sábado, 1 de fevereiro de 2014

APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO

APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO
Ano – A; Cor – Branco; Leituras: Ml 3,1-4; Sl 23 (24); Hb 2,14-18; Lc 2,22-40.

“QUANDO SE COMPLETARAM OS DIAS PARA A PURIFICAÇÃO DA MÃE E DO FILHO, CONFORME A LEI DE MOISÉS...” (Lc 2,22).


Diácono Milton Restivo

A primeira leitura desta liturgia apresenta o profeta Malaquias. Malaquias é o último livro do Antigo Testamento, que resume muita da sua história.
Este livro é a ponte entre o Antigo e o Novo Testamento. Um silêncio de quatrocentos anos estende-se entre a voz de Malaquias e a voz do que clama no deserto: “Endireitai o caminho do Senhor”. Este último escrito profético traz na Bíblia grega o título, mais comum entre nós, de Malaquias, que em hebraico quer dizer "Anjo [ou mensageiro] de Yahweh," e como nome próprio se encontra alhures no texto bíblico.
A Bíblia hebraica intitula-o de Malaqui, que pode ser forma abreviada do precedente, ou significar, por si, "Anjo (mensageiro) meu." O Antigo Testamento termina com a palavra “maldição”; o Novo Testamento termina com uma benção: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém” (Apo 22,21).
A festa que comemoramos hoje é chamada de Apresentação do Senhor, e é celebrada pela Igreja quarenta dias depois do Natal, de conformidade com o que prescreve o livro do Levítico para o povo israelita: “Yahweh falou a Moisés: ‘diga aos filhos de Israel: Quando uma mulher conceber e der à luz um menino, ficará impura durante sete dias, como durante a sua menstruação. No oitavo dia o prepúcio do menino será circuncidado; e, durante trinta e três dias, ela ainda ficará se purificando do seu sangue. Não poderá tocar nenhuma coisa consagrada, nem ir ao santuário enquanto não terminar o tempo de sua purificação” (Lv 12,1-4).
       À base disso, José e Maria só poderiam ir ao templo depois de quarenta dias do nascimento do menino, ou seja, sete dias da impureza (?) da mãe por ter dado à luz e mais trinta e três dias que ela deveria se purificar do seu sangue (?) depois do parto.
Coisas de Moisés, atribuídas a Yahweh e impostas ao povo israelita.
Em primeira instância devemos entender como a purificação da mãe após o parto, razão pela qual a Igreja também chama essa festa como a Festa da Purificação de Nossa Senhora.
Esta festa começou a ser conhecida no Ocidente, a partir do século X, com o nome de Purificação da bem-aventurada virgem Maria. Foi incluída entre as festas de Nossa Senhora.
Mas isto não totalmente correto, já que a Igreja celebra neste dia, essencialmente, um mistério de nosso Senhor. No calendário romano, revisado em 1969, com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, o nome da festa foi mudado para "A Apresentação do Senhor", festa que comemoramos nesta oportunidade.
Quando rezamos o rosário, a Apresentação de Jesus no Templo é o quarto Mistério Gozoso ou Mistério da Alegria do Santo Rosário.
Mas a história não termina ai. Jesus era o filho primogênito do casal José e Maria e, segundo a Lei de Moisés, o filho primogênito, segundo determinação de Yahweh dada a Moisés, pertencia a Yahweh, conforme ele mesmo determinara a Moisés: “Consagre a mim todos os primogênitos (entenda-se os do sexo masculino) todo aquele que por primeiro sai do útero materno entre os filhos de Israel, tanto dos homens como dos animais: ele pertencerá a mim. [...] Quando Yahweh tiver introduzido você na terra dos cananeus e a tiver dado, como jurou a você e aos seus antepassados, você reservará para Yahweh todos os primogênitos do útero materno; e a Yahweh pertencerá todo primogênito do sexo masculino também dos animais que você possuir. [...] Os primogênitos humanos você os resgatará sempre” (Ex 13,1-2.11-12.13c).
A cria primogênita dos animais poderia ser resgatada ou sacrificada, pois pertenciam a Yahweh: “O primogênito da jumenta, porém, você o resgatará, trocando por um cordeiro (que deveria ser sacrificado no lugar do filhote primogênito da jumenta). Se você não o resgatar, deverá quebrar-lhe a nuca” (Ex 13,13).
Quanto ao filho primogênito humano, que pertencia a Yahweh, deveria ser resgatado pelos pais, ou seja, os pais deveriam ir ao templo e ofertar a Yahweh, de acordo com as suas posses, para os mais ricos um novilho ou ovelha e para os mais pobres um par de rolas (cf Lv 5,7).
Por isso é que Lucas esclarece: “Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém a fim de apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na lei do Senhor: ‘Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor’. Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na lei do Senhor” (Lc 2,22-24).
Isso posto, quando da apresentação do menino Jesus no Templo para que fosse cumprida a Lei de Moisés, lá estavam dois velhos respeitáveis: Simeão e Ana, chamada de “a profetisa”.
O velho Simeão reconhece o Messias logo que seus pais adentram o Templo e levantando-o nos braços, louva a Deus por tê-lo permitido ver Sua glória naquela criança. 
É Simeão quem irá reconhecer no Menino o verdadeiro Messias tão esperado e, após agradecer a Deus, advertirá Maria sobre o futuro de Jesus: Ele será um sinal de contradição, revelando os pensamentos de muitos corações e uma espada traspassará a alma da Mãe amorosa, que verá seu Filho sofrer pelo egoísmo da humanidade que não o receberá, conforme narra Lucas: “Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus Simeão então entoou uma oração que ficaria conhecida como “Nunc Dimittis”, também conhecida como o "Cântico de Simeão", que profetiza a redenção do mundo por Jesus: ‘Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos; luz para iluminar as nações e glória de teu povo Israel. O pai e a mãe estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: ‘Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma” (Lc 2,25-35).
Certamente, Maria pouco entendeu o que Simeão estava a lhe dizer.  Porém, continuava a meditar sobre o significado de todas essas coisas em Seu coração. Voltando para Nazaré, irá acompanhar o crescimento do Menino em sabedoria, estatura e graça (cf Lc 2,40).
No Templo também estava Ana, viúva há muitos anos, vivia no Templo dedicando-se ao serviço a Deus com jejuns e orações.  Ao encontrar o Menino, reconhece nele o Messias esperado e põe-se a louvar a Deus e a falar da revelação que lhe acontecera a todas as pessoas: “Havia t ambém uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o seu marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saia do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2,36-38).
Também, antigamente, neste dia, a Igreja comemorava a festa de Nossa Senhora da Luz, ou Nossa Senhora da Candelária, ou Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Apresentação, ou Nossa Senhora da Purificação, títulos esses sinônimos pela qual a Igreja Católica venera a Virgem Maria, considerando que, nesta festa, Maria é a portadora da luz que é o próprio Jesus, tendo ele afirmado mais adiante: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas possuirá a luz da vida” (Jo 8,12). É por isso que na nossa celebração serão bentas as velas que os fiéis, após a Santa Missa, as levarão para seus lares.
A bênção das velas antes da missa e a procissão com as velas acesas são características chocantes da celebração atual.
O missal romano manteve estes costumes, oferecendo duas formas alternativas de procissão.
É adequado que, neste dia, ao escutar o cântico de Simeão no evangelho aclamemos a Cristo como "luz para iluminar às nações e para dar glória a teu povo, Israel".

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