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DE OUTUBRO
FREI
GALVÃO - SANTO ANTONIO DE SANT'ANNA GALVÃO - 1739-1822
Frei Antônio
de Sant'Anna Galvão, nasceu em Guaratinguetá, no Estado de São Paulo, cidade
não distante do Santuário nacional de Nossa Senhora Aparecida, em 1739 de uma
família profundamente piedosa e conhecida pela sua grande caridade para com os
pobres.
Batizado com o
nome de Antônio Galvão de França, depois de ter estudado com os Padres da
Companhia de Jesus, na Bahia, entrou na Ordem dos Frades Menores em 1760.
Foi ordenado
Sacerdote em 1762 e passou a completar os estudos teológicos no Convento de São
Francisco, em São Paulo,
onde viveu durante 60 anos, até à sua morte ocorrida a 23 de Dezembro de 1822.
A vida de Frei
Galvão foi marcada pela fidelidade à sua consagração como sacerdote e religioso
franciscano, e por uma devoção particular e uma dedicação total à Imaculada
Conceição, como «filho e escravo perpétuo».
Além dos
cargos que ocupou dentro da sua Ordem e na Ordem Terceira Franciscana, ele é
conhecido sobretudo como fundador e guia do Recolhimento de Nossa Senhora da
Conceição, mais conhecido como 'Mosteiro da Luz', do qual tiveram origem outros
nove mosteiros.
Além de
Fundador, Frei Galvão foi também o projetista e construtor do Mosteiro que as Nações
Unidas declararam Patrimônio cultural da humanidade.
Enquanto ele ainda
vivia, em 1798 o Senado de São Paulo definiu-o «homem da paz e da caridade»,
porque era conhecido e procurado por todos como conselheiro e confessor, além
de o franciscano que aliviava e curava os doentes e os pobres, no silêncio da
noite.
Sua vida desde a infância.
Antonio Galvão
de França nasceu em 1739, em Guaratinguetá, no interior do estado de são Paulo,
cidade que na época pertencia a Diocese do Rio de Janeiro. Com a criação da
diocese de São Paulo, em 1745, Frei Galvão viveu praticamente nesta diocese:
1762-1822.
O ambiente
familiar era profundamente religioso. Antonio viveu com seus irmãos numa casa
grande e rica, pois seus pais gozavam de prestigio social e influência
política.
O pai,
querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades
econômicas, mandou Antonio, com a idade de 13 anos, para Belém (Bahia) a fim de
estudar no seminário dos padres jesuítas. Ficou no colégio de 1752 a 1756, com notáveis
progressos no estudo e na prática da vida cristã.
Com o clima
antijesuitico provocado pela atuação do marquês de Pombal, Antonio entrou para
os Frades Menores Descalços da Reforma de São Pedro e Alcântara, em Taubaté,
SP.
Aos 21 anos,
no dia 15 de abril de 1760, Antonio ingressou no noviciado no convento de São
Boaventura, na vila de Macacu, no Rio de Janeiro.
Aos 16 de
abril de 1761 fez a profissão solene e o juramento, segundo o uso dos
franciscanos, de se empenhar na defesa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora,
doutrina aceita e defendida pela ordem franciscana.
Um ano depois
da profissão religiosa, Frei Antonio foi admitido a ordenação sacerdotal, aos
11 de julho de 1762, no Rio de Janeiro.
Depois de
ordenado, foi mandado para o convento de São Francisco, em São Paulo, com o fim de
aperfeiçoar os estudos de filosofia e teologia como também exercitar-se no
apostolado. Sua maturidade espiritual franciscano-Mariana teve sua expressão
máxima na "entrega a Maria" como seu "filho e escravo
perpétuo", entrega assinada com o próprio sangue aos 9 de novembro de
1766.Terminados os estudos em 1768, foi nomeado pregador, confessor dos leigos
e porteiro do convento. Foi confessor estimado e procurado, e, muitas vezes,
quando era chamado ia a pé, mesmo aos lugares distantes.
Em 1769-70 foi
designado confessor do Recolhimento de Santa Teresa, em São Paulo.
Neste
recolhimento, encontrou irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa de
profunda oração e grande penitência, que afirmava ter visões pelas quais Jesus
lhe pedia para fundar um novo recolhimento.
Frei Galvão,
como confessor, ouviu e estudou tais mensagens e solicitou o parecer de pessoas
sábias e esclarecidas, que reconheceram tais visões como válidas.
A data oficial
da fundação do novo recolhimento é 2 de fevereiro de 1774. Irmã Helena queria
modelar o recolhimento segundo a ordem carmelitana, mas o bispo de São Paulo,
franciscano e intrépido defensor da Imaculada, quis que fosse segundo as
concepcionistas aprovadas pelo papa Júlio II, em 1511.
A fundação
passou a se chamar Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina
Previdência, e Frei Galvão, o fundador de uma instituição que continua até
nossos dias.
Aos 23 de
fevereiro de 1775 morreu, quase imprevistamente, irmã Helena.
Frei Galvão
encontrou-se como único sustentáculo das recolhidas, missão que exerceu com
humildade e grande prudência. Pelo grande número de vocações, viu-se obrigado a
aumentar o recolhimento. Durante quatorze anos (1774-1788), Frei Galvão cuidou
da construção do recolhimento.
Outros
quatorze (1788-1802) dedicou á construção da Igreja, inaugurada aos 15 de
agosto de 1802.
A obra,
"materialização do gênio e da santidade de Frei Galvão", em 1988,
tornou-se por decisão da Unesco "patrimônio da Humanidade".
Frei Galvão,
além da construção e dos encargos especiais dentro e fora da ordem franciscana,
deu muita atenção e o melhor de suas forças à formação das recolhidas. Para
elas escreveu um regulamento ou estatuto. Em 1929, o recolhimento tornou-se
mosteiro, incorporado á ordem da Imaculada Conceição (concepcionistas).
Frei Galvão
foi mandado para o exílio pelo capitão-general de São Paulo porque tomou a
defesa do soldado Gaetaninho. A população, porém, se levantou contra a
injustiça de tal ordem, que imediatamente foi revogada.
Em 1781, o
Servo de Deus foi nomeado mestre do noviciado de Macacu, Rio de Janeiro, pelos
dotes pessoais, profunda vida espiritual e grande zelo apostólico.
O bispo,
porém, que o queria em São
Paulo, não fez chegar a ele a carta do superior provincial,
«para não privar seu bispado de tão virtuoso religioso (...) que desde que
entrou na religião até o presente dia tem tido um procedimento exemplaríssimo
pela qual razão o aclamam santo".
Frei Galvão
foi nomeado guardião do convento de São Francisco em São Paulo, em 1798, e
reeleito em 1801.
A nomeação de
guardião provocou desorientação nas recolhidas da Luz. A preocupação das
religiosas é necessário acrescentar aquela do "Senado da Câmara de São
Paulo" e do bispo da cidade, que escreveram ao provincial: "Todos os
moradores desta Cidade não poderão suportar um só momento a ausência do dito
religioso (...). Este homem, tão necessário às religiosas da Luz, é preciosíssimo
a toda esta Cidade e Vilas da Capitania de São Paulo, é homem religiosíssimo e
de prudente conselho: todos acodem a pedir-lho; é o homem da paz e da
caridade". Graças a estas cartas, Frei Galvão tornou-se guardião, sem
deixar a direção espiritual das recolhidas e do povo de São Paulo.
Em 1802, Frei
Galvão recebeu o privilégio de definidor pela solicitação do provincial ao
núncio apostólico de Portugal, porque "é um religioso que por seus
costumes e por sua exemplaríssima vida serve de honra e de consolação a todos
os seus Irmãos, e todo o Povo daquela Capitania de São Paulo, Senado da Câmara
e o mesmo Bispo Diocesano o respeitam como um varão santo".
Em 1808, pela
estima que gozava dentro de sua ordem, foi-lhe confiado o cargo de visitador
geral e presidente do capítulo, mas devido a seu estado de saúde foi obrigado a
renunciar.
Em 1811, a pedido do bispo de
São Paulo, fundou o recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, no estado de São
Paulo. Quando as forças impediram o ir-e-vir diário do convento de São
Francisco ao recolhimento, obteve dos seus superiores (bispo e guardião) a
autorização para ficar no recolhimento da Luz. Durante sua última doença, Frei
Antonio passou a morar num "quartinho" (espécie de corredor) atrás do
tabernáculo, no fundo da igreja.
Terminou sua
vida terrena aos 23 de dezembro de 1822, pelas 10 horas da manhã, confortado
pelos sacramentos e assistido pelo seu padre guardião, dois confrades e dois
sacerdotes diocesanos.
Frei Galvão, a
pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na igreja do recolhimento que
ele mesmo construira.
Frei Antonio
de Sant'Anna Galvão foi definido pela Câmara de São Paulo como «o homem da paz
e da caridade", por uma inspiração do Espírito Santo. E esta definição
constitui a marca da vida do santo.
A coleta bem
como as demais orações da liturgia da missa em honra de Frei Galvão sublinham
estas duas grandes virtudes, que brilharam na vida e na obra do santo Galvão.
Desde pequeno
foi iniciado ainda pela mãe a ajudar os pobres de Guaratinguetá, pois dona
Izabel, ao morrer, havia deixado todas as suas vestes para os pobres. O pai,
Antonio, sempre foi solícito pelos mais necessitados. Portanto, aprendera em
família a amar os prediletos de Deus.
A caridade de
Frei Galvão brilhou, sobretudo, como fundador do mosteiro da Luz, pelo carinho
com que formou as religiosas e pelo que deixou nos estatutos do então
recolhimento da Luz. São páginas que tratam da espiritualidade, mas em
particular da caridade de como devem ser vivida a vida religiosa e tratadas as pessoas
de dentro e de fora do "recolhimento". "Foi frade de muita
caridade, foi frade de muita vida espiritual, antes de tudo", escreveu
Frei Henrique Golland Trindade, mais tarde bispo de Botucatu, SP. Além desse
testemunho, temos o depoimento das religiosas mais antigas do recolhimento da
Luz, que afirmam: "Amava os pobres e muitas vezes pagava as suas dividas.
Mesmo de noite ia visitar os doentes e procurava animar e consolar os
aflitos".
Frei Galvão é
o religioso no qual o coração é de Deus, mas as mãos e os pés são dos irmãos.
Toda a sua pessoa era caridade, delicadeza e bondade: testemunhou a doçura de
Deus entre os homens. Era o homem da paz, e como encontramos no Registro dos
Religiosos Brasileiros:"O seu nome é em São Paulo, mais que em
qualquer outro lugar, ouvido com grande confiança e não uma só vez, de lugares
remotos, muitas pessoas o vinham procurar nas suas necessidades".
Escreveu
Altenfelder Silva: "Em pouco tempo, irradiou-se a fama de suas virtudes
por toda a capitania, de longínquas paragens acorriam os fiéis para com ele se
confessar implorar suas orações, em busca de conselhos e de conforto
espiritual".
Frei Basílio
Rówer assim o.descreve: "um religioso que encheu a cidade com o esplendor
de virtude, que beneficiou muitas localidades da capitania com sua assistência
(...) era procurado para confissões, para apaziguar discórdias e mesmo para
arranjos de negócios temporais, pois além de zeloso era sábio e prudente".
Podemos dizer
com Frei Vicente Maria Moreira: "dele ninguém se aproximava sem se retirar
melhor na doce impressão de ter visto um santo, conversado com um santo,
beijado as mãos sagradas de um santo", porque Frei Galvão era acima de
tudo um franciscano que viveu o evangelho nas duas virtudes primordiais: a
caridade e a paz.
Frei Galvão, a
pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na igreja do Recolhimento da
Luz, que ele mesmo construíra. Depois, o Recolhimento do frei Galvão tornou-se
o conhecido Mosteiro da Luz, local de constantes peregrinações dos fiéis, que
pedem e agradecem graças por sua intercessão.
Frei Galvão
foi beatificado pelo papa João Paulo II em 25 de outubro de 1998, e canonizado
em 11 de maio de 2007 pelo papa Bento XVI, em São Paulo, Brasil.
São
comemorados também, neste dia: São Crispim, São Cipriano, São Baltazar de
Chiavarie São Gaudêncio.
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