Cor: roxo –
Leituras: Dt 26,4-10; Sl 90 (91); Rm 10,8-13; Lc 4,1-13.
"VOCÊ
ADORARÁ O SENHOR SEU DEUS E SOMENTE A ELE SERVIRÁ" - Lc 4,1-13
Diácono Milton
Restivo
Estamos
entrando no tempo da Quaresma. Este é o primeiro domingo da Quaresma. Geralmente,
os fieis cumprem, para desencargo de consciência, com aquilo que chamam de
“obrigação”, participando das santas missas aos domingos e dias santos de
guarda, mas desconhecem a sequência normal do Ano Litúrgico que tem como centro
e ápice a Ressurreição de Jesus Cristo, a Páscoa. Então, vamos nos ater um
pouco sobre um assunto que, temos certeza, todos conhecem, mas que nunca é
demais reavivá-lo.
Segundo os
ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica (CIC) e dos documentos da CNBB, a
palavra Quaresma vem do latim “quadragésima”
e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecede a festa maior
do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no glorioso Domingo
de Páscoa. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que tem a conotação de
penitência, recolhimento na oração, desprendimento pela caridade. É um tempo de
reflexão, de penitência, de conversão espiritual; tempo e preparação para o
mistério pascal. Neste tempo a Igreja, interpretando na íntegra os ensinamentos
de Jesus, convida-nos à mudança de vida e de mentalidade: “Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo”. (Mt 4,17). A Igreja
convida-nos a viver a Quaresma como um caminho que leva à conversão e adesão à
mensagem de Jesus, escutando a Palavra de Deus, orando, compartilhando com o
próximo e praticando boas obras.
A Igreja exorta a viver uma série de atitudes
cristãs que ajudam a alcançar a maturidade de Jesus, como disse Paulo: “Assim, ele preparou os cristãos para o
trabalho do ministério que constrói o Corpo de Cristo. A meta é que todos
juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus,
para chegarmos a ser homens perfeitos na maturidade do seu desenvolvimento, é a
plenitude de Cristo. Então já não seremos crianças, jogados pelas ondas. [...] Ao contrário, vivendo amor autêntico, cresceremos sob todos os
aspectos em direção a Cristo, que é a Cabeça.” (Ef 4,12-14a.15).
Este tempo
quaresmal tem por objetivo fazer-nos parecer mais com Jesus já que, pela ação do
pecado, nos afastamos mais de Deus. Por isso, a Quaresma é o tempo do perdão e
da reconciliação fraterna. Cada dia, durante a vida, devemos retirar de nossos
corações o ódio, o rancor, a inveja e tudo o que se opõem ao nosso amor a Deus
e aos irmãos.
Na Quaresma,
aprendemos a conhecer e apreciar a cruz de Jesus. Com isto aprendemos também a
tomar nossa cruz com responsabilidade para alcançar a glória da ressurreição.
Na quaresma,
que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira da Semana Santa,
(até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive - Diretório da Liturgia - CNBB), os
católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a
reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus
visando o crescimento espiritual para alcançar a maturidade de Cristo em Cristo. Os fiéis são
convidados a fazer uma comparação entre a vida que estão vivendo e a mensagem
cristã expressa nos Evangelhos. Esta comparação significa um recomeço, um
renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal.
O cristão deve
intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o objetivo de
ser uma pessoa melhor e proporcionar o bem para os demais. Essencialmente, o
período quaresmal é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos
se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do
Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa. Assim, retomando questões
espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como Cristo.
Por que
quarenta dias? Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material e
o quarenta é a duração de uma geração. Em quarenta dias ou quarenta anos tudo
se renova. Quarenta foram os dias em que Moisés recebeu das mãos de Deus as Leis e
Mandamentos que orientaram o povo escolhido a deixar para trás a escravidão e a
viver a vida de liberdade total. Quarenta foram os dias em que Jesus esteve no
deserto, entrando ali como simples e humilde carpinteiro e de lá saindo como o
Salvador da humanidade. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo
deste número na Bíblia. A Quaresma evoca as passagens que se referem ao número
quarenta. Dos quarenta dias do dilúvio: “Durante
quarenta dias caiu o dilúvio sobre a terra.
[...] No fim de quarenta dias, Noé abriu a clarabóia que tinha feito
na arca, e soltou o corvo, que ia e vinha, esperando que as águas secassem
sobre a terra.” (Gn 7,17; 8,6 ). Dos
quarenta anos de peregrinação do povo israelita pelo deserto: “A ira de Yahweh se inflamou contra Israel,
e ele o fez andar errante pelo deserto durante quarenta anos, até que desaparecesse aquela geração
que fez o que Yahweh reprova.” (Nm 32,13; 14,33; Dt 8,2; 29,4; etc.). Dos
quarenta dias e quarenta noites de Moisés no monte Sinai, também conhecido como Monte Horeb ou Jebel Musa,
que significa “Monte de Moisés” em árabe: “Moisés ficou ali com Deus, o Senhor, quarenta dias e quarenta noites e durante esse tempo não comeu nem
bebeu nada. Ele escreveu nas placas de pedra as palavras da aliança, isto é, os
dez mandamentos.” (Ex 34,28; 24,18;
Dt 9,9-11; 10,10). Dos quarenta dias e quarenta noites da caminhada do profeta Elias
para a montanha: “Elias se levantou,
comeu, bebeu, e sustentado pela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Horeb, a montanha de Deus.” (1Rs
19,8). Dos quarenta dias que foi o tempo que Yahweh deu a Jonas para destruir a
cidade de Nínive, se esta não se arrependesse de seus pecados: “Jonas entrou na cidade e começou a
percorrê-la, caminhando um dia inteiro. Ele dizia: ‘Dentro de quarenta dias a cidade será destruída.” (Jn 3,4). Dos quarenta anos que foi
o tempo que Davi reinou em Israel: “Davi
foi rei em Israel durante quarenta anos; reinou sete anos em Hebron, e trinta
e três anos em Jerusalém.” (1Rs 2,11). Dos quarenta dias e quarenta noites em que Jesus jejuou no
deserto antes de começar o seu ministério: “Jesus
jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, sentiu fome.”
(Mt 4,2; Mc 1,12; Lc 4,2). Dos quarenta dias depois da Ressurreição acontece a
Ascensão de Jesus: “Foi aos apóstolos que
Jesus, com numerosas provas, se mostrou vivo depois de sua paixão: durante quarenta dias apareceu a eles, e falou-lhes do Reino de Deus. [...] Depois de dizer isso, Jesus foi levado ao
céu à vista deles.” (At 1,3.9). Das quarenta chicotadas previstas pela Lei
de Moisés ao infrator que tenha contrariado alguma recomendação da Lei: “Podem açoitá-lo até quarenta vezes”. (Dt 25,3). Das quarenta chicotadas menos uma que Paulo recebeu
por cinco vezes para ser punido por difundir a mensagem de Jesus e do Reino de
Deus: “Dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um.” (1Cor 11,24).
Tendo como
início o número quatro, podemos citar ainda os quatrocentos anos de escravidão
do povo israelita no Egito: “Ai nessa
terra eles ficarão como escravos e serão oprimidos durante quatrocentos anos.” (Gn 15,13), e mais: “A
estada dos filhos de Israel no Egito durou quatrocentos
e trinta anos. No mesmo
dia em que terminaram os quatrocentos
e trinta anos, os
exércitos de Israel saíram do Egito”. (Ex 12,40-41).
Esses períodos
vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir
criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo de destaque que vai
acontecer: a concretização da conversão, a passagem da escravidão para a
liberdade; a mudança de vida e de mentalidade, como dizia João Batista: “Convertam-se, porque o Reino de Deus está
próximo”. (Mt 3,2), o que foi ratificado por Jesus: “Daí em diante, Jesus começou a pregar, dizendo: ‘Convertam-se, porque
o Reino de Deus está próximo.” (Mt 4,17).
A Igreja
propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três
grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade.
Não somente
durante a Quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o
Reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a
humanidade.
O percurso da
Quaresma é acompanhado pela realização da Campanha da Fraternidade, a maior
campanha da solidariedade do mundo cristão, e que só acontece na Igreja do
Brasil.
Cada ano é
contemplado um tema urgente e necessário. O Tema para este ano de 2.013 será
Fraternidade e Juventude – e o Lema: Juventude, caminho aberto.
Neste primeiro domingo da Quaresma, através
da liturgia, a Igreja convida-nos a estarmos no deserto com Jesus, durante os
quarenta dias que lá esteve. Os grandes acontecimentos da história da
humanidade e da história da salvação se desenrolaram e se consumaram no
deserto. A longa caminhada de
Abraão, desde a cidade de Ur, na Caldéia, até a terra de Canaã, transcorreu
sobre as areias escaldantes do deserto, conforme vemos no livro do Gênesis, do
capítulo 12 em diante. A
grande aventura de Moisés, desde a escravidão do Egito até a liberdade, foi uma
marcha interminável pelo deserto do Egito até o deserto de Judá, conforme narra
o livro do Êxodo. Os profetas, desde Elias até João Batista, buscaram refúgio e
se fortaleceram nas coisas de Yahweh sobre as areias insólitas do deserto. Com
Jesus não foi diferente. No início de sua missão, “repleto do Espírito Santo, Jesus voltou do rio Jordão, e era conduzido
pelo Espírito através do deserto”. (Lc 4,1). No deserto, onde todas as
presenças desaparecem, somente a presença divina resplandece.
Quando tudo cala, só Deus fala. Quando as
Sagradas Escrituras se referem ao deserto, não está falando de areias
infindáveis, calor intenso, natureza morta, mas está falando de silêncio,
solidão, oração e introspecção. Estar ou ir para o deserto quer dizer,
viver intensamente, em silêncio e solidão, num lugar afastado e apropriado, com
uma relação pessoal com Deus mediante uma atividade orante, múltipla e variada.
No deserto impera o silêncio, e no silêncio do deserto a voz do mundo se cala
e, no silêncio, destaca-se a voz de Deus no coração do retirante.
O silencio
leva em si a voz de Deus. Após o seu
batismo, Jesus “era conduzido pelo Espírito através do deserto”. (Lc 4,1). O evento do deserto ocorre
depois que Jesus recebe a confirmação de seu ministério através do batismo. Sua
primeira tarefa foi provar que sua força e dependência estão somente em Deus, e
é por Deus, para Deus e através de Deus que seu ministério e sua vida teriam
sentido. Nisso, alguma coisa se destaca; as tentações vêm logo após o batismo
de Jesus! O batismo foi a definição e o ponto de partida e significava o
assumir público da sua missão, por parte de Jesus. Logo após este compromisso, Jesus
tem que enfrentar as tentações.
Aqui a
experiência de Jesus é como a nossa própria: nós temos compromisso com o
projeto de Deus, mas entre o nosso compromisso e a prática dele, existem muitas
tentações. Com o cristão não é diferente: pelo batismo o cristão adere aos
ensinamentos de Jesus e se propõe a ser mais um tijolinho na grande construção
da história da salvação preconizada pelo Criador desde quando criara o homem e a mulher (Gn 1,26-27),
passando pela encarnação do Verbo (Lc 1,26-38) e consumada no Calvário: “Está consumado. E, inclinando a cabeça,
entregou o espírito.” (Jo 19,30). As tentações são consequência dessa
adesão: o mal não suporta ver o bem se disseminar na terra. O termo “repleto ou cheio do Espírito Santo”,
somente é usado em outras três ocasiões: “Então
escolheram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo.” (At 6,5); “Repleto do Espírito Santo, Estevão olhou
para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus, de pé à direita de Deus”. (At
7,55) e “Barnabé era homem bom, cheio do
Espírito Santo e de fé”. (At 11,24).
Jesus é o
modelo para os cristãos que sofrem pressões. Também o texto sublinha que ele
era “conduzido pelo Espírito através do deserto”
(Lc 4,1) e, no deserto, “Jesus foi
tentado pelo diabo durante quarenta dias”. (Lc 4,2). O Espírito Santo não
conduz Jesus à tentação, mas se coloca com ele dando-lhe todos os meios para
vencer a tentação, e é a força sustentadora dele, durante os quarenta dias de
suas tentações. E como o Espírito dava força a Jesus, Lucas quer ensinar às
suas comunidades que elas também poderão contar com este apoio do Espírito
Santo nos momentos difíceis da vivência da sua fé. Todos os batizados, a quem o
Pai diz, como disse a Jesus: “Tu és o meu
filho amado”. (Lc 3,22), e que assumem com responsabilidade o seu batismo,
são tentados para abandonar o caminho da paz, do amor e da fraternidade.
Jesus sentiu
fome, o demônio ataca, em primeira instância, no setor mais frágil do homem: o
estômago. Quando se está com fome elege-se até políticos corruptos que oferecem
cestas básicas para as satisfações mais primárias do ser humano: a necessidade imperativa
do alimento. Jesus era um homem que estava faminto pelos quarenta dias sem nada
comer; pelo batismo, fora identificado como “Filho
amado do Pai”, e o tentador não perdeu tempo: “Se você é filho de Deus, mande que esta pedra se transforme em pão”.
(Lc 4,3). É uma tentação das mais comuns nos nossos dias onde o consumismo impera
pregando a satisfação imediata dos desejos. E Jesus responde evocando uma
advertência do Antigo Testamento, conforme encontramos no livro do
Deuteronômio: “... o homem não vive só de
pão, mas o homem vive de tudo aquilo que sai da boca de Yahweh”. (Dt 8,3).
É claro que o
homem não vive só de pão, mas vive também de pão, mas, pelo pão o homem não
deve desprezar o amor que o Pai tem por todos os seus filhos. Jesus quer deixar
claro que, se o pão que alimenta não promover a justiça, a partilha, a doação, a
solidariedade com os sofredores, não alcança o seu objetivo, não contribui para
que o Reino de Deus venha para todos.
Por isso é
que, na oração do Pai Nosso Jesus nos ensina a pedir “o pão nosso de cada dia”, e não o pão meu. Se o pão não for nosso,
não existe fraternidade, porque, o pão que, depois de saciar a minha fome e
sobrar na minha mesa, já não é mais meu, é do irmão necessitado, tem que ser
partilhado. Se não houver partilha também não podemos chamar Deus de “Pai Nosso”.
Não alcançando
o seu objetivo, o tentador tenta novamente e mostra a Jesus todas as riquezas
da terra e propõe, em troca disso que Jesus o adore: “Eu te darei todo o poder e riqueza desses reinos, porque tudo isso foi
entregue a mim, e posso dá-lo a quem eu quiser. Portanto, se te ajoelhares
diante de mim, tudo isso será teu”. (Lc 4,6). Quantos estão de quatro
diante do desejo de sempre ter mais, não importando a que custo e se esteja
sacrificando ou jogando na miséria tantos.
Quantos estão
de joelhos diante das riquezas, colocando dinheiro nas cuecas, nas meias e
recebendo dinheiros ilícitos às portas fechadas, e a justiça do homem é
inoperante e conivente a essas atitudes. Mais tarde Jesus diria: “Vocês não
podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt
6,24c).
Quantos estão
em atitude de adoração a quem oferece mais, sacrificando, desta forma, o
salário do trabalhador, a assistência médica dos menos afortunados, as moradias
dos desamparados e a educação das crianças que deveriam ser o futuro da nação. Somos
tentados a não acreditar na força dos pobres, de não seguir o caminho do
carpinteiro de Nazaré. Jesus também teve que enfrentar esta tentação; ele que
veio para ser pobre com os pobres, para mostrar o Deus que se volta
preferencialmente para os pobres, e recebe a proposta de confiar nas riquezas. Mas
Jesus toma a atitude de quem é compromissado com os desígnios da salvação de
todos os homens e se volta novamente ao Antigo Testamento, repetindo o contido
no livro do Deuteronômio: “É a Yahweh teu
Deus que temerás. A ele servirás e pelo seu nome jurarás.” (Dt 6,13). Para
o tentador e para o nosso mundo que idolatra o bem-estar material, as riquezas
e o lucro, mesmo à custa da justiça social, Jesus afirma: “Você adorará o Senhor seu Deus, e somente a ele servirá” (Lc 4,8).
Não satisfeito,
o tentador parte para o ataque pela terceira vez. Desta vez tenta naquilo que
todo homem gostaria que acontecesse: que estivesse sempre em evidência, que
fosse o alvo das atenções, enfim, a fama. Todos querem ser o alvo das atenções
e que os holofotes estivessem sempre virados para si, e que caíssem sempre, em
suas cabeças, confetes e serpentinas, e os aplausos fossem abundantes..
O tentador
leva Jesus para um lugar de destaque na praça e onde gente de todas as partes
do mundo se aglomerava: a parte mais alta do templo e bem no meio da praça,
onde todos pudessem vê-lo sem esforço e lhe diz: “Se tu és Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Porque a Escritura
diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito que te guardem com cuidado’.
E mais ainda: ‘Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em nenhuma
pedra’”. (Lc 4,9-11).
Interessante:
o demônio também conhece as Escrituras e a usa para atiçar a soberba do gênero
humano; ele buscou uma citação no livro dos Salmos para justificar a atitude
que Jesus deveria tomar para ser admirado por todos: “Pois ele ordenou aos seus anjos que guardem você em seus caminhos.
Eles o levarão nas mãos, para que seu pé não tropece numa pedra”. (Sl
91,11-12).
O demônio sabe
tudo de Deus, assim como tanta gente que quer induzir o povo a erro usa também
passagens das Sagradas Escrituras para alcançar os seus intentos maléficos.
Não é isso que
vemos nas religiões milagreiras de televisão que usam o nome de Deus para se
promover e conseguir prosélitos, conseguir seguidores? Não usam o nome de Deus
para encher os seus cofres? Mas Jesus responde com outra citação do Antigo
Testamento, conforme consta no livro do Deuteronômio: “Não tentem a Yahweh seu Deus”. (Dt 6,16).
Realmente,
podemos nos encontrar nas tentações de Jesus. São as tentações do mundo moderno:
o ter, o poder e o prazer. Todas as coisas boas em si, quando bem utilizadas
conforme a vontade de Deus, mas altamente destrutivas quando tomam o lugar de
Deus em nossas vidas.
Jesus teve que
enfrentar o que todos enfrentam: o “diabo” que está dentro de cada um, de cada
homem e mulher: o tentador que procura desviar a todos da nossa vocação de
discípulos.
E o trecho desta
liturgia coloca a todos diante da orientação básica para quem quer vencer: “Você adorará o Senhor seu Deus, e somente a
ele servirá”. (Lc 4,8).
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