sábado, 2 de fevereiro de 2013

“NENHUM PROFETA É BEM RECEBIDO EM SUA PÁTRIA” Lc 4,24



IV DOMINGO DO TEMPO COMUM -  ANO “C”
Cor: verde – Leituras: Jr 1,4-5.17-19; Sl 70 (71); 1Cor 12,31 - 13,13; Lc 4,21-30.

“NENHUM PROFETA É BEM RECEBIDO EM SUA PÁTRIALc 4,24

Diácono Milton Restivo

A liturgia da Palavra de hoje versa sobre a vocação do profeta. Muitas vezes entende-se profeta como a pessoa que é capaz de predizer acontecimentos futuros. Profeta, na Bíblia é uma pessoa que fala por inspiração divina ou em nome de Deus. Os profetas ou profetisas foram homens e mulheres escolhidos por Yahweh para serem canais da manifestação de sua vontade, no Antigo Testamento, ao povo israelita. Deve-se entender que, no termo “profeta”, não há nada que implique previsão de acontecimentos. Pode um profeta predizer ou não o futuro segundo a mensagem que Deus lhe determinar. Muitas vezes, pelo passado mal vivido do povo e pelo presente que é vivido de modo a não cumprir as orientações de Deus, o profeta, como qualquer pessoa responsável, pode prever um futuro desastroso, nem sempre por uma pré-visão mística, mas pela sequência lógica e natural dos acontecimentos. Profeta, antes de tudo, é alguém que tem uma profunda experiência de Deus em sua vida. Movido por essa experiência de Deus, o profeta a profetiza e acaba mudando o seu modo de ver e de pensar, de sentir e de julgar, de portar-se e de falar, e procura transmitir isso a todos, quer seja bem recebido ou não, correndo o risco de não ser bem interpretado entre os seus mais próximos, como aconteceu com Jesus, o que motivou a suas queixa: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. (4,24), e João, no seu Evangelho ratifica isso: “O próprio Jesus havia testemunhado que um profeta não é honrado em sua própria pátria”. (Jo 4,44). 
           O profeta não fala em nome próprio, mas anuncia a palavra que Deus lhe põe no coração e na boca uma palavra por vezes nada fácil de ser anunciada e, por isso, encontra dificuldades de ser aceita. Movido pelo Espírito, o profeta age como mensageiro de Deus. O profeta está afinado com Deus. O profeta vê a realidade com os olhos de Deus. Por isso o profeta anuncia o amor de Deus, sua ternura e misericórdia, e sua paixão pela vida humana. O profeta também denuncia a injustiça, a exploração, o domínio dos fortes sobre os fracos e tudo que ofende o povo a quem Deus quer bem.
O profeta sacode as consciências e aponta, no meio dos conflitos, a força libertadora de Deus, pois são os profetas e profetisas, homens e mulheres, cheios de inspiração e vigor pela causa de Deus e do povo, que falam ao povo em nome de Deus. Falar de vocação profética na Bíblia é falar da experiência de Deus que homens e mulheres realizaram em suas vidas. Os profetas e profetisas, ao vivenciarem sua vocação, procuraram responder ao chamado de Deus. Primeiro, eles tiveram que mergulhar neste mistério profundo, Deus, o inexplicável, o absoluto.
O profeta Jeremias é o primeiro destaque da liturgia de hoje.
Os escritos do Frei Jacir de Freitas Faria, ofm, no artigo nomeado “ A vocação profética na Bíblia” traz subsídios para melhor revelar o profeta Jeremias e a sua vocação profética: “Jeremias viveu na roça. Não se casou. Conhecedor do sofrimento de seu povo, Jeremias sabia que algo deveria ser feito, mas ele tinha medo. No ano 627 antes da Era Comum, no décimo terceiro ano do governo de Josias, Jeremias sente o chamado de Deus. O livro que leva o seu nome descreve os elementos essenciais desta vocação nos seguintes pontos: Primeiro - Deus quando chama alguém é porque este já é íntimo seu. “Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei” (Jr 1,1-5). Com estas palavras, Jeremias narra a sua experiência de Deus. Segundo - A missão profética e sua realização confirmam o chamado. Jeremias tem consciência que ele é um consagrado para a missão profética: “Eu te consagrei” (Jr 1,5b). Por isso, ele não sabe fazer outra coisa senão ser profeta. Terceiro - O medo e outras limitações humanas são inerentes à vocação. Isto não é diferente com Jeremias, que, de tanto medo, apela para o não saber falar. “Eu sou criança” (Jr 1,6). Quarto - O profeta é porta-voz de Deus (Jr 1,7). Jeremias terá que falar em nome de Deus e em sintonia com o povo ao qual ele foi enviado por Deus. E Deus estará com ele sempre. Quinto - O profeta é abençoado por Deus. As palavras de Deus são colocadas em sua boca, de modo que ele fale em seu nome (Jr 1,10). Sexto - O profeta é seduzido por Deus. “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20,7). Estas palavras proferidas por Jeremias demonstram como ele compreendeu o mistério da vocação em sua vida. Deus mudou a vida de Jeremias. [...] Jeremias é um profeta medroso. Se o seu nascimento foi marcado pela alegria na casa paterna (Jr 20,15), ele, no entanto, quando já crescido, amaldiçoa o dia do seu nascimento: “Maldito o dia em que nasci” (Jr 20,14). Jeremias demonstra claramente que não queria ter nascido. A sua mãe levou a culpa: “Minha mãe teria sido minha sepultura” (Jr 20,17). “Mãe, minha desgraça é a vida que a senhora me deu” (Jr 15,10). O medo e a incerteza fazem parte da vocação de muitos profetas. Muitos apelam para o não saber falar, não saber comunicar, fator essencial na vida profética. Deus não aceita este argumento.  O profeta, ao longo de sua caminhada, percebe que Deus o havia predestinado para esta missão (Is 44,2.24; Jr 1,4).
Deus deixa clara a sua preocupação de afirmar que conhece a cada um desde antes de habitar o ventre materno, e antes de lá sair, ele escolheu e consagrou para o seu serviço: “Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei” (Jr 1,1-5). Muitos lutam para não aceitar esse chamamento e consagração do Senhor, como fez o próprio profeta Jeremias que tentou se justificar, dizendo: “Ah, Senhor Yahweh, eu não sei falar, porque sou jovem”. (Jr 1,6), como fazem muitos ainda hoje, que dizem não ter estudos, não ter tempo, não ter paciência e, para esses, Deus responde, como respondeu a Jeremias: “Não diga ‘sou jovem’, porque você irá para aqueles a quem eu mandar, e anunciará aquilo que eu lhe ordenar. Não tenha medo deles, pois eu estou com você para protegê-lo. [...] Não tenha medo; senão eu é que farei você ter medo deles.” (Jr 1,7-8.17).
Mas, mesmo assim muitos não aceitam ignoram o chamamento de Deus, viram-lhe as costas e se acomodam na fragilidade de uma religiosidade apenas de aparência, sem compromisso.
Com Jeremias não foi assim: apesar de suas lamúrias e tentativas de se esquivar, Jeremias levou a sério a sua vocação profética até às últimas consequências. Yahweh seduziu Jeremias e ele entregou-se aos encantos da verdade e da justiça de Yahweh: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20,7). Quiçá todos fizessem a mesma coisa.
O Salmo 71 (70), que é o Salmo responsorial desta liturgia, mostra o profeta buscando abrigo em Yahweh e retrata qual seria a vocação do profeta: “Yahweh, eu me abrigo em ti... [...] Sejas tu a minha rocha de refúgio, a fortaleza onde eu me salve, pois o meu rochedo e fortaleza és tu! [...] Já no ventre materno eu me apoiava em ti, e no seio materno tu me sustentavas. Eu sempre confiei em ti. Muitos olhavam para mim como para um prodígio, porque eras tu o meu abrigo seguro. Minha boca está cheia do teu louvor e do teu esplendor o dia todo. [...] Minha boca vai contar a tua justiça, e o dia todo a tua salvação. Contarei as tuas proezas, Senhor Yahweh, vou narrar a tua vitória, toda tua! [...] Meus lábios te aclamarão, e também minha alma, que resgataste. Minha língua o dia todo repetirá a tua justiça, pois ficaram envergonhados e confundidos aqueles que buscavam o mal contra ti.” (Sl 71 (70),1.3.6-8.15-16.23-24).
No capítulo 13 da primeira carta aos coríntios, Paulo fala com grande beleza sobre o amor  que, em muitas traduções bíblicas, aparece com o vocábulo “caridade’. Pode-se entender esse texto como o grande poema do amor, que também deve ser vivido e ensinado pelo apóstolo, discípulo e profeta. Paulo fala sobre o mais excelente dos caminhos que leva até Deus, o amor, e descreve as qualidades que lhe são próprias.
Paulo começa o seu poema sobre o amor ensinando que mesmo que se façam acontecer muitas coisas e sejam muito ativos na vida espiritual, e rezassem todos os tipos de orações, e fizessem todos os tipos de caridade, “se não tiver amor, seria como um bronze que soa, um címbalo que retine”, seria muito barulhento, chamaria muita atenção para si, participaria de todos os movimentos da comunidade, mas seria infrutífero, não causaria impacto na vida das pessoas.
A seguir Paulo ensina que mesmo que se tenham vasto conhecimento da religião e que tenham uma grande fé, e que saibam tudo sobre as coisas de Deus, e que tenham uma grande e convincente oratória, “se não tiver amor”, isso para nada serviria se continuassem a viver, sem amor, a fragilidade de uma religiosidade vazia e inoperante.
Paulo insiste que, mesmo que sacrifiquem suas posses, seu tempo, sua energia, e até mesmo sua vida, e dessem todos os seus bens aos pobres e necessitados e ainda que se morressem por aquilo que julgam acreditar, nada disso valeria “se não tivesse amor”.
A seguir Paulo diz o que é o amor: “é paciente, é benigno”, e o que o amor não é: “não é invejoso, não se ensoberbece, não faz nada de inconveniente, não é interesseiro, não se encoleriza, não guarda rancor, não se alegra com a iniquidade”, e do que o amor é capaz: “se regozija com a verdade, suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo”. (1Cor 13,4-7).
Paulo é taxativo quando afirma: “O amor não acabará nunca” (1Cor 13,8), conhecedor que era do novo mandamento deixado por Jesus aos seus discípulos: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos.” (Jo 13,34-35), e “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos.” (Jo 15,12-13). Paulo especifica o amor ensinado e vivido por Jesus que chega às raias do sacrifício supremo, de dar a própria vida pela pessoa amada, da maneira que não deixa dúvida de como deve ser entendido e vivido. Paulo termina esta primeira carta aos corintios com um pedido: Façam tudo com amor”. (1Cor 16,14), dando a entender e deixando claro que o amor é o caminho mais curto e seguro para se estar com Deus; é o tapete vermelho que nos leva à presença do Pai.
Isso também o Apóstolo João ratificaria mais tarde em uma de suas cartas quando diria: “Filhinhos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. [...] Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele.” (1Jo 4,7-8.16).
Quando João diz: “Deus é amor”, fica-se na dúvida se ele quis dizer que “Deus é amor”, ou se “o amor é Deus”, e isso vem de encontro com a afirmativa de Paulo: “o amor não acabará nunca” (1Cor 13,8), pois, se Deus é amor, o amor, assim como Deus, não acabará nunca.
Santo Agostinho encontrou esse amor depois de muitas buscas infrutíferas na sua juventude e viveu essa experiência de encontrar Deus no amor e o amor em Deus, deixando-se consumir no Deus de amor e no amor que emana de Deus, atestando isso nos seus escritos: Tarde vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu, lá fora, a procurar-vos! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo e eu não estava convosco! Retinha-me longe de vós aquilo que não existiria, se não existisse em vós. Porém, chamastes-me, com uma voz tão forte, que rompestes a minha surdez! Brilhastes, cintilastes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por vós. Saboreei-vos, e, agora, tenho fome e sede de vós. Tocastes-me e ardi, no desejo da vossa paz”.
Mahatma Gandhi disse que “um covarde é incapaz de exibir amor; amor é a prerrogativa do bravo.”  João Paulo II afirmou que “o amor deve ser considerado uma virtude, a maior virtude, pois resume todas as demais”, e Teresa de Calcutá, depois de uma vida plena de amor e de dedicação ao próximo, afirmou: “Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor”.
Agora vamos fazer um teste de memória. Com qual frase Jesus encerra o Evangelho do domingo passado? Você se lembra, sem consultar? Claro que não. Mas não tem importância.
Agora pergunto: com qual frase Jesus começa o texto do Evangelho da liturgia de hoje?
Vamos à frase que Jesus terminou o texto do domingo passado, que é a mesma afirmativa com que ele começa o texto deste domingo: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. (Lc 4,21).
Então chegamos à conclusão que o texto deste domingo é a continuação imediata do domingo passado: Jesus na sinagoga de Nazaré, sua cidade da sua infância, adolescência e maturidade, a cidade de sua famíla e dos seus colegas de escola e amigos mais íntimos.
No texto do domingo passado (Lc 4,14-21), Jesus, quando fazia uma visita à sua cidade de criação, “no sábado entrou na sinagoga e levantou-se para fazer a leitura” (Lc 4,16). Jesus pegou o livro que lhe deram, o do profeta Isaias e, à sua escolha, leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano da graça do Senhor”. (Lc 4,18-19). “Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele” (Lc 4,20) e ficaram atônitos quando, ao término da leitura, Jesus disse: “Hoje, cumpriu-se esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21).
Jesus mostrou para que veio: para redimir e estender suas mãos para salvar, principalmente aqueles que estavam à margem da vida: os pobres, os oprimidos, os sem esperança.
Então vemos que o Evangelho desta liturgia continua a cena que se desenvolve na sinagoga de Nazaré. Jesus diz que nele se cumprem as palavras de Isaias, isto é, que ele, Jesus, é o ungido (Messias) para anunciar a Boa Notícia aos pobres e oprimidos e o ano da graça do Senhor.
Neste contexto vemos a reação do povo: “Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de sabedoria que saiam de sua boca. E diziam: ‘Não é este o Filho de José?” (Lc 4,22).
A princípio, os seus conterrâneos e contemporâneos aprovam Jesus e se admiram dele, porém não conseguem ver em Jesus a graça de Deus que saía de seus lábios, nem o profeta que fora anunciado por Isaias e sim, simplesmente, o Jesus filho de José, o carpinteiro, que todos conheciam.
Jesus percebe que seus concidadãos não estão interessados em suas palavras, mas nos seus atos, sobretudo os espetaculares como os milagres de cura dos enfermos do povo, e só isso.
E Jesus lhes dá a resposta de imediato: “Sem dúvida, vocês vão repetir para mim o provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui em tua terra tudo o que ouvimos dizer que fizestes em Cafarnaum’. Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. (Lc 4,23-24). E Jesus continuou citando acontecimentos do Antigo Testamento pela falta de fé dos israelitas, que irritaram os ouvintes.
Jesus não se importou com isso, porque o verdadeiro profeta não se deixa influenciar e nem ser pressionado para satisfazer a um auditório interessado somente no espetáculo ou em interesses individuais, ainda que sejam os da família ou do próprio povo.
O profeta é livre e deve dar satisfação de sua palavra somente a Deus.
Jesus, muitas vezes, nos evangelhos, designa-se a si próprio como um profeta com uma sorte idêntica à dos outros profetas: “Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.” (Lc 13,33).
Jesus declara que nenhum profeta é honrado na sua terra. Jesus, portanto, dá-se a si mesmo o título de profeta. As multidões também o aclamam como profeta: “A multidão dizia:Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia”. (Mt 21,11).
Como vemos, os evangelhos, em muitas passagens, não vêem dificuldade em chamar profeta a Jesus, apesar de saberem antecipadamente que ele é o Messias. Depois da multiplicação dos pães, o povo diz que Jesus é realmente o profeta anunciado: “Aquela gente, ao ver o milagre que Jesus fizera dizia: ‘Este é realmente o profeta que devia vir ao mundo’.” (Jo 6,14).
É curioso notar como os Evangelistas acentuam que as pessoas diziam que Jesus era “o profeta”, e não “um profeta”.
Depois de Jesus dizer: “nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”, autodenominando-se, comparando-se ou dizendo ser “o Profeta”, vem a indignação do povo e a tentativa de matar Jesus: “Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se e expulsaram Jesus da cidade. E o levaram até o alto do monte, sobre a qual a cidade estava construída, com intenção de lançá-lo no precipício”. (Lc 4,29). Mas, apesar de tudo isso, “Jesus, passando no meio deles, continuou o seu caminho”. (Lc 4,30).
Jesus é a síntese da vocação profética do Antigo Testamento no seu serviço ao Reino: remir os presos, recuperar a vista dos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor.
A reação dos habitantes de Nazaré encontra eco, muitas vezes, nas comunidades de hoje. É o pobre que não acredita no pobre. Jesus é rejeitado por ser considerado o filho de José, um simples carpinteiro de Nazaré. Quantas vezes hoje acontece que, em lugar de incentivar as lideranças comunitárias, os próprios companheiros de comunidade as rejeitam por não serem "doutores", por não saberem "falar bonito" como sabem muito bem aqueles que exploram o povo. Jesus dá o exemplo de como enfrentar estes problemas. Ele “continuou o seu caminho” (Lc 4,30) sem se deixar abater pelo desânimo e pela decepção. Rejeitado por seus concidadãos que pensavam conhecê-lo muito bem, Jesus estava certo de que poderia ser útil a muitas outras pessoas, de que seria acolhido por elas, e que, em outros lugares, sua palavra encontraria eco nos corações abertos e receptivos. Está sendo assim no seu coração?

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