quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

 

ORAÇÃO A MARIA PELAS MÃES

 

Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe! A senhora é virgem e é mãe, única na história da humanidade a ter essa dignidade. Única escolhida por Deus para uma missão específica: a de ser virgem e ao mesmo tempo mãe do Filho de Deus.

O Senhor Nosso Deus que escolheu a Senhora para essa missão divina, continua a convidar todas as mulheres também para essa missão tão importante quanto a sua: a de serem mães.

Para ser mãe, o Senhor não faz acepção de mulheres: são mães as mulheres ricas e são mãe as mulheres pobres; são mães as mulheres que moram nos palacetes e são mães as mulheres que moram em favelas; são mães as mulheres de todas as raças, credos e cores. Faz parte do divino ser mãe. Um poeta já disse: “Ser mãe é padecer no paraíso”.

Concordo em parte com esse poeta porque, ser mãe é sempre sofrer, mas nem sempre no paraíso, porque um coração de mãe está sempre apreensivo pela educação, segurança e bem estar de seus filhos, assim como esteve o coração da Senhora desde o momento da concepção de Jesus no seu ventre sacrossanto e depois pela vida toda, até a sua morte na cruz.

E hoje, Senhora, estamos aqui para lembrar todas as mães, para pedir por todas as mães, para que a Senhora não desampare as mães nas suas aflições e compartilhe com elas sempre de suas alegrias.

Pedimos, Senhora, pelas mães que estão esperando os seus bebês, numa expectativa alegre e emocionante de poder, por uma primeira vez, dar à luz a vida à alguém e depois dar a sua própria vida por esse alguém que nascerá de seu ventre.

Quando vejo uma mulher grávida em qualquer lugar, Senhora, lembro-me da Senhora e, nessa mulher grávida, vejo a figura de Maria, esperando o seu Menino Jesus, com o ventre já bastante crescido  e passando a mão por sobre o ventre como que acariciando aquele que viria para a salvação de todos os homens.

Em cada mulher grávida que eu vejo fico na esperança de que aquela criança que vai nascer também será a salvação de nossa sociedade, do nosso país, e porque não dizer, do nosso mundo? Pedimos, Senhora, pelas mães solteiras: por aquelas moças e mulheres, que, está certo, cometeram um deslize em suas vidas, e um erro por amor, mas que foram valentes e corajosas, e mesmo abandonadas pelo homem que tanto amou, abandonadas pela sociedade, abandonadas até pela sua família, foram valentes e corajosas para conservar  em seus ventres a vida de alguém que é fruto de um amor frustrado e que, em momento algum pediu para nascer.

Olhe Senhora, Virgem e Mãe, de uma maneira especial pelas mãe solteira, que, para mim, são as mães mais corajosas  porque, apesar dos pesares,  respeitou a vida e suportou nos seus ombros e na sua alma a dor do abandono e a tristeza da incompreensão da sociedade e da família. São solteiras, mas são mães em toda a extensão da palavra.

Pedimos Senhora, Virgem e Mãe, pelas mães que se casaram pensando numa vida de paz e felicidade em seu lar, mas que tão facilmente se desiludiram ao sofrerem a incompreensão do marido e ao sentir que foi jogada em seus ombros a responsabilidade de, sozinhas, terem de educar seus filhos; pedimos pelas mães abandonadas por seus maridos, mulheres valentes e corajosas, que, mesmo com a incompreensão do marido, elas assumem, sozinhas, o papel que deveria ser dos dois, marido e mulher, a educação plena dos filhos.

Pedimos Senhora e Mãe,  pelas mães que tem que vender seus corpos para terem condições de dar condições de vida aos seus filhos; pelas mães que se prostituem porque são solteiras ou porque foram abandonadas por seus maridos e companheiros e pela família, e qu não encontraram apoio na família e na sociedade para, dignamente, ter uma vida condizente  com a condição de mãe que são. Como a Senhora, Virgem e Mãe, elas também são mães e, como mães, merecem todo o nosso respeito, consideração e veneração.

Pedimos, Senhora, por todas as mães, que têm  o seu lar bem estruturado e formado, bem constituído e que vivem felizes  com seus maridos e filhos.

Conservai essa felicidade, Senhora, colocando no coração dessas mães o desejo de compreenderem a situação das mães solteiras e abandonadas e, sempre que possível, dar o seu apoio a essas mães menos afortunadas.

Pedimos, Senhora, pelas mães que tem os seus maridos doentes, sem condições de manter a casa enquanto que elas partem para a luta, e acabam sendo o homem e a mulher da casa; pedimos pelas mães que sofrem com os vícios do marido ou filhos.

Olhe por cada uma delas, Senhora.

Pedimos, Senhora, pelas mães das mães que são as avós, que já cumpriram com sua missão de mãe e agora vêem o fruto do seu trabalho se realizar no nascimento dos seus netos.

E agora, Senhora, pedimos de uma maneira especial pelas mães falecidas, por aquelas que deram a sua vida por seus filhos, por aquelas que já cumpriram sua missão de mãe nesta terra e agora, junto com a Senhora, no Reino de Deus, recebem o merecido prêmio pela doação total de suas vidas pelos seus filhos

Só o fato de serem mães dá à mulher um lugar privilegiado junto de Deus e da Senhora.

Hoje pedimos por todas as mães Senhora: mãe de todas as nações, de todas as cores, de todos os credos. Abençoe todas as mães, Senhora, e a todas dê a alegria íntima de que a salvação de todos os homens depende delas, assim como dependeu da Senhora que foi a mãe de Jesus Cristo, o nosso Salvador.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

 

SAGRADA FAMÍLIA

 

O projeto de Deus para a redenção de toda a humanidade tem como centro a encarnação do seu Filho como homem vivendo entre nós. Quis que seu amado Filho fosse o exemplo de tudo. Por isso ele foi acolhido no seio de uma verdadeira família. Uma humilde, boa e honrada família, ligada pela fé e os bons costumes. Ele escolheu, seus anjos agiram e a Sagrada Família foi constituída.

Deus Pai enviou Jesus com a natureza divina e a natureza humana: o Verbo encarnado, trazendo a sua redenção para todos os seres humanos. Ou seja: a salvação do ser humano somente se dá através de Jesus, quem crer e seguir terá a vida eterna no Reino de Deus.

Assim Jesus nasceu numa verdadeira família para receber tudo o que necessitava para crescer e viver, mesmo sendo muito pobre. Teve o amor dos pais unidos pela religião, trabalhadores honrados, solidários com a comunidade, conscientes e responsáveis por sua formação escolar, cívica, religiosa e profissional. Maria, José e Jesus são o símbolo da verdadeira família idealizada pelo Criador. A única diferença, que a tornou a "Sagrada Família", foi a sua abnegação, a aceitação e a adesão ao projeto de Deus, com a entrega plena às suas disposições.

Mesmo assim, não perderam sua condição humana, imprescindível para que todas as profecias se cumprissem. A família residiu em Nazaré até que Jesus estivesse pronto para desempenhar sua missão. Lá, Jesus aprendeu a andar, correr, brincar, comer, rezar, cresceu, estudou, foi aprendiz e auxiliar de seu pai adotivo, José, a quem amava muito e que por ele era muito amado também. Foi um filho obediente à mãe, Maria, e demonstrou isso já bem adulto, e na presença dos apóstolos, nas bodas de Caná, quando, a pedido de Maria, operou o milagre do vinho.

Quando o Messias começou a trilhar os caminhos, aldeias e cidades, pregando o Evangelho, era reconhecido como o filho de José, o carpinteiro da Galiléia. Até ser identificado como o Filho de Deus aguardado pelo povo eleito, Jesus trabalhou como todas as pessoas fazem. Conheceu as agruras dos operários, suas dificuldades e o suor necessário para ganhar o pão de cada dia.

Essa família é o modelo de todos os tempos. É exemplar para toda a sociedade, especialmente nos dias de hoje, tão atormentada por divórcios e separações de tantos casais, com filhos desajustados e todos infelizes. A família deve ser criada no amor, na compreensão, no diálogo, com consciência de que haverá momentos difíceis e crises formais.

Só a certeza e a firmeza nos propósitos da união e a fé na bênção de Deus recebida no casamento fará tudo ser superado. Pedir esse sacramento à Igreja é uma decisão de grande responsabilidade, ainda maior nos novos tempos, onde tudo é passageiro, fútil e superficial.

Esta celebração serve para que todas as famílias se lembrem da humilde Sagrada Família, que mudou o rumo da humanidade. Ela representa o gesto transcendente de Deus, que se acolheu numa família humana para ensinar o modo de ser feliz: amar o próximo como a nós mesmos. A Igreja comemora a festa da Sagrada Família em data móvel, no domingo após o Natal, ou, alternativamente, no dia 30 de novembro.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

 

MARIA, MÃE DA SAGRADA FAMÍLIA.

 

            Maria, a Virgem de Nazaré, quando foi consultada por Deus, através do Anjo Gabriel para ser a mãe do Salvador, foi convidada, também, por extensão, para ser a Mãe da Sagrada Família, a família cristã por excelência, a família que seria o modelo de todas as famílias cristãs de todos os tempos.

E por isso, de uma maneira especial, nos voltamos para a mãe da Sagrada Família, louvando-a e pedindo: “Maria de Jesus e de José, Mãe da Sagrada Família, sê também  a Mãe da Igreja doméstica, que são as nossas famílias cristãs. Graças ao teu auxílio materno, mãe, cada família possa tornar-se uma pequena igreja, na qual se manifesta e revive o mistério da Igreja de Jesus Cristo. Com o teu exemplo de escrava do Senhor a serviço da redenção dos homens,  ensina aos nossos familiares, ensina a todos os pais e mães a acolherem humilde e generosamente a vontade de Deus! Como hospedaste em teu seio virginal  o filho dado pelo Pai para a salvação do mundo, ajuda a todos os esposos a acolherem  com amor, respeito e gratidão cada nova vida. Que eles entendam o matrimônio como vocação à fecundidade e à vida e saibam dizer sim , colocando-se responsavelmente a serviço da vida. Lembra-te, mãe, das dificuldades por que passaste quando esperavas o teu filho; lembra-te também da doce espera e das alegrias inauditas de tua maternidade em Belém. Socorre as mães gestantes, dá-lhes consciência do tesouro que carregam  em si mesmas, que elas não prejudiquem em nada o fruto de seus ventres, mas estejam contigo, ò Mãe,, prontas alegremente para o grande dia do nascimento e do batismo de seus bebês. Aos pais, coloque em seus corações a alegria da paternidade responsável. Lembra-te, ò Mãe, de que teu lar em Nazaré foi escola de oração, de trabalho de aprendizagem da vida entregue por amor. Conheceste, mãe, com José, teu fiel esposo, momentos bem difíceis que muitas famílias vivem até hoje. Dá-nos compadecer com todos os que sofrem penúria em consequência das condições desumanas em que são forçados a viver, e com os que padecem o vazio espiritual e moral ocasionado pelo afastamento de Deus e pelos tempos em que vivemos  de massificação e de consumismo. Mãe de bondade, mantém  aberta a porta de nossos lares. Mãe da hospitalidade, faz de nós famílias abertas para as demais famílias da grande família humana. Mãe visitadora da casa de Zacarias e Isabel e hóspede dos noivos de Canaã e da família de Lázaro, dá-nos a capacidade de partilhar o que temos com quem precisa. Sê presença junto aos nossos parentes enfermos, como estiveste junto ao pé da cruz de Jesus. Dá-nos compreender que a aceitação da cruz faz parte da plenificação da vida. Torna-te, mãe, presente, na preparação de nossos jovens que se encaminham para o amor. Preside maternalmente o crescimento de nossas crianças na sua subida  para a vida plena; ajuda os cônjuges a permanecerem sempre no mútuo amor, pois o amor vem de Deus, aquele mesmo amor que viveste com José na pobre casa de Nazaré. Em teu Imaculado Coração colocamos as nossas famílias para a glória da Santíssima Trindade e a salvação do mundo.”  

(Irmão Aleixo Autran - Marista).

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

 

SANTOS INOCENTES - AS CRIANÇAS MORTAS A MANDO DO REI HERODES CITADAS EM MATEUS 2,16

 

Somente a monstruosidade de uma mente assassina, cruel e desumana, poderia conceber o plano executado pelo sanguinário rei Herodes: eliminar todos os meninos nascidos no mesmo período do nascimento de Jesus para evitar que vivesse o rei dos judeus. Pois foi isso que esse tirano arquitetou e fez. Impossível calcular o número de crianças arrancadas dos braços maternos e depois trucidadas.

Todos esses pequeninos se tornaram os "santos inocentes", cultuados e venerados pelo Povo de Deus. Eles tiveram seu sangue derramado em nome de Cristo, sem nem mesmo poderem "confessar" sua crença. Quem narrou para a história foi o apóstolo Mateus, em seu Evangelho.

Os reis magos procuraram Herodes, perguntando onde poderiam encontrar o recém-nascido rei dos judeus para saudá-lo.

O rei consultou, então, os sacerdotes e sábios do reino, obtendo a resposta de que ele teria nascido em Belém de Judá, Palestina. Herodes, fingindo apoiar os magos em sua missão, pediu-lhes que, depois de encontrarem o "tal rei dos judeus", voltassem e lhe dessem notícias confirmando o fato e o local onde poderia ser encontrado, pois "também queria adorá-lo".

Claro que os reis do Oriente não traíram Jesus. Depois de visitá-lo na manjedoura, um anjo os visitou em sonho avisando que o Menino-Deus corria perigo de vida e que deveriam voltar para suas terras por outro caminho. O encontro com o rei Herodes devia ser evitado.

Eles ouviram e obedeceram. Mas o tirano, ao perceber que havia sido enganado, decretou a morte de todos os meninos com menos de dois anos de idade nascidos na região. O decreto foi executado à risca pelos soldados do seu exército.

A festa aos Santos Inocentes acontece desde o século IV. O culto foi confirmado pelo papa Pio V, agora santo, para marcar o cumprimento de uma das mais antigas profecias, revelada pelo profeta Jeremias: a de que "Raquel choraria a morte de seus filhos" quando o Messias chegasse.

Esses pequeninos inocentes de tenra idade, de alma pura, escreveram a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e mereceram a glória eterna, segundo a promessa de Jesus.

A Igreja preferiu indicar a festa dos Santos Inocentes para o dia 28 de dezembro por ser uma data próxima à Natividade de Jesus, uma vez que tudo aconteceu após a visita dos reis magos.

A escolha foi proposital, pois quis que os Santinhos Inocentes alegrassem, com sua presença, a manjedoura do Menino Jesus.

Também comemorados no dia de hoje: Santo Antonio de Lérins, Santa Teófila, São Donião de Roma (presbítero), Santos, Santo Antonio de Lerins (eremita), Santos Castor, Vítor e Rogaciano (mártires da África), São Cesário da Armênia (mártir).

domingo, 27 de dezembro de 2020

 

SAGRADA FAMÍLIA – JOSÉ, MARIA E JESUS

Ano C – Cor: branco – Leituras: Eclo 3,3-7.14-17; Sl 127; Lc 2,41-52.

 

“OLHA QUE TEU PAI E EU ESTÁVAMOS, ANGUSTIADOS, À TUA PROCURA”.

(Lc 2,48)

 

Diácono Milton Restivo

 

·         “A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José, antes de coabitarem, achou-se grávida pelo Espírito Santo.” (Mt 1,18).

Maria era noiva de José.   Mas, quem era José?

Mateus, em seu Evangelho, 1,16, diz que José era filho de Jacó, enquanto que Lucas em seus escritos, 3,23, diz que o pai de José se chamava Eli, mas ambos os Evangelistas são unânimes em afirmar que José era descendente do rei Davi (Lc 3,23-31; Mt 1,20).   

Segundo o Evangelista Mateus, José tinha como profissão ser carpinteiro, quando se referiu a Jesus Cristo:  

·         “Não é ele o filho do carpinteiro?” (Mt 13,55).

Marcos também se referencia a Jesus dessa maneira:

·         “Não é este o carpinteiro, o filho de Maria...?”  (Mc 6,3).

Segundo a tradição, a noiva, na época, firmava compromisso com o noivo, dos doze aos quinze anos de idade, e o jovem varão, dos dezoito aos vinte anos de idade.

O casamento acontecia quando os jovens se comprometiam e ficavam noivos, isto é, casavam-se, mas não coabitavam, não iam morar juntos, como acontece nos nossos dias; o rapaz ia montar a sua casa e depois de ter tudo pronto, casa, móveis e tudo o mais que fosse necessário para uma vida a dois, é que o noivo ia na casa dos pais da noiva buscá-la para coabitarem. Justifica-se, então, a afirmativa do Evangelista Mateus:

·         “... Maria, sua mãe, comprometida em casamento com José, antes de coabitarem, achou-se grávida do Espírito Santo.” (Mt 1,18).

Está claro, principalmente pelas dúvidas que habitaram a cabeça de José quando notou Maria grávida, que eles não tiveram contatos íntimos.

Para entendermos melhor os problemas pelos quais passaram José e Maria por ocasião da visita do Anjo, faz-se necessário que estudemos e meditemos muito sobre a Anunciação do Anjo em si e sobre a entrega total de Maria nas mãos de seu Deus e Senhor. Maria aceitou ser a mãe do Filho de Deus:

·         “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1,37).

Mas, vamos ver se entendemos bem a situação de Maria nessa oportunidade.

Maria era uma adolescente, jovem, virgem, solteira, entre doze e quinze anos de idade, comprometida em casamento com um jovem entre dezoito e vinte anos de idade chamado José, “homem justo” conforme atesta Mateus, (Mt 1,19), descendente do rei Davi (Lc 3,23-31; Mt 1,2).

Maria tinha uma vida normal de uma moça normal de sua idade na sua época. Com certeza, diferente apenas na oração e na entrega total nas mãos de Deus e, como todo o povo, pedia a Yahweh pela vinda do Messias prometido.

O povo esperava o Messias. Todo o povo judeu sabia, pelas Sagradas Escrituras, que o Messias nasceria de uma virgem, conforme já profetizara o profeta Isaias:

·         “... uma virgem conceberá e dará à luz  um filho e o seu nome será Emanuel.” (Is 7,14).

Bem por isso todas as moças da época sonhavam em ser a escolhida por Deus para ser a mãe do Messias tão cantado e esperado pelo povo judeu, mas não sabiam quando e como isso ia acontecer. Nem Maria sabia porque quando o Anjo do Senhor lhe anunciou essa boa nova, Maria não duvidou, mas não entendeu como isso poderia acontecer, pois que disse:

·         “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?”  (Lc 1,34).

Maria já estava comprometida em casamento com José, mas ainda não haviam coabitado, e pela afirmativa de Maria, ela e José não usaram legitimamente de todos os direitos do matrimônio. E o Anjo lhe respondeu:

·         “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus.” (Lc 1,35).

E para que nenhuma dúvida pairasse no ar, o Anjo continua:

·         Para Deus, com efeito, nada é impossível.” (Lc 1,37).

 Maria, simplesmente, mesmo sem entender como isso poderia acontecer, confia plenamente na palavra do Senhor, entrega-se totalmente em suas mãos e responde ao Anjo:

·         Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1,38).

A partir daquele momento Maria achou-se grávida pelo Espírito Santo” (Mt 1,18) e começa a trazer dentro de si, no seu ventre, o Filho de Deus, nascido de mulher, sem a participação de homem algum:

·         O Verbo se fez carne e habitou entre nós.” (Jo 1,14).

De repente, sem uma explicação razoável aos olhos do povo e ao coração do jovem noivo José, aquela jovenzinha meiga, pura e casta, aparece grávida.

Poderíamos imaginar a repercussão desse fato numa cidade tão pequena: as comadres, as fofocas... Uma moça jovem, solteira, de boa reputação, de família exemplar, bem quista, noiva de um excelente e querido jovem de todos na cidade, de repente... aparece grávida...

Ainda tem mais uma agravante. Logo depois da visita do Anjo, ao tomar conhecimento que sua parenta Isabel, mulher de idade avançada, estava no sexto mês de sua gravidez:

·         “... Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá.” (Lc 1,39).

Ao saber das dificuldades que sua parenta Isabel, mulher já de idade avançada teria, principalmente no final de sua gravidez, Maria não pensou em si e muito menos no seu estado também de gravidez, e “se pôs a caminho para a região montanhosa” onde morava Isabel, e segundo as Escrituras, Maria ficou na casa de Isabel até o nascimento do filho de Isabel, isto é, pelo espaço de três meses, considerando que o Anjo lhe dissera que:

·         “Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês...”  (Lc 1,36).

Após o nascimento do filho de Isabel, João Batista, Maria retornou para a sua pequena cidade.  Maria havia saído de sua cidade sem nenhum enfoque de gravidez.

Ao retornar para a sua cidade, quatro meses depois, considerando os três meses que ficara com Isabel e, possivelmente um mês que gastou na viagem, porque era longa, a gravidez de Maria já se fazia notar. A transformação da gravidez, com certeza, era patente no seu corpo. José não sabia de nada e, com certeza, se surpreendeu com aquilo.

O povo da localidade sabia menos ainda.

Maria deixou sua cidade e ficou ausente por aproximadamente quatro meses e, quando dali saiu, estava no seu estado aparentemente normal, e quando volta, acusa sinais de gravidez.

O que deve ter passado na cabeça de cada um de seus conhecidos e do povo em geral daquela curritela?  De quem seria o filho? De José?  Mas era público e notório que José não havia acompanhado Maria enquanto ela esteve por aquele tempo na casa de Isabel.

Imaginem os mexericos das comadres, das fofoqueiras nos portões, nas esquinas, por sobre os muros e cercas; como devem ter falado de Maria... Maria permanecia do mais profundo dos silêncios. Se Deus a colocara naquela situação, Deus cuidaria dela.           

E José? O que teria passado pela cabeça de José? Maria, a sua Maria, a jovenzinha de seus sonhos a quem ele depositara toda a sua confiança, todo o seu amor, todo o seu futuro, de repente, sem uma explicação razoável e sem que ela se explique, aparece grávida.

Ele não tivera participação nisso. Não fora ele. Ele era inocente.

Se tivesse sido ele, com certeza, pelo seu caráter e retidão e temor a Deus, assumiria o seu gesto e, sem sobra de dúvida, levaria Maria de imediato para a sua casa, pois eles já estavam comprometidos em matrimônio. Mas não fora ele!

Maria permanecia no mais profundo dos silêncios...

José era um jovem justo e temente a Deus, e, bem por isso, gostava das coisas certas.   

Maria não disse nada a José.  José não perguntou nada a Maria.   

E a lei do povo judeu era severa, extremamente severa e determinava:

·         “Se uma jovem virgem, prometida a um homem, e um homem a encontra na cidade e se deita com ela, trareis ambos à porta da cidade e os apedrejareis até que morram; a jovem por não ter gritado por socorro na cidade, e o homem por ter abusado da mulher do próximo...” (Dt 22,23-24).

Se José denunciasse Maria por, supostamente, havê-lo traído, fatalmente a lei seria cumprida... José amava por demais Maria para chegar a esse extremo.  Mas também não podia aceitar aquela situação.

E Maria não se explicava, não dizia nada. Maria permanecia no seu silêncio.  

Maria, simplesmente, poderia sair gritando aos quatro ventos, dizendo que aquilo que estava acontecendo com ela era obra do Espírito Santo.

Poderia dizer, sem mentir, que:

·         “... o Espírito Santo veio sobre ela e o poder do Altíssimo a cobriu com sua sombra.” (Lc 1,35),

Pela narrativas acima, Maria engravidara, e o filho que trazia dentro de si era o Messias esperado, era o Filho de Deus que se fazia homem para que todos os homens se tornassem filhos de Deus. 

Mas, se afirmasse isso, pelo menos três coisas poderiam acontecer: primeira: - o povo poderia dizer que ela estava louca por afirmar coisas tão absurdas para tentar justificar a sua gravidez; segunda:- o povo não acreditaria e ela própria passaria por ré confessa, e a lei de Moisés deveria ser cumprida, e Maria deveria ser apedrejada na porta da cidade para que o pecado fosse tirado do meio do povo, e, terceira:- o povo que já estava ansioso pela vinda do Messias poderia até acreditar em Maria, aceitar que, realmente, ela estaria dizendo a verdade e tratá-la como uma rainha. Maria não fez nada disso.  

Maria manteve-se no seu silêncio.  Foi o silêncio da virgem. 

Quantas vezes, no seu silêncio, Maria teria rezado:

·         “Só em Deus, ó minha alma repouse, porque dele vem a minha esperança. Só ele é minha rocha e salvação, a minha fortaleza: jamais serei abalada.” (Sl 62,6-7).

Maria não tentou explicar nada a ninguém. Nem mesmo ao seu noivo José.

O que estava acontecendo nela e com ela era obra do Senhor, e, se o Senhor a colocara naquela situação, o Senhor resolveria todos os problemas que estavam surgindo e surgiram após.

Maria sofria com as fofocas do povo. Maria sofria com a incompreensão de José, com o sofrimento de José, mas se mantinha no mais profundo silêncio, sempre confiando no Senhor.

O que estava acontecendo com Maria era a vontade do Senhor, e Maria repetia a cada instante:

·         “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1,38).

Maria era a escrava do Senhor, não competia a ela se defender. O Senhor seria “a sua rocha, a sua salvação, a sua fortaleza” (Sl 62,3) o seu rochedo, o seu advogado e agiria na hora em que ele achasse que fosse mais certa.  

E José estava amargurado. Não entendia o que estava acontecendo e nem poderia entender. Mas, porque Maria não rompia seu silêncio e explicava tudo para ele? 

Então, no auge das incertezas e sofrimentos, José tomou uma decisão:

·         “José, seu esposo, sendo justo, e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo.” (Mt 1,19).

José tomou a decisão que julgou a mais acertada: abandonar Maria, ir embora, sumir da cidade, ir para um lugar distante mesmo levando em suas costas que o povo o julgasse dizendo-o culpado por ter “aprontado” com Maria e fugido para não assumir a sua responsabilidade, abandonando a sua noiva grávida. Foi o que lhe pareceu mais justo e certo.

Assim ele não denunciaria Maria e não a entregaria ao terrível cumprimento da lei. Assim ele não difamaria sua noiva. Faria isso para não dizer a todos que Maria o havia traído, traído sua confiança, o seu amor e por isso mesmo ele não poderia mais assumir a responsabilidade de coabitar com ela, assumí-la em sua casa.

Mesmo sabendo da intenção de José, Maria, ainda assim, se manteve calada, no silêncio que só o Senhor ouve, só o Senhor entende. Maria não deixou de confiar no seu Senhor um minuto sequer, porque:

·         “só em Deus a sua alma repousava, e dele viria a sua salvação.” (Sl 62,2).

E o Senhor nosso Deus não abandonou Maria.

E o Senhor nosso Deus também não abandonou José que, na sua dor, deve ter rezado:

·         “Yahweh, ouve a minha prece, que o meu grito chegue a ti! Na escondas tua face de mim, no dia da minha angústia. Inclina teu ouvido para mim, e no dia em que eu te invoco, responde-me depressa”. (Sl 102,2-3).   

E o Senhor respondeu e, certa noite:

·         “Enquanto (José) decidia, eis que um Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho, dizendo: ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o povo de seus pecados’. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo Profeta: ‘Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, que significa, ‘Deus conosco’.” (Mt 1,20-23).

A partir dai José se tranquilizou; não foi discutir com Maria dizendo que ela deveria ter acreditado e ter tido confiança nele e ter-lhe dito tudo sobre o que estava acontecendo.

Não fez nada disso, respeitando o silêncio da virgem e:

·         “... agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher.” (Mt 1,24).

A partir daí José tomou sob sua guarda a mãe e o Filho que, pela revelação do Anjo em seu sonho passou, a saber, que aquela criança que nasceria de Maria não era outra senão o Messias, o Salvador dos homens.

Maria, por sua vez, também não foi tirar satisfações com José por não ter acreditado nela apesar de tudo, e por José ter-se trancado dentro de si próprio.

Maria não tirou satisfações com José por ele ter pensado em abandoná-la desconhecendo que tudo aquilo que estava acontecendo com ela era obra do Espírito Santo; não brigou com José por ele ter duvidado de sua integridade moral.

Maria deixou tudo nas mãos de Deus, nas mãos do seu Senhor. Se fora o Senhor que a colocara naquela situação, com certeza, o Senhor esclareceria tudo, como esclareceu, não ao povo, mas, somente a José, e era isso que realmente interessava. Maria permanecia sempre no seu silêncio, procurando cumprir aquilo mesmo que ela dissera ao Anjo:

·         “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc 1, 38).

E isso não era o fim; era apenas o começo, o começo de muitas dores, muitas lágrimas, muito sofrimento, muitas incompreensões, muitas perseguições, muito falatório. A partir da aceitação de Maria sua vida se transformou num constante caminhar rumo ao Calvário.

O Calvário de Maria começou quando ela disse o seu “SIM” ao Anjo do Senhor...

E, interessante, os Santos Evangelhos não citam nenhuma fala de José, nenhuma palavra que José tenha pronunciado é citada no Livro Sagrado. Isso não se fez necessário para atestar a integridade de José. Para se mostrar temente a Deus vale muito mais atitudes que palavras.

A figura de José aparece somente na infância de Jesus e desaparece durante a vida oculta.

Nesse período José falecera.

Quando Jesus começa a sua vida pública só Maria o acompanha. José já havia cumprido a sua parte nos planos de Salvação do Senhor Nosso Deus e partido para a casa do Pai...

A sua morte deve ter sido a mais santa possível. Imaginemos na cabeceira de seu leito, José moribundo, tendo, de um lado, Jesus e do outro, Maria.

Poderá existir morte mais santa que essa?   

Por que Deus Pai incluiu José no seu Plano de Salvação?

Porque ele queria para o seu Filho uma família constituída.

Já que o Senhor dispensou o concurso do homem para gerar o seu Filho, poderia ele mesmo, o Senhor, cuidar de Maria e de Jesus. Mas o Senhor quis, com isso, valorizar e divinizar a constituição familiar onde a união de pai, mãe e filhos, união abençoada por Deus, perfeita e cristã, é o caminho mais curto para se chegar à casa do Pai.

José não foi uma figura descartável nos planos de Deus e muito menos um anônimo; foi ele quem cuidou de Maria e Jesus até que Jesus amadurecesse como homem e tivesse condições de cuidar de si e de sua mãe e depois, iniciar a sua missão.

José foi o chefe da família de Nazaré, o pai da Sagrada Família.

José é o exemplo mais perfeito para ser seguido por todos os pais cristãos.

José é o exemplo mais perfeito para ser seguido por todos os chefes de família.

sábado, 26 de dezembro de 2020

 

DIÁCONO SANTO ESTEVÃO - PRIMEIRO MÁRTIR CRISTÃO - SÉCULO I

 

Na história do catolicismo, muitos foram os que pereceram, e ainda perecem, pagando com a própria vida a escolha de abraçar a fé cristã. Essa perseguição mortal, que durou séculos, teve início logo após a Ressurreição de Jesus.

O primeiro que derramou seu sangue por causa da fé cristã foi Estevão, considerado por isso o protomártir. Vividos os eventos da Paixão e Ressurreição, os Doze apóstolos passaram a pregar o evangelho de Cristo para os hebreus. A inimizade, que estava apenas abrandada, reavivou, dando início às perseguições mortais aos seguidores do Messias.

Mas com extrema dificuldade eles fundaram a primeira comunidade cristã, que conseguiu estabelecer-se como um exemplo vivo da mensagem de Jesus, o amor ao próximo. Assim, dentro da comunidade, tudo era de todos, tudo era repartido com todos, todos tinham os mesmos direitos e deveres. Conforme a comunidade se expandia, aumentavam também as necessidades, de alimentação e de assistência. Assim, os apóstolos escolheram sete para formarem como "ministros da caridade", chamados diáconos. Eram eles que administravam os bens comuns, recolhiam e distribuíam os alimentos para todos da comunidade. Um dos sete era Estevão, escolhido porque era "cheio de fé e do Espírito Santo".

Porém, segundo os registros, Estevão não se limitava ao trabalho social de que fora incumbido. Não perdia a chance de divulgar e pregar a palavra de Cristo, e o fazia com tanto fervor e zelo que chamou a atenção dos judeus. Pego de surpresa, foi preso e conduzido diante do sinédrio, onde falsos testemunhos, calúnias e mentiras foram a base de sustentação para a acusação.

As testemunhas informaram que Estevão dizia que Jesus de Nazaré prometera destruir o templo sagrado e que também queria modificar as leis de Deus transmitidas a Moisés. Num discurso iluminado, Estevão repassou toda a história hebraica, de Abraão até Salomão, e provou que não blasfemara contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem contra o templo.

Teria convencido e sairia livre. Mas não, seguiu avante com seu discurso e começou a pregar a palavra de Jesus. Os acusadores, irados, o levaram, aos gritos, para fora da cidade e o apedrejaram até a morte. Antes de tombar morto, Estevão repetiu as palavras de Jesus no Calvário, pedindo a Deus perdão para seus agressores. Fazia parte desse grupo de judeus um homem que mais tarde se soube ser o apóstolo Paulo, que, na época, ainda não estava convertido.

O testemunho de santo Estevão não gera dúvidas, porque sua documentação é histórica, encontra-se num livro canônico, Atos dos Apóstolos, fazendo parte das Sagradas Escrituras.

Por tudo isso, quando suas relíquias foram encontradas em 415, causaram forte comoção nos fiéis, dando início a um fervoroso culto de toda a cristandade. A festa de santo Estevão é celebrada sempre no dia seguinte ao da festa do Natal de Jesus, justamente para marcar a sua importância de primeiro mártir de Cristo e um dos sete escolhidos dos apóstolos

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

 

JESUS NASCEU, É NATAL – GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS...


 “E A PALAVRA DE FEZ HOMEM E HABITOU ENTRE NÓS. E NÓS CONTEMPLAMOS A SUA GLÓRIA: GLÓRIA DO FILHO ÚNICO DO PAI, CHEIO DE AMOR E FIDELIDADE. (Jo 1,14).

 

Durante nove meses Maria trouxe consigo, dentro de seu ventre, o Filho de Deus que se fazia homem. Durante nove meses Maria foi o sacrário vivo  da Majestade Infinita. O Filho de Deus se fez homem no seio da Virgem, e por isso, o Filho de Deus é também o Filho da Virgem Maria.  

O Filho de Deus se formou no seio de Maria como qualquer ser humano se forma no seio de sua mãe. O Filho de Deus se alimentou do sangue da Virgem Maria, formou sua carne no ventre de Maria e fez com que a Virgem tivesse as indisposições normais de uma gravides normal; pulou no ventre da Virgem como qualquer criança sadia pula no ventre de sua mãe, fez com que o corpo da Virgem sofresse as alterações normais do corpo de uma mulher quando está grávida: o ventre cresceu, as pernas, em determinados períodos se incharam, o andar da Virgem durante a gravides foi cuidadoso, a respiração ofegante, tendo sempre mal estar e precisando repousar com frequência, como qualquer mulher grávida, então nada foi diferente a gravides da Virgem com a gravides de qualquer mulher que espera seu filho. Durante nove meses a Virgem Maria viveu a expectativa do nascimento de seu Filho, que era também o Filho de Deus. Podemos imaginar os colóquios amorosos, as conversas carinhosas da Santíssima Virgem com o Tesouro que ela portava e trazia dentro de si.           

Podemos imaginar os momentos de oração e êxtase que a Virgem Maria passava no seu silêncio, conversando com aquele que é Deus e se formava homem dentro de seu ventre; aquele que se humilhava  e tomava a natureza humana para que todos os humanos se tornassem filhos de Deus.   Podemos imaginar os cuidados  da Virgem nas suas longas viagens, primeiramente indo de Nazaré até a casa de Isabel, em uma cidade na região montanhosa de Judá, quando já estava grávida, depois, saindo de Nazaré e indo até Belém, e, desta feita, já no fim de sua gravides. Podemos imaginar a entrega total da Virgem nas mãos de Deus quando, em Belém, ela e José procuravam um lugar para descansar e já o Menino prestes a nascer, e não encontram lugar nas casas de família, nos hotéis, nas hospedarias, e tiveram que recorrer a um curral de animais para passar a noite, e ali o Menino Jesus acabara nascendo.

Podemos imaginar quando a Virgem toma o Menino Jesus pela primeira vez nos braços, quando ela se sentiu recompensada por todos os sacrifícios, por todas as ingratidões dos homens, por todas as preocupações e por toda a indiferença que sofreu durante todo o tempo de espera do seu amado Filho. Depois de nove meses de incompreensões, depois de um final de gravides agitado, tendo de fazer uma viagem de mais ou menos oitenta quilômetros e por caminhos perigosos, a Virgem se sente recompensada porque agora tem em seus braços aquele que o mundo esperava desde o início dos tempos; aquele que Deus Pai prometera  através dos santos e dos profetas do Antigo Testamento; aquele que era esperado por todo povo para ser a salvação de Israel, a glória de Judá e o Mediador entre Deus e os homens.  

Agora a Virgem Maria tem em seus braços o Filho de Deus que se fez homem para que todos os homens se tornassem filhos de Deus; o filho que ela tem em seus braços é também o Filho de Deus. Podemos imaginar como agora ela o aperta em seus seios, e ela o beija, consciente que está beijando o seu filho que é também o Filho de Deus, e que é, portanto, Deus, um Deus que é seu Filho. Se não fosse por Maria não teríamos Jesus, não teríamos a Salvação.

Se Maria não tivesse dito o seu “sim” não teríamos no nosso meio, como um de nós, o Filho de Deus. Se Maria não se fizesse “a escrava do Senhor”, a Salvação não nos teria chegado. Como devemos amar Maria. Como devemos agradecer-lhe o presente que ela deu à humanidade na noite do Natal. Devemos entregar-nos nas mãos da Santíssima Virgem Maria assim como o Filho de Deus, que se fez homem, entregou-se confiantemente. Devemos nos alimentar da vida espiritual de Maria assim como o Filho de Deus alimentou-se com o seu leite materno.

O Filho de Deus confiou totalmente em Maria, e é esse o exemplo que ele nos dá: como ele, devemos confiar totalmente e sem restrições em Maria. O Filho de Deus veio até nós por meio de Maria, e todos nós devemos chegar ao Filho de Deus, ao próprio Deus, por meio de Maria. Vamos todos a Jesus, mas conduzidos pelas mãos virginais e maternais de Maria...

São comemorados no dia de hoje: Santa Anastácia de Roma (virgem e mártir), Santa Eugénia de Roma (virgem e mártir, filha de São Felipe, também mártir), São Pedro, o Venerável (abade de Cluny),

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

 

NATAL – VAMOS PREPARAR O BERÇO DO MENINO JESUS

 

Natal é nascimento. Nascimento de novas esperanças, de novos caminhos, de novas alegrias.

Natal é a época da realização dos grandes sonhos. Natal é o nascimento da verdade suprema: JESUS CRISTO!!! Natal é viver a esperança do encontro com JESUS CRISTO.

A melhor maneira de nos prepararmos para esse encontro é vivermos plena e intensamente o amor autêntico. O amor é o melhor berço que podemos preparar para receber o MENINO DEUS  que vai nascer da Virgem. Um berço feito da essência do nosso ser.

Esse berço deve ser feito, por cada um de nós, com amor, com muito amor, utilizando a madeira rígida do entusiasmo, os pregos galvanizados da união,  a cola firme da sinceridade,  protegendo-o com o verniz impermeável da humildade, usando as ferramentas eficazes da boa vontade e do desprendimento e com o carinho de quem ama de verdade e se dá por amor.

Depois de pronta a armação do berço, nela devemos colocar as molas da perseverança e sobre elas o colchão da caridade fraterna, cobrindo-o com o lençol da pureza e estendendo a colcha da castidade, colocando, sobre tudo, o cobertor da santidade, o travesseiro da aceitação e o adorno da fé e do amor total.

O berço deve ser aromatizado com o suave perfume das boas intenções, ações e das flores coloridas e perfumadas de nossa vida totalmente voltada para o amor a Deus e ao próximo; deve ser colocado no quarto de nossas orações, no cantinho de nossos sacrifícios, próximo da janela da entrega total nas mãos de Deus e ventilado pela brisa fresca e suave da nossa entrega à Providência Divina.

O quarto, onde será colocado o berço do MENINO DEUS, deve ter o calor aconchegante da renúncia, o conforto da esperança,  a tranqüilidade da missão cumprida e as cores suaves, mas firmes, da fé.           Esse quarto não é outro senão o nosso CORAÇÃO.

É ai que devemos receber o MENINO DEUS; é aí que o MENINO DEUS e a sua Mãe Virgem devem repousar da longa e estafante caminhada das injustiças e ingratidões, do caminho cheio de pedras e espinhos do desamor entre nós, os homens; do sol causticante do deserto do ódio e da violência que paira sobre os povos; da água poluída do desrespeito dos direitos humanos.

É esse o quarto, o nosso coração, que deve ser preparado para receber o MENINO DEUS e sua Virgem Mãe para que eles repousem  de sua longa jornada por entre ingratidões. falta de amor dos corações duros como pedras, impiedosos e impenitentes.

Na porta desse quarto, que é o nosso coração, a fechadura abre somente por dentro porque somente nós temos a chave e o poder de abri-la para receber e nele acomodar  confortavelmente o  MENINO DEUS. Ninguém mais pode abrir o nosso coração senão nós mesmos, e é por isso que a fechadura abre somente por dentro.

Maria e José, a qualquer momento, chegarão e baterão  nessa porta, pedindo pousada, pedindo abrigo, solicitando um cantinho onde possa nascer o MENINO DEUS, e nós, somente nós é quem podemos abrir o nosso coração, ninguém mais...

E o nosso coração deve estar preparado para receber esse casal cuja esposa traz em seu ventre o germe da vida, o REI DO UNIVERSO, O SALVADOR DO MUNDO, O PRÍNCIPE DA PAZ:   J.E.S.U.S    C.R.I.S.T.O... E, se abrirmos o nosso coração para recebermos José e Maria, com certeza, ali dentro nascerá  JESUS, que será colocado no berço que para ele preparamos.

E depois que JESUS nascer no nosso coração, será transferida para cada um de nós a missão, que foi dos Anjos,  de cantar e anunciar aos pobres e humildes de coração o nascimento do SALVADOR DOS HOMENS: “GLÓRIA A DEUS NO MAIS ALTO DOS CÉUS, E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE.” (Lc 2, 4). A partir de então cabe a cada um de nós a responsabilidade de levar o CRISTO a todos, porque, depois de nascido em nossos corações, JESUS já não caberá mais dentro de nós e sentiremos a necessidade de reparti-lo com todos os irmãos; ele jamais sairá dos nossos corações mas também morará nos corações dos irmãos atingidos e inebriados pelo nosso amor.

E José e Maria estão aí, batendo em nossa porta. Já fizemos e preparamos o berço para o MENINO DEUS??? Já limpamos o quarto dos nossos corações com orações, penitencia, arrependimento, boas ações, boas intenções e fraternidade?

Não vamos deixar José e Maria por muito tempo batendo à nossa porta, à porta do nosso coração, essa porta que só abre por dentro e somente nós  podemos abri-la; não vamos deixar esse casal sagrado ao relento por muito mais tempo.

O Natal é tempo de preparação; ou será que o MENINO DEUS vai ter de nascer novamente num curral, no meio dos animais?

E, depois de o MENINO DEUS haver nascido em nossos corações e ter sido depositado no berço que para ele preparamos, vamos nos inclinar em sua presença, louvá-lo e adorá-lo, dizendo:

“Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, o filho de Deus que se fez homem, para que todos os homens se tornassem filhos de Deus.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que, no seio da Virgem Maria, tomou a natureza humana, se fez homem, se rebaixou até os homens, se tornando em tudo igual aos homens, exceto no pecado, para que todos os homens fossem elevados até Deus.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que veio para cumprir, e cumpriu todas as promessas e todas as profecias que Deus pai havia feito por meio dos profetas do antigo testamento.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, a palavra de Deus que se fez carne, e veio habitar entre nós. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, a luz que surgiu das trevas, a luz do mundo, a luz que iluminou e ilumina todos os homens, a luz que mostra o caminho da fonte da vida, a verdade  que liberta, e a vida que vem de Deus.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, o menino que foi rejeitado por todos os homens e que não encontrou um lugar decente e digno para nascer, e nasceu num curral, entre animais, e por não ter melhores acomodações, foi colocado num cocho, por causa do egoísmo de todos os homens.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que teve como primeiras visitas os pobres, os humildes, os pastores, aqueles que, como ele, naquela oportunidade, não tinham voz e nem vez; aqueles que, como a maioria do nosso povo, são oprimidos pelos grandes e poderosos. Foram esses que Jesus quiz como suas primeiras visitas.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que escolheu como mãe uma virgem, a mais bela, a mais santa, a mais humilde, a mais pura, a que mais amou a Deus e a quem Deus mais amou; a que foi o primeiro templo vivo da Santíssima Trindade, porque o Espírito Santo veio até ela, o Pai a cobriu com sua sombra, e o filho habitou seu ventre por nove meses...

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo que escolheu como seu protetor neste vale de lágrimas, como seu pai adotivo e como guarda da virgem, um homem justo e santo: José.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que, se a terra não deu importância ao seu nascimento, o céu ficou em festas, e os anjos não se contentaram em somente fazer festa nos céus, mas desceram também na terra cantando louvores a deus anunciando a todos os pobres e humildes, a todos os homens de boa vontade que o salvador havia nascido:  “glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade!!!”

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

 

O NASCIMENTO DE JESUS

 

Nove meses depois da visita do Anjo Gabriel a Maria, na cidade de Nazaré, na Galiléia, conforme nos narram as Sagradas Escrituras, Jesus nasceu numa gruta de Belém. Hoje, para lembrar esse acontecimento, o povo faz festas bonitas e presépios lindos. E isso é bom porque o povo está se lembrando do nascimento de Jesus Cristo.

Mas, convém que nos lembremos que o presépio real onde Jesus Cristo foi depositado depois de haver nascido não era nem um pouquinho bonito. Pelo contrário, era até chocante, sem conforto e sem condições  de recepcionar qualquer ser humano que estivesse nascendo, muito menos o Filho de Deus que se fazia homem, para que todos os homens se tornassem filhos de Deus.         Mas, porque Jesus Cristo estava nascendo ali, naquelas condições. A ordem do imperador, vinda de Roma, era clara; todos tinham de inscrever-se  na cidade, no cartório da cidade onde nasceram (cf Lc 2, 1-3). Era o jeito de contar quantas pessoas existiam na Judeia, naquele tempo.

Por isso José com Maria saíram da cidade de Nazaré e viajaram para Belém , sua terra Natal, e Maria estava grávida de mais de oito meses. A viagem era longa, e da cidade de Nazaré até a cidade de Belém a distância era de mais de cento e trinta quilômetros, e as estradas eram difíceis e perigosas. Quando José e Maria chegaram em Belém, a cidade estava cheia de gente de fora e, por isso, não encontraram lugar  para se acomodarem nos hotéis e hospedarias da cidade ( cf Lc 2, 7).  Ou tudo já estava realmente lotado, ou os donos dos hotéis e hospedarias não queriam oferecer hospedagem para aquele casal que aparentava ser muito pobre. Maria não estava bem. José precisava encontrar  um lugar para que ela pudesse descansar dos incômodos da longa viagem e, principalmente pelo seu estado de gravides que já estava chegando ao seu final.

Na rua eles não poderiam ficar. Foram, então, para um dos abrigos de animais, um pouco afastado da cidade, e foi ali que Maria deu à luz; e foi ali que Jesus nasceu. Quando hoje uma moça, uma mulher tem o seu primeiro filho, sua mãe está ali, do seu lado, para ajudá-la, para apoiá-la.               Em Belém, com Maria, quando nasceu o seu primeiro filho, primeiro e único, não estava ninguém. A família de Maria estava longe, lá na cidade de Nazaré, a mais de cento e trinta quilômetros de distância.

            O menino nasceu  e foi enrolado em alguns panos e deitado num cocho, onde os animais comiam, e em cima de uns feixes de capim. Os pastores das arredondezas foram os primeiros a lhe fazerem uma visita. (Cf Lc 2, 7-8). Não apareceu, para visitar o recém-nascido nenhuma pessoa de importância do local.      Só gente pobre, pobre mesmo. Tudo ali era pobre: o casal de pais, o local onde eles estavam hospedados, os primeiros visitantes, tudo pobre. 

Os ricos, poderosos, os governantes, os doutores da lei nem tomaram conhecimento  do nascimento de Jesus e das maravilhas que o Senhor havia operado pelo acontecimento.

Será que caberia na cabeça deles que Jesus, o Filho de Deus, o Messias prometido, o Rei dos Reis, teria nascido em uma grita de Belém e estava deitado num cocho de animais? Talvez eles julgassem que isso fosse uma piada, e uma piada de muito mal gosto. Onde se viu, acreditar que Deus tivesse realizado a sua promessa com aquela moça pobre de Nazaré sem ter falado com eles, sem ter pedido a opinião deles, eles que eram os doutores da lei e que entendiam tudo, e que, aquele menino, deitado no cocho de animais em um curral  fosse o Messias esperado a tanto tempo e que viria para salvar o povo judeu da opressão dos estrangeiros, conforme pensavam eles?       

Os entendidos, os poderosos, os ricos, os doutores da lei jamais poderiam aceitar isso.  Mas que absurdo. Só mesmo os ignorantes, os pobres, os humildes, os simples de coração, os pequenos, conseguem levar a sério uma notícia tão absurda e acreditar nela. E tudo o que estava acontecendo já havia sido profetizado, constava das Sagradas Escrituras.

Os doutores da lei sabiam disso, mas, onde já se viu: Deus nascer no meio dos pobres, escolher os pobres para visitá-lo no dia do seu nascimento, chamar os ignorantes para anunciar que a salvação havia chegado, sendo que ele poderia ter nascido, ou no palácio de Herodes, ou no palácio do governador de Jerusalém, ou em qualquer outro palácio que quisesse nascer, com todas as honrarias, com todos os confortos; porque escolheu nascer assim?  Isso jamais coube na cabeça dos grandes, dos ricos e dos poderosos. Hoje eles aceitam porque já é um fato consumado, mas continuam não entendendo o porque Deus preferiu os pobres para conviver e chamá-los para o seu reino; porque preferiu os pobres se o poder terreno está nas mãos dos ricos e poderosos?

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

 

“NÃO PODE ESPERAR A MISERICÓRDIA DE DEUS QUEM OFENDE A SUA MÃE”

 

Ignoramos o que Maria fez e faz por nós, por isso não a amamos como deveríamos e como ela merece ser amada. São Maximiliano Maria Kolbe, grande devoto de Maria, sempre dizia a seus frades: “Ame Maria o quanto você quiser e mais do que você puder”.

            Maria é do povo. Mas, infelizmente, muitos não entendem a humildade, a simplicidade, a pureza de Maria, e a afasta do povo simples e humilde. 

Colocam mantos de veludos em seus ombros e coroas riquíssimas em sua  cabeça, dando-lhe uma riqueza que ela nunca teve e nunca pretendeu ter, porque ela sempre foi a humilde serva do Senhor; essa riqueza material nada significa para Maria: a riqueza de Maria está no coração, na humildade, na pobreza, na simplicidade, no silêncio, se igualando em tudo ao povo pobre, simples e oprimido.

Para conhecermos bem Maria, para encontrarmos em sua humildade todo o esplendor da graça que Deus Pai sempre a cumulou, além dos Santos Evangelhos, precisamos  ler muito sobre o que os santos que a amaram de verdade Maria disseram e dizem a respeito dela, e como eles descobriram e descobrem nela virtudes incalculáveis, tesouros com valores infinitos e proteção materna que só Maria, sendo a Mãe de Deus e nossa Mãe pode ter e nos dar. São Maximiliano Maria Kolbe nos orienta sobre a devoção a Maria, dizendo: “Quando você procurar ler alguma coisa sobre Maria, não se esqueça que você está entrando em contato com uma pessoa viva, que lhe ama e que é perfeita e sem mancha alguma.”

            A nossa inteligência é por demais pequena, os nossos conhecimentos sobre Maria são escassos... São Luiz Maria Grignon de Montfort escreve que “causa espanto e compaixão ver a ignorância e as trevas de todas as criaturas deste mundo em relação à Maria. Quantos cristãos católicos que fazem promessa de ensinar aos outros a verdade, e que, no entanto, não conhecem nem a Jesus, nem a Maria”. Muitos cristãos católicos até dizem que é um absurdo amar como amamos Maria, porque acreditam que amando Maria como amamos, negamos o nosso amor a Jesus, o que é um absurdo porque, se amamos Maria como amamos, muito mais amamos a Jesus e melhor lhe conhecemos, porque, Maria como Mãe do Senhor tem por missão abrir a nossa cabeça e iluminar a nossa inteligência no amor que temos a Jesus, como homem, e na adoração que lhe devemos como Deus que é, e, bem por isso ela disse e continua nos repetindo: “Faça tudo o que ele vos mandar fazer.” Será que, os cristãos que dizem que amamos demais Maria tem o mesmo espírito de Jesus, que, como filho de Maria a amou primeiro que nós e muito mais que nós? Será que essas pessoas estão agradando a Jesus não empregando todos os esforços para agradar a sua mãe, com medo de desagradar a Jesus?            Será que a devoção à Maria poderia impedir a adoração que devemos a Jesus como Deus?”. Que absurdo quem pensa assim.

            E São Luiz Maria Grignon de Montfort é categórico quando diz: “NÃO PODE ESPERAR A MISERICÓRDIA DE DEUS QUEM OFENDE A SUA MÃE, e acrescenta: “o que o demônio perdeu por orgulho, Maria Ganhou por humildade. O que Eva condenou e perdeu por desobediência, Maria salvou pela obediência. Eva, obedecendo à serpente infernal, se perdeu e perdeu consigo todos os seus filhos e os entregou ao poder infernal. Maria, por sua perfeita fidelidade a Deus, salvou consigo todos os seus filhos e servos e os consagrou a Deus. Os verdadeiros filhos de Maria serão verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, andando nas pegadas de sua pobreza e humildade, partilhando do desprezo do mundo e vivendo a mesma caridade, ensinando o caminho estreito de Deus na pura verdade, conforme o Santo Evangelho.”

            Todos os que amam Jesus, devem, também, amar Maria

            Não se chega a Jesus se não foi por meio de Maria: não foi Maria que apresentou Jesus aos pastores quando do seu nascimento? (Lucas, 2, 1-20).

Não foi Maria que  apresentou Jesus no Templo de Jerusalém ao velho Simeão, à profetiza Ana e aos sacerdotes no oitavo dia de seu nascimento, para que se cumprisse a lei de Moisés? (Lucas, 2, 21-38).   Não foi Maria que  apresentou Jesus aos magos, quando eles vieram de terras longínquas, trazendo-lhe presentes, ouro, incenso e mirra? (Mateus, 2, 1-12).       

E é o próprio Senhor Jesus que nos dá esse incentivo de nos proteger sob o manto de Maria, porque, ele mesmo veio até nós por meio de Maria, ele se alimentou do leite materno de Maria, ele dormiu aconchegado no colo quente e virginal de Maria e nós, também chegaremos a ele por meio de Maria, atendendo ao seu conselho quando disse: “Fazei tudo o que ele vos disser.” (João 2, 5).          

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

 

MARIA NOS QUER CRIANÇAS NESTE NATAL...

 

Desde crianças aprendemos amar Maria, a Nossa Senhora. Desde pequenos aprendemos que Maria é a mãe de Deus e a nossa querida Mãe do céu. E, como crianças, aceitamos com honestidade e boa vontade amar Maria, a Nossa Senhora, aceitamos passivamente Maria como nossa boa Mãe do Céu.

E, com certeza, a primeira oração que aprendemos, ainda no colo de nossa mãe, foi a oração da Ave Maria. Podemos não conhecer nenhuma outra oração, mas, a oração da Ave Maria isso nós a sabemos de cor e salteado porque a aprendemos bem pequeninos e muitas vezes no colo de nossa mãe que segurava as nossas mãos juntas em atitude de oração simbolizando o respeito e amor que deveríamos ter por essa boa Mãe do Céu.

Todos nós, cristãos católicos aprendemos amar Maria ainda bem pequeninos, ainda crianças.   

E hoje, quem continua amar Maria, a Nossa Senhora, ainda continua criança, porque só criança sabe amar de verdade, amar de verdade sem interesses que não seja somente amar, amar por amor mesmo.      Hoje, quando amamos Maria ainda somos como crianças que gostam de se jogar no colo da mãe com grande confiança e com toda certeza de que essa mãe tem plenos poderes dados pelo Senhor Nosso Deus para nos tirar de qualquer dificuldade, de qualquer angústia, de qualquer problema que nós mesmos temos provocado; somos como crianças pequenas que, quando se sentem em apuros corre ao lado da mãe buscando refúgio no seu colo.

Assim nos comportamos com Maria, não interessando a nossa idade, nos comportamos como crianças e arrependidos ou esperançosos suplicamos a essa poderosa mãe que não nos deixe sozinhos nos momentos difíceis de nossas vidas por quais passamos nesse vale de lágrimas.                 Para amarmos de verdade Maria temos de nos tornar crianças porque qual é a mãe que não atende com amor aos apelos que seu filho ainda bem pequenino lhe faz? Qual é a mãe que, amorosa, não enxuga as lágrimas de seu pequenino filho quando este busca abrigo nos seus braços para fugir de qualquer problema, de qualquer perigo? Se as nossas mães da terra fazem isso com tanto cuidado, com tanto amor e carinho, quanto mais fará por nós a nossa querida Mãe do céu, que é a mãe das nossas mães também?

Maria é a nossa boa mãe do céu, e como me entristece saber que tantos irmãos nossos não aceitam Maria como mãe; os que não aceitam Maria como mãe, são órfãos na fé; tem Pai, mas não tem a mãe, não aceitam a mãe que o Senhor Jesus deu para todos os homens. Só quem não tem a mãe da terra, só quem já perdeu a sua mãe da terra é que pode avaliar o que seja uma vida sem mãe, um lar sem a presença santa e consoladora de uma mãe.         

Como é gostoso e reconfortante termos a nossa mãe da terra, e como é maravilhoso termos a nossa mãe do céu que é Maria, que é a Nossa Senhora.

 Eu tenho pena e dó daqueles que não aceitam Maria como Mãe. Se o próprio Senhor Jesus Cristo a escolheu como mãe porque cumulou nela todas as virtudes e graças como sendo a única mulher deste mundo que poderia cuidar de um Deus recém-nascido; e foi a Maria que o Senhor Nosso Deus entregou o maior tesouro que possa existir em todo o universo: o seu próprio Filho.

Jesus Cristo obedeceu Maria em sua infância, adolescência, mocidade e a amou por toda a sua vida e a respeitou como um filho deve respeitar sua mãe até o dia em que, no alto de uma cruz, ao ver que sua missão havia terminado aqui na terra, num gesto extremo de amor, nos dá Maria como Mãe já que ele, Jesus Cristo, partiria para a casa do Pai.               

Eu tenho pena daqueles que não aceitam Maria como Mãe, porque são órfãos de mãe, e somente quem é órfão aqui na terra pode dizer o que é ser órfão de mãe.

Jesus Cristo disse no seu Evangelho: “Se vocês não se tornarem crianças, vocês não entrarão no reino dos céus.”, e se não nos tornarmos crianças não poderemos nos agasalhar no colo materno de Maria. Vamos nos tornar crianças neste Natal para, como crianças, saltarmos no colo de Maria e chorarmos as nossas dificuldades ou contar-lhe das nossas alegrias.

Vamos amar Maria porque ela pode tudo diante de Deus.

Quem está com Maria não está longe de Deus. 

domingo, 20 de dezembro de 2020

 

“EIS AQUI A ESCRAVA DO SENHOR” (Lc 1,38)

IV DOMINGO DO ADVENTO

Ano – B; Cor – Roxo; Leituras: 2Sm 7,1-5.8-12.14.16; Sl 88 (89); Rm 16,25-27; Lc 1,26-38.

Diácono Milton Restivo

 Chegamos ao último domingo do Advento. Estamos às portas do Natal de nosso Senhor Jesus Cristo. Na liturgia acende-se a última vela da coroa do Advento, a vela do amor, e quem a acender deve dizer:

·         “Bendito sejais, Deus de amor, pela luz de Cristo, sol de nossa vida, a quem esperamos com toda a ternura do coração”.

Nas leituras da liturgia da Palavra busca-se uma morada para Yahweh, no Antigo Testamento, e para o Emanuel – Deus conosco, no Novo Testamento.

Um personagem de suma importância para Israel e Judá aparece na primeira leitura: o rei Davi.

Não podemos ignorar a figura importante, também, do profeta Natã que foi fundamental no apoio dado ao rei Davi, principalmente quando este cometia deslizes.

Davi sentia-se incomodado por morar num palácio de cedro, enquanto a Arca da Aliança estava “alojada numa tenda”, e propôs-se a construir um Templo para a Arca da Aliança, morada de Yahweh que acompanhou os israelitas durante todo o tempo de sua caminhada pelo deserto.

A construção de uma casa permanente para substituir o tabernáculo, ocupou sempre o pensamento de Davi. O profeta Natã, a mando de Yahweh, desestimula Davi, dizendo que, quem deveria construir o Templo para Yahweh não seria Davi, mas o seu filho:

·         “E quando esgotar seus dias e você repousar junto a seus antepassados, eu exaltarei a sua descendência depois de você, aquele que vai sair de você. E firmarei a realeza dele. Ele é quem vai construir uma casa para o meu nome. E eu estabelecerei o trono real dele para sempre. Serei para ele um pai e ele será um filho para mim”. (2Sm 7,12-14).

E assim aconteceu: Salomão, filho de Davi, seu sucessor no trono de Israel, construiu o Templo de Yahweh no monte Sião, em Jerusalém, conforme o mesmo Salomão afirma:

·         “Meu pai Davi queria construir ai um Templo para o Nome de Yahweh, o Deus de Israel. Yahweh, porém, disse a meu pai Davi: ‘Você está querendo construir um Templo para o meu Nome, e faz muito bem querendo isso. Contudo, não é você quem vai construir o Templo, mas o seu filho, saído de suas entranhas, ele é quem vai construir o Templo para o meu Nome.” (1Rs 8,18-19).

E Salomão construiu para Yahweh um Templo de tamanha riqueza que, em toda a história do povo israelita, nenhum Templo superou o de Salomão em grandiosidade e ostentação.

Acontece, porém, que no ano 587 aC os babilônios saquearam e reduziram a cinzas esse Templo, quando invadiram e destruíram a cidade de Jerusalém (2Rs 25,8-17).

Os templos de pedra, ainda que sejam riquíssimos, grandiosos e com grande ostentação, um dia deles não sobrarão senão pedras sobre pedras (cf Mt 24,2; Mc 13,1-2; Lc 21,6).

O famoso Templo de Salomão foi reduzido a cinzas e dele não ficou mais do que pedras sobre pedras, assim como as duas reconstruções posteriores que também foram saqueadas e destruídas restando deles apenas pedras sobre pedras.

Para a realização de seus projetos para a Nova Aliança, Yahweh não quer templos de pedras como ponto de referência de sua presença no meio do seu povo: ele quer que cada um seja seu templo e Maria foi o primeiro Templo da Santíssima Trindade: do Pai:

·         “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo.” (Lc 1,30-32a); do Espírito Santo: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra.” (Lc 1,35a); e do Filho: “Por isso, o Santo que nascer de você será chamado Filho de Deus.” (Lc 1,35b).

Paulo Apóstolo entendeu tão bem o que Deus queria de todos os que aceitassem a Salvação vinda por meio de Maria que, mais tarde, diria:

·         “Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vocês? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo e esse templo são vocês”. (1Cor 3,16-17); “Ou vocês não sabem que o seu corpo é templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por Deus?” (1Cor 6,19).

Para que a Salvação viesse até nós, Yahweh não buscou o Templo de Salomão e nenhum qualquer outro templo majestoso de pedra, mas uma virgenzinha onde nela já morava o Espírito Santo e ela já era o templo do Espírito Santo.

Maria foi o Templo, mais do que isso, o Sacrário vivo da segunda Pessoa da Santíssima Trindade, onde o Filho de Deus se fez homem, assumiu a natureza humana:

·         “a Palavra se fez homem e veio habitar entre nós” (Jo 1,14a).

A carne de Jesus rasgada na cruz foi formada no ventre de Maria. O sangue de Jesus derramado na cruz era também sangue de Maria, assim como todos os filhos recebem o que tem de sua mãe.

O sofrimento de Jesus na sua paixão e morte foi também o sofrimento de Maria porque, qual é a mãe que não sofre com o seu filho quando ele está sendo injustiçado e mais do que isso, julgado, condenado, executado por um crime que não cometera?

O Filho de Maria, voluntariamente, tornou-se

·         “o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29,b), “Aquele que nada tinha a ver com o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que por meio dele sejamos reabilitados por Deus” (2Cor 5,21), aquele que “veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20,27; Mc 10,45).

Resgate significa o valor pago para obter a libertação ou soltura de um cativo, e o Filho de Maria, Filho também do Pai, a quem o Pai havia dito:

·         “Tu és o meu Filho amado! Em ti encontro o meu agrado” (Lc 3,22) e a quem Pedro dissera: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16) deu como resgate a sua própria vida em favor de todos os homens. O Filho de Maria, que é o Filho do Pai, veio para sua casa, mas os seus não o receberam” (Jo 1,11).

Maria não foi somente o Templo da Santíssima Trindade, mas o pára-raios do Espírito Santo porque, onde quer que ela estivesse, o Espírito Santo se manifestava.

Foi assim na anunciação do anjo:

·         “O Espírito Santo virá sobre você” (Lc 1,35).

Foi assim na sua visita a Isabel:

·         “Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1,41b).

Foi assim no cenáculo com os apóstolos:

·         “Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, Mãe de Jesus... [...] Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles estavam. Apareceram então como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo...” (At 1,14; 2,1-4a).

É na humildade que o Senhor Nosso Deus se manifesta; é nas coisas humildes que o poder de Deus se realiza. O Senhor gosta das coisas pequenas e das pessoas humildes. É por isso que, muitos anos antes do nascimento de Jesus Cristo, Yahweh anunciou, através do profeta Miquéias, que o Salvador do mundo nasceria na mais insignificante cidade de Judá, a esquecida localidade de Belém:

·         “Mas você, Belém de Éfrata, tão pequena entre as principais cidades de Judá! É de você que sairá para mim aquele que há de ser o chefe de Israel. A origem dele é antiga, desde tempos remotos.” (Mq 5,1).

O Evangelista Mateus não se esqueceu desse prenúncio quando Herodes pergunta aos chefes dos sacerdotes e doutores da lei o que diziam os profetas sobre onde nasceria o Messias e:

·         “Eles responderam: ‘Em Belém, na Judéia, porque assim está escrito por meio do profeta: ‘E você, Belém, terra de Judá, não é de modo algum a menor entre as principais cidades de Judá, porque de você sairá um Chefe que vai apascentar Israel, meu povo’.” (Mt 2,5-6).

E, quando chegou a plenitude dos tempos, Yahweh busca, não um Templo de tamanha riqueza, ostentação e grandiosidade como o Templo de Salomão para, através dele, vir até nós a Salvação, mas Yahweh busca uma menina mulher para ser o Templo da Salvação, o Sacrário vivo da Palavra para agasalhar, no seu ventre, o Rei dos Reis, o Emanuel – Deus conosco -, o Messias, o Cordeiro de Deus, A Palavra:

·         “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher...” (Gl 4,4); “E a Palavra se fez homem e veio habitar entre nós. E nós contemplamos a sua glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.” (Jo 1,14).

O Filho a que se refere Paulo e a Palavra, a que se refere João, são os mesmos que o mesmo João cita no seu Evangelho:

·         “No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.” (Jo 1,1-4).

É para este Filho de Deus e esta Palavra do Pai que Yahweh busca uma jovenzinha virgem para que, através dela a Palavra se torne homem e venha habitar entre nós (cf Jo 1,14).

A jovenzinha tornar-se-ia o Templo vivo onde se agasalharia o Filho de Deus e a Arca do Novo Testamento onde a Palavra assumiria a natureza humana, considerando que, na Palavra, já existia a natureza divina:

·         “a Palavra que estava voltada para Deus, e a Palavra que era Deus. Tudo foi feito por meio da Palavra e, de tudo o que existe, nada foi feito sem a Palavra” (cf Jo 1,1).

E esta “Palavra se fez homem e veio habitar entre nós” personificada na pessoa de Jesus Cristo, filho de Maria,

·         “o Filho de Deus que se fez homem para que todos os homens se tornassem filhos de Deus.” “Na Palavra estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1,4).

O profeta Isaias, o mais messiânico dos profetas, setecentos anos antes desses acontecimentos, já profetizara:

·         “Levanta-te, recebe a luz, Jerusalém, porque chegou a tua luz e a glória do Senhor nasceu sobre ti. Porque eis que as trevas cobrirão a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti nascerá o Senhor, e a sua glória se verá em ti. As nações caminharão à tua luz, e os reis, ao resplendor da tua aurora.” (Is 60,1-3).

Não somente isso. Isaias ainda adianta o nome que teria o Salvador no nosso meio: “Emanuel”, que significa “Deus conosco”, e quem foi Jesus senão “Deus conosco?” Diz ainda quem seria a mãe do Prometido:

·         Pois por isso o mesmo Senhor dará a vocês este sinal: Uma virgem conceberá e dará à luz um filho e seu nome será Emanuel.” (Is 7,14; Mt 1,23).

Por gostar das pessoas pobres e humildes é que o Senhor escolheu entre todas as mulheres a mais humilde, mas também a mais bela, a mais santa e a que mais amou ao próprio Senhor Deus.

E Maria foi humilde e acreditou na palavra de Deus. Por isso ela foi escolhida para se tornar a Mãe de Jesus Cristo.

Nos últimos dias que antecederam a era cristã, lá, em Nazaré da Galiléia, morava essa jovenzinha, virgenzinha, menina moça, entre doze e quinze anos de idade, a quem o Senhor Nosso Deus, desde os primórdios da humanidade, preparava para ser a mãe de seu Filho, o Templo da Palavra, que seria o Salvador do gênero humano mergulhado no pecado:

·         “O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, o nome da virgem era Maria.” (Lc 1,26-27).

O Anjo Gabriel transmitiu à jovenzinha e virgem Maria o recado que o Senhor lhe havia determinado e, sem dúvida, Maria o ouviu cheia de espanto e emoção e, comovida, a princípio, sem saber exatamente o que estava acontecendo e qual seria a razão daquela “Anunciação”.

Sintonizada como sempre fora com a vontade e os desígnios de Deus, e seu coração entendendo que um pedido do Senhor não é simplesmente um pedido, mas um prenúncio de que a Salvação prometida desde o início dos tempos estava chegando, Maria não titubeou e colocou-se inteiramente, de corpo e alma, ao serviço do Senhor, respondendo ao Mensageiro:

·         “Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a sua palavra.” (Lc 1,38).

Maria, quando consultada pelo Anjo, declara-se “a escrava do Senhor”, e se coloca inteiramente à disposição de Deus para que a vontade do Senhor se realizasse nela da maneira mais perfeita e como Deus quisesse.

Nos nossos dias não existe mais escravidão e, por isso mesmo, não entendemos bem o significado e a dimensão dessa palavra “escrava”.

Ser escravo é não ter vontade própria, não ter o direito, sequer, de ter desejos, é não ter, absolutamente, liberdade. Ser escravo é sempre estar sujeito a um senhor como propriedade única e exclusiva dele. Ser escravo é viver em absoluta sujeição a um senhor.

Do livro “Glórias de Maria Santíssima” de Santo Afonso Maria de Ligouri, colhi esta preciosidade:

·         “A história do mundo (quando da anunciação do anjo) para por uns instantes, instantes que parecem eternidade; será que os homens vão receber a salvação por meio daquela virgenzinha, ou tudo vai continuar da maneira que era antes? Tudo vai depender da resposta da Virgem. E é São Bernardo quem nos diz, em uma oração cheia de súplica ardente: ‘Senhora, o Anjo espera a tua resposta; e todos nós, que já estamos condenados à morte, com muito mais ansiedade a esperamos. Deus te oferece, Senhora, o preço da nossa salvação que será o Verbo Divino que se fará homem no teu ventre. Se a Senhora o aceitar por filho, seremos imediatamente livres da morte. O mesmo Senhor nosso, pelo muito que está enamorado de tua beleza, muito deseja o teu consentimento, por cujo intermédio determinou salvar o mundo. Responda, Senhora, depressa; não retardes mais ao mundo a salvação que agora só depende do teu consentimento.’ E eis que Maria responde ao Anjo, dizendo: ‘Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’. (Lc, 1, 38). Esta foi a resposta mais bela, mais humilde e mais prudente que nem toda a sabedoria dos homens e dos anjos juntamente teria podido inventar”.