“QUAL É O PRIMEIRO DE TODOS OS MANDAMENTOS?”
(Mc 12,28)
XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano – A; Cor – Verde; Leituras: Dt 6,2-6;
Sl 17,2-4.47.51; Hb 7,23-28; Mc 12,28b-34.
Diácono Milton Restivo
No Evangelho da
liturgia deste domingo as autoridades religiosas judaicas continuam azucrinando
o sossego, a vida e o ministério de Jesus.
Neste capítulo 12 de
Marcos, em primeiro lugar, Jesus fez calar os fariseus quando eles perguntaram
se era lícito pagar o imposto a César (cf Mc 12,13-17).
Os saduceus, sabendo que
Jesus calara os fariseus, voltam à carga, testando Jesus sobre a ressurreição,
considerando que eles, os saduceus, não acreditavam na ressurreição dos mortos
(cf Mc 12,18-27), tendo-os, também, calado Jesus.
Na sequência dessa
passagem, desses fatos, segundo narra o evangelho segundo Mateus, agora os
fariseus voltam à carga:
·
“Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha
feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles
perguntou a Jesus: ‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei’?” (Mt 22,34-36).
Que idiotice. Que
pergunta mais estúpida, considerando que eles, os fariseus, se julgavam os
mestres da Lei e os orientadores do povo em tudo aquilo que dizia respeito à
Lei de Moisés.
É ou não é para tentar
Jesus?
Todos os judeus que se
prezavam, tinham conhecimento pleno da Lei de Moisés e sabiam de cor e salteado
todos os Salmos e todos os mandamentos da Lei mosaica e, com certeza sabiam, de
uma maneira especial, qual seria o maior mandamento da Lei.
Aos dez mandamentos de
Moisés os fariseus acrescentaram, por conta deles mesmos, mais 613 mandamentos
que chegavam às raias do absurdo que obrigavam o povo conhecê-los e cumpri-los,
e quem não os cumprissem eram considerados “malditos” como disseram, certa vez,
segundo o evangelho de João:
·
“Essa
multidão que não conhece a Lei é feita de malditos” (Jo 7,49).
Os fariseus desprezavam os judeus que não cumpriam as suas
leis e o chamavam de maldito, merecendo, por isso, uma reprimenda por parte de Jesus, que
chamou a atenção do povo a respeito deles, dizendo:
·
“Os doutores da Lei e os fariseus têm
autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, vocês devem fazer o
observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e
não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles
mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo.” (Mt 23,2-4).
E, voltando-se para os
fariseus, Jesus lhes disse:
·
“Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus
hipócritas! Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem
deixam entrar aqueles que desejam. [...] Guias cegos!
Vocês coam um mosquito, mas engolem um camelo. [...] Ai de vocês,
doutores da Lei e fariseus hipócritas. Vocês são como sepulcros caiados: por
fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheio de ossos de mortos e podridão.
Assim também vocês: por fora parecem justos diante dos outros, mas por dentro
estão cheios de hipocrisia e injustiça.” (Mt 23,13.24.27-28).
Será que nós mesmos não
nos identificamos com esse tipo de gente? Aonde essa corja quer chegar tentando
Jesus dessa maneira?
O livro do Êxodo, fala
sobre as leis morais e religiosas que é transmitida ao povo israelita quando
ainda estava na caminhada do deserto, rumo a Terra Prometida. Orienta sobre o
respeito que se deve ter ao estrangeiro e a assistência que se deve dispensar
para a viúva e ao órfão; orienta sobre tomar objetos como penhor do pobre e, se
acaso for necessário emprestar dinheiro ao necessitado, que não o faça com
usura, isto é, cobrando altos juros. Tudo isso gira em torno do amor e do
respeito que deve ser dispensado ao próximo, seja ele estrangeiro, ou do
próprio povo, ou viúva, ou órfão, ou pobre, ou necessitado (cf Ex 22,20-26).
O amor e o respeito ao
próximo deve ser indiscriminado. E essa passagem do Êxodo refere-se ao segundo
mandamento mais importante da Lei, conforme o próprio Jesus respondeu aos
fariseus, que se faziam passar por inconvenientes e idiotas a respeito do amor
e respeito que se deve dedicar ao próximo, ao que Jesus classificou como o segundo
mandamento mais importante:
·
“O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39).
Esse mandamento do amor
ao próximo está prescrito no livro do Levítico, 19,18, que os fariseus sabiam
como ninguém:
·
“Não
espalhe boatos nem levante falso testemunho contra o seu próximo. Eu sou
Yahweh. Em seu coração não rejeite o seu irmão. [...] Não seja vingativo, nem fique vigiando
contra os filhos do seu povo. Ame o seu próximo como a si mesmo. Eu sou Yahweh.
Observem meus estatutos” (Lv 19,16-17a.18-19).
Então os fariseus e os
doutores da lei conheciam esse mandamento e queriam somente conturbar a
presença de Jesus em Jerusalém.
Na Lei de Moisés,
apesar de ser citado esse mandamento, não consta esse mandamento como sendo o
segundo mais importante, mas Jesus assim o coloca porque só se pode amar a Deus
através do próximo, do irmão, da irmã e, por várias vezes, Jesus insiste neste
mandamento, que se resume em uma única palavra: “amor”.
A partir do ensinamento
de Jesus fica claro um mandamento novo, que se resume exatamente no amor:
·
“Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns
aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros.” (Jo 13,34).
Mas, o que Jesus quer
dizer com um “mandamento novo”? Estaria Jesus abolindo os mandamentos da antiga
aliança, os mandamentos ditados por Moisés? Não, porque ele mesmo dissera:
·
“Não pensem que eu vim abolir a Lei e os
Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento”. (Mt 5,17).
Certo. Está claro que
Jesus não altera, absolutamente, o decálogo, os dez mandamentos transmitidos
por Moisés. Então, será que Jesus quer acrescentar mais um mandamento aos dez
do Antigo Testamento? Absolutamente, não.
O novo mandamento do
amor, deixado por Jesus, não altera o antigo e nem acrescenta um novo
mandamento. Apenas reforça e insiste no cumprimento dos mandamentos da antiga
aliança porque, quem ama de verdade o próximo, ama em primeiro lugar a Deus
sobre todas as coisas, não pronunciando o santo nome de Deus em vão, respeita o
domingo, que é o dia do Senhor, honra o pai e a mãe, jamais procura fazer o mal
a quem quer que seja, não praticando violência contra o próximo, procurando
dele não tirar proveito, não atenta contra a vida do próximo, não comete
adultério, não rouba e nem furta, não fala mal do próximo, procurando não
levantar falso testemunho, não deseja nada que seja do próximo, respeitando a
sua propriedade, os seus direitos, a sua mulher, o seu marido.
Então, o novo
mandamento do amor deixado por Jesus abrange todos os mandamentos da lei
antiga, porque, quem ama o próximo, nos moldes dos ensinamentos de Jesus, nada
fará que prejudique o próximo, amando, em primeira instância a Deus sobre todas
as coisas.
Temos que considerar
também que, os mandamentos de Moisés são expressos de maneira negativa: não
matar... Não roubar... Não desejar... O novo mandamento de Jesus é positivo:
·
“amem-se uns aos outros. Assim como eu amei
vocês, vocês devem se amar uns aos outros.” (Jo 13,34).
Interessante. Jesus não
somente dá um mandamento novo e positivo:
·
“amem-se
uns aos outros”, mas ele próprio nos dá o exemplo de como
devemos nos amar: “assim como eu amei
vocês, vocês devem se amar uns aos outros”.
E como Jesus nos amou?
Quais foram as consequências? Temos consciência disso? Nós nos amamos como Jesus nos amou?
Jesus não
somente incentivou aos seus discípulos a amarem-se uns aos outros. Ele os amou
primeiro e até o fim, até a sua morte:
·
“Antes da festa da Páscoa, Jesus sabia que tinha
chegado a sua hora. A hora de passar deste mundo para o Pai. Ele que tinha
amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (Jo 13,1).
·
“O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros
como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vocês
são meus amigos, se fizerem o que eu estou mandando.”. (Jo
15,12-14).
Mentalize a música do
padre Zezinho:
·
“Um dia
uma criança me parou... amar como Jesus amou...”
Quando foi feita
a Jesus a pergunta: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos”, Jesus
responde:
·
“O primeiro é: ‘Ouça, Israel! O Senhor nosso Deus é
o único Senhor. Ame o Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua
alma, com toda a sua mente, com toda a sua força.’ O segundo é: ‘ame o seu
próximo como a si mesmo.’ Não existe outro mandamento maior do que esse”. (Mc 12,29-32).
O decálogo de
Moisés deve ser interpretado à luz desse duplo e único mandamento do amor –
amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo -, que é a
plenitude da lei.
Para aqueles que
lhe fizeram essa pergunta, os fariseus, Jesus deixa claro que a justiça de Deus
supera a lei dos escribas e fariseus como também a dos pagãos, conforme disse
Jesus ao povo:
·
“Porque eu lhes
digo: Se a justiça de vocês não superar a justiça dos doutores da Lei e
fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus” (Mt 5,20).
Jesus
desenvolveu todas as exigências dos mandamentos e os explicita de modo claro,
preciso e como nunca haviam antes sido interpretados:
·
“Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não
mate! Quem matar será condenado pelo tribunal’. Eu, porém, lhes digo: todo
aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal’.” (Mt 5,21-22a).
Repito: Jesus
não somente incentivou aos seus discípulos a amarem-se uns aos outros. Ele os
amou primeiro e até o fim, até a sua morte:
·
“Antes da festa da Páscoa, Jesus sabia que tinha
chegado a sua hora. A hora de passar deste mundo para o Pai. Ele que tinha
amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (Jo 13,1),
Vivendo e
confirmando aquilo que Jesus diria aos seus discípulos, o que seria uma
verdadeira prova de amor:
·
“O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros
como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vocês
são meus amigos, se fizerem o que eu estou mandando.”. (Jo
15,12-14).
João Evangelista,
chamado também de “o apóstolo do amor”, na sua carta, ratifica esse testemunho
de amor de Jesus:
·
“Compreendemos o que é amor, porque Jesus deu a sua
vida por nós. Portanto, nós também devemos dar a vida pelos irmãos,” (1Jo 3,16).
Depois de dar o
exemplo do verdadeiro amor, Jesus continua falando sobre o novo mandamento:
·
“Assim como o Pai me amou, eu também amei vocês:
permaneçam no meu amor. Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no
meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu
amor.” (Jo
15,9-10).
·
“Se vocês tiverem amor uns pelos outros, todos
reconhecerão que vocês são meus discípulos.” (Jo 13,35).
O Apóstolo do
amor reafirma aos seus discípulos o novo mandamento de Jesus:
·
“Filhinhos, não lhes comunico um mandamento novo,
mas o mandamento antigo, esse mesmo que vocês receberam desde o princípio. O
mandamento antigo é a palavra que vocês ouviram. E, no entanto, o mandamento
que lhes comunico é novo – pois ele é verdadeiro em Jesus e em vocês – porque
as trevas já estão se afastando, e a verdadeira luz já está brilhando. Quem
afirma que está na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas trevas. Quem ama
o seu irmão permanece na luz, e nele não há ocasião de tropeço. Ao contrário,
quem odeia o seu irmão está nas trevas: caminha nas trevas e não sabe aonde
vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos.” (1Jo 2,7-11).
E João continua
na insistência do mandamento do amor ao próximo que ele aprendera com Jesus:
·
“Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem
de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus, e conhece a Deus, porque Deus é
amor. [...]
No amor não existe medo; pelo contrário, o amor perfeito lança fora o medo,
porque o medo supõe castigo. Por conseguinte, quem sente medo, ainda não está
realizado no amor. Quanto a nós, amemo-nos porque ele nos amou primeiro. Se
alguém diz: ‘Eu amo a Deus’ e, no entanto, odeia o seu irmão, esse tal é
mentiroso; pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a
quem não vê. E este é justamente o mandamento que dele recebemos: quem ama a
Deus, ame também o seu irmão.” (1Jo 4,7-8.18-21).
Amar a Deus
significa fazer-se próximo do próximo a quem se manifesta amor de Deus em forma
de fraternidade.
O amor é a
manifestação da fé e do respeito que temos ao próximo, porque o amor a Deus não
se mede de outra maneira que não seja pelo amor dedicado ao próximo.
Deus não admite
o amor a si sem que este amor se torne gestos concretos de caridade.
João é
categórico quando fala a respeito disso:
·
“Se alguém possui os bens deste mundo e, vendo seu
irmão em necessidade, fecha-lhe o coração, como pode o amor de Deus permanecer
nele? Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com obras e de
verdade.” (1Jo
4,17-18).
Para que os
homens pudessem entender melhor o novo mandamento do amor, Jesus os prepara com
a chamada “regra de ouro”:
·
“Não julguem e vocês não serão julgados. De fato,
vocês serão julgados com o mesmo julgamento com que vocês julgarem, e serão
medidos com a mesma medida com que vocês medirem. [...] Tudo o
que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois
nisso consiste a Lei e os Profetas.” (Mt 7,1-2.12).
Nisso consiste a
Lei e os Profetas, sim, mas Jesus transfere essa regra de ouro aos seus
discípulos porque, o verdadeiro amor que se deve dedicar ao próximo seria
tratá-lo como gostaríamos de ser tratados, ou seja, nos colocarmos no lugar do
próximo quando lhe dedicamos atenção e respeito.
Amar ao próximo
como a nós mesmos: fazer pelos outros o que desejaríamos que os outros fizessem
por nós e para nós. Essa é a expressão mais completa do amor, da caridade,
porque resume e inclui todos os deveres do homem para com o próximo, de um ser
humano para outro ser humano, feitos à imagem e semelhança do Criador:
·
“E Deus disse:
‘Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26).
Essa é a regra
de ouro a respeito do que devemos fazer aos outros, que foi ensinada a Tobias
por seu pai, que lhe disse:
·
“Não faça para
ninguém aquilo que você não gosta que façam para você” (Tb 4,15a).
E isso foi repetida por Jesus centenas de anos
mais tarde:
·
“Portanto, façam
às pessoas o mesmo que vocês desejam que elas façam a vocês” (Mt 7,12).
Aquilo que
desejamos que os outros façam para nós, façamos para eles também.
Com que direito
exigiríamos dos nossos semelhantes melhor procedimento, mais respeito, mais
benevolência e devotamento para conosco, do que os teríamos para com eles?
Jesus, na oração
sacerdotal, quando preparava os discípulos para a sua morte de cruz, pede ao
Pai, que o amor do Pai por ele, seja o mesmo amor que o Pai destinará aos seus
discípulos:
·
“Pai justo, o mundo não te reconheceu, mas eu te
reconheci. Estes também reconheceram que tu me enviaste. E eu tornei o teu nome
conhecido para eles. E continuarei a torná-lo conhecido para que o amor com que
me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles.” (Jo 17,25-26).
Meu Deus, agora
me apercebo que, aproveitando o ensejo da pergunta do doutor da lei a Jesus
sobre qual seria o maior mandamento, só falei do amor ao próximo.
E o primeiro
mandamento, como fica?
O Antigo
Testamento e a Lei de Moisés, em particular, são claros, objetivos, precisos e
insistentes quanto ao amor que se deve ter com Deus, e afirmam:
·
“Ame a Yahweh seu Deus com todo o seu coração, com
toda a sua alma com toda a sua força.” (Dt 6,5),
E foi isso que
Jesus repetiu ao doutor da lei no que diz respeito ao primeiro mandamento.
Quanto a isso,
todas as autoridades religiosas judias, os fariseus, os saduceus, os escribas e
os doutores da Lei conheciam.
O que eles não
levavam a sério seria que:
·
“o segundo é semelhante a esse: ‘Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39).
Isso eles não sabiam e,
se soubessem, desprezavam.
Com respeito ao amor
que devemos a Deus, ouçamos João:
·
“Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor
vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não
ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Nisto se tornou visível o amor de
Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo para dar-nos a vida
por meio dele. E o amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus,
mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por
nossos pecados. [...] Quanto a nós, amemo-nos, porque ele
nos amou primeiro.” (1Jo 4,7-19).
Deus nos amou primeiro.
Pelo menos por isso, amemos a Deus sobre todas as coisas.
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