quarta-feira, 20 de julho de 2022

 

SANTA MARGARIDA - 275-290

 

Margarida nasceu no ano 275, na Antioquia de Pisidia, uma florescente cidade da Ásia Menor.

Órfã de mãe desde pequena e filha de um sacerdote pagão e idólatra, Margarida tinha tudo para jamais aproximar-se de Deus, se "algo" não acontecesse. E algo divino aconteceu: o pai acabou confiando sua educação a uma ama extremamente católica e a vida de Margarida enveredou por outro caminho. Caminho que a levaria à santidade.

Cresceu inteligente e muito dedicada às coisas do espírito. Mas o pai começou a perceber que ela não ia aos cultos ou mesmo ao templo para participar dos sacrifícios aos deuses. Sem suspeitar que, à noite, ela participava de cultos cristãos.

Como não podia sequer imaginar tal fato, alguém tratou de abrir seus olhos. Foi aí que começou o suplício de Margarida. Ele exigiu que ela abandonasse o cristianismo. Como ela se recusou, primeiro impôs-lhe um severo castigo, mandando a jovem para o campo, trabalhar ao lado dos escravos.

Depois, como nem a força fazia a filha mudar de idéia, entregou-a ao prefeito local para que fosse julgada pelo "crime de ser cristã".

O martírio da jovem Margarida foi tão terrível e de resultados tão fantásticos que se tornou uma das paginas da tradição cristã mais transmitida através dos séculos. Justamente por ter sido tão cruel, o povo apegou-se de tal forma ao sofrimento da jovem que à sua narrativa acrescentaram-se fatos lendários.

O certo foi que primeiro ela foi levada à presença do juiz e prefeito e, diante dele, negou-se a abandonar a fé cristã. Foram horas de pressão e tortura psicológica que, por fim, viraram tortura física. Margarida foi açoitada, depois teve o corpo colocado sobre uma trave e rasgado com ganchos de ferro. Dizem que a população e até mesmo os carrascos protestaram contra a pena decretada.

No dia seguinte, ela apareceu, sem o menor sinal de sofrimento, na frente do governante, que. irado com o estranho fato, determinou que ela fosse assada viva sobre chapas quentes. Novamente, a comoção tomou conta de todos, pois nem assim a jovem morria ou demonstrava sofrer.

Diz a tradição que Margarida teria sido visitada no cárcere pelo satanás, em forma de um dragão que a engoliu. Mas Margarida conseguiu sair do seu ventre, firmando contra ele o crucifixo que trazia nas mãos. Ela foi, então, jogada nas águas de um rio gelado.

Quando saiu de lá viva, com as correntes arrebentadas e sem sinal das torturas aplicadas, muita gente ajoelhou-se, converteu-se e até se ofereceu para morrer no lugar dela. Mas o prefeito enfurecido mandou que a decapitassem. Ela morreu no dia 20 de julho de 290, com a idade de quinze anos.

O seu corpo foi recolhido e levado para um lugar seguro, onde foi enterrado pelos cristãos convertidos, passando a ser venerada em todo o Oriente. No século X, foi trasladado para a Itália e desde então seu culto se difundiu também em todo o Ocidente. De tal modo, que santa Margarida foi incluída entre os "quatorze santos auxiliadores", aos quais o povo cristão recorre pela intercessão nos momentos mais difíceis. Santa Margarida é solicitada para proteger as grávidas nos partos complicados.

São comemorados também, neste dia: Santo Aurélio de Cartago (bispo), São Elias (profeta bíblico do Antigo Testamento), São Apolinário,  Santa Severa, São Paulo da Espanha, Santa Etelvina (viúva), Santo Aurélio.

terça-feira, 19 de julho de 2022

 

MARIA, A ESCOLHIDA DESDE TODA A ETERNIDADE

 

Maria foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Filho de Deus desde o início dos tempos, desde a criação do mundo, desde a queda do homem motivada pelo pecado. Já, no primeiro livro das Sagradas Escrituras, no terceiro capítulo do Gênesis, quando acontece a expulsão do homem que pecara do paraíso, o Senhor Nosso Deus se dirige à serpente, dizendo - ``Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre  a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça e tu armarás traições ao se calcanhar.`` (Gen. 3, 15) .

O homem comete o primeiro pecado e é expulso do paraíso, mas Deus, pelo seu grande amor, de imediato, prepara novas condições para que o homem se regenere e volte às boas com o seu Criador. E, desde o início da história do homem, aparece a figura de uma mulher  poderosa que vai esmagar pela cabeça o mal que aflige todos os homens.

E a posteridade dessa mulher lutará por todo o sempre contra o mal, os filhos dessa mulher combaterá até as últimas conseqüências o mal que  passou  dominar todos os homens. E, a partir desse momento, Maria é escolhida por Deus como sendo aquela que pisará a cabeça da serpente do mal, vindo, através dela, a salvação para todos os homens.

A figura de Maria, a partir de então, começa a participar da história da salvação desde o seu início. Estava decretado - a salvação viria por meio de uma mulher  - e essa mulher pisaria a cabeça da serpente e a serpente do mal procuraria sempre morder o seu calcanhar.

Mas a serpente jamais atingiria sequer o calcanhar dessa mulher, porque o Senhor, desde o início dos tempos, a preservou de todos os pecados. Desde a sua conceição imaculada, Maria é isenta de qualquer mancha de pecado.

E por isso que sempre repetimos - Ò MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS -, porque acreditamos que Maria, por ser escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus, jamais, em tempo algum poderia ter estado sujeita ao poder do pecado. Maria foi concebida sem pecado original porque, desde o início dos tempos já estava sendo preparada para ser a Mãe do Salvador de todos os homens.

Maria é Imaculada porque o Santo dos Santos viria a este mundo por meio dela, e não seria justo para o Deus que se faria homem habitar por nove meses o ventre de uma mulher que já estivesse sido contaminado pelo pecado, que, pelo menos por um segundo de sua vida, estivesse tido subjugada pelo pecado, estivesse sido submetida ao poder do espírito do mal, e bem por isso, Maria é a Imaculada Conceição.

A figura de Maria aparece muitas vezes no Antigo Testamento das Sagradas Escrituras, e a sua presença se faz sentir em todos os tempos do povo judeu.

O Profeta Isaias sempre foi um ardoroso propagador de Maria, e é ele um dos primeiros a afirmar que aquela mulher, da qual nasceria o Salvador, apesar de ser mãe, permaneceria sempre virgem, e isso ele profetiza em seu livro, em Isaias, capítulo 7, versículo 14, quando diz - ``... o Senhor vos dará este sinal - Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o seu nome será Emanuel``.

E o Evangelista Mateus, ao narrar a anunciação do Anjo e a dúvida de José quanto a honestidade e fidelidade da Virgem Maria que havia concebido na sua virgindade, diz que o Anjo, em sonhos, disse a José - ``Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta, que diz - ``Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porão o nome de Emanuel, que quer dizer - Deus Conosco -``. (Mt  1, 23).

Maria é aquela mulher citada pelo Criador quando o homem é expulso do paraíso - Maria é aquela mulher que pisaria a cabeça da serpente - Maria é aquela virgem citada, principalmente pelo profeta Isaias e depois pelos Evangelistas Lucas e Mateus que, mesmo sendo virgem, conceberia, ficaria grávida, e dela nasceria a salvação, o Emanuel, Deus Conosco, Jesus Cristo. Quando rezamos o terço, no primeiro mistério gozoso nós dizemos - ``Contemplamos a anunciação do Anjo e a encarnação do Verbo``.

Por trás dessa afirmativa está toda a nossa história da salvação, está a Imaculada Conceição de Maria, está Maria isenta de todo pecado, de toda mácula, está Maria que, mesmo sendo mãe, permaneceu virgem, está Maria, a escolhida por Deus e preservada de toda mancha pecaminosa para receber em seu santíssimo ventre Jesus Cristo,  ``O Verbo que se fez carne e veio habitar entre nós...``. (Jo 1, 14).

segunda-feira, 18 de julho de 2022

 

DEUS MISERICORDIOSO.

 

O Senhor, antes de mais nada e acima de tudo, é um Deus de misericórdia, o Deus do perdão.

Deus é um Deus justo, justíssimo e a sua justiça comanda todo o universo e coloca todas as coisas nos seus devidos lugares. Mas, acima da justiça de Deus, está a sua misericórdia. Que seria de nós se o Senhor aplicasse em todos nós a sua justiça? Onde estaríamos, se o Senhor usasse conosco somente de sua justiça, esquecendo-se de sua misericórdia? Se não fosse a misericórdia do Senhor, estaríamos todos perdidos, irremediavelmente perdidos.

As Sagradas Escrituras nos mostram, a todos os momentos, a misericórdia do Senhor, a começar pela criação do homem e sua expulsão do paraíso; o Senhor não havia promulgado a pena de morte se o homem o desobedecesse, comendo do fruto do bem e do mal? "Mas da  árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque o dia em que dela comeres terás que morrer." (Gn 2,17). E, induzido pelo demônio na figura da serpente e convidado pela mulher, o homem comeu do fruto dessa árvore (Gn 3,1-13), e o que aconteceu ao homem? Por justiça, deveria morrer, por misericórdia, apenas ficou privado da vida de regalias do paraíso que para ele o Senhor havia criado: "E Iahweh Deus o expulsou do jardim do Éden para cultivar o solo de onde fora tirado." (Gn 3,23).

Onde o Senhor poderia usar de sua justiça para com os homens, castigando-os a todos, com justiça, por seus pecados, por suas faltas e falhas, pelo desinteresse dos homens com relação às coisas de Deus, o Senhor, pura e simplesmente, usa de sua misericórdia.

O Senhor perdoa e dá novas oportunidades aos homens ingratos.

Em quantas passagens, nas Sagradas Escrituras, o Senhor demonstra a sua misericórdia, o seu amor por todos os homens.

No episódio do dilúvio, por exemplo: "Iahweh viu que a maldade do homem era grande sobre a terra, e que era continuadamente mau todo desígnio de seu coração. Iahweh arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e afligiu-se o seu coração. E disse Iahweh: "Farei desaparecer da superfície do solo os homens que criei - e com os homens os animais, os répteis e as aves do céu - porque me arrependo de os ter feito." (Gn 6,5-7), e, para sorte dos homens, "... Noé encontrou graça aos olhos de Iahweh." (Gn 6,8), e, a misericórdia do Senhor, novamente, falou mais alto que a sua justiça.

O Senhor poderia, simplesmente, ter exterminado todos os homens, como lhe passou pelo coração, mas, ao encontrar um homem justo e temente a Deus, ele escolhe esse homem, Noé, e sua família e os poupa para que o homem tivesse mais uma oportunidade de viver com dignidade.

O povo israelita fica escravo dos egípcios por quatrocentos anos (Ex 1,8-14), mas o Senhor manda Moisés libertar esse povo, e a misericórdia de Deus torna esse povo livre, dono do seu próprio destino: "Iahweh disse: "Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor por causa dos seus opressores; pois eu conheço as suas angústias. Por isso desci a fim de libertá-lo da mão dos egípcios... (E Iahweh diz à Moisés): "Vai, pois, e eu te enviarei a Faraó, para fazer sair do Egito o meu povo, os filhos de Israel." (Ex 3,7-8.10).

No deserto, quando os israelitas deveriam estar extremamente agradecidos ao Senhor por havê-los libertado da escravidão do Egito, aproveitam a oportunidade gerada pela ausência de Moisés, que subira ao monte Sinai para receber das mãos do Senhor as tábuas da lei, o povo ignora a misericórdia que o Senhor havia para ele dispensado, viram as costas para o Senhor, e constróem, para que fosse adorado no lugar de Iahweh, um bezerro de ouro: "Quando o povo viu que Moisés tardava em descer da montanha, congregou-se em torno de Aarão e lhe disse: "Vamos, faze-nos um deus que vá à nossa frente, porque a esse Moisés, a esse homem que nos fez subir da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu." Aarão respondeu-lhes: "Tirai os brincos de ouro das orelhas de vossas mulheres, de vossos filhos e filhas, e trazei-mos." Então todo o povo tirou das orelhas os brincos e os trouxeram a Aarão. Este recebeu o ouro de suas mãos, o fez fundir em um molde e fabricou com ele uma estátua de bezerro. Então exclamaram: "Este é o teu Deus, ó Israel, o que te fez subir da terra do Egito." ...Iahweh disse a Moisés: "Tenho visto a este povo: é um povo de serviz dura. Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles a minha ira e eu os consuma..." (Ex 32,1-4.9-10).

Moisés sabia que seria justa essa atitude do Senhor, mas implora pela sorte do povo, e "Iahweh, então, desistiu do castigo com o qual havia ameaçado o povo." (Ex 32,14). O Senhor ouve a oração de súplica de Moisés (Ex 32,11-13), e desiste de aplicar, novamente, a sua justiça e, mais uma vez, usa de sua misericórdia.

Não há como enumerar as atitudes de misericórdia do Senhor Nosso Deus nas Sagradas Escrituras, pois que, as próprias Sagradas Escrituras é um ato de amor e misericórdia por parte de Iahweh nosso Deus.

Quantas vezes o Senhor tem aplicado a sua misericórdia para cada um de nós, em particular? Que seria de nós se, antes de ser misericordioso, o Senhor fosse apenas justo? Quantas vezes temos abandonado as leis do Senhor, e, como o povo israelita, temos erigido para nós bezerros de ouro, e substituímos ao Senhor pelo dinheiro, pelos bens materiais, pelas riquezas que a traça e o caruncho corroem e que os ladrões arrombam e roubam?

Quantas vezes colocamos o Senhor em segundo plano em nossa vida, nos esquecendo que tudo o que temos e somos recebemos das mãos do Senhor e só teremos o que temos até quando o Senhor quiser? Não somos diferentes dos judeus que deixaram de adorar ao Deus verdadeiro para adorar um bezerro de ouro; e o nosso bezerro de ouro é o dinheiro, a casa, a chácara, a televisão, a fazenda, o carro...

domingo, 17 de julho de 2022

 

SANTA CATARINA TEKAKWITHA - 1656-1680

 

Kateri Tekakwitha, para nós Catarina, foi a primeira americana pele-vermelha a ter sua santidade reconhecida pela Igreja. Ela nasceu no ano de 1656, perto da cidade de Port Orange, no Canadá. Seu pai era o chefe indígena da nação Mohawks, um pagão. Enquanto sua mãe era uma índia cristã, catequizada pelos jesuítas, que fora raptada e levada para outra tribo, onde teve de unir-se a esse chefe.

Não pôde batizar a filha com nome da santa de sua devoção, mas era só por ele que a chamava: Catarina. O costume indígena determina que o chefe escolha o nome de todas as crianças de sua nação. Por isso seu pai escolheu Tekakwitha, que significa "aquela que coloca as coisas nos lugares", mostrando que ambas, consideradas estrangeiras, haviam sido totalmente aceitas por seu povo.

Viveu com os pais até os quatro anos, quando ficou órfã. Na ocasião, sobreviveu a uma epidemia de varíola, porém ficou parcialmente cega, com o rosto desfigurado pelas marcas da doença e a saúde enfraquecida por toda a vida. O novo chefe, que era seu tio, acolheu-a e ela passou a ajudar a tia no cuidado da casa. Na residência pagã, sofreu pressões e foi muito maltratada.

Catarina, que havia sido catequizada pela mãe, amava Jesus e obedecia à moral cristã, rezando regularmente. Era vista contando as histórias de Jesus para as crianças e os idosos, que ficavam ao seu lado enquanto tecia, trabalho que executava apesar da pouca visão.

Em 1675, soube que jesuítas estavam na região. Desejando ser batizada, foi ao encontro deles. Recebeu o sacramento um ano depois, e o nome de Catarina Tekakwitha. Devido à sua fé, era hostilizada, porque rejeitava as propostas de casamentos. Por tal motivo, seu tio, cada vez mais, a ameaçava com uma união. Quando a situação ficou insustentável, ela fugiu. Procurou a Missão dos jesuítas de São Francisco Xavier, em Sault, perto de Montreal, onde foi acolhida e recebeu a primeira comunhão, dando um exemplo de extraordinária piedade.

Sempre discreta, recolhia-se por longos períodos na floresta, onde, junto a uma cruz que ela havia traçado na casca de uma árvore, ficava em oração. Sem, entretanto, descuidar-se das funções religiosas, do serviço da comunidade e da família que a hospedava. Em 1679, fez voto perpétuo de castidade, expressando o desejo de fundar um convento só para moças indígenas, mas seu guia espiritual não permitiu, em razão da sua delicada saúde.

Aos vinte e quatro anos, ela morreu no dia 17 de abril de 1680. Momentos antes de morrer, o seu rosto desfigurado, tornou-se bonito e sem marcas, milagre presenciado pelos jesuítas e algumas pessoas que a assistiam. O milagre e a fama de suas virtudes espalhou-se rapidamente e possibilitou a conversão de muitos irmãos de sua raça. Catarina, que amou, viveu e conservou o seu cristianismo só com a ajuda da graça, por muitos anos, tornou-se conhecida em todas as nações indígenas como "o lírio dos Mohawks", que intercedia por seus pedidos de graças.

A sua existência curta e pura, como esta flor, conseguiu o que havia almejado: que as nações indígenas dos Estados Unidos e do Canadá conhecessem e vivessem a Paixão de Jesus Cristo.

O papa João Paulo II nomeou-a padroeira da 17a Jornada Mundial da Juventude realizada no Canadá, em 2002, quando a beatificou. Ao lado de são Francisco de Assis, a bem-aventurada Catarina Tekakwitha foi honrada pela Igreja com o título de "Padroeira da Ecologia e do Meio Ambiente". Sua festa ocorre no dia 14 de julho.

São comemorados também, neste dia: São Camilo Lellis, São Gaspar de Bene, São Francisco Solano, São Ciro de Cartago (bispo), São Deusdedit de Cantuária (monge e bispo), São Félix de Como (bispo), São Focas de Sinope (bispo e mártir), São Heracles de Alexandria (bispo).

sábado, 16 de julho de 2022

 

NOSSA SENHORA DO CARMO

 

Segundo a tradição narra, o profeta Elias, vendo uma nuvenzinha, que se levantava no mar, bem como uma pegada de homem, teria nela reconhecido no símbolo, a figura da futura Mãe do Salvador.

Os discípulos de Elias, recordando aquela visão do mestre, teriam fundado uma Congregação, com sede no Monte Carmelita, com o fim declarado de prestar homenagens à Mãe do Mestre.

A festa de Nossa Senhora do Carmo é relacionada à Ordem Carmelitana, cuja origem é bem antiga. Na Ordem Carmelitana tem-se a tradição, segundo a qual o profeta Elias, vendo aquela nuvenzinha, que se levantava no mar, bem como a pegada de homem, teria nela reconhecido no símbolo, a figura da futura Mãe do Salvador.

Os discípulos de Elias, recordando aquela visão do mestre, teriam fundado uma Congregação, com sede no Monte Carmelita, com o fim declarado de prestar homenagens à Mãe do Mestre.

Essa Congregação ter-se-ia conservado até os dias de Jesus Cristo e existido com o Título Servas de Maria. Historicamente documentadas são as seguintes datas da Ordem de Nossa Senhora do Carmelo.

Foi no século XII que o calabrez Bertoldo, com alguns companheiros, se estabeleceu no Monte Carmelo. Não se sabe se encontraram lá a Congregação dos Servos de Maria ou se fundaram uma deste nome; certo é que receberam em 1209 uma regra rigorosíssima, aprovada pelo Patriarca de Jerusalém - Alberto.

Pelas cruzadas esta Congregação tornou-se conhecida também na Europa. Dois nobres fidalgos da Inglaterra convidaram alguns religiosos do Carmelo, para acompanhá-los e fundar conventos na Inglaterra, o que fizeram. Pela mesma época vivia no condado de Kent um eremita que, há vinte anos, vivia em solidão, tendo por residência o tronco oco de uma árvore.

O nome desse eremita era Simão Stock. Atraído pela vida mortificada dos carmelitas recém-chegados, como também pela devoção Mariana que aquela Ordem cultivava, pediu admissão como noviço na Ordem de Nossa Senhora do Carmo.

Em 1225, Simão Stock foi eleito coadjutor Geral da Ordem, já então bastante conhecida e espalhada. O papa Honório III aprovou a regra da Ordem. Simão Stock visitou os Irmãos da ordem no Monte Carmelo, e demorou-se com eles seis anos.

Um capítulo geral da Ordem, realizado em 1237, determinou a transferência para a Europa de quase todos os religiosos, os quais, para se verem livres das vexações dos Sarracenos, procuraram a Inglaterra, onde a Ordem possuía já 40 conventos.

No ano de 1245, foi Simão Stock eleito Superior Geral da Ordem e a regra teve aprovação do Papa Inocêncio IV. A Ordem de Nossa Senhora do Carmo, colocada sob a proteção da Santa Sé, começou a ter, então, uma aceitação extraordinária no mundo católico.

Para isto concorreu poderosamente a Irmandade do Escapulário, que deve a fundação a Simão Stock. Em 16 de julho de 1251, estando em oração fervorosa, Nossa Senhora lhe apareceu.

Veio trazer-lhe um escapulário. "Meu dileto filho - disse-lhe a Rainha do céu - eis o escapulário, que será o distintivo de minha Ordem. Aceita-o como um penhor de privilégio, que alcancei para ti e para todos os membros da Ordem do Carmo. Aquele que morrer vestido deste escapulário, estará livre do fogo do inferno".

Simão Stock tratou então de divulgar a irmandade do escapulário e convidar o mundo católico a participar dos grandes privilégios anexos. Entre os devotos do escapulário de Nossa Senhora do Carmo, vêem-se Papas, Cardeais e Bispos.

O Escapulário teve uma aceitação favorável e universal entre o povo católico. Neste sentido, só é comparável ao Rosário.

sexta-feira, 15 de julho de 2022

 

SÃO BOAVENTURA - 1218-1274

Frei Boaventura era italiano, nasceu no ano de 1218, na cidade de Bagnoregio, em Viterbo, e foi batizado com o nome de João de Fidanza. O pai era um médico conceituado, mas, como narrava o próprio Boaventura, foi curado de uma grave enfermidade ainda na infância por intercessão de são Francisco.

Aos vinte anos de idade, ingressou no convento franciscano, onde vestiu o hábito e tomou o nome de Boaventura dois anos depois. Estudou filosofia e teologia na Universidade de Paris, na qual, em 1253, foi designado para ser o catedrático da matéria. Também foi contemporâneo de Tomás de Aquino, outro santo e doutor da Igreja, de quem era amigo e companheiro.

Boaventura buscou a Ordem Franciscana porque, com seu intelecto privilegiado, enxergou nela uma miniatura da própria Igreja. Ambas nasceram contando somente com homens simples, pescadores e camponeses. Somente depois é que se agregaram a elas os homens de ciências e os de origem nobre. Quando frei Boaventura entrou para a Irmandade de São Francisco de Assis, ela já estava estabelecida em Paris, Oxford, Cambridge, Estrasburgo e muitas outras famosas universidades européias.

Essa nova situação vivenciada pela Ordem fez com que Boaventura interviesse nas controvérsias que surgiam com as ordens seculares. Opôs-se a todos os que atacavam as ordens mendicantes, especialmente a dos franciscanos. Foi nesta defesa, como teólogo e orador, que teve sua fama projetada em todo o meio eclesiástico.

Em 1257, pela cultura, ciência e sabedoria que possuía, aliadas às virtudes cristãs, foi eleito superior-geral da Ordem pelo papa Alexandre IV. Nesse cargo, permaneceu por dezoito anos. Sua direção foi tão exemplar que acabou sendo chamado de segundo fundador e pai dos franciscanos. Ele conseguiu manter em equilíbrio a nova geração dos frades, convivendo com os de visão mais antiga, renovando as Regras, sem alterar o espírito cunhado pelo fundador. Para tanto dosou tudo com a palavra: para uns, a tranqüilizadora; para outros, a motivadora.

Alicerçado nas teses de santo Agostinho e na filosofia de Platão, escreveu onze volumes teológicos, procurando dar o fundamento racional às verdades regidas pela fé. Além disso, ele teve outros cargos e incumbências de grande dignidade. Boaventura foi nomeado cardeal pelo papa Gregório X, que, para tê-lo por perto em Roma, o fez também bispo-cardeal de Albano Laziale. Como tarefa, foi encarregado de organizar o Concílio de Lyon, em 1273.

Nesse evento, aberto em maio de 1274, seu papel foi fundamental para a reconciliação entre o clero secular e as ordens mendicantes. Mas, em seguida, frei Boaventura morreu, em 15 de julho de 1274, ali mesmo em Lyon, na França, assistido, pessoalmente, pelo papa que o queria muito bem.

Foi canonizado em 1482 e recebeu o honroso título de doutor da Igreja. A sua festa litúrgica ocorre no dia se sua passagem para a vida eterna.

São comemorados também, neste dia: Bem-aventurados Inácio de Azevedo e companheiros (jesuítas mártires), Santa Justa, Santa Rosália, São Charbel, São Vladimir de Kiev, Aprônia de Troyes (virgem), Santo Atanásio de Nápoles (bispo), São Balduino de Rieti (abade), São Bento de Angers (bispo), São Davi de Munkentorp (monge e bispo).

quinta-feira, 14 de julho de 2022

 

SÃO CAMILO DE LÉLLIS - 1550-1614

 

Fundou a congregação dos Ministros Camilianos.

Camila Compelli e João de Lellis eram já idosos quando o filho foi anunciado.

Ele, um militar de carreira, ficou feliz, embora passasse pouco tempo em casa. Ela também, mas um pouco constrangida, por causa dos quase sessenta anos de idade. Do parto difícil, nasceu Camilo, uma criança grande e saudável, apenas de tamanho acima da média.

Ele nasceu no dia 25 de maio de 1550, na pequena Bucchianico, em Chieti, no sul da Itália. Cresceu e viveu ao lado da mãe, uma boa cristã, que o educou dentro da religião e dos bons costumes. Ela morreu quando ele tinha treze anos de idade.

Camilo não gostava de estudar e era rebelde. Foi então residir com o pai, que vivia de quartel em quartel, porque, viciado em jogo, ganhava e perdia tudo o que possuía. Apesar do péssimo exemplo, era um bom cristão e amava o filho. Percebendo que Camilo, aos quatorze anos, não sabia nem ler direito, colocou-o para trabalhar como soldado. O jovem, devido à sua grande estatura e físico atlético, era requisitado para os trabalhos braçais e nunca passou de soldado, por falta de instrução.

Tinha dezenove anos de idade quando o pai morreu e deixou-lhe como herança apenas o punhal e a espada. Na ocasião, Camilo já ganhara sua própria fama, de jogador fanático, briguento e violento, era um rapaz bizarro.

Em 1570, após uma conversa com um frade franciscano, sentiu-se atraído a ingressar na Ordem, mas foi recusado, porque apresentava uma úlcera no pé. Ele então foi enviado para o hospital de São Tiago, em Roma, que diagnosticou o tumor incurável. Sem dinheiro para o tratamento, conseguiu ser internado em troca do trabalho como servente.

Mesmo assim, afundou-se no jogo e foi posto na rua. Sabendo que o mosteiro dos capuchinhos estava sendo construído, ofereceu-se como ajudante de pedreiro e foi aceito. O contato com os franciscanos foi fundamental para sua conversão.

Um dia, a caminho do trabalho, teve uma visão celestial, nunca revelada a ninguém. Estava com vinte e cinco anos de idade, largou o jogo e pediu para ingressar na Ordem dos Franciscanos. Não conseguiu, por causa de sua ferida no pé.

Mas os franciscanos o ajudaram a ser novamente internado no hospital de São Tiago, que, passados quatro anos, estava sob a sua direção. Camilo, já tocado pela graça, dessa vez, além de tratar a eterna ferida passou a cuidar dos outros enfermos, como voluntário. Mas preferia assistir aos doentes mais repugnantes e terminais, pois percebeu que os funcionários, apesar de bem remunerados, abandonavam-nos à própria sorte, deixando-os passar privações e vexames.

Neles, Camilo viu o próprio Cristo e por eles passou a viver. Em 1584, sob orientação do amigo e contemporâneo, também fundador e santo, padre Filipe Néri, constituiu uma irmandade de voluntários para cuidar dos doentes pobres e miseráveis, depois intitulada Congregação dos Ministros Camilianos.

Ainda com a ajuda de Filipe Néri, estudou e vestiu o hábito negro com a cruz vermelha de sua própria Ordem, pois sua congregação, em 1591, recebeu a aprovação do Vaticano, sendo elevada à categoria de ordem religiosa. Eleito para superior, dirigiu por vinte anos sua Ordem dos padres enfermeiros, dizem que com "mão de ferro" e a determinação militar recebida na infância e juventude.

Depois, os últimos sete anos de vida preferiu ficar ensinado como os doentes deviam ser tratados e conviver entre eles. Mesmo sofrendo terríveis dores nos pés, Camilo ia visitar os doentes em casa e, quando necessário, chegava a carregá-los nas costas para o hospital.

Nessa hora, agradecia a Deus a estatura física que lhe dera. Recebeu o dom da cura pelas palavras e orações, logo a sua fama de padre milagreiro correu entre os fiéis, que, ricos e pobres, procuravam sua ajuda. Era um homem muito querido em toda a Itália, quando morreu em 14 de julho de 1614. Foi canonizado em 1746. São Camilo de Lellis, em1886, foi declarado Padroeiro dos Enfermos, dos Doentes e dos Hospitais.

São comemorados também, neste dia: Santa Catarina Tekakwitha (a primeira americana pele-vermelha a ter sua santidade reconhecida pela Igreja), São Gaspar de Bene, São Francisco Solano, São Ciro de Cartago (bispo), São Deusdedit de Cantuária (monge e bispo), São Félix de Como (bispo), São Focas de Sinope (bispo e mártir), São Heracles de Alexandria (bispo).

quarta-feira, 13 de julho de 2022

 

SANTA TERESA DE JESUS DOS ANDES - 1900-1920

 

Joana Fernandez Solar nasceu no dia 13 de julho de 1900, no berço de uma família profundamente cristã, na cidade de Santiago do Chile, capital do país. Seus pais chamavam-se Miguel e Lúcia. A partir dos seis anos de idade, assistia com a mãe, quase diariamente, à santa missa e ansiava poder receber a primeira comunhão, o que aconteceu em setembro de 1910.

Desde então, procurava comungar diariamente e passar longos momentos mantendo um diálogo íntimo com Jesus. Teve a infância marcada por uma intensa vida mariana, que foi um dos sólidos alicerces da sua vida cristã. Joana estudou durante onze anos no Colégio do Sagrado Coração, até 1918.

Foi muito dedicada à família e julgava-se incapaz de viver separada dos seus. No entanto, assumiu com resignação o distanciamento nos últimos três anos dos estudos em regime de internato.

Sua vocação religiosa confirmou-se aos quatorze anos. Na época, ela se correspondia com a superiora das carmelitas dos Andes, e lia muito sobre a trajetória da vida dos santos. Assim, Joana foi se preparando de tal modo que, desde os dezessete anos, já externava o ideal de ser carmelita, e com ardor defendia a sua vivência contemplativa, que todos julgavam "inútil".

A separação definitiva da família e do mundo deu-se em maio de 1919, aos dezenove anos de idade. Entrou para as carmelitas dos Andes e tomou o nome de Teresa de Jesus. Lá viveu apenas onze meses, pois contraiu a febre tifóide e logo morreu, no dia 12 de abril de 1920, na sua cidade natal. Teresa de Jesus tinha tamanha liberdade para expressar-se com o Senhor que costumava dizer: "Cristo, esse louco de amor, me fez louca também".

A sua aspiração e constante empenho centraram-se em se assemelhar a ele, em comungar com Cristo. Foi beatificada pelo papa João Paulo II quando este visitou o Chile em 1987. Depois, foi canonizada pelo mesmo sumo pontífice em 1993, em Roma.

Na ocasião, ele a chamou de santa Teresa de Jesus "dos Andes", e declarou que era a primeira chilena e a primeira carmelita latino-americana a ser elevada à honra dos altares da Igreja, para ser festejada no dia 13 de julho.

O santuário de Santa Teresa dos Andes, como ficou popularmente conhecida, tornou-se um centro espiritual no Chile, visitado por milhares de peregrinos anualmente.

Sua fama de intercessora pelas graças e milagres concedidos correu logo, principalmente entre os jovens católicos. Santa Teresa dos Andes continua, assim, cumprindo a missão reconhecida como sua: despertar fome e sede de Deus nos jovens deste nosso mundo moderno tão materializado.

São comemorados também, neste dia: São Henrique II, Santa Angelina de Marsciano, São Joel e Santa Clélia Barbieri (fundadora das Irmãs Mínimas de Nossa Senhora das Dores. Morreu com apenas 23 anos, em 1870.É a fundadora mais jovem da Igreja).



terça-feira, 12 de julho de 2022

 

MEDALHA DE SÃO BENTO - O PODEROSO SIGNIFICADO

 

O significado da medalha, as graças que você pode alcançar e uma poderosa oração a São Bento

A medalha de São Bento não é um “amuleto da sorte”. Trata-se de um sacramental, isto é, um sinal visível de nossa fé.

O uso habitual da medalha tem por efeito colocar-nos sob a especial proteção de São Bento, principalmente quando se tem confiança nos méritos de tão grande Santo e nas grandes virtudes da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo!

São numerosos os fatos maravilhosos atribuídos à esta medalha. Ela nos assegura poderoso socorro contra as ciladas do demônio e também para alcançar graças espirituais, como conversão, vitória contra as tentações, inimizades etc.

Contudo, a medalha não age automaticamente contra as adversidades, como se fosse um talismã ou vara mágica.

Todo cristão, a exemplo de Jesus Cristo, deve carregar a sua cruz. Pois é necessário que nossas faltas sejam expiadas; nossa fé seja provada; e nossa caridade purificada, para que aumentem nossos méritos.

O símbolo da nossa redenção, a cruz, gravada na medalha não tem por fim nos livrar da prova; no entanto, a virtude da cruz de Jesus e a intercessão de São Bento produzirão efeitos salutares em muitas circunstâncias, a medalha concede, também, graças especiais para hora da morte, pois, São Bento com São José são padroeiros da boa morte.

Para se ficar livre das ciladas do demônio é preciso, acima de tudo, estar na graça e amizade com Deus. Portanto, é preciso servi-lo e amá-lo, cumprindo, todos os deveres religiosos: Oração, Missa dominical, recepção dos Sacramentos, cumprimento dos deveres de justiça; em uma palavra, cumprimento de todos os mandamentos da lei de Deus e da Igreja. Nem o demônio, nem alguma criatura, tem o poder de prejudicar verdadeiramente uma alma unida a Deus.

Em resumo, o efeito da medalha de São Bento depende em grande parte das disposições da pessoa para com Deus e da observância dos requisitos acima mencionados.

Numerosos são os benefícios atribuídos ao crucifixo de São Bento; de fato, se usado com fé e com o Patrocínio do Santo; protege:

·         Das epidemias;

·         Dos venenos;

·         De alguns tipos de doenças especiais;

·         Dos malefícios;

·         Dos perigos espirituais e materiais que possam causar o Demônio;

A Santa Sé a enriqueceu com numerosas indulgências: indulgência plenária em ponto de morte; indulgência parcial.

 

Significado da medalha

Na frente da medalha são apresentados uma cruz e entre seus braços estão gravadas as letras C S P B, cujo significado é, do latim: Cruz Sancti Patris Benedicti – “Cruz do Santo Pai Bento”.

Na haste vertical da cruz lêem-se as iniciais C S S M L: Crux Sacra Sit Mihi Lux – “A cruz sagrada seja minha luz”.

Na haste horizontal lêem-se as iniciais N D S M D: Non Draco Sit Mihi Dux – “Não seja o dragão meu guia”.

No alto da cruz está gravada a palavra PAX (“Paz”), que é lema da Ordem de São Bento. Às vezes, PAX é substituído pelo monograma de Cristo: I H S.

A partir da direita de PAX estão as iniciais: V R S N S M V: Vade Retro Sátana Nunquam Suade Mihi Vana – “Retira-te, satanás, nunca me aconselhes coisas vãs!” e S M Q L I V B: Sunt Mala Quae Libas Ipse Venena Bibas – “É mau o que me ofereces, bebe tu mesmo os teus venenos!”.

Nas costas da medalha está São Bento, segurando na mão esquerda o livro da Regra que escreveu para os monges e, na outra mão, a cruz. Ao redor do Santo lê-se a seguinte jaculatória ou prece: EIUS – IN – OBITU – NRO – PRAESENTIA – MUNIAMUR – “Sejamos confortados pela presença de São Bento na hora de nossa morte”.

É representado também a imagem de um cálice do qual sai uma serpente e um corvo com um pedaço de pão no bico, lembrando as duas tentativas de envenenamento, das quais São Bento saiu, milagrosamente, ileso.

 

Oração para alcançar alguma graça

Ó glorioso Patriarca São Bento, que vos mostrastes sempre compassivo com os necessitados, fazei que também nós, recorrendo à vossa poderosa intercessão, obtenhamos auxílio em todas as nossas aflições, que nas famílias reine a paz e a tranquilidade; que se afastem de nós todas as desgraças tanto corporais como espirituais, especialmente o mal do pecado. Alcançai do Senhor a graça… que vos suplicamos, finalmente, vos pedimos que ao término de nossa vida terrestre possamos ir louvar a Deus convosco no Paraíso. Amém.

(Fontes: Mosteiro de São Bento e São Miguel Arcanjo)

segunda-feira, 11 de julho de 2022

 

TERESA CRISTINA, MINHA FILHA. DOZE ANOS SEM A SUIA PRESENÇA.

 

"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15,1).

O Pai é o agricultor, o dono da messe, o dono do jardim. Cada um de nós somos os operários da messe, o jardineiro do jardim do Pai. Ele nos dá a terra, ele nos dá a semente, ele nos dá as condições dignas para que a terra seja boa, para que a semente se transforme em arbusto e para que o arbusto floresça, dê flores dignas de um rei.

O Pai nos dá uma família, nos dá filhos, mas família e filhos não são propriedades nossas, são do Pai. Os filhos são as flores que cultivamos no jardim do Pai. Compete a cada um de nós, pais, cuidar do jardim do Pai, dar-lhe flores viçosas, coloridas, perfumadas e perfeitas.

Devemos cuidar dessas flores desde em botão. Dar-lhes condições de crescerem saudáveis, floridas e perfumadas. Mas elas não são nossas, são do Pai. E o dia em que o Pai  achar por bem, ele visita o nosso jardim, colhe a sua flor preferida, a mais bonita entre todas e a leva para si, para embelezar o seu trono.  Assim aconteceu conosco.

Assim aconteceu com Teresa Cristina. Mulher bonita, inteligente, carinhosa, amigável, acolhedora, de sorriso fácil. Filha amorosa e presente. Quarenta e três anos. Câncer de  mama. E, no dia 11 de julho de 2010, há exatamente doze anos, o Pai visitou o meu jardim, escolheu dentre as flores a mais bela, e a levou consigo para embelezar o seu trono.

As pessoas boas deixam alegria. As pessoas más deixam lições. As pessoas maravilhosas deixam lembranças e saudades. Saudade é a confirmação do amor. Saudade é a perpetuação do amor. Saudade é o amor eterno presente no coração de quem ficou sem ter condições de esquecer a pessoa amada que partiu. Um dia a saudade deixa de ser dor e vira lembrança para compartilhar e guardar para sempre. As pessoas muito amadas por nós são eternas dentro da gente.

A mais bonita lágrima é a da saudade, pois ela nasce dos risos que não se acabam, das alegrias que marcaram e das lembranças que jamais se apagam.

Mais do que chorar a perda de um ente querido, não podemos perder a oportunidade de agradecer. Agradecer o tempo em que o Pai, o dono do jardim, permitiu que a flor Teresa Cristina ficasse conosco durante quarenta e três anos, embelezando o nosso lar, perfumando a nossa vida, aromatizando o nosso ambiente e transmitindo alegria no seu sorriso belo, singelo e encantador. Ela deixou o nosso jardim, mas está embelezando o trono do Pai, o dono do jardim.

Só nos resta repetir com o santo homem Jó: “O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1,21).

O acontecimento de uma pessoa amada nos deixar e ir para a casa do Pai leva-nos à conclusão de que não existe morte. A morte é, simplesmente, um ponto de partida, não um fim. A morte é um trampolim que nos arremessa para a vida eterna, para a vida que não se acaba mais.

A vida é eterna; a vida é abundante porque Jesus Cristo veio para que tivéssemos vida, e a tivéssemos em abundância: “Eu vim para que tenham a vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10,10). A vida não se acaba. A vida da pessoa amada que se foi não se acabou, apenas passou para um plano superior onde a presença de Deus é permanente e visível, a felicidade é eterna e a certeza de que a morte jamais a atingirá, jamais a separará de ninguém.

Na nossa ignorância naquilo que diz respeito às promessas divinas em relação à vida eterna, sofremos, sofremos muito quando um ente querido nos deixa e parte desta para herdar a vida eterna.

Choramos, choramos muito dentro de nós, ainda que o nosso semblante se esforce para demonstrar conformismo. É bom chorar, se faz necessário chorar, mas o cristão não chora por desespero e revolta.

Antes de tudo, o cristão chora por saudade, saudade de alguém que partiu temporariamente mas, temos certeza, está na casa do Pai; apenas nos antecipou a isso e a nossa fé nos garante que um dia nos juntaremos a esse ente querido porque Jesus nos conforta dizendo: “Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas.” (Jo 14,1-2).

Apesar da certeza da ressurreição que nos é transmitida pelas Sagradas Escrituras, os nossos sentimentos humanos nos fazem sentir saudades dos nossos entes queridos que nos deixaram, mas, não podemos perder a esperança, não podemos perder a confiança nos ensinamentos de Jesus Cristo; temos de acreditar nas suas verdades evangélicas de que os nossos entes queridos, que caminharam conosco neste vale de lágrimas e que ouviram a voz do Bom Pastor e fizeram parte de seu rebanho, agora, depois desse passamento, estão na glória do Senhor, na casa do Pai, onde, segundo uma das promessas do Divino Mestre, existem muitas moradas: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também.” (Jo 14,2-3).

O Senhor Jesus venceu a morte ressuscitando e “... a morte não tem domínio sobre ele.” (Rm 6,9), e Paulo Apóstolo se baseia na ressurreição de Cristo para nos dar a certeza que também venceremos a morte: “Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé.” (1Cor 15,13-14).

Quem morre acaba de nascer, de nascer para a vida, de ressurgir para a vida em abundância, a vida que não se acaba mais, a vida que é para valer, e isso entendeu muito bem Francisco, o pobrezinho de Assis: “É MORRENDO QUE SE RESSUSCITA PÁRA A VIDA...” A presença, o perfume,o amor da Teresa Cristina são uma constante no nosso coração, na nossa casa, na nossa família...

domingo, 10 de julho de 2022

 

O S   C I N C O   E S T Á G I O S   D O   L U T O

 

O luto revela a dor e sofrimento por uma perda que ainda não foi superada

Dizem que a única certeza que temos na vida é a morte, porém, ela ainda é considerada um grande mistério para todas as pessoas. É possível prever o nascimento de uma pessoa, mas a morte, dificilmente iremos prever.

Mesmo que “os dias de vida” sejam contados e previstos por médicos, baseado em estado clínico terminal do paciente, por algum motivo de doença grave, ainda assim, o dia e hora exatos da nossa morte, dificilmente saberemos ao certo.

Talvez seja por isso, que não nos preparamos para esse momento.

Ele simplesmente acontece, assim, como um sopro ou um último suspiro e pronto, já não estaremos mais aqui, no mundo materializado, físico.

 

O Processo de Luto

Para quem fica, o luto é considerado um momento de dor e vazio, de despedida forçada e para sempre, porém ele é um processo necessário e fundamental para qualquer tipo de perda, não apenas pela perda de uma pessoa que estimamos, amamos, que faz parte de nós direta ou indiretamente, mas por qualquer tipo de perda, como emprego, carreira, relacionamentos, etc.

O processo de luto se dá para qualquer animal, humanos e animais irracionais.

A diferença está na forma que os sentimentos acontecem, pois geralmente o luto vem acompanhado por tristeza, revolta, culpa, susto (choque), solidão, ausência, desamparo, mas também, sentimentos como alívio, emancipação.

Tais sentimentos podem refletir em vários sintomas físicos e emocionais, tais como aperto no peito, dor de estômago, nó na garganta, falta de ar, perda de energia, tristeza profunda, isolamento, entre outros.

Tomar consciência de que nunca mais poderá ver aquela pessoa ou fazer as mesmas atividades, ter os mesmos momentos, podem levar uma pessoa a perder também todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas ou a ressignificá-los, lhes dando um novo valor.

Assim como existe o ciclo da vida, segundo a biologia, que é Nascer, Crescer, Reproduzir e Morrer, existem os ciclos da morte, definidos pela psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross, que conseguiu identificar a reação psíquica de cada paciente em estado terminal e elaborou o Modelo Kübler-Ross, que propõe uma descrição de cinco fases (estágios) do luto, pelo qual as pessoas passam ao lidar com a perda, o luto e a tragédia.

Compreender os estágios do luto nos ajuda a entender a dor do outro e aprender a respeitar o seu tempo.

 

Essas cinco fases são: 

Negação – Raiva – Barganha – Depressão – Aceitação (NRBDA), que conforme Ross, nem sempre ocorrerão nesta ordem e também não possuem um prazo pré-definido para acontecerem, pois depende do tipo de perda e de como cada pessoa reage a essa perda, ao luto, à doença ou a uma tragédia. No entanto, uma pessoa sempre apresentará ao menos duas dessas fases, também considerados estágios:

 

1º Estágio: Negação

Essa é a primeira fase e a mais dolorida, também considerada o estágio do isolamento, pois a pessoa pode não querer falar sobre o assunto e se afastar.

É o momento dos “porquês” e dos “ses”. Momento em que parece impossível a perda, de acreditar no que aconteceu.

Essa fase é considerada um mecanismo de defesa temporário do Ego, contra a dor psíquica, diante da morte.

Esse estágio normalmente não persiste por muito tempo, sendo logo substituído por uma aceitação parcial, porém, varia de pessoa para pessoa, pois depende da intensidade do sofrimento de cada um e como as pessoas mais próximas são capazes de lidar com a dor. Durante a transição desse estágio para o estágio raiva, é comum a pessoa falar sobre a situação em um momento e de repente negá-la completamente.

 

2º Estágio: Raiva

Essa é fase da revolta, da rebeldia, do descontrole emocional, dos ressentimentos, onde a pessoa se sente injustiçada e inconformada com a perda, pelo fato do Ego não conseguir manter a negação e o isolamento.

É a fase do “porque comigo?”, “com tanta gente ruim pra morrer porque eu, eu que sempre fiz o bem, sempre trabalhei e fui honesto, perdi a pessoa que mais amo?”

Nessa fase, se relacionar é quase impossível. Os relacionamentos se tornam problemáticos, devido ao caos e a hostilização que a revolta traz ao ambiente. 

É importante, nessa fase, haver compreensão dos demais sobre a angústia transformada em raiva na pessoa que sente interrompidas suas atividades de vida pela doença ou pela morte.

 

3º Estágio: Barganha

Essa é fase também é conhecida como negociação da dor pela perda, pois foi deixado de lado a negação e o isolamento e a pessoa percebe que a raiva não resolveu, então começa-se a “barganhar” com ela mesmo e com Deus, em segredo, como pedidos de súplicas. É a fase do “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida saudável.”

Nesse estágio, uma pessoa que, por exemplo,  está passando por uma doença, que a mantém impossibilitada de continuar suas atividades, começa a ficar mais serena, reflexiva e humilde.

Se a saúde dessa pessoa não se restabelece, mesmo tendo “barganhado” com Deus, a pessoa passa a utilizar inconscientemente outros recursos, que são os pactos, promessas, sacrifícios, acordos, de forma sigilosa entre ela e Deus, para que tudo volte ao normal.

 

4º Estágio: Depressão

Essa é a fase onde a pessoa toma consciência que perdeu e que não há como “voltar atrás” e a que leva mais tempo para passar para a fase de aceitação.

Algumas pessoas demoram décadas para sair dessa fase ou nunca vão aceitar a perda – muito comum quando se perde um filho.

Para quem está doente terminal, é o momento em que já não consegue negar suas condições de doente, quando as perspectivas da morte são claramente sentidas e que percebeu que negar, revoltar-se e negociar a cura não resolveu.

Esse é o momento em que as pessoas à sua volta devem estar mais próximas da pessoa doente ou que foi acometida pela perda de um ente querido, pois nessa fase, a pessoa se isola totalmente do mundo e do convívio social.

Sentimentos de melancolia, desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro e impotência são comuns diante da situação vivida.

 

5º Estágio: Aceitação

Essa é a última fase do luto e a pessoa aceita a perda com paz e tranquilidade, pois já não se nega mais, não se revolta e nem se negocia e o estado de depressão foi substituído pela aceitação, mudando, assim, a sua perspectiva e preenchendo o seu vazio. Para a pessoa que está doente, ela não experimenta mais o desespero e nem nega sua realidade, pois o que ela quer é “descansar em paz”.

Embora não entendamos porque as pessoas e coisas se vão e nunca mais poderemos tê-las de volta, ou porque uma doença chega exatamente em nós, mesmo existindo milhares de pessoas espalhadas na Terra, o importante é saber que o luto é necessário e muitas vezes inevitável.

Saber passar por cada estágio e sair dele é um processo que exige muito autoconhecimento e coragem para reagir diante do que aconteceu e tirar grandes aprendizados, o que pode tornar a vida melhor e com mais propósito e significado.

Valorizar o que temos, enquanto temos e darmos importância a nós, ao outro e ao mundo à nossa volta são atitudes importantes para continuar existindo.

Na maioria das vezes não será possível reviver todos os momentos plenamente, portanto, é necessário ressignificá-los. A escolha para isso, depende de cada um de nós, a como reagimos diante de cada situação.

Na vida, assim como na morte, devemos estar preparados para a mudança, para o encerramento de ciclos e entender a clareza do nosso papel no mundo. Isso é importante para evoluirmos como ser humano e aproveitarmos ao máximo o que a vida nos oferece e enquanto oferece.

 

COMO SUPERAR A PERDA E SEGUIR EM FRENTE?

Não se culpe

Quando perdemos alguém que amamos, é comum que a culpa e o peso na consciência tomem conta dos pensamentos. Isso porque a perda faz com que o indivíduo comece a pensar em tudo o que deixou de fazer e dizer.

Nesse momento, é importante ter em mente que nenhuma relação é perfeita e que as falhas cometidas não significam falta de amor. Entenda que você fez o que foi possível diante de cada circunstância e não se torture pelo que não foi possível fazer.

Adapte-se à nova rotina

Faça todos os ajustes possíveis para aprender a conviver com a ausência da pessoa.

Mude alguns hábitos e crie maneiras positivas de enfrentar a saudade — como iniciar um curso, fazer um trabalho voluntário ou ir viajar por um período.

Procure algo que proporcione prazer e traga uma sensação de preenchimento. Mesmo convivendo com a dor, é possível ser feliz encontrando motivação em atividades produtivas.

 

É importante entender que:

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas, depois, retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra.

Porém, sabe-se que, comumente, a fase mais longa é da depressão para a aceitação.

Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão. 

Existem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Outras, em poucas horas ou dias, fazem todo o processo. Isso varia também em função da perda sofrida.

“Ninguém está preparado para perder o outro; é normal não conseguirmos nos desapegar. Temos a tendência de ficarmos presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais.

A única saída, então, é ter coragem, enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos sentimentos e emoções.”