01 DE JANEIRO
SANTA BRÍGIDA DA
IRLANDA
Provavelmente a mais antiga vida de Santa Brígida (Brighid
ou Brigit em irlandês antigo) seja a escrita por São Broccan Cloen, que faleceu
em 17 de setembro de 650. Ela é escrita em versos.
No século VIII, um monge de Kildare, Cogitosus, reescreveu
a vida de Santa Brígida em um bom latim. Este trabalho é conhecido como a
"Segunda Vida", e é um excelente exemplo da literatura irlandesa
daquele século. Talvez a mais interessante informação do trabalho de Cogitosus
seja a descrição da Catedral de Kildare em seu tempo.
É extremamente difícil conciliar as informações dos
biógrafos de Santa Brígida, mas as "Vidas" são unânimes em dizer que
ela era filha de Brocca, uma escrava da corte de seu pai Dubtbach, um rei
irlandês de Leinster. Brocca fora batizada por São Patrício, o Apóstolo da
Irlanda. Brígida, que nasceu em 452 (ou 453), próximo de Dundalk, Louth, tinha
ouvido ainda criança as pregações de São Patrício e nunca as esqueceu.
Recusando muitos pedidos de casamento, ela resolveu se
tornar monja e recebeu de São Macaille o véu de consagração. Ela se estabeleceu
por algum tempo nas faldas do Monte Croghan com sete outras virgens, mas
mudou-se para Druin Criadh, nas planícies de Magh Life, onde, sob um enorme
carvalho, fez erigir o seu famoso Convento de Ciull-Dara, isto é, 'a igreja do
carvalho'.
Embora Santa Brígida tivesse recebido o véu de São
Macaille, é provável que ela tenha professado com São Mel de Ardagh, discípulo
de São Patrício, que também conferiu a ela os poderes de abadessa. Isto ocorreu
por volta do ano 468.
O convento de Santa Brígida em Ciull-Dara tornou-se centro
de religiosidade e aprendizado, e desenvolveu-se na importante cidade e diocese
de Kildare. Ela fundou dois conventos - um para homens e outro para mulheres -,
e designou São Conleth como diretor espiritual deles.
Afirma-se que Santa Brígida deu jurisdição canônica a São
Conleth, Bispo de Kildare, mas, como afirma o Arcebispo Healy, ela simplesmente
"selecionou a pessoa a quem a Igreja deu tal jurisdição". E
seu biógrafo informa-nos que ela escolheu São Conleth "para governar a
Igreja junto com ela". Como resultado, durante séculos Kildare foi
dirigida por uma dupla linhagem de bispos abades e de abadessas, e a abadessa
de Kildare era tida como a superiora geral dos conventos da Irlanda.
Santa Brígida fundou também uma escola de artes presidida
por São Conleth, em que se executavam trabalhos em metal e iluminuras. Kildare
foi o berço do "Livro dos Evangelhos", ou o "Livro de
Kildare", que foi comentado por Giraldus Cambrensis. Infelizmente esta preciosidade
desapareceu durante a Pseudo-Reforma Protestante.
De acordo com os eclesiásticos do século XII, nada era
comparável ao "Livro de Kildare", cujas páginas repletas de
iluminuras maravilhosas, cheias de harmonia e de cores, deixavam a impressão de
que "todo o trabalho era de qualidades mais angélicas do que humanas".
Gerald Barry dizia ter a impressão de que o livro fora escrito noite após
noite: enquanto Santa Brígida rezava, "um anjo fornecia os desenhos,
copiados pelo copista".
Mesmo admitindo que os numerosos biógrafos de Santa Brígida
exageravam nos detalhes, o que é certo é que ela ocupa um lugar de destaque
entre as mais famosas mulheres irlandesas do século V, e é a Patrona da
Irlanda. Santa Brígida morreu deixando uma diocese e uma escola que se tornaram
famosas em toda a Europa. Em sua honra São Ultan escreveu um hino que começa
assim: Na nossa ilha de Hibernia, Cristo tornou-se conhecido através dos
grandes milagres que Ele realizou por meio da feliz virgem de vida celestial,
famosa por seus méritos no mundo inteiro.
Santa Brígida foi assistida por São Ninnidh em sua morte,
que ocorreu em 1° de fevereiro de 525, em Kildare. Ela foi
enterrada à direita do altar principal da Catedral de Kildare. Durante anos seu
túmulo foi objeto da veneração dos peregrinos, especialmente no dia de sua
festa, 1° de fevereiro.
Por volta do ano 878, as relíquias de Santa Brígida foram
levadas para Downpatrick, onde foram enterradas junto às de São Patrício e São
Columbano. As relíquias dos três santos foram descobertas em 1185, e em 9 de
junho do ano seguinte foram transladadas solenemente para a Catedral de
Downpatrick, na presença do Cardeal Vivian, de quinze bispos, de numerosos
abades e eclesiásticos.
Vários breviários anteriores à Pseudo-Reforma comemoravam
Santa Brígida e o seu nome foi incluído na ladainha do Missal de Stowe.
Após 1500 anos, a memória de Santa Brígida continua tão
venerada na Irlanda quanto antes, e Brígida é o nome muito usado pelas
mulheres católicas irlandesas. Além disso, pelo país todo centenas de locais
têm o nome em sua honra: Kilbride, Brideswel, Tubbersbride, Templebride, etc.
A mão de Santa Brígida está preservada em Luminar, perto de
Lisboa, Portugal, desde 1587, e há uma outra relíquia sua na Igreja de São
Martinho, em Colônia, Alemanha. O antigo poço de Santa Brígida, próximo da
igreja em ruínas, é um local dos mais venerados da Irlanda e ainda hoje atrai
peregrinos.
A amizade de Santa Brígida com São Patrício é atestada pelo
seguinte parágrafo do "Livro de Armagh", um precioso manuscrito do século
VIII, cuja autenticidade é fora de questão: "Entre São Patrício e Santa
Brígida, as colunas da Irlanda, havia tão grande amizade baseada na caridade,
que eles tinham um só coração e uma só cogitação. Por meio dele e dela Cristo
realizou muitos milagres".
Em Armagh havia um "Templum Brigidis", pequena
igreja abacial conhecida como "Regles Brigid", que continha algumas
relíquias da Santa, e que foi destruída em 1179, por William Fitz Aldelm. Os
manuscritos originais da 'Vida de Brígida' de Cogitosus, ou a "Segunda
Vida", se encontra hoje com os frades dominicanos de Eichstätt, na
Bavária.
São
comemorados, também, neste dia: Santa Veridiana, São Cecílio de Granada (bispo
e mártir), Santo Henrique Morse (presbítero e mártir de Tyburn), São Severo de
Ravena (bispo).
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