domingo, 10 de julho de 2022

 

O S   C I N C O   E S T Á G I O S   D O   L U T O

 

O luto revela a dor e sofrimento por uma perda que ainda não foi superada

Dizem que a única certeza que temos na vida é a morte, porém, ela ainda é considerada um grande mistério para todas as pessoas. É possível prever o nascimento de uma pessoa, mas a morte, dificilmente iremos prever.

Mesmo que “os dias de vida” sejam contados e previstos por médicos, baseado em estado clínico terminal do paciente, por algum motivo de doença grave, ainda assim, o dia e hora exatos da nossa morte, dificilmente saberemos ao certo.

Talvez seja por isso, que não nos preparamos para esse momento.

Ele simplesmente acontece, assim, como um sopro ou um último suspiro e pronto, já não estaremos mais aqui, no mundo materializado, físico.

 

O Processo de Luto

Para quem fica, o luto é considerado um momento de dor e vazio, de despedida forçada e para sempre, porém ele é um processo necessário e fundamental para qualquer tipo de perda, não apenas pela perda de uma pessoa que estimamos, amamos, que faz parte de nós direta ou indiretamente, mas por qualquer tipo de perda, como emprego, carreira, relacionamentos, etc.

O processo de luto se dá para qualquer animal, humanos e animais irracionais.

A diferença está na forma que os sentimentos acontecem, pois geralmente o luto vem acompanhado por tristeza, revolta, culpa, susto (choque), solidão, ausência, desamparo, mas também, sentimentos como alívio, emancipação.

Tais sentimentos podem refletir em vários sintomas físicos e emocionais, tais como aperto no peito, dor de estômago, nó na garganta, falta de ar, perda de energia, tristeza profunda, isolamento, entre outros.

Tomar consciência de que nunca mais poderá ver aquela pessoa ou fazer as mesmas atividades, ter os mesmos momentos, podem levar uma pessoa a perder também todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas ou a ressignificá-los, lhes dando um novo valor.

Assim como existe o ciclo da vida, segundo a biologia, que é Nascer, Crescer, Reproduzir e Morrer, existem os ciclos da morte, definidos pela psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross, que conseguiu identificar a reação psíquica de cada paciente em estado terminal e elaborou o Modelo Kübler-Ross, que propõe uma descrição de cinco fases (estágios) do luto, pelo qual as pessoas passam ao lidar com a perda, o luto e a tragédia.

Compreender os estágios do luto nos ajuda a entender a dor do outro e aprender a respeitar o seu tempo.

 

Essas cinco fases são: 

Negação – Raiva – Barganha – Depressão – Aceitação (NRBDA), que conforme Ross, nem sempre ocorrerão nesta ordem e também não possuem um prazo pré-definido para acontecerem, pois depende do tipo de perda e de como cada pessoa reage a essa perda, ao luto, à doença ou a uma tragédia. No entanto, uma pessoa sempre apresentará ao menos duas dessas fases, também considerados estágios:

 

1º Estágio: Negação

Essa é a primeira fase e a mais dolorida, também considerada o estágio do isolamento, pois a pessoa pode não querer falar sobre o assunto e se afastar.

É o momento dos “porquês” e dos “ses”. Momento em que parece impossível a perda, de acreditar no que aconteceu.

Essa fase é considerada um mecanismo de defesa temporário do Ego, contra a dor psíquica, diante da morte.

Esse estágio normalmente não persiste por muito tempo, sendo logo substituído por uma aceitação parcial, porém, varia de pessoa para pessoa, pois depende da intensidade do sofrimento de cada um e como as pessoas mais próximas são capazes de lidar com a dor. Durante a transição desse estágio para o estágio raiva, é comum a pessoa falar sobre a situação em um momento e de repente negá-la completamente.

 

2º Estágio: Raiva

Essa é fase da revolta, da rebeldia, do descontrole emocional, dos ressentimentos, onde a pessoa se sente injustiçada e inconformada com a perda, pelo fato do Ego não conseguir manter a negação e o isolamento.

É a fase do “porque comigo?”, “com tanta gente ruim pra morrer porque eu, eu que sempre fiz o bem, sempre trabalhei e fui honesto, perdi a pessoa que mais amo?”

Nessa fase, se relacionar é quase impossível. Os relacionamentos se tornam problemáticos, devido ao caos e a hostilização que a revolta traz ao ambiente. 

É importante, nessa fase, haver compreensão dos demais sobre a angústia transformada em raiva na pessoa que sente interrompidas suas atividades de vida pela doença ou pela morte.

 

3º Estágio: Barganha

Essa é fase também é conhecida como negociação da dor pela perda, pois foi deixado de lado a negação e o isolamento e a pessoa percebe que a raiva não resolveu, então começa-se a “barganhar” com ela mesmo e com Deus, em segredo, como pedidos de súplicas. É a fase do “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida saudável.”

Nesse estágio, uma pessoa que, por exemplo,  está passando por uma doença, que a mantém impossibilitada de continuar suas atividades, começa a ficar mais serena, reflexiva e humilde.

Se a saúde dessa pessoa não se restabelece, mesmo tendo “barganhado” com Deus, a pessoa passa a utilizar inconscientemente outros recursos, que são os pactos, promessas, sacrifícios, acordos, de forma sigilosa entre ela e Deus, para que tudo volte ao normal.

 

4º Estágio: Depressão

Essa é a fase onde a pessoa toma consciência que perdeu e que não há como “voltar atrás” e a que leva mais tempo para passar para a fase de aceitação.

Algumas pessoas demoram décadas para sair dessa fase ou nunca vão aceitar a perda – muito comum quando se perde um filho.

Para quem está doente terminal, é o momento em que já não consegue negar suas condições de doente, quando as perspectivas da morte são claramente sentidas e que percebeu que negar, revoltar-se e negociar a cura não resolveu.

Esse é o momento em que as pessoas à sua volta devem estar mais próximas da pessoa doente ou que foi acometida pela perda de um ente querido, pois nessa fase, a pessoa se isola totalmente do mundo e do convívio social.

Sentimentos de melancolia, desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro e impotência são comuns diante da situação vivida.

 

5º Estágio: Aceitação

Essa é a última fase do luto e a pessoa aceita a perda com paz e tranquilidade, pois já não se nega mais, não se revolta e nem se negocia e o estado de depressão foi substituído pela aceitação, mudando, assim, a sua perspectiva e preenchendo o seu vazio. Para a pessoa que está doente, ela não experimenta mais o desespero e nem nega sua realidade, pois o que ela quer é “descansar em paz”.

Embora não entendamos porque as pessoas e coisas se vão e nunca mais poderemos tê-las de volta, ou porque uma doença chega exatamente em nós, mesmo existindo milhares de pessoas espalhadas na Terra, o importante é saber que o luto é necessário e muitas vezes inevitável.

Saber passar por cada estágio e sair dele é um processo que exige muito autoconhecimento e coragem para reagir diante do que aconteceu e tirar grandes aprendizados, o que pode tornar a vida melhor e com mais propósito e significado.

Valorizar o que temos, enquanto temos e darmos importância a nós, ao outro e ao mundo à nossa volta são atitudes importantes para continuar existindo.

Na maioria das vezes não será possível reviver todos os momentos plenamente, portanto, é necessário ressignificá-los. A escolha para isso, depende de cada um de nós, a como reagimos diante de cada situação.

Na vida, assim como na morte, devemos estar preparados para a mudança, para o encerramento de ciclos e entender a clareza do nosso papel no mundo. Isso é importante para evoluirmos como ser humano e aproveitarmos ao máximo o que a vida nos oferece e enquanto oferece.

 

COMO SUPERAR A PERDA E SEGUIR EM FRENTE?

Não se culpe

Quando perdemos alguém que amamos, é comum que a culpa e o peso na consciência tomem conta dos pensamentos. Isso porque a perda faz com que o indivíduo comece a pensar em tudo o que deixou de fazer e dizer.

Nesse momento, é importante ter em mente que nenhuma relação é perfeita e que as falhas cometidas não significam falta de amor. Entenda que você fez o que foi possível diante de cada circunstância e não se torture pelo que não foi possível fazer.

Adapte-se à nova rotina

Faça todos os ajustes possíveis para aprender a conviver com a ausência da pessoa.

Mude alguns hábitos e crie maneiras positivas de enfrentar a saudade — como iniciar um curso, fazer um trabalho voluntário ou ir viajar por um período.

Procure algo que proporcione prazer e traga uma sensação de preenchimento. Mesmo convivendo com a dor, é possível ser feliz encontrando motivação em atividades produtivas.

 

É importante entender que:

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas, depois, retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra.

Porém, sabe-se que, comumente, a fase mais longa é da depressão para a aceitação.

Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão. 

Existem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Outras, em poucas horas ou dias, fazem todo o processo. Isso varia também em função da perda sofrida.

“Ninguém está preparado para perder o outro; é normal não conseguirmos nos desapegar. Temos a tendência de ficarmos presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais.

A única saída, então, é ter coragem, enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos sentimentos e emoções.” 

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