“VINDE, BENDITOS DE MEU PAI...” (Mt 25,34).
Ao se aproximar o momento de sua entrega total,
antes do Senhor Jesus, voluntariamente, se entregar à morte para a salvação do
gênero humano mergulhado no pecado, ele abre seu divino coração e revela a
todos os seus amigos os segredos nele contidos; e esses segredos são como um
testamento, uma aliança que Jesus Cristo deixa a todos aqueles que se
propuserem seguir suas pegadas: “Dou-vos
um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos
uns aos outros. Nisso reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes
amor uns pelos outros.” (Jo 13,34-35).
Os primeiros cristãos levaram tão
a sério esse preceito de Jesus que assim viviam nos primeiros tempos do
cristianismo: “Todos os que tinham
abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e
bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um...
Louvavam a Deus e gozavam da simpatia do povo.” (At 2,44-45. 47).
O Senhor Jesus
fez do amor ao próximo o sinal que servirá de julgamento no Juízo Final para
distinguir os eleitos dos condenados, e para antecipar como será o Juízo Final,
um julgamento baseado no amor que tivemos ao nosso próximo: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória,
e todos os anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória. E serão
reunidas em sua presença todas as nações e ele separará os homens uns dos
outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua
direita e os cabritos à sua esquerda. Então dirá o rei aos que estiverem à sua
direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o reino preparado
para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive
sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me
vestistes, doente e me visitastes, preso e vieste ver-me’. Então os justos
responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com
sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te
ver?’ Ao que lhes responderá o rei: ‘Em verdade vos digo: cada vez que o
fizestes a um desses pequeninos, a mim o fizestes.’ Em seguida, dirá aos que
estiverem à sua esquerda: ‘Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno
preparado para o diabo e para os seus anjos. Porque tive fome e não me destes
de comer. Tive sede e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me
recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso e não me visitastes.’
Então, também eles responderão: ‘Senhor, quando é que te vimos com fome e com
sede, forasteiro ou nu, doente ou preso e não te servimos?’ E ele responderá
com estas palavras: ‘Em verdade vos digo: todas as vezes que o deixastes de
fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E irão estes
para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.” (Mt 25,31-46).
Através do
mandamento do amor e dessa narrativa do fim do mundo e juízo final, Jesus
afirma que a nossa sorte eterna será decidida pelo amor que tivemos a ele
próprio na pessoa do nosso próximo.
Quando
comparecermos diante do Juiz Eterno, no Juízo Final, ele não vai nos perguntar
se jejuamos muito, se vivemos na penitência, se passamos muitas horas em
oração, mas vai nos perguntar e nos julgar unicamente pelo amor que dispensamos
ao próximo seguindo o seu grande mandamento do amor.
O amor é o
distintivo, a marca pela qual serão reconhecidos os discípulos de Jesus Cristo,
e Paulo Apóstolo, conhecedor profundo das verdades pregadas por Jesus Cristo,
ensina: “Que vosso amor seja sem
hipocrisia, detestando o mal e apegados ao bem; com amor fraterno, tendo
carinho uns para com os outros, cada um considerando o outro como mais digno de
estima.” (Rm 12, 9-10). “Abençoai os
que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se
alegram, chorai com os que choram. Tende a mesma estima uns pelos outros, sem
pretensões de grandeza, mas sentindo-os solidários com os mais humildes, não
vos deis ares de sábios. A ninguém pagueis o mal com o mal; seja a vossa
preocupação fazer o que é bom para todos os homens, procurando, se possível,
viver em paz com todos, porquanto de vós depende.” (Rm 12, 14-18).
João, o
Apóstolo do Amor, chama de mentiroso aquele que diz que ama a Deus mas despreza
o seu irmão: “Se alguém disser: “amo a
Deus” mas odeia o seu irmão, é um mentiroso, pois, quem não ama a seu irmão, a
quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar. E este é o mandamento que dele
recebemos: aquele que ama a Deus, ame também o seu irmão.” (1Jo 4,20-21). “Aquele que diz que está na luz, mas odeia o seu irmão, está nas trevas
até agora. O que ama o seu irmão permanece na luz, e nele não há ocasião de
queda. Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas; caminha nas trevas, e não
sabe onde vai, porque as trevas cegaram seus olhos.” (1Jo 2,9-11). “Se alguém, possuindo os bens deste mundo,
ver o seu irmão na necessidade e lhe fecha o coração, como permanecerá nele o
amor de Deus? Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com
ações e em verdade.” (1Jo 3, 17-18).
Assim nos diz Jesus Cristo: “Este é o meu
mandamento: amai-vos uns aos outros como
eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus
amigos. Vós sois meus amigos se praticais o que vos mando.” (Jo 15,12-14).
A vida eterna
depende de como é colocado em prática o mandamento do amor; é o amor que nos
une e nos faz filhos de Deus e herdeiros da vida que não se acaba mais.
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