SÓ
OS VALENTES TEM PAZ VERDADEIRA
Paz. Como
necessitamos de paz. Como procuramos a paz. Como desejamos a paz. Paz interior.
Paz de espírito. Paz na família. Mas como procuramos a paz nos locais mais
errados, nos lugares onde ela não está.
E, nessa busca louca e desenfreada de
paz, mais nos confundimos, mais nos desesperamos. A paz não é somente ausência
de guerra.
Paz também não é sinônimo de
tranquilidade. Paz é você estar de bem com você e com Deus, mesmo que tudo à
sua volta seja guerra e confusão.
A paz verdadeira vem de Deus, aquela
paz que vem de Jesus, o filho de Maria, quando ele mesmo disse aos seus
apóstolos e discípulos: Deixo-vos a paz,
a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá. Não se perturbe nem se
intimide vosso coração.” (Jo 14, 27).
A paz verdadeira vem de Deus, somente
de Deus; paz interior, paz de consciência. Eu disse que paz não é sinônimo de tranquilidade, mesmo contrariando a
definição de paz que nos dão os dicionários da língua portuguesa.
Realmente, a paz que vem de Deus não
pode ser sinônimo de tranquilidade porque, por um paradoxo, Deus nos dá a sua
paz exatamente para não nos deixar tranquilos, porque, quem tem a paz que vem
de Deus não pode ficar tranquilo ao ver tantas injustiças, tantas mentiras,
tantas falsidades, tantos interesses escusos que existem entre as pessoas,
entre as famílias, e isso no mundo todo.
Quem tem a paz que vem de Deus não
pode se acomodar, não pode se tranquilizar, não pode se omitir ao ver a
injustiça imperar nos lugares que deveriam ser santos, não pode concordar ao ver
que aqueles que deveriam falar em defesa dos oprimidos se calarem covardemente;
não pode ter repouso ao presenciar as agressões covardes contra aqueles que não
podem se defender, isso tanto física, como moral e psicologicamente. Por isso
que digo que paz não pode e nem deve ser sinônimo de tranquilidade. Deus nos dá
a paz, mas não nos deixa em paz.
A paz que vem de Deus nos desaloja do
nosso comodismo, assim como aconteceu com Maria que após receber a paz
personificada no Filho de Deus em seu
ventre não se acomodou e partiu para uma longa viagem ao saber que sua prima
Isabel, já de idade avançada, necessitava de sua presença para a auxiliar nos
últimos meses de sua gravides temporã.
Só os valentes tem essa paz
verdadeira; os valentes que assumem de corpo e alma os preceitos de Deus e se
sintonizam com a vontade divina para servirem de instrumentos nas mãos do Pai, para dar continuidade ao
plano de salvação iniciado por Jesus Cristo,
e que se prolonga na luta do dia a dia
da sua Igreja.
E o resultado dessa paz nem sempre é
uma velhice tranquila ou uma aposentadoria calma e abastada; o resultado dessa
paz é, muitas vezes, a incompreensão do mundo, é uma coroa de espinhos, são
flagelos, chacotas que muitas vezes terminam por se ver o mundo do alto, mas do
alto de um cruz.
Não foi assim que aconteceu com o
filho de Maria? E a prova disso vemos na paz que Jesus Cristo transmitiu aos
seus apóstolos, quando disse: “Eu vos dou
a minha paz, eu vos deixo a minha paz.” (Jo 14,27).
Jesus deu a paz, transmitiu a sua paz
aos seus discípulos e apóstolos, e, todos os apóstolos, em gozo pleno dessa
paz, foram perseguidos, caluniados, flagelados, assassinados, martirizados,
mortos em nome da fé e da paz.
Mas, que tipo de paz é essa que, para
gozá-la plenamente temos de passar por todas essas privações? É a paz que vem
de Deus que nos dá plena segurança de que vale a pena ser perseguido pelo
mundo, ser incompreendido pelos homens desde que permaneçamos fieis à
observância das mensagens evangélicas de Jesus Cristo.
A paz que vem de Deus traz alegria
interior. A paz que o mundo oferece, transforma-se em remorso.
O Senhor fez bem-aventurados todos
aqueles que vivem na sua paz e, as bem-aventuranças evangélicas nada mais são
do que o conforto que Deus dá aos que vivem na sua paz e, bem por isso, são: “Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino de Deus. Bem-aventurados os que choram, porque serão
consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os
artífices da paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que
padecem perseguição pela justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados serão vocês, quando forem insultados e perseguidos, e com
mentira falarem contra vocês todo gênero de mal por minha causa. Alegrem-se e
regozijem-se, porque grande será a sua recompensa.” (Mt, 5, 3-12).
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