sábado, 12 de maio de 2012

DIA DAS MÃES - SER MÃE É PADECER NO PARAÍSO?


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DIA DAS MÃES

SER MÃE É PADECER NO PARAÍSO?

Diácono Milton Restivo

“Observa, meu filho, os preceitos de teu pai, e não abandones a lei de tua mãe. Traze-os incessantemente presos ao teu coração, e põe-nos à roda de teu pescoço. Quando andares, eles te acompanhem; quando dormires, eles te guardem; e, ao acordar, fala com eles. Porque o mandamento é uma candeia e a lei uma luz, e a correção que conserva na disciplina é o caminho da vida...” (Pr 6,20-23).

O poeta, na sua maneira romântica e mística de encarar a vida e ver as coisas, afirma que, “ser mãe é padecer no paraíso”.

No meu humilde ponto de vista, muito embora tendo um pouco de poeta, procuro ser mais realista e digo que, ser mãe é, na maioria das vezes, padecer, mas nem sempre no paraíso porque onde existe sofrimento não pode ser o paraíso.

A maternidade é a vocação inerente da natureza da mulher, e a maternidade é o grau maior de felicidade que pode ser alcançado por uma mulher porque, ser mãe é participar da criação do mundo com Deus, considerando que, somente Deus pode dar a vida, e somente a mulher pode gerar a vida, e o Senhor Nosso Deus transmitiu à mulher essa glória, essa graça, a de ser coadjuvante de Deus na procriação do gênero humano, a de gerar novos filhos para Deus. Deus criou a luz: “Que haja a luz” (Gn 1,3), e deu à mulher a sublime missão de dar à luz.
As Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento, enaltecem a figura dos pais e, em muitos lugares, impõem amor, respeito e veneração à mãe. “Vocês, filhos, obedeçam em tudo aos seus pais; porque isto é agradável ao Senhor.” (Cl 3,20). “Ouve a teu pai, que te gerou; e não desprezes a tua mãe, quando ela envelhecer.” (Pr 23,22). “Filho meu, ouve o ensino de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe. Porque serão diadema de graça para a tua cabeça e colares, para o teu pescoço.” (Pr 1,8-9).

Um dos mandamentos da Antiga Aliança recomenda o respeito e veneração aos pais, e os filhos que assim o fizerem terão a benevolência de Yahweh: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” (Ex 20,12). Este é o primeiro mandamento que vem com promessa de dias melhores se for levado a sério, conforme disse Paulo: "Filhos, obedeçam aos seus pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a seu pai e a sua mãe - que é o primeiro mandamento com promessa -, para que lhe vá bem, e seja de longa vida sobre a terra. E vocês, pais, não provoquem seus filhos à ira, mas cria-os na disciplina e na admoestação do Senhor." (Ef 6,1-4).

O filho obediente traz alegria aos pais: “O filho sábio alegra a seu pai, mas o filho insensato é a tristeza de sua mãe” (Pr 10,1), e repete, reforçando essa afirmativa mais adiante: “Filho sábio é alegria para seu pai, mas o filho insensato é desonra para a mãe” (Pr 15,20).

Mãe é aquela criatura que tem algo de muito de divino e que só sentimos sua falta quando ela se ausenta ou a perdemos...

Ser mãe é uma vocação tão divina que até o próprio Senhor Nosso Deus, na pessoa divina de Nosso Senhor Jesus Cristo, quis ter uma mãe dentre todas as mulheres e, para tanto, ele reservou somente para si o privilégio, que nenhum ser humano tem: o de escolher a sua mãe, enquanto nós não a escolhemos mas a recebemos por designo divino e agradecemos a Deus por isso e a amamos do fundo das nossas almas.

Pelas Sagradas Escrituras tomamos conhecimento que o Senhor Jesus não desperdiçou esse privilégio e nem se fez de rogado ao escolher a sua própria mãe e, bem por isso, ele caprichou: escolheu dentre todas as mulheres de todos os tempos e lugares, a mais santa, a mais pura, a mais bela, a mais casta, a mais sensível, a mais virgem: escolheu Maria, (Lc, 1,26-38), e fez de Maria o retrato fiel de todas as mães que existem no mundo porque, para cada filho, a sua própria mãe é dentre todas as demais a mais bela, a mais santa, a mais sensível.

No dizer do Apóstolo Paulo é, através da maternidade, que a mulher cristã alcança a salvação eterna: "Entretanto, ela será salva pela sua maternidade, desde que, com modéstia, permaneça na fé, no amor e na santidade." (1Tm 2,15).

Ser mãe é um atributo tão responsável que as Sagradas Escrituras dizem que os defeitos e falhas dos filhos são motivos de críticas à mãe que a eles trouxe à luz e os criou: “O filho sábio alegra o pai, o filho insensato entristece a mãe.” (Pr 10,1). “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas o jovem deixado a si mesmo envergonha sua mãe.” (Pr 29,15).

Ser mãe é tão nobre, tão poético e tão divino que, muitas vezes, nas Sagradas Escrituras, o próprio Senhor compara-se a uma mãe para demonstrar aos homens o imenso amor que ele tem por todos os seus filhos, quando diz no livro do profeta Isaias: “Por acaso uma mulher se esquecerá da sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela do filho de seu ventre? Ainda que as mulheres se esquecessem eu não me esqueceria de ti.” (Is 49,15).

E o Senhor Nosso Deus continua, ainda, atribuindo a si a figura materna para demonstrar o seu infinito amor pelos homens: “Como uma mãe acaricia o seu filhinho, assim eu vos consolarei, e, em Jerusalém, sereis consolados.” (Is 66,13).

Jesus, numa alusão tristemente carinhosa, ao ver que os homens viraram as costas para o grande amor que Deus Pai tem por todos os seus filhos e, em troca desse grande amor que o Senhor dá gratuitamente a todos e a cada um, os homens somente demonstram ingratidões, num gesto acolhedor maravilhoso que sugere romantismo, abre seus braços querendo acolher os filhos de Jerusalém como a galinha acolhe seus pintinhos sob suas asas: “... quantas vezes quis eu juntar os teus filhos, como a galinha recolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas, e não o quiseste!” (Mt 23,37).

Maravilhosos exemplos de amor materno as Sagradas Escrituras nos transmitem como, por exemplo, Agar, escrava de Abraão que lhe dera um filho em virtude da esterilidade de Saara, esposa de Abraão, mas que, depois de Saara engravidar e ter um filho, Saara obrigou Abraão expulsar Agar e seu filho para que não fossem roubados os direitos de seu filho e Abraão, induzido por sua mulher, assim fez: “Abraão levantou-se cedo, tomou pão e um odre de água que deu à Agar; colocou-lhe a criança sobre os ombros e depois a mandou embora. Ela saiu errante no deserto de Bersabéia. Quando acabou a água do odre, ela colocou a criança debaixo de um arbusto e foi sentar-se defronte, à distância de um tiro de arco. Dizia consigo mesma: ‘Não quero ver morrer a criança.’ Sentou-se defronte e se pôs a gritar e chorar. Deus ouviu os gritos da criança e o Anjo de Deus, do céu, chamou Agar, dizendo: ‘Que tens, Agar? Não temas, pois Deus ouviu os gritos da criança, do lugar onde ele está. Ergue-te! Levanta a criança, segura-a firmemente, porque eu farei dela uma grande nação.’ Deus abriu os olhos de Agar e ela enxergou um poço. Foi encher o odre e deu de beber ao menino.” (Gn 21,14-19).

Outro exemplo de amor materno conferimos no livro do Êxodo, 2,1-10, quando a mãe de Moisés, ao ver se filho recém-nascido ter que ser morto por um decreto do Faraó (cf Ex 1,16), usa de todos os meios para conservá-lo vivo e o tem de volta novamente em seus braços. A exemplo de Maria, a mãe de Jesus, que teve que fugir para o Egito para salvar seu filho da fúria mortífera do sanguinário rei Herodes (cf Mt 2,13-23), e que depois o acompanhou em seu martírio e permaneceu ao pé da cruz passando pelos maiores sofrimentos acompanhando as indizíveis dores de seu divino filho, conforme nos narra João em seu Evangelho 19,25-30.

Também vemos uma mãe, no Antigo Testamento, no Segundo livro de Samuel, 21,8-10 que, vendo os seus dois filhos serem crucificados, esteve de guarda durante dias e noites aos pés das cruzes de seus filhos mortos "... e não deixou descerem sobre eles as aves do céu durante o dia, nem os animais selvagens durante a noite." (2Sm 21,10).

E o que dizer, então, da mãe dos irmãos Macabeus, ao todo sete irmãos que, por não permitir que seus filhos renegassem a fé que tinham em Deus, não hesitou em vê-los morrer violentamente, um após o outro, estando junto deles, incentivando-os e acompanhando seus sofrimentos e, por fim, sendo com eles martirizada também, como vemos em todo o capítulo sete (7) do segundo livro dos Macabeus?

Ser mãe é sofrer, sim, mas não no paraíso, e sim para alcançar o paraíso.

O Senhor Nosso Deus é extremamente cuidadoso em relação às mães e está, através das Sagradas Escrituras, sempre nos chamando a atenção para bem cuidar delas, respeitando-as e aceitando-as como são, porque nada existe que possamos fazer neste mundo que esteja à altura de retribuir o que nossas mães nos tem feito, ainda que muitas vezes nos aborrecemos com suas atitudes por desconhecermos os seus problemas e, bem por isso, o Senhor está sempre nos advertindo, colocando, inclusive, dentre seus principais mandamentos, um que diz respeito diretamente sobre a honra que devemos dispensar à nossa mãe, mandamentos e exortações essas que nunca é demais repeti-las: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que Iahweh teu Deus, te dá.”(Ex 20,12); “Filhos, obedeçam aos teus pais, no Senhor, pois é justo. Honra teu pai e tua mãe - é o primeiro mandamento com promessa - para seres feliz e teres uma longa vida sobre a terra.” (Ef 6,1-3); “Escuta, meu filho, a disciplina de teu pai, não desprezes a instrução de tua mãe, pois será formoso diadema em tua cabeça, e colar em teu pescoço.” (Pr 1,8-9). “Honra teu pai e tua mãe, conforme te ordenou Iahweh teu Deus, para que os teus dias se prolonguem e tudo corra bem na terra que Iahweh teu Deus te dá.” (Dt, 5, 6); “Cada um de vocês respeitará sua mãe e seu pai.” (Lv 19,3); “Honra o teu pai de todo o coração e não esqueças as dores de tua mãe. Lembra-te de que foste gerado por eles. O que darás pelo que te deram?” (Eclo, 7,27-28). Se continuarmos buscando nas Sagradas Escrituras os apelos que o Senhor faz aos filhos em relação à mãe, vamos encontrar muito mais...

Jesus levou tão a sério esses preceitos, repetiu a austeridade do contido no Antigo Testamento e não pensou duas vezes para dizer: "Honra teu pai e mãe e aquele que maldizer pai ou mãe certamente deve morrer." (Mt 15,4), repetindo, é claro, o que o Senhor havia transmitido e ensinado aos israelitas no Antigo Testamento: "Quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe deve morrer. Visto que ele amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe, o seu sangue cairá sobre ele mesmo." ( Lv 20,9).

O próprio Jesus demonstrou o amor e o respeito que um filho deve ter em relação à sua mãe, respeitando sua mãe, Maria, e atendendo a um seu apelo nas bodas de Canaã, quando, num casamento, faltou vinho e Maria se aproxima de Jesus notificando-o do fato, sabendo que ele poderia resolver o problema e tirar os noivos daquela situação incômoda, e Jesus mesmo dizendo que “... a minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4), antecipou a sua hora para atender a um pedido de sua mãe, e Maria, que se volta aos serventes e diz: “Façam tudo o que ele vos disser.” (Jo, 2,5).

A mãe tem uma força muito grande diante de Deus quando pede por seus filhos.

O Senhor Nosso Deus jamais deixou de ouvir as mães e atendê-las em suas súplicas quando pede por seus filhos, mas também o Senhor as ouve se chegarem ao cúmulo de amaldiçoarem seus filhos: “A benção do pai fortifica a casa dos filhos, e a maldição da mãe as destrói pelos alicerces.” (Eclo 3,11). “Como é infame aquele que desampara seu pai! E como é amaldiçoado de Deus o que exaspera sua mãe!” (Eclo 3,18).

Mãe é a imagem, é a face de Deus que temos ao nosso lado, bem perto de nós.

O sangue de nossa mãe corre em nossas veias, a carne dela cobre os nossos ossos, a educação que temos dela a recebemos, as nossas primeiras palavras foi ela quem nos ensinou, nos nossos primeiros passos ela foi quem nos amparou, nossas primeiras lágrimas foi ela quem enxugou, nos nossos sonos de criança foi ela que nos velou, e a fé em nossos corações foi ela quem plantou.

Devemos amar nossas mães, se não for por outra coisa, que seria absurdo, pelo menos por ser ela a nossa mãe, a colaboradora de Deus em nos transmitir a vida.

É através da maternidade que a mulher cristã alcança a sua salvação eterna.

Uma mulher não precisa ser uma heroína para ser amada por Deus, basta ser MÃE... ... ...

"Ditosos todos os que temem o Senhor, e os que andam nos seus caminhos. Quando comeres do trabalho das tuas mãos, bem-aventurado és, e te irás bem. Tua esposa será como uma vide fecunda, no interior de tua casa. Teus filhos como pimpolhos de oliveiras, estarão ao redor de tua mesa. Eis como será abençoado o homem, que teme o Senhor. Abençoe-te o Senhor desde Sião, e veja os bens de Jerusalém todos os dias da tua vida, e vejas os filhos de teus filhos, e a paz em Israel”. (Sl 128 (127), 1-6).



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