sua dedicação à vida.

Restaurar a imagem de Maria de tal maneira que ela se transformasse num espelho limpo e não embaçado para o povo poder contemplar a sua cara de gente, de filha de Deus, e descobrir em Maria a sua missão no mundo de hoje.

Se fosse possível limpar esse espelho. Um dia esse sonho vai se tornar realidade, mesmo que por ora não sejamos capazes de enxergar toda a beleza de Maria, a gente sabe que, dentro dela tem um segredo muito importante para a vida.    

Por isso, o povo pobre carrega consigo, por onde for, a devoção à Maria.

O povo aguarda que um dia alguém o ajude a descobrir todo o segredo da beleza, da pureza e da santidade de Maria. E esse dia, quando chegar, transformará a sexta-feira santa em domingo de Páscoa e a procissão do Senhor Morto numa procissão festiva de Ressurreição e vida...       Por meio de Maria, Jesus chegou até nós. Por meio de Maria, chegaremos a Jesus.   

Quem está com Maria, não está longe de Deus... Os verdadeiros filhos de Maria “terão na boca a espada de dois gumes da palavra de Deus; em seus ombros carregarão o estandarte  ensanguentado da cruz, na mão direita terá o crucifixo e na esquerda o rosário e no coração os nomes sagrados de Jesus e Maria, e em toda a sua conduta terão a modéstia e mortificação de Jesus” (Montfort). E não nos esqueçamos de que “não pode esperar a misericórdia de Deus quem ofende a sua Mãe.” (Montfort).

quinta-feira, 29 de abril de 2021

 





SANTA CATARINA DE SENA - 1347-1380

 

Catarina era apenas uma irmã leiga da Ordem Terceira Dominicana.

Mesmo analfabeta, talvez tenha sido a figura feminina mais impressionante do cristianismo do segundo milênio. Nasceu em 25 de março de 1347, em Sena, na Itália.

Seus pais eram muito pobres e ela era uma dos vinte e cinco filhos do casal. Fica fácil imaginar a infância conturbada que Catarina teve.

Além de não poder estudar, cresceu franzina, fraca e viveu sempre doente. Mas, mesmo que não fosse assim tão debilitada, certamente a sua missão apostólica a teria fragilizado.

Carregava no corpo os estigmas da Paixão de Cristo. Desejando seguir o caminho da perfeição, aos sete anos de idade consagrou sua virgindade a Deus.

Tinha visões durante as orações contemplativas e fazia rigorosas penitências, mesmo contra a oposição familiar. Aos quinze anos, Catarina ingressou na Ordem Terceira de São Domingos. Durante as orações contemplativas, envolvia-se em êxtase, de tal forma que só esse fato possibilitou que convertesse centenas de almas durante a juventude.

Já adulta e atuante, começou por ditar cartas ao povo, orientando suas atitudes, convocando para a caridade, o entendimento e a paz. Foi então que enfrentou a primeira dificuldade que muitos achariam impossível de ser vencida: o cisma católico.

Dois papas disputavam o trono de Pedro, dividindo a Igreja e fazendo sofrer a população católica em todo o mundo. Ela viajou por toda a Itália e outros países, ditou cartas a reis, príncipes e governantes católicos, cardeais e bispos, e conseguiu que o papa legítimo, Urbano VI, retomasse sua posição e voltasse para Roma.

Fazia setenta anos que o papado estava em Avignon e não em Roma, e a Cúria sofria influências francesas. Outra dificuldade, intransponível para muitos, que enfrentou serenamente e com firmeza, foi a peste, que matou pelo menos um terço da população européia.

Ela tanto lutou pelos doentes, tantos curou com as próprias mãos e orações, que converteu mais algumas centenas de pagãos. Suas atitudes não deixaram de causar perplexidade em seus contemporâneos. Estava à frente, muitos séculos, dos padrões de sua época, quando a participação da mulher na Igreja era quase nula ou inexistente.

Em meio a tudo isso, deixou obras literárias ditadas e editadas de alto valor histórico, místico e religioso, como o livro "Diálogo sobre a Divina Providência", lido, estudado e respeitado até hoje.

Catarina de Sena morreu no dia 29 de abril de 1380, após sofrer um derrame aos trinta e três anos de idade. Sua cabeça está em Sena, onde se mantém sua casa, e seu corpo está em Roma, na Igreja de Santa Maria Sopra Minerva. Foi declarada "doutora da Igreja" pelo papa Paulo VI em 1970.

Neste dia são lembrados também: São Pedro de Verona (dominicano, mártir), Santa Antonia, São Paulino de Bréscia (bispo), São Roberto de Molesme (abade), São Severo de Nápoles (bispo).


quarta-feira, 28 de abril de 2021

 

SANTA JOANA (GIANNA) BERETTA MOLLA - 1922-1962

 

Na família italiana dos Baretta de Milão, os treze filhos foram reduzidos a oito pela epidemia da gripe espanhola e por duas mortes ocorridas na primeira infância.

Desses oito, saíram uma pianista, dois engenheiros, quatro médicos e uma farmacêutica. Um dos engenheiros, José, depois se fez sacerdote, e dois médicos fizeram-se religiosos missionários: madre Virgínia e padre Alberto. Gianna Baretta, para nós Joana, a penúltima dos oito, nasceu no dia 4 de outubro de 1922 na cidade de Magenta, onde cresceu e se formou médica cirurgiã, com especialização em pediatria, concluída 1952.

Porém preferiu exercer clínica geral, atendendo especialmente os velhos abandonados e carentes. Para ela, tudo era dever, tudo era sagrado: "Quem toca o corpo de um paciente, toca o corpo de Cristo", dizia. Em 1955, ela se casa com Pedro Molla.

O casal vive na tradição religiosa familiar: missa, oração e eucaristia, inserida com harmonia na Modernidade. Joana ama esquiar na neve, pintar e a música também. Ela frequenta o teatro e os concertos com o marido, importante diretor industrial, sempre muito ocupado. Residem em Magenta mesmo, onde Joana participa ativamente também da vida local da Associação Católica Feminina.

Os retiros espirituais são momentos de forte interiorização e ela é a verdadeira colaboradora dessas novidades felizes da comunidade católica. Vive essa atribuição como sua missão de médica.

Nascem os filhos: Pedro Luiz , Maria Rita e Laura . No mês de setembro de 1961, no início da quarta gravidez, é hospitalizada e então é descoberto um fibroma no útero.

Diante da gravidade, sempre mais evidente, do caso, a única perspectiva de sobreviver é renunciar à gravidez, para não deixar órfãos os três filhos.

Mas Joana possui valores cristãos firmemente consolidados e coloca em primeiro lugar o direito à vida. E assim decide, com o preço da sua vida, ter o bebê. Joana Emanuela nasce e sua mãe ainda a segura nos braços antes de morrer, no dia 28 de abril de 1962. Uma morte que é uma mensagem iluminada do amor em Cristo.

Após sua morte, o marido lê as anotações pessoais de Joana que antecediam os retiros espirituais, e descobre sua conexão indissolúvel com o amor, o sacrifício e a fé inabalável.

Ao proclamar santa Joana Baretta Molla, em 2004, o papa João Paulo II quis exaltar, juntamente com seu heroísmo final, a sua existência inteira, os ensinamentos de toda uma vida no seguimento de Jesus, exemplo para os casais modernos. Joana Emanuela, a filha nascida do seu sacrifício, em pronunciamento nessa ocasião, disse: "Sinto em mim a força e a coragem de viver, sinto que a vida me sorri".

Ela ainda disse que rende homenagem à mãe "dedicando a minha vida à cura e assistência aos anciãos".

São comemorados também, neste dia: São Pedro Chanel, São Luiz Maria Grignion de Montfort, Santa Valéria, São Luquésio, Santo Agapito I, São Prudêncio de Tarazona (bispo), Santos Teodora e Dídimo (mártires), Santa Valéria de Milão (mártir), São Vital de Milão (mártir). 

terça-feira, 27 de abril de 2021

 

SANTA ZITA DE LUCCA, A EMPREGADA DOMÉSTICA QUE FOI SANTA

 

Santa Zita foi empregada doméstica durante trinta anos em Luca, na Itália. Hoje em dia, as comunidades de baixa renda sofrem grande injustiça social, principalmente quando trabalham em serviços domésticos, como ela, mas no século XIII as coisas eram bem piores.

Zita nasceu em 1218, no povoado de Monsagrati, próximo a Luca, e, como tantas outras meninas, ela foi colocada para trabalhar em casa de nobres ricos. Era a única forma de uma moça não se tornar um peso para a família, pobre e numerosa.

Ela não ganharia salário, trabalharia praticamente como uma escrava, mas teria comida, roupa e, quem sabe, até um dote para conseguir um bom casamento, se a família que lhe desse acolhida se afeiçoasse a ela e tivesse interesse em vê-la casada.

Zita tinha apenas doze anos quando isso aconteceu. E a família para quem foi servir não costumava tratar bem seus criados. Ela sofreu muito, principalmente nos primeiros tempos. Era maltratada pelos patrões e pelos demais empregados. Porém agüentou tudo com humildade e fé, rezando muito e praticando muita caridade.

Aliás, foi o que tornou Zita famosa entre os pobres: a caridade cristã. Tudo que ganhava dos patrões, um pouco de dinheiro, alimentos extras e roupas, dava aos necessitados.

A consequência disso foi que, em pouco tempo, Zita dirigia a casa e comandava toda a criadagem. Conquistou a simpatia e a confiança dos patrões e a inveja de outros criados.

Certa vez, Zita foi acusada de estar dando pertences da despensa da casa para os mendigos, por uma das criadas que invejavam sua posição junto aos donos da mansão.

Talvez não fosse verdade, mas dificilmente a moça poderia provar isso aos patrões.

Assim, quando o patriarca da casa perguntou o que levava escondido no avental, ela respondeu: "são flores", e soltando o avental uma chuva delas cobriu os seus pés.

A sua vida foi uma obra de dedicação total aos pobres e doentes que durou até sua morte, no dia 27 de abril de 1278. Todavia, sua interferência a favor deles não terminou nesse dia.

O seu túmulo, na basílica de São Frediano, conserva até hoje o seu corpo, que repousa intacto, como foi constatado na sua última exumação, em 1652, e se tornou um lugar de graças e de muitos milagres comprovados e aceitos.

Acontecimentos que serviram para confirmar sua canonização em 1696, pelo papa Inocêncio XII. Apesar da condição social humilde e desrespeitada, a vida de santa Zita marcou de tal forma a história da cidade que ela foi elevada à condição de sua padroeira. E foi uma vida tão exemplar que até Dante Alighieria a cita na Divina Comédia.

O papa Pio XII proclamou-a padroeira das empregadas domésticas.

Neste dia são comemorados, também: Bem-aventurado Tiago Alberione, São Tertuliano, São João, abade, São Lourenço Hung (mártir do Vietnã), São Pedro Canísio (jesuíta e doutor da Igreja), São Winebldo de Beverley (abade).

segunda-feira, 26 de abril de 2021

 

FELIZES SÃO AQUELES QUE OUVEM A PALAVRA DE DEUS.

 

No Evangelho de Lucas, 11,27, encontramos a cena da mulher elogiando a mãe de Jesus, e ele aproveitando para dizer que quem ouve a Palavra de Deus e a põe em prática é mais feliz ainda.

Ser mãe de Jesus não nos é possível, evidentemente; mas ouvir a Palavra de Deus e praticá-la nos é possível e fácil.

Por isso, nós queremos atender ao apelo de Jesus e valorizar mais a sua Palavra, acreditando nela e seguindo-a de todo o coração. "Quem tiver sede, venha a mim e eu lhe darei de beber da fonte de água viva" (Ap 21,6).

Essa fonte de água viva é a Eucaristia, são os sacramentos e é também a Sagrada Escritura, na qual Deus nos fala pessoalmente. "A Palavra de Deus é viva e eficaz. É mais penetrante que uma espada de dois gumes" (Hb 4,12).

Ela é viva porque, quando a lemos ou ouvimos, na verdade é o Espírito Santo que nos fala naquele momento. Fala-nos às vezes até através das entrelinhas do que lemos. É eficaz porque é acompanhada da força de graça de Deus. Ela é penetrante porque traz em si a força de Deus, que penetra até o nosso coração e nos transforma, se nós a deixarmos agir em nós.

Veja a força da Palavra de Deus, em Gn 1. Bastava Deus dizer, por exemplo, "faça-se a luz" e na hora a luz era feita. Na Missa, quando o padre fala: "Isto é o meu corpo... Isto é o meu sangue", na hora o pão se torna o corpo de Cristo e o vinho se torna o seu sangue.

Aí está a explicação da transformação que acontece nas pessoas que começam a ler a Bíblia todos os dias e de coração aberto a ela. Elas se tornam uma nova criatura.

O mundo seria bem mais feliz se as pessoas amassem mais a Palavra de Deus. "Duplo crime cometeu o meu povo: abandonou-me a mim, fonte de água viva, e para si preferiu cavar cisternas, cisternas rachadas que não podem reter água" (Jr 2,13). As pessoas ficam cavando cisternas profundas, isto é, fazem um esforço enorme para aprender a palavra dos homens, que muitas vezes são cisternas rachadas. Esse aprendizado nos é necessário.

O problema é que não fazemos o mesmo esforço para aprender a Palavra de Deus, que é como uma fonte cristalina, correndo ao nosso lado. Sobre a Bíblia, há algo muito importante que não podemos esquecer: O Novo Testamento foi todinho escrito pela Santa Igreja Católica.

Jesus não deixou nem uma palavra escrita. Deus é o primeiro autor, mas a Igreja é a autora humana do Novo Testamento. E se foi ela que escreveu, ela tem o direito de interpretar. A Bíblia e a Tradição legítima de Igreja são para nós como duas rodas de uma bicicleta.

Uma não tem consistência sem a outra. O capeta é esperto e leva muita gente para ele nesse ponto! Jesus não negou o que a mulher disse: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”.

A Bíblia deve ser entendida no seu conjunto, e Isabel disse a Maria: “feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1,45). “O que lhe foi dito da parte do Senhor” é a Palavra de Deus, que Maria ouviu e pôs em prática. Santo Agostinho dizia: Não sei qual dessas duas glórias de Maria é maior: ser a mãe de Jesus na carne ou ser sua discípula na fé.

Certa vez, uma senhora, que era muito respeitada na cidade, foi reclamar junto ao subgerente de uma empresa, de algumas injustiças que a empresa estava praticando. O subgerente, que era jovem, a ouviu com atenção e depois disse: “Eu concordo com a senhora, mas não tenho nenhuma voz ativa na empresa!”

A distinta mulher perguntou a ele: “Quantos kg você pesa?” “60”, respondeu o moço com prontidão. “Por favor” – continuou ela – “vou lhe pedir uma coisa muito simples”: “Fique em pé”. Na hora o jovem se levantou. Ela então disse: “Está vendo como a palavra tem força? Ela é capaz de levantar 60 kg em um segundo! A sua palavra também tem muita força junto à direção da empresa. É só saber usá-la”.

Se a palavra do homem ter força, quanto mais a de Deus! Vamos aproveitar a força da nossa palavra, usando-a para o bem, e principalmente aproveitar a força da Palavra de Deus. Feliz o ventre que te trouxe. Muito mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus. (Padre Queiroz).

domingo, 25 de abril de 2021

 

"EU SOU O BOM PASTOR" (Jo 10, 11)

 

IV DOMINGO DA PÁSCOA

Ano – B; Cor – Branco; Leituras: At 4,8-12; Sl 117; 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18.

 

 

Diácono Milton Restivo

 

O livro dos Atos dos Apóstolos nos traz “Pedro, cheio do Espírito Santo” dirigindo a palavra aos “Chefes do povo e anciãos”. Essas autoridades religiosas estavam interrogando Pedro e João

·         “por terem feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado” e Pedro afirma que “é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, - aquele que vocês crucificaram e que Deus ressuscitou dos mortos, - é pelo seu nome e por nenhum outro, que este homem está curado diante de vocês” (cf At 4,8-10).

Pedro completamente e cheio do Espírito Santo, afirma:

·         “Não existe salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não existe outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos.” (At 4,12).

Pedro ainda diz às autoridades religiosas que Jesus

·         “é a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, que se tornou a pedra angular.” (At 4,11).

O que seria essa pedra? A pedra angular é aquela última pedra, em forma de cunha, colocada no cimo do arco de pedras para dar estabilidade, segurança e não permitir que o arco de pedras venha abaixo.

E é exatamente isso que o Salmo desta liturgia afirma, profetizando a rejeição sofrida por Jesus pelas autoridades religiosas do seu tempo e que, depois de ter sido rejeitado por todos, tornou-se a salvação dos homens:

·         “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”. (Sl 117 (118),22).

O quarto Domingo da Páscoa é chamado o “Domingo do Bom Pastor”. A profissão de pastor de ovelhas, segundo as Sagradas Escrituras, é a mais antiga do mundo, juntamente com a de agricultor:

·         "Abel tornou-se pastor de ovelhas e Caim cultivava o solo. Passado o tempo, Caim apresentou produtos do solo em oferenda a Iahweh. Abel, por sua vez, também ofereceu as primícias e a gordura do seu rebanho." (Gn 4,2-4).             

A figura do pastor, no Antigo Testamento, era a de um homem valente, destemido, protetor de seu rebanho, forte, capaz de defender as suas ovelhas contra o ataque de quaisquer que fossem as feras que quisessem dispersar o seu rebanho, ferir ou matar suas ovelhas, enfim, era o chefe, companheiro e amigo de suas ovelhas. Exemplo disso temos quando Davi, ainda adolescente, se apresenta ao rei Saul para aceitar o desafio do gigante Golias, do exército filisteu, que ameaçava invadir Israel e, na sua justificativa, para ser aceito para combater o gigante Golias, assim dizendo Davi, para convencer o rei:

·         "Quando o teu servo apascentava as ovelhas de seu pai e aparecia um leão ou um urso que arrebatava uma ovelha do rebanho, eu o perseguia e o atacava e arrancava a ovelha de sua goela: e, se vinha contra mim eu o agarrava pela juba, o feria e matava. O teu servo venceu o leão e o urso, e assim será com esse incircunciso filisteu, como se fosse um deles, pois desafiou o exército do Deus vivo." (1Sm 17,34-36).        

O Antigo Testamento faz várias referências sobre o cuidado e desprendimento do pastor em relação às suas ovelhas:

·         "Conhece bem o estado das tuas ovelhas, e presta atenção aos teus rebanhos." (Pr, 27,23).

O pastor era cuidadoso e conhecia o estado e as limitações de seu rebanho e preocupava-se com isso, não exigindo mais do que o rebanho pudesse apresentar ou oferecer, comparando as ovelhas com crianças delicadas e frágeis, como disse Jacó, quando Esaú, seu irmão, o convidou para colocar em marcha, no deserto, sua comitiva:

·         “Disse Esaú: ‘Tomemos o bando e partamos; eu caminharei na frente.’ Mas Jacó lhe respondeu: ‘Meu senhor, sabe que as crianças são delicadas e que devo pensar nas ovelhas e vacas de leite; se os forçar um só dia, todo o rebanho vai morrer. Que meu senhor parta, pois, adiante de seu servo; quanto a mim, caminharei calmamente ao passo do rebanho que tenho diante de mim e ao passo das crianças, até chegar à casa de meu senhor, em Seir’.” (Gn 33,12-14).                       

O cuidado, zelo e desprendimento que o pastor tinha com o seu rebanho, com as suas ovelhas, inspiraram vários profetas do Antigo Testamento a comparar esse amor do pastor com as suas ovelhas com o amor de Deus com o seu povo:

·         “Como um pastor apascenta ele o seu rebanho, com o seu braço reúne os cordeiros, carrega-os no seu colo, conduz carinhosamente as ovelhas que amamentam.” (Is 40,11). “Yahweh é meu pastor, nada me falta.” (Sl 23 (22),1).

No Antigo Testamento, Yahweh não se auto-intitula pastor, mas se diz dono do rebanho, e assim os escritores sagrados o coloca nessa situação quando quer transmitir ao povo o amor e cuidado que tem com a nação escolhida, atribuindo essa função de pastores aos governantes, líderes tanto religiosos quanto políticos, como fez com Moisés:

·         “Guiaste teu povo como um rebanho, pela mão de Moisés e Aarão.” (Sl 77 (76), 21).

Assim como fez com Josué:

·         “Moisés falou assim a Iahweh, e disse: ‘Que Yahweh, Deus dos espíritos que animam toda carne, estabeleça sobre esta comunidade um homem que saia e entre à frente dela e que a faça sair e entrar, para que a comunidade de Iahweh não seja como um rebanho sem pastor’. Yahweh respondeu a Moisés: ‘Toma a Josué, filho de Nun, homem em que está o espírito. Tu lhe imporás a mão [...] e comunica-lhe uma parte de tua autoridade, a fim de que toda a comunidade dos filhos de Israel lhe obedeça.’ (Nm 27,15-18.20);

Assim como fez a Davi, por intermédio do profeta Samuel:

·         ‘Eis o que dirás ao meu servo Davi: Assim fala Yahweh dos Exércitos: Fui eu que te tirei das pastagens, onde pastoreavas ovelhas, para seres chefe de meu povo Israel.’ (2Sm 7,8), e mais: “Escolheu a Davi, seu servo, tirou-o do aprisco das ovelhas; da companhia das ovelhas fê-lo vir para apascentar Jacó, seu povo, e Israel, sua herança; ele os apascentou com coração íntegro, e conduziu-o com mão sábia.” (Sl 78 (77),70-72).

Mas, também, Yahweh lhes chamava a atenção quando descuidavam do povo, comparando-os a pastores mercenários que negligenciavam o rebanho, manifestando-se dessa maneira aos dirigentes negligentes de Israel:

·         “Pastores, assim diz o Senhor Yahweh: ‘Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar o seu rebanho? [...] Não restaurastes o vigor das ovelhas abatidas, não curastes a que está doente, não tratastes a ferida da que sofreu fratura, não reconduzistes a desgarrada, não buscastes a perdida, mas dominastes sobre elas com dureza e violência. Por falta de pastor, elas dispersaram-se e acabaram por servir de presa para todos os animais do campo; e se dispersaram. O meu rebanho dispersou-se por todos os montes, por todos os outeiros elevados e por toda a superfície da terra dispersou-se o meu rebanho, Não há quem o procure, ou quem vá em sua busca’.” (Ez 34,2.4-6).        

E quando Yahweh, depois de chamar a atenção dos governantes e autoridades civis, religiosos e militares, sobre o descaso e negligência dos cuidados que deveriam atribuir ao povo, como pastores que descuidavam de seu rebanho, Yahweh coloca no futuro a possibilidade de ele mesmo assumir a função de pastor sobre seu povo, preparando assim a vinda do Bom Pastor, na pessoa do Messias.

Assim se manifesta Yahweh:

·         “Com efeito, assim diz o Senhor Yahweh: ‘Certamente eu mesmo cuidarei do meu rebanho e o procurarei. Como um pastor cuida do seu rebanho, quando está no meio de suas ovelhas dispersas, assim cuidarei das minhas ovelhas e as recolherei de todos os lugares por onde se dispersaram em um dia de nuvem e de escuridão. Eu as trarei dentre os povos, vou reuni-las dentre as nações estrangeiras e reconduzi-las para o seu solo, apascentando-as sobre os montes de Israel, nas margens irrigadas dos seus ribeiros e em todas as regiões habitáveis da terra. Eu a apascentarei em um bom pasto, sobre os altos montes de Israel terão as suas pastagens. Aí repousarão em um bom pasto e encontrarão forragem rica sobre os montes de Israel. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhes darei repouso, oráculo do Senhor Yahweh. Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida. Quanto à gorda e vigorosa, guardá-la-ei e apascentá-la-ei com o direito.” (Ez 34,11-16).

Não foi isso que Jesus disse que faria?

O profeta Miquéias atribui a Jesus Cristo o pastoreio do povo de Deus:

·         “Mas tu, Belém, Éfrata, embora a menor dos clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que será dominador em Israel. [...] Ele se erguerá e apascentará o rebanho  pela força de Yahweh, pela glória do nome de seu Deus. Eles se estabelecerão, pois então ele será grande até os confins da terra.” (Mq 5,1.3).

E, quando chega a plenitude dos tempos, para as primeiras visitas do Menino Deus recém-nascido, o Senhor escolhe exatamente pobres pastores que cuidavam de seus rebanhos nas proximidades de Belém:

·         “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias da noite montavam guarda em seu rebanho. O Anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor envolveu-os de luz; e ficaram tomados de grande temor. O Anjo, porém, disse-lhes: ‘Não temais! Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas deitado numa manjedoura.’ E de repente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste a louvar a Deus, dizendo: ‘Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama!’ Quando os anjos os deixaram, em direção ao céu, os pastores disseram entre si: ‘Vamos já a Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer.’ Foram então às pressas, e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado em uma manjedoura. Vendo-o, contaram o que lhes fora dito a respeito do menino; e todos os que os ouviam ficavam maravilhados com as palavras dos pastores. [...] E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora dito.” (Lc 2,8-18.20).      

Durante a sua caminhada ensinando, curando e amparando os que buscavam a verdade, Jesus, muitas vezes, se apieda da multidão e a vê como “ovelhas sem pastor”:

·         “Assim que ele desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.” (Mc 6,34).

E, em seguida, não somente preocupado pela falta do alimento espiritual que o povo estava necessitado, alimentou-o materialmente, multiplicando cinco pães e dois peixes que alimentaram cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças, (cf Mc 6,35-44).

A partir dai, Jesus prepara o povo para vê-lo como o pastor enviado pelo Pai para conduzir o povo escolhido e que aceitasse a mensagem da Boa Nova para a casa do Pai:

·         “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mt 15,24).

E se auto proclama “o bom pastor”:

·         “Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas,  vê o lobo aproximar-se, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa, porque ele é mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem, como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas minhas ovelhas. Mas tenho outras ovelhas que não são deste redil: devo conduzi-las também; elas ouvirão a minha voz; então haverá um só rebanho, um só pastor. Por isso o Pai me ama,  porque dou minha vida  para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la; esse é o mandamento que recebi do meu Pai." (Jo 10,11-18).

Jesus Cristo é o Bom Pastor.

E isso ele deixa patente na parábola da ovelha perdida, onde retrata a misericórdia do Pai e o extremo zelo que ele, o Bom Pastor, tem por suas ovelhas, a ponto de contá-las com frequência, e, no dia em que, das cem ovelhas que tem, número simbólico, é claro, dá pela falta de apenas uma, deixa as noventa e nove em segurança e parte em busca da desgarrada.

Assim ele narra-nos essa parábola de misericórdia:

·         “Qual de vocês, tendo cem ovelhas e perder uma, não abandona as noventa e nove no deserto e vai em busca daquela que se perdeu, até encontrá-la? E achando-a, alegre a coloca sobre os ombros e, de volta para casa, convoca os amigos e os vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrem-se comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida!’ Eu digo a vocês que do mesmo modo haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.” (Lc 15,4-7). 

Jesus Cristo é o Bom Pastor. 

Nós, que o seguimos, somos as suas ovelhas, fazemos parte de seu rebanho. E o nosso Pastor não é um mercenário que faz as coisas por interesse, por dinheiro, por promoção pessoal ou para galgar postos profissionais ou sociais. Tudo que o Bom Pastor faz por suas ovelhas é por amor, e se preciso for, dá a vida por elas; e o que foi que Jesus Cristo fez?

Quando o Bom Pastor vê alguma ovelha doente, corre para socorrê-la, tratá-la, curá-la: e o Bom Pastor jamais deixou partir de junto de si um doente sem lhe restituir a saúde, jamais se deparou com um cego sem lhe devolver a vista, jamais conversou com um descrente, mas que estava à busca da verdade, sem lhe confirmar na fé.          

Jesus entregou-se nas mãos dos lobos para que os lobos não atacassem o seu rebanho; foi açoitado, coroado de espinhos, estraçalhado, crucificado, e morreu pela salvação de suas ovelhas.

Quando vamos entender o grande amor que Jesus Cristo tem por nós? Será que ele vai ter de morrer novamente para que possamos entender o quanto nos ama? Qual é a nossa resposta de fé para esse sacrifício que um Deus se propôs a fazer para a salvação de toda a humanidade e de cada um de nós em particular? Somos ovelhas, ou somos lobos?

Às vezes somos muito mais lobos do que ovelhas. Muitas vezes estragamos tudo o que o Bom Pastor fez e faz...

sábado, 24 de abril de 2021

 

PAI NOSSO... DO JEITO DE MARIA.

 

Certa vez, os apóstolos se achegaram a Jesus e lhe pediram: “Mestre, ensina-nos a rezar.”

E o Senhor Jesus ensinou aos seus apóstolos e discípulos, e também a todos nós a oração do Pai Nosso. E desde a primeira vem em que a oração do Pai Nosso foi ensinada e rezada pelo próprio Senhor Jesus, até os nossos dias a oração do Pai Nosso tem sido rezada por todas as religiões cristãs em todas as partes do mundo milhões e milhares de vezes.

Mas, se conhecemos bem a vida de Maria, vamos ver nas entrelinhas do Santo Evangelho que, mesmo antes de o Senhor Jesus ensinar a oração do Pai Nosso aos seus apóstolos e discípulos, Maria já o rezava desde a muito tempo, com outras palavras, é claro ,mas com o mesmo fervor com que o Senhor Jesus ensinou e rezou. Ao ensinar o Pai Nosso, Jesus Cristo disse: “Pai Nosso, que estais nos céus”, e Maria já dissera: “Engrandece a minha alma ao Senhor, e exulte o meu espírito em Deus, meu Salvador”, e nós repetimos: “Pai Nosso que estais nos céus, nós exaltamos de alegria pela santidade de vossa presença e, humildemente, saudamos e bendizemos o vosso nome, como no cântico de Maria.” Jesus Cristo disse: “Santificado seja o vosso nome.”, e Maria já dissera: “O Todo Poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome.”, e nós repetimos todos os dias, cheios de amor e gratidão: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Rei do Universo...”

Jesus Cristo disse: “Venha a nós o vosso reino.”, e Maria já dissera: “Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes, encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias”, e nós repetimos: “Venha a nós o vosso reino, reino de vida, reino de verdade, reino de amor, reino de justiça e paz, reino que já começou e jamais terá fim.”        Jesus Cristo disse: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.” E Maria já dissera: Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua vontade.” E nós repetimos: “Do jeito de Maria queremos também dizer: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. Que o Evangelho de Jesus Cristo penetre bem dentro do nosso convívio humano e seja o fundamento de nossa civilização a fim de que tudo seja construído segundo o amor a vós, ò Deus, e o amor aos irmãos.” Jesus Cristo disse: “O pão nosso de cada dia, nos daí hoje”, e Maria já dissera: “eles não tem vinho.”

E o grande milagre de transformação da água  em vinho se realizou dando ensejo para que mais tarde o Senhor Jesus multiplicasse os pães para alimentar uma grande multidão de famintos, e hoje nós repetimos: “O pão nosso de cada dia, daí-nos hoje, para que, fortalecidos por vossa graça saibamos repetir o pão da casa, da saúde, da alegria, da educação e da vida com todos os necessitados, a fim de que não haja mais oprimidos e nem marginalizados, e assim vivamos como irmãos, verdadeiros irmãos, filhos do vosso amor.”

Jesus Cristo disse: Perdoai as nossas ofensas”, e Maria já perdoara a ingratidão do povo que não a quis receber grávida em sua casa para que desse à luz ao Filho de Deus que se fazia homem; Maria já perdoara a  perseguição que desencadearam  contra o Menino Jesus recém-nascido, obrigando a Sagrada Família fugir para terras estrangeiras do Egito; Maria já perdoara o pouco caso do povo quando Jesus ensinava, e o povo fazia chacotas a respeito de sua doutrina; e Maria já perdoou a todos aqueles que flagelaram, coroaram de espinhos e crucificaram o seu Divino Filho, e não somente perdoou a todos, mas cometeu a maior loucura que o amor poderia cometer: recebeu todos os algozes de seu Filho como filhos seus, e hoje nós repetimos: “Perdoai as nossas ofensas, a nossa fraqueza, a nossa indiferença e o nosso descaso pelo vosso Evangelho e pela vida dos nossos irmãos.” “E, convertidos pela misericórdia de Deus, e a exemplo de Maria, queremos perdoar a todos aqueles que nos ofenderam, nos agrediram e nos insultaram. Daí-nos o amor compadecido da cruz que, de braços abertos, perdoa todos os homens.  E não nos deixeis cair na tentação do orgulho, da vaidade, da ganância, do ter e do prazer.  E livrai-nos do mal de sermos egoístas, exigentes e mesquinhos na caridade; livrai-nos do mal de sermos surdos e cegos aos gritos dos que sofrem.  Pai Santo, como Maria disse “Sim” à vossa palavra, nós queremos também dizer “Sim” ao vosso Evangelho para o vosso louvor e para a vossa glória hoje e sempre. Amém”. (Irmão José Milson - Marista - Unda Brasil).

sexta-feira, 23 de abril de 2021

 

SÃO JORGE

 

A existência do popularíssimo são Jorge, por vezes, foi colocada em dúvida.

Talvez porque sua história sempre tenha sido mistura entre as tradições cristãs e lendas, difundidas pelos próprios fiéis espalhados entre os quatro cantos do planeta. Contudo encontramos na Palestina os registros oficiais de seu testemunho de fé.

O seu túmulo está situado na cidade de Lida, próxima de Tel Aviv, Israel, onde foi decapitado no século IV, e é local de peregrinação desde essa época, não sendo interrompida nem mesmo durante o período das cruzadas. Ele foi escolhido como o padroeiro de Gênova, de várias cidades da Espanha, Portugal, Lituânia e Inglaterra e um sem número de localidades no mundo todo. Até hoje, possui muitos devotos fervorosos em todos os países católicos, inclusive no Brasil.

A sua imagem de jovem guerreiro, montado no cavalo branco e enfrentando um terrível dragão, obviamente reporta às várias lendas que narram esse feito extraordinário.

A maioria delas diz que uma pequena cidade era atacada periodicamente pelo animal, que habitava um lago próximo e fazia dezenas de vítimas com seu hálito de fogo. Para que a população inteira não fosse destruída pelo dragão, a cidade lhe oferecia vítimas jovens, sorteadas a cada ataque.

Certo dia, chegou a vez da filha do rei, que foi levada pelo soberano em prantos à margem do lago. De repente, apareceu o jovem guerreiro e matou o dragão, salvando a princesa. Ou melhor, não o matou, mas o transformou em dócil cordeirinho, que foi levado pela jovem numa corrente para dentro da cidade.

Ali, o valoroso herói informou que vinha da Capadócia, chamava-se Jorge e acabara com o mal em nome de Jesus Cristo, levando a comunidade inteira à conversão. De fato, o que se sabe é que o soldado Jorge foi denunciado como cristão, preso, julgado e condenado à morte. Entretanto o momento do martírio também é cercado de muitas tradições.

Conta a voz popular que ele foi cruelmente torturado, mas não sentiu dor. Foi então enterrado vivo, mas nada sofreu. Ainda teve de caminhar descalço sobre brasas, depois jogado e arrastado sobre elas, e mesmo assim nenhuma lesão danificou seu corpo, sendo então decapitado pelos assustados torturadores. Jorge teria levado centenas de pessoas à conversão pela resistência ao sofrimento e à morte. Até mesmo a mulher do então imperador romano.

São Jorge virou um símbolo de força e fé no enfrentamento do mal através dos tempos e principalmente nos dias atuais, onde a violência impera em todas as situações de nossas vidas. Seu rito litúrgico é oficializado pela Igreja católica e nunca esteve suspenso, como erroneamente chegou a ser divulgado nos anos 1960, quando sua celebração passou a ser facultativa.

A festa acontece no dia 23 de abril, tanto no Ocidente como no Oriente.

São comemorados também, neste dia: Santo Adalberto de Praga, Bem-aventurado Egídio de Assis, Santos Félix, Fortunato e Aquiles (mártires), São Geraldo de Toul (bispo), Santo Ibar de Meath (bispo), São Marolo de Milão (bispo).

quinta-feira, 22 de abril de 2021

 

MARIA, MÃE DOS AFLITOS.

 

A você, meu irmão, a você, minha irmã, que está conosco neste momento de meditação e oração, desejamos o reconforto, a consolação, a luz e a paz de Deus, Nosso Pai, e de Jesus Cristo, nosso Salvador.

Hoje voltamos à atenção a todos aqueles que estão tristes, acabrunhados, arrasados, àqueles que se sentem abatidos, desesperados, injustiçados; os que perderam os seus entes queridos e os que, de alguma maneira, foram violentados em seus direitos.

Todos estes que sofrem, convidamos  a se unirem conosco nesta oração ao Senhor Nosso Deus, que muito nos amou e deu a sua vida por nós. (Jo 10, 15 e 1Jo 3, 16).

Primeiro, vamos olhar para a cruz de Jesus Cristo, a cruz onde Cristo se imolou por nós, e coloquemo-nos por inteiro na presença de Deus e digamos juntos: “Senhor, aqui estou, com minhas fraquezas, com meus fracassos, meus defeitos, minhas angústias e sofrimentos. Olha, Senhor, a minha miséria e a minha dor e, na tua bondade tem compaixão de mim e perdoa todos os meus pecados.”

Agora, prestemos atenção! Lá, junto da cruz de Jesus está Maria, sua Mãe querida. (Jo 19, 25). A mãe ama a todos os filhos e a cada um se dedica de coração; mas, sem dúvida nenhuma a mãe não exita em se sacrificar, em perder horas e horas de sono para estar ali, atenciosa e orante, junto à cama do filho enfermo.

Por vezes, aflita, sentindo a dor de seu filho, a mãe sempre tem uma palavra  de ânimo, de conforto e de esperança.

Nem sempre encontramos a mãe presente  nas noites de festa, mas, sem sombra de dúvidas, sempre que o filho estiver doente, a encontraremos  ao lado do leito de dor de seu filho; a mãe está sempre ali, humilde e serviçal, com o seu olhar, com o seu carinho, com o seu amor...

Maria aos pés da cruz; e Jesus nos dá por Mãe a sua querida Mãe. (Jo 19, 26-27). Por isso, meu irmão que está sofrendo, minha irmã que está angustiada, quero dizer que você não está só; Maria, a Mãe de Jesus está com você. Sei que o sofrimento é sempre muito difícil, muito duro de se aceitar e, por vezes, a tentação do desespero ou da vingança pode estar batendo à nossa porta.

Pode estar vindo até a tentação do ódio... Mas, não vamos entrar nessa...

Olhe, acredite, eu estou com você! São benditas as lágrimas que lavam os olhos, purificam o coração e nos fazem ver melhor a vida. Sim, fique tranquilo, você é uma pessoa humana; você não é um anjo.

Continuemos juntos, olhando de novo para a cruz. Jesus está ali, no maior dos sofrimentos. Tanto bem que ele fez; fez os surdos ouvirem, os cegos verem, os mudos falarem, os paralíticos andarem (Mt 11,5); acariciou as crianças, confortou os velhinhos, acolheu os pobres, curou os doentes, expulsou os maus espíritos, perdoou os pecadores... até os mortos se levantaram ao ouvir a sua voz, as suas palavras... “Menina, eu te ordeno, levanta-te”, disse ele para a filha de Jairo que havia morrido (Mc 5, 41); “Lázaro, vem para fora”, disse ele para o irmão de Marta e Maria que estava morto já há quatro dias (Jo 11,43).

Deus é cheio de vida e de verdade (Jo 1, 4-14). E Jesus disse: Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá...” (Jo 11, 25).

Havia muito tempo, mas muito tempo mesmo, que ninguém fazia tanto bem aos homens. E Jesus era um homem tão cheio de Deus, era o próprio Deus andando com os pés no chão. (Mt 4, 12-18). E você sabe que ele gostava muito de dar atenção aos mais esquecidos, aos abandonados, aos doentes, aos mais pobres, aos desesperados, aos angustiados? (Mt 9, 13).

Sim, Jesus era amigo dos pecadores, e por vezes até comia nas casas deles, almoçava ou jantava com eles (Mt 11, 19). Jesus sabia perdoar, sabia acolher os corações mais esmagados. Ele tinha uma bondade imensa no coração, e dizia assim: Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados e eu os aliviarei, pois o meu jugo é suave e o meu peso é leve”. (Mt 11, 30).

E quando Jesus se encontrava pregado na cruz, à beira da morte, pediu perdão para os seus perseguidores, e ouviu a súplica do ladrão crucificado à sua direita, quando disse: “Senhor, lembra-te de mim quando estiveres no teu reino.” E Jesus respondeu: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.” (Lc 23, 42-43). 

Meu irmão, minha irmã, não perca a esperança! Deus ama você, do jeito que você é. Nos orgulhosos e prepotentes a fé é muito difícil. Mas, nos humildes, nas pessoas humanas como você, a fé é possível. Coragem, os braços de Cristo, na cruz, também estão abertos para você.

Não se esqueça que Cristo morreu de pé e de braços abertos para que nós não ficássemos comodamente sentados e de braços cruzados.

Abra o seu coração para o Cristo. Não se desespere, não busque  desforras,  não aumente o mal que já fez tanto mal a tanta gente. Deixe isso para lá... Acredite em Deus, creia em Deus. “Tudo é possível a quem crê.” (Mc 9, 23). Eu estou rezando por você; não perca a fé. Eu acredito em você. Você pode ser melhor. Comece a fazer o bem.

Quero vê-lo feliz, se ambição de muitas coisas, mas construindo o melhor de você mesmo; sua vida, seu amor... Livre-se do orgulho, da vaidade, da mesquinhez, da ociosidade.

O importante é a paz em seu coração e, por você, a paz em muitos corações. Há sempre  alguém esperando por você... descubra o seu irmão...

quarta-feira, 21 de abril de 2021

 






DESABAFO DE UM SACERDOTE.

 

Plenamente de acordo.  Para ler com cuidado e tirar as suas conclusões. Sejam elas quais sejam, mas merece respeito.

“Não gosto de "falar via face" (embora eu não goste, pois acho feio ficar fazendo desabafos por aqui, mas vou fazer como alguns) O que vou registrar aqui é fruto de uma grande reflexão que já faço a tempos ... vamos lá ! Às vezes vejo pelas redes sociais muitos apelarem para aquilo que os padres não fazem. Mas nunca li nada sobre o que os padre fazem ... Nunca ninguém postou os anos que ficamos nos preparando com os estudos; às vezes com privações mas sempre atentos às necessidades do tempo atual. Nunca ninguém postou as muitas vezes que como seminaristas, deixamos nossas famílias, emprego, amigos e conhecidos para morar em outras cidades ajudando as paróquias no estágio pastoral. Em troca de que ? Da faculdade ? Não! Hoje podemos estudar gratuitamente com as muitas bolsas que há pelo Brasil, mas renunciamos por amor e por acreditar na esperança ! Nunca ninguém aqui postou que muitos padres devido a obediência renunciam as vaidades; nem sempre estudam o que desejam ou querem, mas a serviço da Igreja nos colocamos à disposição para trabalhar onde e quando for preciso. Nunca ninguém postou as tantas vezes que já ordenado perdemos momentos com a família; aniversários, casamentos e até perda de pessoas amadas, que devido ao tempo acabamos rezando a distância e com isso acabamos sendo ausentes na vida de nossas famílias. Nunca ninguém postou das vezes que ficamos horas sentados para ouvir as confissões, aconselhamentos e orientações, muitas vezes passamos da hora do almoço e vamos para a casa paroquial sozinhos com todos os problemas. Nunca ninguém desabafou pelas redes sociais às vezes que o padre rezou 8 missas no final de semana; 3 no sábado e 5 no domingo. Nunca li nada por aqui das vezes que os padres vão aos velórios ou das vezes que ficamos nos hospitais para confortar os familiares, às vezes tarde da noite ... outras pela madrugada. Em Muitos velórios não temos palavras, mas a presença sempre ! Nunca li nada na rede social das vezes que o padre é chingando e ouvindo "mal - criações" fica quieto, pois se falar é "bocudo" ou "mal educado". Por aqui no "face" nunca ninguém postou das vezes que nós padres ficamos horas preparando reuniões, CPP e animando o CPAE para que tudo corra bem. Não falem também do trabalho penoso que é administrar e lidar com vaidades dos outros. O padre sempre deve perdoar ... mas quando ele erra todos lhe atiram pedras; o mesmo padre amado e querido se torna o pior quando tem que dizer "não" para alguém. Nunca ninguém postou aqui, às vezes que o padre deixou de cuidar da saúde para socorrer pessoas desesperadas que batem à casa paroquial, e até de madrugada, com todo risco que há sai ao portão para ouvir mães desesperadas. Nunca ninguém postou as vezes que vamos assistir os encarcerados ... até no dia "livre", pois é o único dia que podemos ir... tantas outras coisas que aqui ninguém fala ... mas deixa para lá ... nossa vida é doação. Pena de quem perde tempo em falar mal... Assim como todo trabalhador, o padre tem salário e tem seu merecido descanso, e não pensem que são "milhões" em algumas paróquias do Brasil muitos renunciam aos "pró-labore", pois as paróquias são carentes e não podem contribuir financeiramente. Se as viagens do padre lhe incomoda, pense mais nas outras coisas que ele faz ou fez ... pense que aos domingo enquanto alguns dormem até tarde, ele levanta para rezar missa as 6 da manhã ... pense que no "feriado" da semana Santa, enquanto muitos viajaram para a Praia ele ficou nas comunidades rezando ... pense que nos feriados prolongados o padre não viaja, pois é dia santo e ele irá rezar missa e depois irá para a casa paroquial ... sozinho e muitas vezes incompreendido e sem poder contar com muitos amigos. Pense que enquanto você fala do padre que não pode visitar um enfermo não foi porque ele não quis, mas sim por que realmente não pode. Pense que enquanto muitos dormem tranquilos o padre vai para a cama arrasado com os problemas que ouviu e as vezes não poderá fazer nada para ajudar, pois no segredo das confissões ele sofre a dor do outro .... pense, ainda, que por não ter filhos, alguns irão morrer sozinhos e na velhice poucos irão socorrer ... As vezes cansa ter que ouvir de pessoas insensíveis: "ah mas o senhor tem casa... tem carro e não tem gastos" ... como assim ? A casa paroquial é minha !? O carro é meu ? Não! Enquanto você está registrado e irá receber seus direitos trabalhistas, o padre quando deixar uma paróquia não recebe, pois não existe dinheiro que pague o trabalho que fazemos, pois o realizamos com amor !! Ah não se escreve por aqui das vezes que ficamos sozinhos, não por que queremos, mas sim por que em muitos lugares não podemos ficar a vontade, sempre haverá alguém nos vigiando; "nossa o padre bebe ? Nossa você viu como o padre come ? Nossa o padre fala de mais né ?" Opa ... e tem também a falta de companhia, pois se o padre anda com uma pessoa ou é amante ou ele está fechado a um "grupinho", mas se por opção ele fica sozinho, acaba sendo o "antipático" e o "isolado". Às vezes nossa opção de vida não é um incômodo à nós, sempre fui ciente dos deveres e prazeres da vida presbiteral, mas cansa ver pessoas mesquinhas criticando sem ao menos saber o mínimo do que fazer. Sem mais ... que todos nós nos convertamos ! De um amigo padre. Simplesmente fantástico.”

Padre Carlos Eduardo Nascimento.


terça-feira, 20 de abril de 2021

 

COMO GOSTARIA QUE MARIA FOSSE MELHOR CONHECIDA

 

Todos nós, vossos filhos, vos amamos, Maria, e através de vós amamos a Deus e desejamos amá-lo mais ainda e cada vez mais.

O nosso amor por vós nos dá forças para lutarmos para a maior glória de Deus.

Todos nós, que desejamos alguma coisa, alguma melhora na nossa vida ou na vida de alguém, todos nós que desejamos a vinda de melhores dias, um emprego, uma graça para vencermos um defeito particular, ou um pedido para a conversão de um filho, do marido, da esposa, do pai, irmãos ou amigos, quando precisamos de uma grande graça não exitamos e logo corremos aos vossos pés, doce Mãe, e dificilmente alguém de nós sai de perto de vós sem que a Senhora tenha atendido o nosso pedido.

Quantas vezes recorremos à vós, doce Mãe, quando notamos tristemente que a nossa fé vacila, quando esfriamos na nossa dedicação para com a Igreja de Deus, ou porque nos afligimos por termos que carregar uma grande cruz que parece muito pesada para a nossa fraqueza na fé, ou ainda, quando temos no seio de nossa família perturbações e infelicidades domésticas que nos parecem dificultar até a nossa própria salvação eterna, e, para todos nós que recorremos aos vossos pés, a oração parece trazer tão pouco alívio.

Nós não sabemos rezar, Senhora. Ainda não aprendemos suficientemente o vosso ensinamento de como se deve pedir e agradecer ao Senhor Nosso Deus.

Não seguimos o vosso conselho quando, carinhosamente, vós nos apontais o vosso Divino Filho e nos diz, maternalmente: “Façam tudo o que ele vos disser” e, por isso, julgamos que as nossas orações não alcançam o seu objetivo.

Nós não procuramos suficientemente o vosso amparo maternal. Nós nem nos preocupamos em ouvir a revelação dos grandes santos e santas, vossos filhos queridos e devotos, quando dizem que o refúgio no vosso manto maternal nos livra de todos os males e nos dá a certeza de ancorarmos em porto seguro.

Todos nós que aqui estamos aos vossos pés, amamos e adoramos ao Senhor Nosso Deus, amamos e adoramos o vosso Divino Filho, amamos e adoramos ao Divino Espírito Santo, e vos amamos, doce Mãe.

Mas, a devoção que consagramos à vós é fraca demais, é escassa, é mesquinha, é deturpada pela nossa ignorância religiosa e muitas vezes chega às raias da heresia. Como gostaríamos de vos conhecer melhor, doce Mãe, conhecer-vos como vós realmente fostes, sem tronos, sem coroas e sem mantos, apenas uma mulher simples, de avental, cabelos em desalinho como todas as  donas de casa que se preocupam realmente e totalmente com o seu lar; olhos lagrimejantes pela fumaça do fogão a lenha enquanto preparáveis alimentos para vosso esposo  José e vosso filho Jesus, tal como fazem as esposas e mães no dia de hoje, só que hoje elas tem a vantagem de terem fogões a gás, e não mais à lenha como era o vosso.            Se vos conhecêssemos melhor,

Doce Mãe, também teríamos condições de vos mostrar aos nossos irmãos, vós que fostes tão pequena e humilde que todos nós nos sentiríamos mais à vontade junto de vós. A nossa ignorância obscurece todo o vosso esplendor e distorce toda a vossa humildade. É

 por não vos conhecermos como mereceis ser conhecida que Jesus Cristo não é amado como deveria ser; é por não vos amarmos como mereceis e como deveríamos amar que os pecadores não se convertem; é por não vos amarmos como deveríamos vos amar que a nossa Santa Igreja não é exaltada; é por não vos amarmos como mereceis que temos tanta falta de sacerdotes e somos tão carentes de vocações sacerdotais e religiosas porque, na nossa ignorância, não vemos em vós a mãe do Sumo Sacerdote Jesus Cristo.

Quantas almas poderiam ser salvas e que desfalecem na fé tomando caminhos diferentes daqueles que levam até Deus por não vos conhecer melhor.

Os sacramentos não são frequentados porque os fieis não vos amam, e não vos amando não amam verdadeiramente vosso Divino Jesus Cristo.

As almas não são evangelizadas com entusiasmo e zelo apostólico porque quem as evangelizam, mas não se preocupam de aprender na escola que tem como Mestre o vosso Divino Filho. Jesus Cristo não é conhecido porque os cristãos não vos conhecem, doce Mãe; vós sois relegada ao segundo plano e ficais no esquecimento ou somente sois procurada por vossos devotos apenas por interesses  egoístas e mesquinhos.

Quantas almas se desviam do verdadeiro caminho que é Jesus Cristo, porque estão longe de vós, doce Mãe. E essa nossa falta  de interesse em vos conhecer melhor que é a causa de todas as nossas misérias, de todos os nossos males, de todas as nossas omissões, de toda a nossa tibieza.

Se seguíssemos os conselhos dos grandes santos e santas que foram vossos devotos entenderíamos que o próprio Senhor Nosso Deus quer que tenhamos para convosco uma devoção mais vasta, mais extensa, mais sólida;  uma devoção muito diferente da que temos atualmente para com vós, Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. Se Jesus Cristo não é conhecido como deveria ser, é porque ainda não vos amamos suficientemente, e somente por vós, Doce Mãe, chegaremos a Jesus, nosso Divino Mestre. 

segunda-feira, 19 de abril de 2021

 

SANTO EXPEDITO

 

Santo Expedito foi possivelmente um soldado romano que se tornou um cristão e que foi martirizado no século IV em Melitenena Armênia. Nada se sabe sobre sua vida nem onde foi sepultado, e muitos pesquisadores questionam se ele de fato existiu.

Contudo, formou-se um folclore ao seu redor e ele é objeto de grande devoção popular em muitos países como o santo das causas urgentes, às vezes em sincretismo com figuras de outros credos.

[O nome Expeditus (Expedito) pode ser uma corruptela de Elpidius, conforme sugerem os beneditinos de Paris. 

Outra hipótese é de que o nome tenha derivado de spedito, palavra inscrita numa caixa com relíquias de um santo desconhecido retiradas das catacumbas de Roma de e enviada a Paris no século XVII.

Contudo, spedito em italiano significa "enviado" ou "rápido", e pode significar simplesmente que a caixa havia sido marcada como despachada ou que devia ser enviada com presteza ao seu destino.

As freiras interpretaram a inscrição como se fosse o nome do santo e passaram a divulgar sua devoção, latinizando o nome para Expeditus. Esta história, relatada pelo religioso inglês Alban Butlerenem sua famosa obra hagiografia The Lives of the Fathers, Martyrs and Other Principal Saints (1756–1759), tampouco tem fonte segura, e circulam várias outras versões mais ou menos parecidas, que mudam datas e locais. Assinale-se que expeditus também era uma categoria militar do exército romano, correspondente ao soldado da infantaria ligeira, e daí pode ter derivado seu nome.

 

Lendas

A lenda mais corrente sobre sua vida o mostra como um militar romano, Comandante-em-chefe da décima segundaLegião conhecida como "Fulminata", aquartelada em Melitene, e encarregada de proteger o Império das invasões dos bárbaros orientais com um efetivo de mais de 6.800 soldados.

Sendo cristão, como era a maioria de seus subordinados, todos nativos da Armênia, teria sido condenado durante as perseguições de Deocleciano no dia 19 de abril do ano 303, sendo martirizado e por fim decapitado com a espada por recusar-se a adorar os deuses pagãos.

Outra lenda diz respeito à sua conversão ao cristianismo. Tentado por um demônio em forma de corvo que gritava cras! cras! (em latim, "amanhã"), que surgiu para adiar sua conversão, teria pisado a criatura dizendo hodie! ("hoje"), significando sua disposição heroica de converter-se de imediato.

 

Devoção iconográfica

Não há qualquer registro de haver se formado uma tradição sobre ele na antiguidade, mas no século VIII ele já recebia culto na Germânia e na Cecília. Seu culto só iniciou uma difusão mais larga por volta do século XVII, talvez a partir da França, ou da Alemanha, onde era representado como um advogado pisando um corvo que grita cras! cras!, significando as intermináveis delongas nos processos judiciais, contra as quais ele era invocado. 

Em 1781 foi designado padroeiro de Acierale, na Sicilia, e desde então sua devoção se espalhou rapidamente por muitos países.

É possível que sua ligação com as causas urgentes derive unicamente do significado do seu nome. 

Tradicionalmente também é o patrono dos mercadores, navegantes, estudantes e dos que vão prestar exames, mas em anos recentes ele tem sido invocado por hackers, geeks e procastinadores habituais da slacker como seu protetor. 

São lembrados também, neste dia: São Leão IX (papa), Santa Ema de Saxônia, São Sócrates, Santa Gálata, São Crescêncio de Florença (diácono), São Jorge de Antioquia (bispo e mártir), São Geraldo de Einsiedeln (eremita). 

domingo, 18 de abril de 2021

 

“E VOCÊS SÃO TESTEMUNHAS DISSO” (Lc 24,48).

 

TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOA

Ano – B; Cor – Branco; Leituras: At 3,13-15.17-19; Sl 4; 1Jo 2,1-5; Lc 24,35-48

 

Diácono Milton Restivo

 

Nos domingos do Tempo Pascal a Igreja focaliza, nas primeiras leituras de cada liturgia, o livro dos Atos dos Apóstolos.

No domingo da Páscoa da Ressurreição Pedro tomou a palavra em praça pública e, depois de um longo discurso testemunhando o Cristo ressuscitado, arremata, dizendo:

·         “Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados.” (At 10,43).

No segundo domingo, que foi o domingo passado, esse mesmo livro relata como era a igreja que estava se iniciando, dizendo que

·         “a multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”, que “os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” e que, entre os primeiros cristãos “ninguém passava necessidade”. (At 4,32.33.34).

Neste terceiro Domingo da Páscoa, os Atos narram Pedro dirigindo-se ao povo, novamente em praça pública após haver recebido o Espírito Santo em companhia de Maria, a Mãe de Jesus e dos demais apóstolos e discípulos (cf At 2,1-13), testemunhando, destemidamente, o Cristo ressuscitado, dizendo que eles, os apóstolos, eram testemunhas do julgamento iníquo do Filho de Deus e de sua morte e ressurreição dizendo: “e disso nós somos testemunhas” (At 3,15), arrematando, dizendo:

·         “Portanto, arrependam-se e convertam-se para que os pecados de vocês sejam perdoados.” (At 3,19).

O Salmo desta liturgia é o 4, que é uma oração individual de extrema confiança em Yahweh, através do qual o pobre adquire forças para enfrentar os inimigos e encorajar, assim, seus próprios companheiros:

·         “Quando te invoco, responde-me, ó Deus, meu defensor! Na angústia tu me aliviaste: tem piedade de mim, ouve a minha prece! [...] Saibam que Yahweh faz maravilhas por seu fiel: Yahweh ouve quando o invoco. [...] Em paz me deito e logo adormeço, porque só tu, Yahweh, me fazes viver tranquilo.” (Sl 4,2.4.9).

Este Salmo dá ao fiel a tranquilidade da presença de Deus em sua vida e da sua misericórdia derramada abundantemente, e que o Senhor não leva em consideração os pecados quando a ele se volta, cheio de confiança, o pecador.

Na segunda leitura, na sua primeira carta, João tranquiliza o fiel que tenha cometido algum deslize contra os ensinamentos do Senhor, e atesta que,

·         “se alguém pecar, temos junto do Pai um defensor: Jesus Cristo, o justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos pecados, mas também pelos pecados do mundo inteiro.” (1Jo 2,1-2).

João é taxativo e não deixa margem a dúvidas num teste se o fiel segue realmente os mandamentos, quando afirma:

·         “Quem diz: ‘Eu conheço Deus’, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado.” (1Jo 2,4-5).

O Evangelho desta liturgia, apesar de a Igreja privilegiar o Evangelho de Marcos neste ano litúrgico, traz uma passagem do Evangelho de Lucas.

Os acontecimentos que antecedem a narrativa exposta neste domingo é uma passagem que só é narrada por Lucas e por nenhum mais dos outros Evangelistas: os discípulos de Emaús (cf Lc 24,13-35).

A narrativa desta liturgia começa exatamente quando termina a dos discípulos de Emaús, no seu versículo 35, quando, após a manifestação de Jesus a eles e eles haverem reconhecido o Mestre ao partir o pão,

·         “na mesma hora eles se levantaram e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os Onze, reunidos com os outros.” (At 24,33).

Pelo visto, os apóstolos já tinham conhecimento da ressurreição do Mestre porque confirmaram, dizendo:

·         “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão’!” (Lc 24,34).

Na sequência os discípulos de Emaús

·         “contaram o que tinha acontecido no caminho, e como eles tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão.” (At 24,35).

Esse “partir o pão tem um significado muito especial. Todas as vezes que, nos Santos Evangelhos, vemos que Jesus partia o pão, estava acontecendo alguma coisa muito especial.

Partir o pão é “doar-se!” Partir o pão é “evangelizar!” Partir o pão é tornar Jesus presente. Partir o pão é transmitir a palavra de Deus aos famintos da verdade. É no ouvir a Palavra e no partir do pão da verdade que reconhecemos Jesus Ressuscitado.

Ouvir a Palavra e repartir o pão da verdade é dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os doentes, orar pelos pecadores, consolar os aflitos e desesperados, conduzir para o bom caminho os extraviados pelas estradas da existência.

Ouvir a Palavra e repartir o pão, no sentido cristão, é socorrer os irmãos em suas necessidades, tanto materiais como espirituais. E somente chegaremos à conclusão da extensão das maravilhas e satisfação desse ouvir a Palavra e desse repartir o pão quando sentimos aquele ardor no coração que vem do Espírito Santo, assim como sentiram os discípulos de Emaús e tantas outras personagens santas das Sagradas Escrituras e de todos os tempos.

Os discípulos de Emaús

·         “ainda estavam falando, quando Jesus apareceu no meio deles, e disse: ‘A paz esteja com vocês.” (Lc 24,36).

É dessa paz que o mundo precisa. É dessa paz que cada um de nós precisa. A verdadeira paz que vem do Ressuscitado. Então, porque não falar dessa paz?

Às vezes, em muitas circunstâncias da vida, como os apóstolos estavam se sentindo após a crucificação e morte de Jesus, nos sentimos sozinhos, abandonados, isolados.

Nesse isolamento sentimos um vazio intenso e o silêncio grita alto dentro de nós todas aquelas coisas que gostaríamos que se tornassem conhecidas e aceitas para provar que somos humanos, que acertamos algumas vezes e erramos outras tantas; e o silêncio explode dentro de nosso cérebro, dentro do nosso peito, dentro do nosso coração, ressoando fortemente em nossa alma e, desesperadamente, buscamos paz, procuramos a paz, lutamos pela paz, desejamos ardentemente a paz... paz... paz...

Como necessitamos de paz. Como procuramos a paz, como desejamos a paz. Paz interior. Paz de espírito. Paz na alma. Paz onde vivemos. Paz onde trabalhamos. Como procuramos a paz.

Mas como a procuramos nos lugares mais equivocados, nos lugares onde, absolutamente, ela não está, não se encontra, e, nessa busca desenfreada pela paz mais nos confundimos, mais nos desesperamos, mais nos perdemos, mais nos equivocamos.

Mas, o que é paz? Se procurarmos no dicionário encontraremos que paz é ausência de guerra, é tranquilidade, serenidade, sossego, descanso, ausência de hostilidade, silêncio... Mas a paz que o nosso espírito, o nosso coração, a nossa alma busca não é somente ausência de guerra, nem tranquilidade, nem o que tudo o mais que o dicionário pressupõe.

A paz que buscamos, a paz verdadeira é estarmos de bem conosco mesmos e com Deus, mesmo que à nossa volta haja confusão, guerra, incompreensão, agressões...

A paz verdadeira vem de Deus, somente de Deus; paz interior, paz de consciência, paz de espírito, paz na alma, paz no coração...

A paz que buscamos não é essa paz que é sinônimo de tranquilidade, mesmo contrariando a definição de paz que nos dão os dicionários da nossa língua portuguesa.

Realmente, a paz que vem de Deus não pode ser sinônimo de tranquilidade, porque, por um paradoxo, o Senhor Nosso Deus nos dá a sua paz exatamente para não nos deixar em paz, para não nos deixar tranquilos, porque, quem tem a paz que vem do Senhor não pode estar tranquilo ao conviver com tantas injustiças, tantas mentiras, agressões, infidelidades, falsidades, desumanidade, desamor, tantos interesses escusos e mesquinhos que existem entre as pessoas, e o pior, pessoas que se dizem cristãs, e isso em quaisquer seguimentos cristãos e no mundo inteiro.

Quem tem a paz que vem do Senhor não pode se acomodar, não pode se tranquilizar, porque a paz que o Senhor nos dá não é a mesma paz que o mundo transmite:

·         “A minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.” (Jo 14,27).

Quem tem a paz que vem do Senhor Nosso Deus não pode se omitir ao ver tantas e tantas faltas e falhas, tantos pecados imperarem nos locais que, por força das circunstâncias e princípios, deveriam ser santos; não podem concordar com aqueles que deveriam se postar em defesa dos oprimidos e dos injustiçados se calarem criminosa e covardemente; não podem ter repouso ao presenciar tantas agressões covardes contra aqueles que não podem e não sabem e nem tem condições de se defender, tanto física quanto moral, psicológica e até religiosamente.

Por isso, a paz não é e nem pode ser sinônimo de tranquilidade.

O Senhor nos dá a paz, mas não nos deixa em paz...

A paz que vem do Senhor é aquela que deve nos desalojar do nosso comodismo da mesma maneira como aconteceu com Maria, a mãe de Jesus que, após receber em seu coração e no seu ventre a Paz Personificada no Filho de Deus, não se acomodou e partiu para uma longa viagem ao tomar conhecimento, pela boca do Anjo que viera lhe trazer a Boa Nova da vinda do Messias, que a sua parenta Isabel, mulher já de idade avançada, necessitava de sua ajuda, de sua presença para auxiliá-la nos preparativos dos últimos dias de sua gravidez temporã, conforme narra Lucas, 1,26-27.

Só os valentes têm essa paz verdadeira. Os valentes que assumem de corpo e alma os preceitos emanados das Sagradas Escrituras e ditados pelo Senhor Nosso Deus e que se sintonizam com a vontade divina para servirem de instrumentos nas mãos do Pai a fim de dar continuidade ao plano de salvação iniciado por Jesus Cristo e que se prolonga na luta do dia-a-dia de sua Igreja.

E o resultado dessa paz nem sempre é uma velhice tranquila ou uma aposentadoria sem lutas e abastada como todos desejariam que fossem, como aconteceu com a irmã Dóroty.

O resultado dessa paz é, muitas vezes, a incompreensão dos homens e do mundo, é uma coroa de espinhos, são flagelos, chacotas, indiferenças e dores que, muitas vezes, terminam ao se ver o mundo do alto, mas do alto de uma cruz, como aconteceu com o Senhor Jesus, e isso não é novidade pois que, o Senhor Jesus já nos alertava a respeito disso:

·         “Não existe discípulo superior ao mestre, nem servo superior ao seu senhor. Basta que o discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor.” (Mt 10,24-25).

Essa paz que buscamos desesperadamente somente a encontramos, e gratuitamente, nos é transmitida, através dos apóstolos e discípulos, pelo Senhor Jesus: ”A paz esteja com vocês”. (Lc 24,36; Jo 20,21.26), e

·         “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados , nem tenham medo.” (Jo 14,27).        

Por incrível que possa parecer, vemos que todos aqueles que receberam a paz diretamente do Senhor Jesus e, estando em pleno gozo dessa paz, foram perseguidos, caluniados, flagelados, assassinados, martirizados.

E ai nos vem a pergunta:

·         “Que tipo de paz é essa que, para gozá-la plenamente, passa-se por todas essas privações?”

Essa é a paz verdadeira que vem do Senhor Nosso Deus nos dando plena segurança de que vale à pena ser perseguido injustamente pelo mundo e incompreendido pelos homens e até por aqueles que amamos de verdade; vale à pena, desde que permaneçamos fieis às observâncias dos preceitos evangélicos transmitidos por Jesus Cristo e consolados por sua exortação:

·         “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados são vocês, quando lhes injuriarem e lhes perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vocês por causa de mim. Alegrem-se e regozijem-se, porque será grande a recompensa de vocês nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vocês.” (Mt 5,10-12).

A paz que recebemos do Senhor Nosso Deus nos traz alegria interior. A paz que o mundo nos oferece se transforma em remorso.

O Senhor faz bem-aventurados todos aqueles que vivem na sua paz e a sua paz e as bem-aventuranças evangélicas são o conforto que o Senhor dá aos que vivem na sua paz.

Bem-aventurados os que buscam a paz no Senhor, os que vivem plenamente essa paz e que a transmitem a todos os que o cercam.

Precisamos dessa paz, buscamos essa paz e somente essa paz porá fim ao silêncio gritante que ecoa em nossos corações pelas indecisões que a vida nos traz.

No Evangelho de João, na oportunidade dessa mesma narrativa, Jesus transmite a paz juntamente com o envio dos apóstolos para o mundo, transmitindo a eles o Espírito Santo que ele havia prometido durante quase toda a sua pregação, além de lhes facultar uma atitude que só a Deus pertence: a de perdoar pecados: “Jesus disse de novo para eles:

·         A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou eu também envio vocês. Tendo falado isso Jesus soprou sobre eles, dizendo: ‘Recebam o Espírito Santo. Os pecados que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados que vocês não perdoarem, não serão perdoados.” (Jo 20,21-23).

A presença do Espírito Santo transmitido à Igreja de Jesus Cristo só pode trazer e transmitir a paz, não a paz do mundo,

·         “a paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá”.

A presença do Espírito Santo na Igreja patrocina o perdão pleno e irrestrito dos pecados.

A presença do Espírito Santo transmitido por Jesus ao soprar sobre os seus apóstolos, deve ser materializada no amor, porque, como disse João na sua carta:

·         “Filhinhos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor. [...] “Nós reconhecemos o amor que Deus tem por nós e acreditamos nesse amor. Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele.” 1Jo 4,7-8.16).