FAZEI ISSO
QUINTA-FEIRA SANTA
Ano “C” – Cor: branco –
Leituras: Ex 12,1-8.11-14; Sl 115 (116B); 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15.
Diácono Milton
Restivo
Quando participamos do Santo
Sacrifício da Missa e, durante a oração eucarística, o celebrante toma em suas
mãos a hóstia, levanta-a sobre o altar para que todos os participantes possam
vê-la, e diz em voz alta, para que todos possam ouvi-lo:
·
“Na véspera de sua paixão,
durante a última ceia, Jesus tomou o pão, deu graças e o partiu, e deu aos seus
discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e comei: isto é o meu corpo, que será
entregue por vós.” Depois, do mesmo
modo, ao fim da ceia, Jesus tomando o cálice em suas mãos, deu graças novamente
e o entregou aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, todos, e bebei: Este é o
cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna
aliança, que será derramado por vós e por todos para a remissão dos
pecados. Fazei isto em memória de mim.”
Todas as vezes que
participamos da Santa Missa e todas as vezes que o sacerdote celebrante repete
essa atitude, estamos participando da ceia sagrada e estamos vivendo o maior
mistério da nossa fé, porque, como diz Paulo Apóstolo:
·
“Toda vez que se come deste
pão, toda vez que se bebe deste vinho, se recorda a paixão de Jesus Cristo e se
fica esperando a sua volta.” (1Cor 11, 26).
A Santa Ceia, esta cena
maravilhosa, tocante e imorredoura, aconteceu na noite em que o Jesus, já
sabendo que tinha sido vendido aos judeus por um de seus apóstolos, Judas
Escariotes, para ser condenado à morte, e ele, Jesus, tendo reunido todos os
seus apóstolos para a despedida final, promoveu o que chamamos hoje de “Santa
Ceia”, que seria o seu último encontro como os seus discípulos e apóstolos, e
ali, naquela oportunidade, institui o Sacramento da Eucaristia.
O Sacramento da Eucaristia é
o Sacramento
Todas as vezes que
participamos de uma Santa Missa é como se estivéssemos ao redor da mesa, com
Jesus, como aconteceu na última ceia; todas as vezes que participamos do
sacrifício da missa nós estamos, como estiveram na última ceia os doze
apóstolos, ao redor da mesa, tendo Jesus Cristo ao centro, e estamos
participando do banquete pascal, onde se serve, como alimento, o pão que se
transforma no corpo de Jesus Cristo, e se bebe, como bebida, o vinho, que se
transforma no sangue de Jesus Cristo que foi derramado “por todos os homens
para o perdão dos pecados.”
Mas, para participarmos
dessa Santa Ceia o Senhor Jesus quer que seus apóstolos e discípulos estejam
limpos, sem a poeira do pecado, sem a mancha das más inclinações, sem a sujeita
dos maus pensamentos, e foi por isso que Jesus se propôs a lavar os pés de seus
apóstolos com a água do perdão e enxugá-los com a toalha da misericórdia do
Pai.
Jesus nos quer limpos para
participarmos efetiva e dignamente da mesa da sua santa ceia, porque, como diz
Paulo Apóstolo, todos aqueles que não estiverem preparados para receber a
Sagrada Eucaristia e o fazem ou se dirigem à mesa da comunhão impuros, estão
comendo e bebendo a sua própria condenação:
·
“Por isso, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor
indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portanto, cada um
examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele
que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação.” (1Cor 11,27-29).
E é por isso que, em uma das
Orações Eucarísticas o celebrante reza, e nós repetimos com a Santa Igreja,
dizendo:
·
“Jesus Cristo, verdadeiro e
eterno sacerdote, oferecendo-se a Deus Pai pela nossa salvação, instituiu o
sacramento da nova aliança e mandou que o celebrássemos em sua memória. Sua
carne imolada por nós é o alimento que nos fortalece, e o seu sangue por nós
derramado, é a bebida que nos purifica.” (V oração eucarística).
Nosso Senhor Jesus Cristo é
a realização plena de todas as promessas de salvação feita por Deus Pai aos
homens de todos os tempos.
Desde a queda do homem, Deus
promete a salvação, e todo o Antigo Testamento das Sagradas Escrituras é a
preparação dessa salvação prometida por Deus; e, tanto a vinda de Jesus Cristo
como toda a sua vida, a sua paixão, morte e ressurreição e ascensão aos céus,
tudo isso aconteceu como havia sido anunciado pelos profetas e Santos do Antigo
Testamento.
E tudo o que o Senhor Jesus
fez, falou e ensinou em toda a sua vida, deve ser aceito e vivido por todos
aqueles que dizem e acreditam que ele é a Salvação que vem de Deus.
Não adianta dizermos que
Jesus Cristo é o Filho de Deus, não adianta dizermos que Jesus Cristo é Deus se
duvidamos ou não acreditamos em qualquer coisa que ele tenha feito, falado ou
ensinado.
O Frei Agostinho escreveu na
revista “Cavaleiro da Imaculada de junho do 1984:
·
“Quando, na última ceia, Jesus
Cristo tomou em suas mãos o pão e o abençoou, dizendo: “Isto e o meu corpo”, e
depois, sobre o cálice com vinho, disse: “Este é o cálice do meu sangue”, os
apóstolos acreditaram na palavra de Jesus, porque, realmente Jesus Cristo havia
dito que o pão era o seu corpo e o vinho era o seu sangue, e não somente
representava isso. Os apóstolos acreditaram porque já haviam se convencido inúmeras
vezes que as palavras de Jesus Cristo sempre foram eficientes; o que Jesus
dizia, ele fazia. Quando Jesus sarava os doentes, os doentes ficavam realmente
curados; quando Jesus mandava sair dos espíritos imundos, os espíritos imundos,
mesmo contra a sua vontade, imediatamente saiam; quando Jesus mandou que se
acalmassem as ondas do mar tumultuado, no mesmo instante a tempestade passou;
quando Jesus resolveu matar a fome de milhares de pessoas com cinco pães e dois
peixes, Jesus multiplicou os pães de tal
sorte que as multidões ficaram
fartamente saciadas; quando Jesus mandou sair Lázaro do túmulo mesmo já
estando em adiantado estado de decomposição, Lázaro saiu vivo e perfeito do
túmulo; quando Jesus mandou que o filho da viúva de Naim se levantasse de seu
caixão mortuário, imediatamente aquele moço se levantou cheio de vida e saúde e
foi devolvido para a sua mãe. Nenhuma palavra de Jesus foi frustrada ou
desmentida. E por isso a nossa Santa Igreja nos ensina ao longo do tempo, ao
longo de toda a sua história, com toda fé e veneração, que o pão consagrado e o
vinho consagrado são verdadeiramente o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus
Cristo entregue na cruz e derramado por todos os pecados dos homens em todos os
tempos. Jesus Cristo não somente realizou este ato pessoalmente na última ceia,
mas, o que é mais importante mandou e autorizou os seus apóstolos e os sucessores
dos apóstolos de todos os tempos a repetirem esse mesmo ato por toda a eternidade,
quando disse: “Fazei isso em minha memória”. E os Apóstolos, enquanto tiveram
vida, repetiram esse ato de Jesus com a fé e convicção firme de que o pão e o
vinho que eles consagravam sobre o altar eram realmente corpo e o sangue de
Jesus Cristo. E hoje, todos os sacerdotes da Igreja Católica Apostólica Romana,
em todos os tempos e lugares, devidamente ordenados, repetem esse ato de Jesus
ao longo dos tempos, até os confins do mundo. E nós, cristãos, assim
instruídos, acreditamos na presença real, mesmo que sacramental, de Jesus
Cristo na Sagrada Eucaristia. Acreditamos piamente que Jesus Cristo está
realmente presente na Eucaristia com o seu corpo, sangue alma e divindade, não
porque entendemos esse mistério, mas porque, e acima de tudo, simplesmente
acreditamos cegamente nas palavras e atitudes de Jesus Cristo. Ele nunca nos
enganou; ele nunca mentiu. E por isso, com que amor então deveríamos nós correr
para participarmos da Santa Missa. Com que amor e devoção deveríamos fazer
visitas nas igrejas onde Jesus Cristo está presente verdadeiramente nos
sacrários. Com que ansiedade, preparação e gratidão deveríamos comungar todas
as vezes quantas nos forem possíveis. Será que as nossas atitudes de cristãos
correspondem aos desejos de Jesus? Será que nós temos fé nas palavras de Jesus
de verdade, ou somos iguais àqueles que acreditam somente em parte nas palavras
de Jesus e colocam outras partes em dúvidas? Devemos pedir, e pedir muito à
Santíssima Virgem Maria que nos dê aquela fé viva, bem viva que ela mesma viveu
e praticou em todos os momentos de sua caminhada. Quanto mais nos aproximarmos
da Eucaristia, tanto mais viveremos plenamente a nossa vida cristã. E é isso
que o próprio Senhor Jesus deseja e espera de cada um de nós...”
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