DEUS MISERICORDIOSO.
O Senhor, antes de mais nada e acima
de tudo, é um Deus de misericórdia, o Deus do perdão.
Deus é um Deus justo, justíssimo e a
sua justiça comanda todo o universo e coloca todas as coisas nos seus devidos
lugares. Mas, acima da justiça de Deus, está a sua misericórdia. Que seria de
nós se o Senhor aplicasse em todos nós a sua justiça? Onde estaríamos, se o
Senhor usasse conosco somente de sua justiça, esquecendo-se de sua
misericórdia? Se não fosse a misericórdia do Senhor, estaríamos todos perdidos,
irremediavelmente perdidos.
As Sagradas Escrituras nos mostram, a
todos os momentos, a misericórdia do Senhor, a começar pela criação do homem e
sua expulsão do paraíso; o Senhor não havia promulgado a pena de morte se o
homem o desobedecesse, comendo do fruto do bem e do mal? "Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás, porque o dia em que dela comeres
terás que morrer." (Gn 2,17). E, induzido pelo demônio na figura da
serpente e convidado pela mulher, o homem comeu do fruto dessa árvore (Gn
3,1-13), e o que aconteceu ao homem? Por justiça, deveria morrer, por
misericórdia, apenas ficou privado da vida de regalias do paraíso que para ele
o Senhor havia criado: "E Iahweh
Deus o expulsou do jardim do Éden para cultivar o solo de onde fora
tirado." (Gn 3,23).
Onde o Senhor poderia usar de sua
justiça para com os homens, castigando-os a todos, com justiça, por seus
pecados, por suas faltas e falhas, pelo desinteresse dos homens com relação às
coisas de Deus, o Senhor, pura e simplesmente, usa de sua misericórdia.
O Senhor perdoa e dá novas
oportunidades aos homens ingratos.
Em quantas passagens, nas Sagradas
Escrituras, o Senhor demonstra a sua misericórdia, o seu amor por todos os
homens.
No episódio do dilúvio, por exemplo: "Iahweh viu que a maldade do homem era
grande sobre a terra, e que era continuadamente mau todo desígnio de seu coração.
Iahweh arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e afligiu-se o seu
coração. E disse Iahweh: "Farei desaparecer da superfície do solo os
homens que criei - e com os homens os animais, os répteis e as aves do céu -
porque me arrependo de os ter feito." (Gn 6,5-7), e, para sorte dos
homens, "... Noé encontrou graça aos
olhos de Iahweh." (Gn 6,8), e, a misericórdia do Senhor, novamente,
falou mais alto que a sua justiça.
O Senhor poderia, simplesmente, ter
exterminado todos os homens, como lhe passou pelo coração, mas, ao encontrar um
homem justo e temente a Deus, ele escolhe esse homem, Noé, e sua família e os
poupa para que o homem tivesse mais uma oportunidade de viver com dignidade.
O povo israelita fica escravo dos
egípcios por quatrocentos anos (Ex 1,8-14), mas o Senhor manda Moisés libertar
esse povo, e a misericórdia de Deus torna esse povo livre, dono do seu próprio
destino: "Iahweh disse: "Eu vi,
eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor por causa dos
seus opressores; pois eu conheço as suas angústias. Por isso desci a fim de
libertá-lo da mão dos egípcios... (E Iahweh diz à Moisés): "Vai, pois, e
eu te enviarei a Faraó, para fazer sair do Egito o meu povo, os filhos de
Israel." (Ex 3,7-8.10).
No deserto, quando os israelitas
deveriam estar extremamente agradecidos ao Senhor por havê-los libertado da
escravidão do Egito, aproveitam a oportunidade gerada pela ausência de Moisés,
que subira ao monte Sinai para receber das mãos do Senhor as tábuas da lei, o
povo ignora a misericórdia que o Senhor havia para ele dispensado, viram as
costas para o Senhor, e constróem, para que fosse adorado no lugar de Iahweh,
um bezerro de ouro: "Quando o povo
viu que Moisés tardava em descer da montanha, congregou-se em torno de Aarão e
lhe disse: "Vamos, faze-nos um deus que vá à nossa frente, porque a esse
Moisés, a esse homem que nos fez subir da terra do Egito, não sabemos o que lhe
aconteceu." Aarão respondeu-lhes: "Tirai os brincos de ouro das
orelhas de vossas mulheres, de vossos filhos e filhas, e trazei-mos."
Então todo o povo tirou das orelhas os brincos e os trouxeram a Aarão. Este
recebeu o ouro de suas mãos, o fez fundir em um molde e fabricou com ele uma
estátua de bezerro. Então exclamaram: "Este é o teu Deus, ó Israel, o que
te fez subir da terra do Egito." ...Iahweh disse a Moisés: "Tenho
visto a este povo: é um povo de serviz dura. Agora, pois, deixa-me, para que se
acenda contra eles a minha ira e eu os consuma..." (Ex 32,1-4.9-10).
Moisés sabia que seria justa essa
atitude do Senhor, mas implora pela sorte do povo, e "Iahweh, então, desistiu do castigo com o qual havia ameaçado o
povo." (Ex 32,14). O Senhor ouve a oração de súplica de Moisés (Ex
32,11-13), e desiste de aplicar, novamente, a sua justiça e, mais uma vez, usa
de sua misericórdia.
Não há como enumerar as atitudes de
misericórdia do Senhor Nosso Deus nas Sagradas Escrituras, pois que, as
próprias Sagradas Escrituras é um ato de amor e misericórdia por parte de
Iahweh nosso Deus.
Quantas vezes o Senhor tem aplicado a
sua misericórdia para cada um de nós, em particular? Que seria de nós se, antes
de ser misericordioso, o Senhor fosse apenas justo? Quantas vezes temos
abandonado as leis do Senhor, e, como o povo israelita, temos erigido para nós
bezerros de ouro, e substituímos ao Senhor pelo dinheiro, pelos bens materiais,
pelas riquezas que a traça e o caruncho corroem e que os ladrões arrombam e
roubam?
Quantas vezes colocamos o Senhor em
segundo plano em nossa vida, nos esquecendo que tudo o que temos e somos
recebemos das mãos do Senhor e só teremos o que temos até quando o Senhor
quiser? Não somos diferentes dos judeus que deixaram de adorar ao Deus
verdadeiro para adorar um bezerro de ouro; e o nosso bezerro de ouro é o
dinheiro, a casa, a chácara, a televisão, a fazenda, o carro...
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