terça-feira, 31 de agosto de 2021

 

SÃO RAIMUNDO NONATO - 1200-1240

 

Raimundo nasceu em Portell, na Catalunha, Espanha, em 1200. Seus pais eram nobres, porém não tinham grandes fortunas. O seu nascimento aconteceu de modo trágico: sua mãe morreu durante os trabalhos de parto, antes de dar-lhe à luz.

Por isso Raimundo recebeu o nome de Nonato, que significa não-nascido de mãe viva, ou seja, foi extraído vivo do corpo sem vida dela. Dotado de grande inteligência, fez com certa tranqüilidade seus estudos primários. O pai, percebendo os dotes religiosos do filho, tratou de mandá-lo administrar uma pequena fazenda de propriedade da família.

Com isso, queria demovê-lo da idéia de ingressar na vida religiosa. Porém as coisas aconteceram exatamente ao contrário. Raimundo, no silêncio e na solidão em que vivia, fortificou ainda mais sua vontade de dedicar-se unicamente à Ordem de Nossa Senhora das Mercês, fundada por seu amigo Pedro Nolasco, agora também santo.

A Ordem tinha como principal finalidade libertar cristãos que caíam nas mãos dos mouros e eram por eles feitos escravos. Nessa missão, dedicou-se de coração e alma. Apesar da dificuldade, conseguiu o consentimento do pai e, finalmente, em 1224, ingressou na Ordem, recebendo o hábito das mãos do próprio fundador. Ordenou-se sacerdote e seus dotes de missionário vieram à tona, dedicando-se nessa missão de coração e alma.

Por isso foi mandado em missão à Argélia, norte da África, para resgatar cristãos das mãos dos muçulmanos. Conseguiu libertar cento e cinqüenta escravos e devolvê-los às suas famílias. Quando se ofereceu como refém, sofreu no cativeiro verdadeiras torturas e humilhações. Mas mesmo assim não abandonou seu trabalho. Levava o conforto e a Palavra de Deus aos que sofriam mais do que ele e já estavam prestes a renunciar à fé em Jesus.

Muitas foram as pessoas convertidas por ele, o que despertou a ira dos magistrados muçulmanos, os quais mandaram que lhe perfurassem a boca e colocassem cadeados, para que Raimundo nunca mais pudesse falar e pregar a doutrina de Cristo. Raimundo sofreu durante oito meses essa tortura até ser libertado, mas com a saúde abalada.

Quando chegou à pátria, na Catalunha, em 1239, logo foi nomeado cardeal pelo papa Gregório IX, que o chamou para ser seu conselheiro em Roma. Empreendeu a viagem no ano seguinte, mas não conseguiu concluí-la. Próximo de Barcelona, na cidade de Cardona, já com a saúde debilitada pelos sofrimentos do cativeiro, Raimundo Nonato foi acometido de forte febre e acabou morrendo, em 31 de agosto de 1240, quando tinha, apenas, quarenta anos de idade.

Raimundo Nonato foi sepultado naquela cidade e o seu túmulo tornou-se local de peregrinação, sendo, então, erguida uma igreja para abrigar seus restos mortais. Seu culto propagou-se pela Espanha e pela Europa, sendo confirmado por Roma em 1681. São Raimundo Nonato, devido à condição difícil do seu nascimento, é venerado como Padroeiro das Parturientes, das Parteiras e dos Obstetras.

São comemorados também neste dia: Santo Aristides e Santo Amado, Santo Aidano de Lindisfarne (bispo),Santo Amado de Nusco (monge e bispo), Santo Aristides de Atenas (filósofo), São Bobolenio de Bóbio (abade).

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

 

 “EIS AQUI A ESCRAVA DO SENHOR” (Lc 1,38).

 

Nazaré, cidade da Galiléia. “A Galiléia ocupava o norte da Palestina: o Jordão e o lago de Tiberíades formavam seus limites ao oeste; a Samaria  a separava da Judéia  no sul, e ao oeste, a Fenícia a isolava do mar. Era um país aprazível e fértil, no qual a natureza se revestia de uma graça incomparável.   O lago de Tiberíades, com suas belas águas de um azul cinzento, agitadas às vezes por tempestades repentinas,  era emoldurado  por uma vegetação luxuriante, e sulcado por numerosos barcos de pesca...  Nas montanhas, Nazaré achava-se a cem  quilômetros de Jerusalém; Canaã achava-se um pouco mais ao norte e Naim mais ao sul.”       

Assim H. Lesêtre, no seu livro “Guia através do Evangelho”, edição de 1944, descreve a situação geográfica da Galiléia, onde se localiza A cidade de Nazaré, para nós, cristãos, de divina lembrança.

Nos últimos dias que antecederam a era cristã, lá, em Nazaré da Galiléia, morava uma jovenzinha, entre doze e quinze anos de idade, a quem o Senhor Nosso Deus, desde os primórdios da humanidade, preparava para ser a mãe de seu Filho, o qual seria o Salvador do gênero humano mergulhado no pecado.

O profeta Isaias, aproximadamente setecentos anos antes desses acontecimentos já falava dessa jovenzinha, profetizando: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel.” (Is 7,14; Mt 1,23).

E quando chegou a plenitude dos tempos, o Senhor, (conforme nos narra o Evangelista Lucas, 1, 26-35), enviou um de seus Anjos Mensageiros: “... o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, o nome da virgem era Maria.” (Lc 1,26-27).

O Anjo Gabriel transmitiu à jovenzinha e virgem Maria o recado que o Senhor lhe havia determinado e, sem dúvida, Maria o ouviu cheia de espanto e emoção e, comovida, à princípio, sem saber exatamente o que estava acontecendo e qual seria a razão daquela “Anunciação”, mas, sintonizada  como sempre esteve com a vontade e os desígnios de Deus e seu coração entendendo que um pedido do Senhor não é simplesmente um pedido mas um prenúncio de que a Salvação prometida desde o início dos tempos estava chegando, não titubeou e se colocou inteiramente, de corpo e alma, ao serviço do Senhor, respondendo ao Mensageiro: “Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a sua palavra.” (Lc 1,38).

Maria, quando consultada pelo Anjo, se declara “a escrava do Senhor”, e coloca-se inteiramente à disposição de Deus para que a vontade do Senhor se realizasse nela da maneira mais perfeita e como Deus quisesse.

Nos nossos dias não existe mais escravidão e nós, por isso mesmo, não entendemos bem o significado e a dimensão dessa palavra “escrava”. Ser escravo é não ter vontade própria, não ter o direito, sequer, de ter desejos, é não ter, absolutamente, liberdade. Ser escravo é sempre estar sujeito a um senhor como propriedade única e exclusiva dele.

Ser escravo é viver em absoluta sujeição a um senhor. Mas quando o Senhor mandou o Anjo Gabriel consultar Maria se ela queria e aceitava  ser a escada entre o céu e a terra por onde desceria a Salvação personificada na pessoa de Jesus Cristo, demonstrou que respeitava a liberdade de Maria, considerou a vontade de Maria e, se porventura ela colocasse obstáculos ou não aceitasse esse convite, o Senhor sem dúvida, simplesmente respeitaria sua decisão e Maria não seria a escolhida para ser a mãe do Verbo Encarnado, da Palavra de Deus que se faria homem.

E esse convite do Senhor à Maria não era um convite à glória, mas ao sacrifício; não era um convite à alegria, mas ao sofrimento. Diante de Deus Maria se diz “escrava”; coloca-se totalmente nas mãos do Senhor e, espontaneamente e de livre escolha, deixa de ter vontade própria. Maria coloca-se nas mãos do Senhor de tal maneira que tudo o que nela fosse acontecer deveria ser a vontade de Deus, e se entregou a esse mister de tal maneira que o Senhor poderia fazer nela e com ela tudo  ”segundo a sua palavra” (Lc 1,38). Maria é a escolhida do Senhor, a amada do Senhor, a consagrada do Senhor, a “a escrava do Senhor” (Lc 1,38).

Quem é de Deus não tem vontade própria, isso de livre e expontânea vontade. É assim que rezamos na oração do Pai Nosso: “...seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.” (Mt 6,10). Antes mesmo de o Senhor Jesus ensinar aos seus apóstolos, discípulos e cristãos do mundo inteiro e de todos os tempos a oração do Pai Nosso, Maria já a estava vivendo e colocando em sua vida a concretização da vontade de Deus.

domingo, 29 de agosto de 2021

 


“ESTE POVO ME HONRA COM OS LÁBIOS, MAS O CORAÇÃO DELE ESTÁ LONGE DE MIM”. (Mc 7,6).

 

XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano: B; Cor: Verde; Leituras: Dt 4,1-2.6-9; Sl 14; Tg 1,17-18.21-22.27; Mc 7,1-8.14-15.21-23.

 

Diácono Milton Restivo

 

Depois de refletir o capítulo sexto do Evangelho de João, retornamos ao Evangelho de Marcos. Damos continuidade, através de Marcos, ao conhecimento da pessoa e da doutrina de Jesus. Marcos aborda problemas entre fé e tradição, ensinamento divino e ensinamentos humanos.

Lemos no evangelho de Marcos (7,1-23) que os fariseus acusaram os discípulos de Jesus de comerem com as mãos impuras, isto é, sem as ter lavado segundo a tradição dos antigos, o que ia de encontro com o ritualismo religioso que eles, os fariseus, diziam cumprir rigorosamente e impunham ao povo sob pena de, se o povo não a cumprisse, seria maldito.

Quem eram estes fariseus e por que Jesus se opunha tanto a eles?

Os fariseus eram um grupo religioso que se originou dois séculos antes de Jesus.

Eram líderes de um movimento religioso para trazer o povo de volta a uma submissão estrita à palavra de Deus e eram considerados geralmente como os servos mais espirituais e observadores da Lei de Moisés e adoradores de Deus.

Mas, na preocupação de fazer cumprir a vontade de Deus, os fariseus criavam leis próprias e coisas absurdas e ritualizavam coisas que o povo não tinha condições de cumpri-las e, por isso, os fariseus julgavam-se santos e tinham o povo como escória, ignorante e maldito, e não perdiam oportunidade de criticar e condenar os que não agissem como eles.

Eles desprezavam o povo e o chamavam de povo maldito:

·         “Mas este povo que não conhece a Lei, são uns malditos.” (Jo 7,49). 

Mudou alguma coisa daquele tempo para os nossos dias? Com existem fariseus ainda hoje.

Por isso, Jesus não os perdoa e chama a atenção do povo a respeito das atitudes desses falsos santos (como chama a atenção do povo hoje a respeito dos fariseus dos nossos dias):

·         “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam’. (Mt 23,2-3).

Se existem situações idênticas nas nossas comunidades, não é mera coincidência, é que, realmente, os fariseus ainda não deixaram de existir.

Jesus não fica por ai e continua:

·         “Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Gostam dos lugares de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas; gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de que as pessoas os chamem mestre.” (Mt 23,5-6).

Na sequência dessas colocações, Jesus usou palavras fortes contra os fariseus no Evangelho de Mateus:

·         “Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócritas [...] Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas, e para disfarçar, fazem longas orações.” (Mt 23, 13.14).

Ainda, no Evangelho de Mateus, Jesus os chama de hipócritas (23,13.14.15.23.25.27.29), de irresponsáveis e cegos (23,17.26), de guias cegos (23,16.24), cegos (23,19) de

·         “sepulcros caiados, bonitos por fora e cheio de ossos, podridão e mal cheirosos por dentro” (23,27), de “serpentes e raça de cobras venenosas” (23,33).

Jesus aponta qual o grande pecado dos fariseus:

·         “Vocês abandonam os mandamentos de Deus para seguir a tradição dos homens. Vocês são bastante espertos para deixar de lado o mandamento de Deus a fim de guardar as tradições de vocês.” (Mc 7,8-9).

Os evangelhos estão cheios de controvérsias entre Jesus e os fariseus, como em Mateus 9,11.34; 12,2.14.24.38; 15,1,12; 16,6-12; Lucas 11,37-44; 12,1 e muitos outros textos.

A oposição vigorosa de Jesus contra os fariseus deixava muitos perplexos. A maioria das pessoas daquele tempo pensava que se alguém fosse fiel ao Senhor, certamente seriam os fariseus.

Jesus, decididamente, inverteu os valores do mundo:

·         “Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”. (Lc 16,15).

Ao chamar a atenção do povo a respeito dos fariseus, Jesus foi categórico:

·         “Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus”. (Mt 5,20).

Na ânsia de cumprir e fazer cumprir a Palavra de Deus, os fariseus exageravam e se preocupavam mais com o exterior do que com o interior; preocupavam-se mais com a higiene pessoal do que com a pureza de coração no cumprimento aos mandamentos divinos.

Os judeus estavam entre a tensão das tradições criadas e impostas pelos fariseus ao povo e a vida baseada na pureza do coração apresentada por Jesus.

Jesus não estava contra a Lei, mas contra a mentalidade dos fariseus na interpretação da Lei que destruía a fé pura. Jesus critica os que anulam o mandamento de Deus pela tradição criada pelo próprio homem:

·         “Assim vocês esvaziaram a palavra de Deus com a tradição de vocês.” (Mt 15,6).

Como vemos a primeira leitura, o livro do Deuteronômio manda não colocar outro mandamento além do mandamento designado por Deus:

·         “Não acrescentem nada ao que eu lhes ordeno, nem retirem coisa nenhuma. Observem os mandamentos de Yahweh seu Deus de modo como lhes ordeno. [...] Portanto, coloquem tudo em prática, pois isso tornará vocês sábios e inteligentes diante dos povos.” (Dt 4,2.6).

Mas para os fariseus a tradição que eles mesmos criaram pesava mais e tinha mais valor do que as determinações de Deus.

É o mesmo que muitas vezes acontece e vemos também na Igreja nos nossos dias.

Muitas vezes damos mais valor ao ritualismo e às normas secundárias do que ao fundamental.

É muito comum a gente ouvir dizer, para se justificar que ‘sempre se fez assim’. A moral que Jesus apresenta é opção por ele e não por ritualismos que estão fora da Palavra de Deus.

Jesus não é contra o rito, mas contra o ritualismo.

O povo tinha consciência de ser o povo escolhido por Deus e que tinha Deus bem próximo de si, como vemos na primeira leitura:

·         “Qual é a grande nação que tenha os seus deuses tão próximos, como o Senhor nosso Deus, sempre que o invocamos?” (Dt 4,7).

A Lei de Deus é o grande testemunho da sabedoria do povo, e é a expressão da vontade de Deus, que é a justiça:

·         “Que grande nação tem estatutos e normas tão justas como toda esta lei que eu lhes proponho hoje?” (Dt 4,8).

A religião só vai manifestar a presença de Deus se o fizer pela prática de leis justas que respeitem o direito.

Mas, infelizmente, o que vemos, é tanta gente fazer da religião um motivo para se promover, como o faziam os fariseus, para se julgar mais santo e se julgar no direito de criticar, esquecendo-se do que Jesus disse aos fariseus:

·         “Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é detestável para Deus” (Lc 16,15).

E também do que Jesus disse ao povo a respeito dos fariseus:

·         “Vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam.” (Mt 23,3).

O que se deve ser entendido como:

·         “façam o que eles dizem, mas não façam o que eles fazem”.

Hoje, quantos cumprem religiosamente o “dever” de participar da missa todos os domingos, não perdem uma solenidade festiva da Igreja, comungam sempre que participam de uma celebração eucarística, rezam periodicamente o terço, não perdem uma reunião de seu grupo, pagam o dízimo com exatidão, mas ignoram o irmão, esquecendo-se do que o Mestre disse:

·         “... eu estava com fome, e vocês não me deram de comer; eu estava com sede, e não me deram de beber; eu era estrangeiro e vocês não me receberam em casa; eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e na prisão, e vocês não foram me visitar. [...] Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram.” (Mt 25,42-43.45). 

De que adiantou então cumprir religiosamente as ritualidades se se esqueceram da recomendação de Jesus:

·         “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vocês são meus amigos, se fizerem o que eu estou mandando”. (Jo 15,12-14). 

A participação na Eucaristia só tem sentido e valor se o mandamento do amor estiver sendo levado a sério, senão o farisaísmo do tempo de Jesus continua operante nos nossos tempos.

Os fariseus do tempo de Jesus também cumpriam rigorosamente as determinações ritualísticas, mas ignoravam as necessidades dos seus irmãos, por isso foram recriminados por Jesus. Os fariseus repreenderam os discípulos de Jesus por comerem pão com as mãos impuras, isto é, sem lavar as mãos.

Para os fariseus isso não era questão de higiene corporal, mas a tradição que eles criaram dizia que não se podia tocar em alimento algum sem ter lavado as mãos sem incorrer numa falta religiosa ou ritualística, e isso ofendia a Deus, e por isso Jesus chama aos fariseus de hipócritas e depois explica aos seus discípulos, dizendo:

·         “Será que nem vocês entendem? Vocês não compreendem que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, e vai para a privada? ’ (Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros).” (Mc 7,18-19).

Não é o que entra pela boca que torna o homem faltoso com o seu Deus ou seu irmão, porque tudo o que entra pela boca tem como destino, como disse Jesus, “a latrina”.

Jesus continua dizendo:

·         “É o que sai da pessoa que a torna impura.” (Mc 7,20).

O que é que sai da boca das pessoas? As fofocas, a maledicência, o ódio, a agressão, a inveja, o orgulho, a falta de amor, e por isso Jesus diz:

·         “Pois é de dentro do coração das pessoas que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, crimes, adultérios, ambições sem limite, maldades, malícia, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas essas coisas más saem de dentro da pessoa, e são elas que a tornam impura.” (Mc 7,21-23).

Em Mateus Jesus diz a mesma coisa, complementando e dizendo:

·         “Ao contrário, as coisas que saem da boca vêm do coração e essas coisas é que tornam o homem impuro. Pois é do coração que vêm as más intenções: crimes, adultério, imoralidade, roubos, falsos testemunhos, calúnias. Essas coisas é que tornam o homem impuro; mas comer sem lavar as mãos não torna o homem impuro.” (Mt 15,18-20).

Jesus declarou que a contaminação religiosa do ser humano não reside na prática de ritos exteriores, mas na degradação interior do coração que se manifesta exteriormente.

Em outras palavras, Jesus deixou claro que o mal que sai da boca é muito maior do que qualquer mal que possa entrar nela quando se come alimento ritualmente impuro.

Nas bem-aventuranças Jesus disse:

·         “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mt 5,8).

Não são os alimentos que entram pela boca que torna o homem impuro, mas é a Palavra que purifica o coração:

·         “Vocês já estão limpos por causa da palavra que eu lhes falei. Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unido a vocês.” (Jo 15,3-4).  a Palavra que purifica o coraçboca que torna o homem impuro, mas esus, "mor isso Jesus chama aos fariseus de hip:

Nas suas cartas o Apóstolo Paulo transmitia às suas comunidades esse mesmo ensinamento, quando escrevia:

·         “Finalmente, irmãos, ocupem-se com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso, ou que de algum modo mereça louvor.” (Fl 4,8). 

Na carta aos Romanos, Paulo adverte aos que conhecem a Palavra e mesmo assim deixam sair do coração toda espécie de ofensa que atinge ao irmão:

·         “Eles fazem o que não deveriam fazer: estão cheios de todo tipo de injustiça, perversidade, avidez e malícia; cheios de inveja , homicídio, rixas, fraudes e malvadezas; são difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, fanfarrões, engenhosos no mal, rebeldes para com os pais, insensatos, desleais, gente sem coração e sem misericórdia. E apesar de conhecerem o julgamento de Deus, que considera digno de morte quem pratica tais coisas, eles não só as cometem, mas também aprovam quem se comporta assim.” (Rm 1,29-32).

Na terceira leitura Tiago ensina que, pela Palavra, o Senhor nos criou e que o acolhimento da Palavra é o princípio da Salvação, pois ela se identifica com Aquele que a comunica:

·         “Por sua própria iniciativa, ele nos gerou por meio da Palavra da verdade, para que nos tornássemos as primeiras dentre as suas criaturas. [...] Sejam praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes, iludindo a si mesmos. Quem ouve a Palavra e não a pratica, é como alguém que observa no espelho o rosto que tem desde o nascimento; observa a si mesmo, e depois vai embora, esquecendo a própria aparência.” (Tg 1,18.22-24).

Quem ouve a Palavra e não a pratica, perde a identidade com quem o criou e esquece de sua própria fisionomia que é a imagem e semelhança do seu Criador (cf Gn 1,26ss). 

Quem ouve a Palavra e a põe em prática (cf Lc 11,29) segue as pegadas do Mestre, exercita o mandamento do amor:

“O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vocês são meus amigos, se fizerem o que eu estou mandando” (Jo 15,12-14).

E somente valoriza no irmão o que ele tem de belo e puro, não se preocupando com a maneira como ele se alimenta, se de mãos limpas ou menos limpas; o importante é que o irmão está sendo saciado na sua fome e é sobre isso que Tiago chama-nos a atenção:

·         “Por isso, deixem de lado qualquer imundície ou sinal de malícia, e recebam com docilidade a Palavra que lhes foi plantada no coração e que pode salva-los.” (Tg 1,21).

A prática da Palavra se traduz no cuidado que temos para com os necessitados:

·         “Religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso Pai, é esta: socorrer os órfãos e as viúvas em aflição, e manter-se livre da corrupção do mundo.” (Tg 1,27).

A Palavra será sempre a orientadora da verdadeira religião, ensinando a não dar valor às tradições que anulam a Verdade e estimulando à prática da solidariedade.

Ela forma o coração para que dele saiam não impurezas, mas as obras do amor.

Sacrificar a prática do amor por tradições egoístas não condiz com o projeto de Jesus.


sábado, 28 de agosto de 2021

 

SANTO AGOSTINHO DE HIPONA

 

Bispo e doutor da Igreja (354-430).

Aurélio Agostinho nasceu, no dia 13 de novembro de 354, na cidade de Tagaste, hoje região da Argélia, na África.

Era o filho primogênito de Patrício, um pequeno proprietário de terras, pagão. Sua mãe, ao contrário, era uma devota cristã, que agora celebramos, como santa Mônica, no dia 27 de agosto. Mônica procurou criar o filho no seguimento de Cristo. Não foi uma tarefa fácil.

Aliás, ela até adiou o seu batismo, receando que ele o profanasse. Mas a exemplo do provérbio que diz que "a luz não pode ficar oculta", ela entendeu que Agostinho era essa luz.

Aos dezesseis anos de idade, na exuberância da adolescência, foi estudar fora de casa. Na oportunidade, envolveu-se com a heresia maniqueísta e também passou a conviver com uma moça cartaginense, que lhe deu, em 372, um filho, Adeodato.

Assim era Agostinho, um rapaz inquieto, sempre envolvido em paixões e atitudes contrárias aos ensinamentos da mãe e dos cristãos. Possuidor de uma inteligência rara, depois da fase de desmandos da juventude centrou-se nos estudos e formou-se, brilhantemente, em retórica.

Excelente escritor, dedicava-se à poesia e à filosofia.

Procurando maior sucesso, Agostinho foi para Roma, onde abriu uma escola de retórica.

Foi convidado para ser professor dessa matéria e de gramática em Milão. O motivo que o levou a aceitar o trabalho em Milão era poder estar perto do agora santo bispo Ambrósio, poeta e orador, por quem Agostinho tinha enorme admiração.

Assim, passou a assistir aos seus sermões. Primeiro, seu interesse era só pelo conteúdo literário da pregação; depois, pelo conteúdo filosófico e doutrinário.

Aos poucos, a pregação de Ambrósio tocou seu coração e ele se converteu, passando a combater a heresia maniqueísta e outras que surgiram.

Foi batizado, junto com o filho Adeodato, pelo próprio bispo Ambrósio, na Páscoa do ano de 387. Portanto, com trinta e três e quinze anos de idade, respectivamente.

Nessa época, Agostinho passou por uma grande provação: seu filho morreu.

Era um menino muito inteligente, a quem dedicava muita atenção e afeto. Decidiu, pois, voltar com a mãe para sua terra natal, a África, mas Mônica também veio a falecer, no porto de Óstia, não muito distante de Roma. Depois do sepultamento da mãe, Agostinho prosseguiu a viagem, chegando a Tagaste em 388. Lá, decidiu-se pela vida religiosa e, ao lado de alguns amigos, fundou uma comunidade monástica, cujas Regras escritas por ele deram, depois, origem a várias Ordens, femininas e masculinas.

Porém o então bispo de Hipona decidiu que "a luz não devia ficar oculta" e convidou Agostinho para acompanhá-lo em suas pregações, pois já estava velho e doente.

Para tanto ele consagrou Agostinho sacerdote e, logo após a sua morte, em 397, Agostinho foi aclamado pelo povo como novo bispo de Hipona.

Por trinta e quatro anos Agostinho foi bispo daquela diocese, considerado o pai dos pobres, um homem de alta espiritualidade e um grande defensor da doutrina de Cristo. Na verdade, foi definido como o mais profundo e importante filósofo e teólogo do seu tempo.

Sua obra iluminou quase todos os pensadores dos séculos seguintes. Escreveu livros importantíssimos, entre eles sua autobiografia, "Confissões", e "Cidade de Deus".

Depois de uma grave enfermidade, morreu amargurado, aos setenta e seis anos de idade, em 28 de agosto de 430, pois os bárbaros haviam invadido sua cidade episcopal.

Em 725, o seu corpo foi transladado para Pavia, Itália, sendo guardado na igreja São Pedro do Céu de Ouro, próximo do local de sua conversão. Santo Agostinho recebeu o honroso título de doutor da Igreja e é celebrado no dia de sua morte.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

 

SANTA MÔNICA, MÃE DE SANTO AGOSTINHO - 331-387

 

Mônica nasceu em Tagaste, atual Argélia, na África, no ano 331, no seio de uma família cristã. Desde muito cedo dedicou sua vida a ajudar os pobres, que visitava com freqüência, levando o conforto por meio da Palavra de Deus.

Teve uma vida muito difícil. O marido era um jovem pagão muito rude, de nome Patrício, que a maltratava. Mônica suportou tudo em silêncio e mansidão. Encontrava o consolo nas orações que elevava a Cristo e à Virgem Maria pela conversão do esposo.

E Deus recompensou sua dedicação, pois ela pôde assistir ao batismo do marido, que se converteu sinceramente um ano antes de morrer.

Tiveram dois filhos, Agostinho e Navígio, e uma filha, Perpétua, que se tornou religiosa.

Porém Agostinho foi sua grande preocupação, motivo de amarguras e muitas lágrimas.

Mesmo dando bons conselhos e educando o filho nos princípios da religião cristã, a vivacidade, inconstância e o espírito de insubordinação de Agostinho fizeram que a sábia mãe adiasse o seu batismo, com receio que ele profanasse o sacramento.

E teria acontecido, porque Agostinho, aos dezesseis anos, saindo de casa para continuar os estudos, tomou o caminho dos vícios. O coração de Mônica sofria muito com as notícias dos desmandos do filho e por isso redobrava as orações e penitências. Certa vez, ela foi pedir os conselhos do bispo, que a consolou dizendo: "Continue a rezar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas".

Agostinho tornou-se um brilhante professor de retórica em Cartago.

Mas, procurando fugir da vigilância da mãe aflita, às escondidas embarcou em um navio para Roma, e depois para Milão, onde conseguiu o cargo de professor oficial de retórica. Mônica, desejando a todo custo ver a recuperação do filho, viajou também para Milão, onde, aos poucos, terminou seu sofrimento.

Isso porque Agostinho, no início por curiosidade e retórica, depois por interesse espiritual, tinha se tornado freqUentador dos envolventes sermões de santo Ambrósio.

Foi assim que Agostinho se converteu e recebeu o batismo, junto com seu filho Adeodato.

Assim, Mônica colhia os frutos de suas orações e de suas lágrimas. Mãe e filho decidiram voltar para a terra natal, mas, chegando ao porto de Óstia, perto de Roma, Mônica adoeceu e logo depois faleceu.

Era 27 de agosto de 387 e ela tinha cinquenta e seis anos.

O papa Alexandre III confirmou o tradicional culto a santa Mônica, em 1153, quando a proclamou Padroeira das Mães Cristãs.

A sua festa deve ser celebrada no mesmo dia em que morreu. O seu corpo, venerado durante séculos na igreja de Santa Áurea, em Óstia, em 1430 foi trasladado para Roma e depositado na igreja de Santo Agostinho.

São lembrados também, neste dia: Cardeal Helder Câmara, Santa Eutália, Santa Antusa Menor, Santo Amadeu de Losanna (bispo), Santa Antusa, a Grade (virgem, mártir), São Cesário de Arles (bispo), São Davi de Lewis (presbítero e mártir),  São Dagano de Wales (mártir).

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

 

CARDEAL HELDER CÂMARA –1909-1999

 

Helder Pessoa Camara nasceu na cidade de Fortaleza, Brasil, no dia 7 de fevereiro de 1909.

A sua família era simples e católica, seus pais tiveram treze filhos e ele era o décimo primeiro. Sua vocação religiosa despontou na tenra idade, por influência da Escola dos Padres Lazaristas de Fortaleza, também conhecida como Seminário da Prainha de São José.

quatorze anos de idade, ingressou naquele seminário, onde estudou filosofia e teologia. Foi tão brilhante que a Santa Sé autorizou sua ordenação sacerdotal em 1931.

No dia da Assunção de Nossa Senhora, Helder foi ordenado sacerdote e celebrou sua primeira missa no dia seguinte, com apenas vinte e dois anos de idade. Logo foi nomeado diretor do Departamento de Educação do Estado do Ceará.

Cinco anos depois, foi transferido para o Rio de Janeiro, onde morou e trabalhou por vinte e oito anos. Em 1952, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB elegeu-o bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Exerceu o cargo de secretário-geral da CNBB, implantou os ideais da organização, promoveu a interação entre os bispos do Brasil, participou de congressos para atualização e adaptação da Igreja Católica aos tempos modernos, sobretudo integrando a Igreja na luta em defesa da justiça e da cidadania.

Dom Helder Camara foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife em 1964, cargo em que ficou por vinte anos. Nessa época, o Brasil vivia em plena ditadura militar. Como sacerdote representante da Igreja Católica, dom Helder pôde levantar a sua voz em defesa da comunidade sem vez e sem voz na escala social.

Teve como ideário, nas suas pregações, a luta pela fé cristã e a caridade aos pobres e oprimidos. Passou a sofrer retaliações e perseguições, ficando sem ter acesso à mídia e impedido de divulgar suas mensagens durante todo o período ditatorial. Apesar de tudo, a personalidade de dom Helder ganhava, cada vez mais, dimensão no Brasil e no exterior.

Ele criou projetos e organizações pastorais destinadas a atender as comunidades do Nordeste, que viviam em situação de miséria.

No final do século XX, com o apoio de instituições filantrópicas, lançou, oficialmente, a campanha "Ano 2000 sem Miséria". Para dom Helder, era constrangedor que, às vésperas do segundo milênio do nascimento de Jesus Cristo, milhares de pessoas ainda vivessem na total miséria. Dom Helder escreveu diversos livros, que foram traduzidos em mais de trinta idiomas.

Recebeu cerca de seiscentas condecorações e trinta e dois títulos de doutor honoris causa. Diversas cidades brasileiras concederam-lhe o título de cidadão honorário.

No dia 27 de agosto de 1999, o arcebispo dom Helder Camara morreu. Ele será lembrado, na história da Igreja Católica, como um apóstolo que soube honrar o Brasil e usar seu carisma de defensor da paz e da justiça para os filhos de Deus. 

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

 

SÃO JOSÉ CALASANZ - 1558-1648


Fundou a Congregação dos Clérigos Pobres Regulares da Mãe de Deus das Pias Escolas.

José Calasanz nasceu num castelo de Peralta de La Sal, em Aragão, na Espanha, em 31 de julho de 1558. Procedente de uma família nobre e muito religiosa, ele foi educado no rigor do respeito aos mandamentos de Deus.

Desde cedo, mostrou sua vocação religiosa, mesmo contrariando seu pai, que o queria na carreira militar. José tanto insistiu que foi enviado para estudar teologia na Universidade de Valência, para concluir seu propósito de servir a Deus.

Ao terminar os estudos, aplicou-se nos exercícios de piedade e práticas de penitência a fim para manter-se longe das tentações e no seguimento de Cristo. Recebeu a ordenação sacerdotal em 1583, embora sem a presença do pai, que ainda não cedera à sua vocação. Inicialmente, foi para um mosteiro, desejando uma vida de solidão.

Mas seu bispo, percebendo nele um alto grau de inteligência, disse-lhe que sua missão era a pregação. Assim, dedicou-se à atividade pastoral, sendo muito querido por todos os fiéis e bispos, que lhe davam vários encargos importantes a serem executados junto à Santa Sé. Em 1592, José Calasanz encontrou o caminho para a sua vocação: a educação e formação de jovens pobres e abandonados. Inicialmente, como membro da Confraria da Doutrina Cristã, atuando junto aos jovens pobres da paróquia de Santa Dorotéia, onde era vigário cooperador.

Em 1597, fundou a primeira escola gratuita para crianças pobres, seguindo entusiasmado pelo grande número de voluntários que se agregavam à obra.

Assim, em 1621 fundou a Congregação dos Clérigos Pobres Regulares da Mãe de Deus das Pias Escolas, clérigos regulares que têm um quarto voto: o comprometimento com a instrução dos jovens. O grande reconhecimento das escolas pias de Roma fez com que se espalhassem por toda a Itália, alcançando a Espanha, Alemanha, Polônia e Morávia.

Mas, apesar do incontestável sucesso da nova Ordem, nos últimos anos de sua vida José teve de passar por uma terrível provação.

Caluniado perante o Santo Ofício, foi julgado, deposto do cargo e a nova Congregação ficou sem aprovação. Entretanto José, humildemente, aceitou tudo sem revoltar-se.

Morreu no dia 25 de agosto de 1648, aos noventa anos de idade, animando os seus sacerdotes para não desistirem da Ordem. Somente oito anos depois de sua morte o papa Alexandre VI reconheceu que ele era inocente e aprovou as regras da Ordem.

Como o fundador previra, ela ressurgiu mais vigorosa do que antes. A ele foram atribuídas muitas intercessões em milagres e graças, sendo canonizado em 1767.

O culto a são José Calasanz ocorre no dia de sua morte.

Desde 1948, ele é celebrado em todo o mundo cristão como Padroeiro das Escolas Populares, conforme foi proclamado pelo papa Pio XII.

São celebrados também, neste dia: São Luiz IX da França, Santa Patrícia, Bem-aventurado Metódio, Santo Arédio de Limoges (abade), Santa Ebba de Coldinghan (abadessa), Santos Eusébio, Ponciano, Vicente e Peregrino (mártires), São Gerôncio (bispo e mártir).

terça-feira, 24 de agosto de 2021

 

SÃO BARTOLOMEU – APÓSTOLO

 

Bartolomeu, também chamado Natanael, foi um dos doze primeiros apóstolos de Jesus. É assim descrito nos evangelhos de João, Mateus, Marcos e Lucas, e também nos Atos dos Apóstolos.

Bartolomeu nasceu em Caná, na Galiléia, uma pequena aldeia a quatorze quilômetros de Nazaré. Era filho do agricultor Tholmai. No Evangelho, ele também é chamado de Natanael.

Em hebraico, a palavra "bar" que dizer "filho" e "tholmai" significa "agricultor". Por isso os historiadores são unânimes em afirmar que Bartolomeu-Natanael trata-se de uma só pessoa.

Seu melhor amigo era Filipe e ambos eram viajantes.

Foi o apóstolo Filipe que o apresentou ao Messias. Até esse seu primeiro encontro com Jesus, Bartolomeu era cético e, às vezes, irônico com relação às coisas de Deus. Porém, depois de convertido, tornou-se um dos apóstolos mais ativos e presentes na vida pública de Jesus.

Mas a melhor descrição que temos de Bartolomeu foi feita pelo próprio Mestre: "Aqui está um verdadeiro israelita, no qual não há fingimento".

Bartolomeu teve o privilégio de estar ao lado de Jesus durante quase toda a missão do Mestre na terra. Compartilhou seu cotidiano, presenciou seus milagres, ouviu seus ensinamentos, viu Cristo ressuscitado nas margens do lago de Tiberíades e, finalmente, assistiu sua ascensão ao céu. Depois de Pentecostes, Bartolomeu foi pregar a Boa-Nova. Encerradas essas narrativas dos evangelhos históricos, entram as narrativas dos apócrifos, isto é, das antigas tradições.

A mais conhecida é da Armênia, que conta que Bartolomeu foi evangelizar as regiões da Índia, Armênia Menor e Mesopotâmia. Superou dificuldades incríveis, de idioma e cultura, e converteu muitas pessoas e várias cidades à fé do Cristo, pregando segundo o evangelho de são Mateus. Foi na Armênia, depois de converter o rei Polímio, a esposa e mais doze cidades, que ele teria sofrido o martírio, motivado pela inveja dos sacerdotes pagãos, os quais insuflaram Astiages, irmão do rei, e conseguiram uma ordem para matar o apóstolo.

Bartolomeu foi esfolado vivo e, como não morreu, foi decapitado. Era o dia 24 de agosto de 51. A Igreja comemora são Bartolomeu Apóstolo no dia de sua morte. Ele se tornou o modelo para quem se deixa conduzir pelo outro ao Senhor Jesus Cristo.

São comemorados também, neste dia: Santa Joana Antida Thouret, Santa Emília, Santa Maria Micaela, Santo Alduíno de Rouen (bispo), Santa Áurea de Óstia (virgem), Santa Emília de Vialar ((fundadora), Santo Eutico da Frígia discípulo de São Paulo).

domingo, 22 de agosto de 2021

 

“EU E A MINHA FAMÍLIA SERVIREMOS A YAHWEH”. (Js 24,15b).

“A QUEM IREMOS, SENHOR? TU TENS PALAVRAS DE VIDA ETERNA”. (Jo 6,68).

 

XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano – B; Cor – Verde; Leituras: Js 24,1-2.15-18; Sl 33; Ef 5,21-32; Jo 6,60-69.

 

 

Diácono Milton Restivo

 

A leitura do Evangelho deste domingo conclui o grande discurso de Jesus sobre “O Pão da Vida” contido no capítulo 6 do Evangelho de João.

Tanto a leitura do livro de Josué, primeira leitura, como a do Evangelho desta liturgia deixa claro que diante de Deus, diante de Jesus e das suas palavras, tem que ser tomada uma atitude radical. Não existe meio termo: ou se é frio, ou se é quente, Jesus não permite que seja morno.

O livro do Apocalipse não deixa dúvida a respeito disso, e alerta:

·         “Conheço sua conduta: você não é frio nem quente. Quem dera que fosse frio ou quente! Porque é morno, nem frio nem quente, estou para vomitar você de minha boca”. (Apo 3,15-16).

Não há nada mais que possa revoltar o estômago do que um alimento mal temperado: ao cair no estômago queremos colocá-lo de imediato para fora, vomitá-lo. E é isso que Jesus deixa claro no livro do Apocalipse: a apatia espiritual, a pregação demagógica, o louvor indiferente, a oração sem fé, a comunhão sem compromisso. Isso faz Jesus vomitar...

E Jesus vai mais a fundo, quando diz:

·         “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.” (Lc 11,23).

Mateus, no seu Evangelho, narra a advertência de Jesus:

·         “Diga ‘sim’ quando é ‘sim’, e ‘não’ quando é ‘não’. O que você disser, além disso, vem do Maligno”. (Mt 5,37). 

Jesus não admite meio termo na aceitação de sua Palavra: ou a aceita na sua totalidade, na sua integridade e com radicalidade, ou não se é seu discípulo. Mais uma vez a Bíblia deixa claro que, diante de Jesus e das suas palavras, o ouvinte tem que tomar uma decisão radical. 

O Evangelho deste domingo começa, exatamente, com estas palavras ditas pelos discípulos:

·         “Esse modo de falar é duro demais. Quem pode continuar ouvindo isso?”. (Jo 6,60).

A partir daí começa nascer a divisão entre os discípulos de Jesus a respeito de seus ensinamentos.  Tem-se início a uma discórdia entre os discípulos que contestam a afirmação dada por Jesus nos versículos anteriores dizendo que o seu corpo é o pão da vida:

·         Eu sou o pão da vida [...] quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida”. (Jo 6,35.51);

·         “Eu sou o pão que desceu do céu. [...] Eu garanto a vocês: se vocês não comem a carne do Filho do homem e não bebem o seu sangue, não terão a vida em vocês. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. (Jo 6,41.53-54);

·         “Depois que ouviram essas coisas, muitos discípulos de Jesus disseram: ‘Esse modo de falar é duro demais. Quem pode continuar ouvindo isso?’”. (Jo 6,60).

Não fica dúvida que foi o discurso eucarístico a fonte de divisão.

·         “A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele”. (Jo 6,66).

De qualquer maneira, é importante notar que a divisão não se dá entre os judeus adversários de Jesus, mas entre os próprios discípulos, muitos dos quais abandonam Jesus neste momento.

Como fica claro, após proclamar o discurso eucarístico e afirmar que sua carne é verdadeira comida e seu sangue é verdadeira bebida, muitos discípulos se escandalizaram com Jesus.

Qual foi a atitude de Jesus? Mudou sua maneira de falar? Tentou ser mais simpático? Passou a mão na cabeça dos que fecharam os ouvidos e o coração às suas palavras? Voltou atrás no seu ensinamento para ser popular, para ser compreendido e aceito, para encher as igrejas?

Não! Popularidade, aceitação nunca foram seus critérios!

Ainda que sua palavra escandalize, ele nunca volta atrás. Jesus se mantém intransigente na sua afirmativa, não volta atrás ao ver que grande parte de seus discípulos viram as costas para ele. 

Isso não pode passar despercebido e nem ser desviada a atenção do que Jesus propôs aos discípulos escandalizados e indignados com suas palavras.

Diante dos discípulos escandalizados e murmuradores, Jesus apresenta o critério decisivo: “a cruz”.

·         “Isto escandaliza vocês? Imaginem, então, se virem o Filho do Homem subir para o lugar onde ele estava antes!” (Jo 6,62).

Para o Evangelho de João a subida de Jesus para o Pai começa pela cruz: ali ele será levantado! E a caminhada para o Calvário, no Evangelho de João, começou exatamente ai, quando Jesus se proclama o “pão vivo descido do céu”.

E, mesmo assim, Jesus não perde a calma, e com o mesmo tom de voz que fez o discurso eucarístico, indaga aos mais próximos se eles também não queriam acompanhar os dissidentes que o estavam abandonando:

·         “Então Jesus disse aos Doze: ‘Vocês também querem ir embora? ’”. (Jo 6.57). 

Jesus demonstra que não se preocupa com quantidade, mas sim com qualidade.

Se quiserem ficar com ele terão de aceitar os seus ensinamentos, ainda que, a princípio não os entenda.  Foi assim que aconteceu com a sua mãe, Maria, que mesmo sem entender o que estava lhe sendo proposto para ser a mãe da Palavra de Deus que se encarnaria nela, ela se coloca inquestionavelmente nas mãos do Todo poderoso numa entrega total:

·         “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc 1,38).

E como diria Paulo mais tarde:

·         “Fui morto na Cruz com Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e se entregou por mim.” (Gl 1,19-20). 

Se fosse para ficar sozinho para não ferir as exigências do seguimento da vontade do Pai, Jesus o faria.

Diante desse desafio de Jesus quando disse: “Vocês também querem ir embora?”, Pedro, que sempre falou pelos Doze e sempre demonstrou uma liderança inquestionável à frente dos apóstolos, entende e percebe que em Jesus há algo mais do que um mero rabino, mestre ou pregador.

Em toda a sua vida em busca pela verdade, Pedro jamais havia encontrado a verdade a não ser em Jesus, pois ele mesmo afirmara:

·         "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (Jo 14,6).

Pedro não se faz de rogado e, na sua impetuosidade, respondeu de imediato:

·         “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavra de vida eterna. Agora nós acreditamos e sabemos que tu és o Santo de Deus”. (Jo 6,68-69).

Deus é verdadeiro, leal, honesto! Jamais escondeu suas exigências; jamais omitiu suas condições para quem deseja seguí-lo e serví-lo.

A primeira Leitura tirada do livro de Josué 24,1-2.15-18 tem muito a ver com a situação exposta no Evangelho. Para Josué também é momento de definição:

·         “Contudo, se vocês acham que não é bom servir a Yahweh, escolham hoje a quem vocês querem servir”... [...] Vocês não poderão servir a Yahweh, porque ele é um Deus santo, um Deus ciumento. Ele não perdoará suas transgressões e pecados. (Js 24,15a.19).

E Josué toma a sua decisão e se define por Iahweh:

·         “Eu e a minha família serviremos a Yahweh”. (Js 24,15b).

Josué, o general de Moisés e que o substituiu no comando do povo de Israel rumo à Terra Prometida depois da morte de Moisés, descreve o momento em que o povo toma posse da terra que Yahweh havia lhe prometido e agora lhe entrega:

·         “Josué reuniu as tribos de Israel em Siquém. Convocou todos os anciãos de Israel, os chefes, os juízes e oficiais. E todos se apresentaram diante de Deus. Então Josué falou ao povo...”. (Js 24,1-2). 

Havia terminada a jornada do povo pelo deserto depois de quarenta anos de caminhada desde que partiram do Egito, quando o Senhor os libertou da escravidão. 

Era o momento da definição.

Josué fala ao povo e faz uma retrospectiva do relacionamento do povo com Yahweh e do amor e dedicação que Yahweh sempre dedicou ao seu povo, e conta a história desse povo a partir de Taré, pai de Abraão e seus familiares que adoravam outros deuses (cf Js 24,2). 

Josué discorre sobre a escolha de Yahweh em fazer daquele povo um povo só seu: como multiplicou o povo a partir de Isaac, Jacó e seus filhos.

Depois escolheu Moisés para tirar o povo do Egito e da escravidão, e quais foram as peripécias da fuga, da travessia do mar Vermelho, do tempo que habitaram no deserto, das vitórias do povo sobre outros povos que impediam sua passagem, até chegar à travessia do rio Jordão para finalmente tomar posse da Terra Prometida, onde, finalmente, estavam instalados:

·         “Eu dei a vocês uma terra que não lhes custou nada, cidades que vocês não construíram e onde agora vivem, plantações de uvas e azeitonas que vocês não plantaram, e das quais vocês se alimentam.” (Js 23, 13).

É o momento da decisão; é o momento da definição.

E Josué continua falando ao povo reunido em Siquém:

·         “Agora, portanto, temam a Yahweh, servindo-o com integridade e fidelidade. Tirem do meio de vocês os deuses, a quem seus antepassados serviram do outro lado do rio Eufrates e no Egito. Sirvam a Yahweh.” (Js 24,14).

E o povo, aparentemente, fez uma opção:

·         “Longe de nós abandonar Yahweh para servir a outros deuses. Foi Yahweh, nosso Deus, que nos tirou, a nós e a nossos antepassados, da terra do Egito, da casa da escravidão. Foi ele quem fez grandes sinais diante de nossos olhos, e nos protegeu por todo o caminho que percorremos e entre todos os povos no meio dos quais atravessamos. [...] Portanto, nós também serviremos a Yahweh, pois ele é o nosso Deus.” (Js 24, 16-18). 

Falar é fácil. As palavras o vento leva. Conhecemos a história desse povo e sabemos das traições, das infidelidades, dos subterfúgios que usaram para tentar ludibriar as promessas feitas. 

Será que no tempo de Jesus foi diferente? E hoje, existe alguma semelhança?

Mas o Senhor é santo, é exigente, é ciumento.

Josué disse:

·         “Não podeis servir ao Senhor, pois ele é um Deus santo, um Deus ciumento, que não tolerará as vossas transgressões, nem os vossos pecados!” (Js 24,19).

Deus não se preocupa com popularidade, não faz conta do número de fiéis, não abranda suas exigências para ser aceito, mas sim, faz conta da fidelidade ao seu amor e ao atendimento do seu chamado! 

O que é narrado na primeira leitura torna-se ainda mais claro e dramático no evangelho.

Josué não se contenta com as promessas do povo e quis deixar um marco para que o povo não se esquecesse do que, naquele momento de euforia coletiva, havia proferido e

·         “... pegou uma grande pedra e a ergueu aí, debaixo do carvalho que está no santuário de Yahweh. Em seguida, disse ao povo: ‘Esta pedra será um testemunho contra nós, porque ela ouviu todas as palavras que Yahweh nos disse. Será um testemunho contra vocês para que não reneguem o seu Deus.” (Js 24,26b-27).

Jesus não faz diferente. Só que ele não sugere uma pedra como testemunho do que fora dito; o seu testemunho é seu próprio corpo que ele dá como alimento:

·         Eu sou o pão da vida [...] quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida”. (Jo 6,35.51).

O testemunho que Jesus nos deixa é a Eucaristia que não é simplesmente uma pedra de testemunho, mas como diz o salmista:

·         “Tu és a minha força, meu rochedo, minha fortaleza, meu libertador; meu Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva, meu baluarte”. (Sl 18,2-3).

E como disse Davi nesse seu cântico quando Yahweh o libertou de todos os seus inimigos:

·         “Yahweh é minha rocha e minha fortaleza, o meu libertador. Ele é meu Deus. Nele, meu rochedo, eu me abrigo, meu escudo e minha força salvadora, minha torre forte, meu refúgio, meu salvador que me salva da violência”. (2Sm 22,1-3).

A Eucaristia não é a pedra sugerida por Josué; é muito mais: é força, rochedo, fortaleza, libertação, salvação, rocha, refúgio, escudo, baluarte, e muito mais... Muito mais... Muito mais...

Josué adverte ao povo:

·         “Agora, portanto, - (isto é, agora que o povo israelita alcançou o objetivo proposto por Yahweh para lhe dar como herança a Terra Prometida), - temam a Yahweh, servindo-o com integridade e fidelidade. Tirem do meio de vocês os deuses, a quem seus antepassados serviram... Sirvam a Yahweh.” (Js 24,14).

E Jesus adverte seus discípulos, dizendo:

·         “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus”. (Lc 9,61).

A Eucaristia tem o mesmo objetivo: o povo de Deus que se alimenta da Eucaristia tem de servi-lo com integridade e fidelidade; tem que tirar de seu meio tudo o que possa ofuscar os benefícios e graças que se recebe pela Eucaristia; tem que eliminar de seu meio todos os deuses, vícios e dominações do que é impuro, como diz Paulo:

·         “Tenho receio de que entre vocês haja discórdia, inveja, animosidade, rivalidade, maledicências, falsas acusações, arrogância, desordens [...] e ainda não se tenham convertido da impureza, da fornicação e dos vícios que antes praticavam.” (2Cor 12,21). 

O povo que se alimenta da Eucaristia é conduzido pelo Espírito Santo:

·         “Por isso é que lhes digo: vivam segundo o Espírito, e assim não farão mais o que os instintos egoístas desejam. Porque os instintos egoístas têm desejos que estão contra o Espírito, e o Espírito contra os instintos egoístas; os dois estão em conflito, de modo que vocês não fazem o que querem. Mas se forem conduzidos pelo Espírito, vocês não estarão mais submetidos à Lei. Além disso, as obras dos instintos egoístas são bem conhecidas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúme, ira, rivalidade, divisão, sectarismo, inveja, bebedeira, orgias e outras coisas semelhantes. Repito o que já disse: os que fazem tais coisas não herdarão o Reino de Deus. [...] Os que pertencem a Cristo crucificaram os instintos egoístas junto com suas paixões e desejos. Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do Espírito. (Gl 5,16-21.24-26).

E Paulo é categórico em relação àqueles que participam da Eucaristia e que não se livraram de seus deuses, de seus vícios, dos seus demônios:

·         “O que eu digo é o seguinte: aquilo que os pagãos sacrificam, eles sacrificam aos demônios, e não a Deus. Ora, eu não quero que vocês entrem em comunhão com os demônios. Vocês não podem beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podem participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou queremos provocar o ciúme do Senhor?” (1Cor 10,20-22).

E complementa:

·         “Portanto, todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor, até que ele venha. Por isso, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portanto, cada um examine a si mesmo antes de comer deste pão e beber deste cálice, pois aquele quem come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação”. (1Cor 11,26-29).

Para que se viva bem a Eucaristia sendo conduzido pelo Espírito Santo, Paulo descreve os frutos do Espírito que atua em quem come e bebe do corpo e sangue do Senhor dignamente:

·         “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si”. (Gl 5,22-23).

Assim como Josué disse ao povo, apontando-lhe a pedra:

·         Esta pedra será um testemunho contra nós, porque ela ouviu todas as palavras que Yahweh nos disse. Será um testemunho contra vocês para que não reneguem o seu Deus.” (Js 24,26b-27).

E Jesus diz:

·         “Eu sou o pão que desceu do céu. [...] Eu garanto a vocês: se vocês não comem a carne do Filho do homem e não bebem o seu sangue, não terão a vida em vocês. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. [...] Depois que ouviram essas coisas, muitos discípulos de Jesus disseram: ‘Este modo de falar é duro demais. Quem pode continuar ouvindo isso? ’”. (Jo 6,41.53-54;6-60).

Será que o escândalo que se apossou dos discípulos de Jesus nessa oportunidade persiste ainda hoje? Será que Jesus vai ter que repetir:

·         Vocês também querem ir embora?”. (Jo 6,67).

Qual seria a nossa resposta hoje? Que a resposta a ser proferida seja a mesma de Pedro, dada em nome dos Doze e de todos os discípulos:

·         “A quem iremos, Senhor?” Caminhar contigo não é fácil; acolher tuas exigências nos custa; compreender teus motivos às vezes é-nos pesado... Mas, a quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus!”.

Que as palavras de Pedro ressoem na Igreja e, como Josué, possa ser dito por todos os cristãos que se alimentam da Eucaristia:

“Eu e minha família serviremos o Senhor!”

Amém.