MARIA, MÃE E
COMPANHEIRA DE CAMINHADA
Mãe, em Fátima
a Senhora disse aos pastorzinhos: “Eu
nunca te abandonarei. O meu Coração Imaculado será o teu refúgio.”
Mãe, homem
nenhum em tempo algum pode avaliar a tristeza, a amargura e o sofrimento do seu
Coração ao acompanhar seu Filho Sacrossanto ao Calvário e presenciar o maior
crime praticado pela humanidade contra Ele próprio: a crucificação e a morte do
Filho de Deus, que é também seu Filho. Seu Coração estava amargo, sofrido e
triste mas jamais chegou ao desespero, à revolta e à indignação contra Deus por ver tamanha injustiça
cometida pelos homens contra seu Filho
muito Amado.
Quantos de
nós, doce Mãe, estamos também caminhando pelos caminhos doloridos e espinhosos
do Calvário, com o coração em farrapos,
cheio de angústia, de tristeza, de amargura e sofrimento, mas jamais, a seu
exemplo, doce Mãe, jamais em desespero e revolta contra Deus pelas coisas que
nos acontecem, porque sabemos que se algo desagradável nos acontece é culpa
nossa mesmo, é consequência de nossas atitudes impensadas; mas o seu Filho,
doce Mãe, o que de mal lhe aconteceu, não foi culpa dele e nem consequências de
atos impensados que ele tenha praticado, mas foi culpa nossa.
O seu Filho
era inocente em todos os sentidos e de livre e espontânea vontade tomou a nossa
natureza para colocar sobre seus ombros a nossa miséria e os nossos pecados.
Mas, às vezes,
Senhora, muitos males se nos acometem, muitas doenças nos atingem e, na nossa
caminhada neste vale de lágrimas e no nosso leito de dor repetimos como o seu
Filho em sua última oração no monte das Oliveiras: “Pai, se é possível, afasta de mim esse cálice, mas não se faça como eu
quero, mas sim como tu queres... Mas, se esse cálice não pode passar sem que eu
o beba, faça-se a tua vontade.” (Mt
26, 39 e 42), e todos os dias repetimos a oração que o seu Filho nos ensinou: “Seja feita a tua vontade, assim na terra
como no céu.” (Mt 6, 10).
Mas, nos
nossos momentos de dor, a quem poderíamos recorrer, senão à Senhora se, como disse
Santo Afonso: “Tu és toda poderosa junto
de Deus.”?
Nós sabemos,
Mãe, e temos certeza e confiança que seu Divino Filho jamais deixou de atender
a um pedido seu em qualquer circunstância: nós acreditamos que o seu Divino
Filho jamais há de negar para a Senhora coisa alguma.
Diante de
Santa Brígida o seu Divino Filho prometeu para a Senhora despachar
favoravelmente a todos os que solicitarem dele alguma graça por seu amor.
Também um Anjo
disse a esta mesma Santa Brígida: “Não há
ninguém que reze à Maria sem receber de sua caridade algum favor.”
Por isso, nós
lhe pedimos, doce Mãe; roga ao seu Filho por todos nós, a Senhora que pode tudo
o que quiser e pedir, e isso confiantes na promessa de seu Filho de jamais
deixar de atender a um só pedido seu. Exemplo disso, doce Mãe, o Evangelista
João nos dá na narração do casamento de Canaã, na Galiléia, quando a Senhora
disse aos serventes da festa: “Façam tudo
o que o meu Filho lhes disser.” (Jo 2, 5).
E seu Filho, a
um pedido seu, transformou a água no mais saboroso dos vinhos.
Mãe, se a um
pedido seu, seu Filho, por amor à Senhora e aos necessitados, altera até as
leis da natureza, e até os ventos e o mar obedecem (cf Mt 8, 27); até os mortos
voltam à vida por ordem de seu Filho, como na ressurreição do filho da viuva de
Naim, (Lc 7, 11 ss), na ressurreição de Lázaro (Jo 11), e na ressurreição da
filha de Jairo, quando ele disse: “Talitha kum, que quer dizer: Menina, eu te
ordeno, levanta-te.” (Mc 5, 41).
Será, Mãe, que
a um pedido seu, seu Filho não se compadeceria da nossa miséria, como fez com a
viuva de Naim, que lhe devolveu com vida o seu filho que estava morto?
Ou o amor de
seu Filho para conosco seria menor que aquele que ele demonstrou por Lázaro e
suas irmãs Marta e Maria? Ou a nossa fé seria menor que a de Jairo?
Certo dia um
leproso se aproximou de seu Divino Filho e lhe disse: “Senhor, se quiseres, podes limpar-me.”, e nós, com a mesma fé e no
mesmo tom de súplica, dizemos ao seu Filho, pelo amor que ele tem pela Senhora:
“Senhor, se o Senhor quiser, o Senhor
pode nos livrar dos nossos pecados, das nossas misérias, das nossas doenças”.
É o seu Filho,
Senhora, que nos dá essa confiança em pedir, porque foi ele mesmo quem nos
incentivou a pedir, quando disse: “Peçam,
e lhes será dado, busquem, e acharão, batam, e a porta se lhes abrirá.” (Mt
7,7). “Tudo o que vocês pedirem ao meu
Pai em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se vocês
pedirem alguma coisa em meu nome eu o farei.” (Jo 14, 13-14); e é com
lágrimas, Senhora, que pedimos ao seu Filho, tendo a Senhora como intercessora,
medianeira e advogada nossa, confiantes no que ele mesmo disse: “Bem-aventurados os que choram, porque serão
consolados.” (Mt 5,5). Confiamos sem sombra de qualquer dúvida na Senhora,
doce Mãe, porque a Senhora “é cheia de
graça e o Senhor está com a Senhora.” (cf Lc 1, 28). Na Senhora esperamos,
porque a Senhora “é bendita entre as
mulheres e bendito é o fruto do seu ventre."”(Lc 1, 42).
A Senhora
mesma, doce Mãe, sentiu e testemunhou o poder do Altíssimo sobre a Senhora
mesmo, quando em oração: “A minha alma
glorifica ao Senhor, e o meu espirito exulta em Deus, meu Salvador. Porque
lançou os olhos para a humilhação de sua serva; portanto, eis que de hoje em
diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada. Porque o Todo Poderoso fez
em mim grandes coisas, o seu Nome é Santo.” (Lc 1, 46-49).
Os próprios
ouvintes do seu Filho reconheceram a sua grandeza, Mãe, quando uma mulher, do
meio da multidão, gritou em altos brados, para que todos pudessem ouvi-la: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os
peitos a que foste amamentado.” (Lc 11, 27).
São Bernardino
de Sena ensinava que nenhuma graça vem do céu que não passe primeiro pelas suas
mãos maternais.
São João
Batista Maria Vianney, o Santo Cura de Ars, dizia que o Coração da Senhora é
tão terno para nós que o coração de
todas as mães reunidas não passam de uma pedra de gelo aos pés do seu Coração,
e que o seu Coração é só amor e misericórdia; o seu Coração só deseja ver-nos
todos felizes; basta apenas nos dirigirmos à Senhora para sermos ouvidos.
Doce Mãe, nós
lhe pedimos nos momentos difíceis de nossa vida que não nos deixe vacilar na
fé; não permita, Senhora, que nos revoltemos contra aquilo que pode ser a
vontade de Deus; cuida, Senhora, para que o desespero não se apodere dos nossos
corações por qualquer motivo que seja que estejamos sendo provados na fé, e não
nos deixe sozinhos na subida do nosso Calvário, porque nós acreditamos que
assim como foi com o seu Filho, depois de todos os nossos sofrimentos vem a
glória e a alegria da cura de todos os males e doenças, e sempre vamos
continuar a lhe fazer esse apelo, porque, como disse São Luiz Maria Grignon de
Montfort: “Um só suspiro seu tem maior
poder do que as orações de todos os Anjos, Santos e homens juntos.”. Repetimos,
nesse momento, Senhora, o que disse São João Damasceno: “Salve, Ò Mãe, esperança dos desesperados. Ò Mãe de Deus, se eu estiver
debaixo de sua proteção, nada temerei.”
E, todos os
dias, doce Mãe, repetiremos a singela oração que São Bernardo sempre recitava
para a Senhora, quando dizia: “À vossa
proteção recorremos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em
nossas necessidades. Mas livrai-nos de todos os perigos, ò Virgem Gloriosa e
Bendita.
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