AS
SETE DORES DE MARIA, A MÃE DE JESUS.
Nesta Semana
das Dores, vamos meditar acerca das Dores de Maria, a Mãe de Jesus. As Dores de
Maria nos comovam o coração, impulsionando-nos para a prática do bem.
PRIMEIRA DOR - APRESENTAÇÃO DO PEQUENO JESUS NO TEMPLO
Nesta primeira
dor veremos como o coração de Maria Santíssima foi transpassado por uma espada,
quando Simeão profetizou que o Filho dela seria a salvação de muitos, mas
também serviria para ruína de outros. A virtude que aprendemos nesta dor é a da
santa obediência. Sejamos obedientes aos superiores, porque são eles
instrumentos de Deus. Quando soube que uma espada lhe atravessaria a alma,
desde aquele instante Maria experimentou sempre uma grande dor, mas sempre
olhava para o Céu e dizia: 'Em vós confio'. Quem confia em Deus jamais será
confundido. Em nossas penas, angústias, confiemos em Deus e jamais nos
arrependeremos dessa confiança. Quando a obediência nos trouxer qualquer
sacrifício, confiando em Deus, a Ele entreguemos nossas dores e apreensões, sofrendo
de bom grado por amor. Obedeçamos não por motivos humanos, mas pelo amor
Daquele que por nosso amor se fez obediente até a morte de Cruz.
SEGUNDA DOR - A FUGA PARA O EGITO
Irmãos, quando
Jesus, Maria e José fugiram para o Egito, foi grande dor saber que desejavam
matar o seu filho, aquele que trazia a salvação! Maria não se aflige pelas
dificuldades em terras longínquas; mas por ver seu filho inocente perseguido,
por ser o Redentor. Maria suportou o exílio por amor e por alegria por Deus
fazer dela cooperadora do mistério da salvação. No exílio Maria sofreu
provocações, mas as portas do Céu futuramente abriam para Maria. Esta dor nos
ensina a aceitar as provocações do dia-a-dia com alegria de quem sofre para
agradar a Deus. Esse agir e esse procedimento chamam-se santidade. No meio da
dor sofrem os infelizes, entregam-se ao desespero, porque não têm a amizade
divina, que traz paz e confiança em Deus. Por isso, somos convidados a aceitar
os sofrimentos por amor a Deus. Exultemos de alegria, porque grande é o nosso
merecimento, assemelhando-nos a Jesus Crucificado, que tanto sofreu por amor a
vossas almas!
TERCEIRA DOR - PERDA DO MENINO JESUS
Maria procurou
Jesus por três dias. Maria tinha consciência de que Ele era o Messias
prometido. Quando o encontrou no Templo, no meio dos doutores, ao dizer-lhe que
havia deixado sua mãe três dias em aflição, ele respondeu-lhe: “Eu vim ao mundo
para cuidar dos interesses de meu Pai, que está no Céu”. À esta resposta do
meigo Jesus, Maria emudeceu e compreendeu que sendo o seu Filho, Homem e Deus,
aquele que salva assim deveria proceder, submetendo a sua vida à vontade de
Deus, que muitas vezes nos fere em proveito de nossos irmãos. Jesus deixou
Maria por três dias angustiada para proveito da salvação. Aqui devemos
contemplar as mães que choram, ao verem os seus filhos generosos ouvirem o
chamamento divino, aprendendo com Maria a sacrificar o seu amor natural. Se
seus filhos forem chamados para trabalhar na vinha do Senhor, não abafem tão
nobre aspiração, como é a vocação religiosa. Mães e pais dedicados, ainda que o
seu coração sangre de dor, deixem seus filhos partirem, deixem corresponder aos
desígnios de Deus, que usa com eles de tanta predileção. Pais que sofrem,
ofertem a Deus a dor da separação, para que seus filhos, que foram chamados,
possam ser na realidade bons filhos Daquele que os chamou. Lembrem-se que seus
filhos a Deus pertencem e não a vocês. Devem criá-los para servir e amar a Deus
neste mundo, e um dia no Céu O louvarem por toda a eternidade. Pobres aqueles
que querem prender seus filhos, abafando-lhes a vocação! Os pais que assim
procedem podem levar seus filhos à perdição eterna e ainda terão que dar contas
a Deus no último dia. Porém, protegendo suas vocações, encaminhando-os para tão
nobre fim, que bela recompensa receberão estes pais afortunados! Ainda que aqui
chorem de saudades e a separação lhes custe muitas lágrimas, eles serão
abençoados! E vocês, filhos prediletos chamados por Deus, procedam como Jesus
procedeu comigo: primeiramente obedeça à vontade de Deus, que os chamou para
habitar na sua casa, quando diz: 'Quem ama seu pai e sua mãe mais do que a mim
não é digno de Mim'. Vigiem se, por causa de um amor natural, deixam de
corresponder ao chamado divino! Almas eleitas chamadas e que sacrificam as
afeições mais caras e a sua própria vontade para servir a Deus! Grande é sua
recompensa. Avante! Sejam generosas em tudo e louvem a Deus por terem sido
escolhidas para tão nobre fim. Vocês que choram, pais, irmãos, regozijam-se,
porque suas lágrimas um dia converter-se-ão em pérolas, como as de Maria
Santíssima se converteram em favor da humanidade.
QUARTA DOR - DOLOROSO ENCONTRO NO CAMINHO DO CALVÁRIO
Contemplemos e
vejamos se há dor semelhante à dor de Maria Santíssima, quando encontrou-se com
seu divino Filho a caminho do Calvário, carregando uma pesada cruz e insultado
como se fosse um criminoso. 'É preciso que o Filho de Deus seja esmagado para
abrir as portas da mansão da paz!' Lembremos-nos de suas palavras e aceitemos a
vontade do Altíssimo, nossa força em horas tão cruéis de nossa vida. Ao
encontrá-lo, Jesus fitou os olhos de Maria e a fez compreender a dor de sua
alma. Não pôde dizer-lhe palavra, porém a fez compreender que era necessário
que se unisse à Sua grande dor. Amados irmãos, a união da grande dor de Maria e
Jesus nesse encontro tem sido a força de tantos mártires e de tantas mães
aflitas! Almas que temem o sacrifício aprendam nesta meditação a se submeterem
à vontade de Deus, como Maria e Jesus se submeteram! Aprendam a calar nos seus
sofrimentos. No nosso silêncio, nesta dor imensa, armazenamos riquezas
imensuráveis! Nossas almas hão de sentir a eficácia desta riqueza na hora em
que, abatidos pela dor, recorrermos a Maria, fazendo a meditação deste encontro
dolorosíssimo. O valor do nosso silêncio se converte em força, quando nas horas
difíceis soubermos recorrer à meditação desta dor! Como é precioso o silêncio
nas horas de sofrimentos! Há almas que não sabem sofrer uma dor física, uma
tortura de alma em silêncio; desejam logo contá-la para que todos o lastimem!
Jesus e Maria tudo suportaram em silêncio por amor a Deus! A dor humilha e é na
santa humildade que Deus edifica! Sem a humildade, trabalhamos em vão; vejam,
pois como a dor é necessária para a nossa santificação. Aprendamos a sofrer em
silêncio, como Maria e Jesus sofreram neste doloroso encontro no caminho do
Calvário.
QUINTA DOR – MARIA AOS PÉS DA CRUZ
Na meditação
desta dor encontraremos consolo e força para nossas almas contra mil tentações
e dificuldades e aprenderemos a ser fortes em todos os combates de nossa vida.
Contemplemos Maria aos pés da Cruz, assistindo à morte de Jesus, com a alma e o
coração transpassados com as mais cruéis dores! Não nos escandalizemos com o
que fizeram os judeus! Eles diziam: 'Se Ele é Deus, por que não desce da cruz e
se livra a si próprio?!' Infelizes aqueles que não crêem que Jesus é o Messias.
Não podem compreender que um Deus se humilhasse tanto e que a sua divina
doutrina pregava a humildade. Jesus precisava dar o exemplo, para que seus
filhos tivessem a força de praticar uma virtude, que tanto custa aos filhos
deste mundo, que têm nas veias a herança do orgulho. Infelizes os que, à
imitação dos que crucificaram a Jesus, ainda hoje não sabem se humilhar! Depois
de três horas de tormentosa agonia, Jesus morre, deixando Maria na mais negra
escuridão! Sem duvidar um só instante, ela, contido, aceitou a vontade de Deus
e, no seu doloroso silêncio, entregou ao Pai sua imensa dor, pedindo, como
Jesus, perdão para os criminosos. Entretanto, quem a confortou nessa hora
angustiosa? Fazer a vontade de Deus foi o seu conforto; saber que o Céu foi
aberto para todos os filhos foi seu consolo! Porque Maria também no Calvário
foi provada com o abandono de toda consolação! Sofrer em união com os sofrimentos
de Jesus encontra consolo; sofrer por ter feito o bem neste mundo, recebendo
desprezos e humilhações, encontra força. Que glória para nossas almas se um
dia, por amarmos a Deus com todo o nosso coração, formos também perseguidos!
Aprendamos a meditar muitas vezes esta dor, que ela nos dará força para sermos
humildes: virtude amada de Deus e dos homens de boa vontade.
SEXTA DOR - UMA LANÇA ATRAVESSA O CORAÇÃO DE JESUS
Com a alma
imersa na mais profunda dor, Maria viu Longinus transpassar o coração de seu
Filho, sem poder dizer uma palavra! Derramou muitas lágrimas... Só Deus pode
compreender o martírio desta hora, na alma e no coração! Depois depositaram
Jesus em seus braços, não cândido e belo como em Belém... Morto e
chagado, parecendo mais um leproso do que aquele adorável e encantador menino,
que tantas vezes apertara ao seu coração! Se Maria tanto sofreu, não será ela
capaz de compreender os nossos sofrimentos? Por que, então, não recorramos a
Maria com mais confiança, ela que tem tanto valor diante do Altíssimo? Por
muito ter sofrido aos pés da cruz, muito lhe foi dado! Se não tivesse sofrido
tanto, não teria recebido os tesouros do Paraíso em suas mãos. A dor de ver
transpassar o Coração de Jesus com a lança, conferiu a Maria o poder de introduzir,
em seu amável Coração, a todos aqueles que a ele recorrerem. Corramos todos a
Maria, porque ela pode nos colocar dentro do Coração Santíssimo de Jesus
Crucificado, morada de amor e de eterna felicidade! O sofrimento é sempre um
bem para a alma. Regozijemos-nos, pois, com Maria, que foi a segunda mártir do
Calvário! Sua alma e seu coração participaram dos suplícios do Salvador,
conforme a vontade do Altíssimo, para reparar o pecado da primeira mulher!
Jesus foi o novo Adão e Maria a nova Eva, livrando assim a humanidade do
cativeiro no qual se achava presa. Para correspondemos, porém, a tanto amor,
sejamos muito confiantes em Maria, não nos afligindo nas contrariedades da
vida; ao contrário, confiemos todos os nossos receios e dores a Ela, que saberá
dar em abundância os tesouros do Coração de Jesus! Não nos esqueçamos de
meditar esta imensa dor, quando nossa cruz estiver pesada. Nela encontraremos
força para sofrer por amor a Jesus que sofreu na Cruz a mais infame das mortes.
SÉTIMA
DOR - JESUS É SEPULTADO
Quanta dor
padeceu Maria quando teve que ver sepultado seu Filho. A quanta humilhação seu
Filho se sujeitou, deixando-se sepultar, sendo Ele o mesmo Deus! Por humildade,
Jesus submeteu-se à própria sepultura, para depois, glorioso, ressuscitar dentre
os mortos! Bem sabia Jesus o quanto Maria sofreria vendo-o sepultado; não a
poupando, quis que Maria também fosse participante na sua infinita humilhação!
Vejamos como Deus amou a humilhação! Tanto que se deixou sepultar nos santos
Sacrários, a esconder sua majestade e esplendor, até o fim do mundo! Na
verdade, o que se vê no Sacrário? Apenas uma Hóstia Branca e nada mais! Ele
esconde sua magnificência debaixo da massa branca das espécies de pão! E não o
admiramos tanto quanto Ele merece, por Jesus assim Se humilhar até o fim dos
séculos! A humildade não rebaixa o homem, pois Deus Se humilhou até à sepultura
e não deixou de ser Deus. Se quisermos corresponder ao amor de Jesus, devemos
mostrar que O amamos, aceitando as humilhações. A aceitação da humilhação nos
purifica de toda e qualquer imperfeição e, desprendendo-nos deste mundo,
passamos desejar mais intensamente o Paraíso. Apresentamos estas sete Dores de
Maria, não para queixar somente, mas para mostrar as virtudes que devemos
praticar, para um dia estar ao seu lado e ao lado de Jesus! Receberemos a
glória imortal, que é a recompensa das almas que, neste mundo, souberam morrer
para si, vivendo só para Deus! Nossa Mãe nos abençoa e nos convida a meditar
muitas vezes nestas palavras ditadas, porque muito nos amou.
Padre Wagner Augusto
Portugal
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