quarta-feira, 11 de julho de 2018


OITO ANOS SEM MINHA FILHA TERESA CRISTINA

"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15,1).
O Pai é o agricultor, o dono da messe, o dono do jardim. Cada um de nós somos os operários da messe, o jardineiro do jardim do Pai. Ele nos dá a terra, ele nos dá a semente, ele nos dá as condições dignas para que a terra seja boa, para que a semente se transforme em arbusto e para que o arbusto floresça, dê flores dignas de um rei.
O Pai nos dá uma família, nos dá filhos, mas família e filhos não são propriedades nossas, são do Pai. Os filhos são as flores que cultivamos no jardim do Pai. Compete a cada um de nós, pais, cuidar do jardim do Pai, dar-lhe flores viçosas, coloridas, perfumadas e perfeitas.
Devemos cuidar dessas flores desde em botão. Dar-lhes condições de crescerem saudáveis, floridas e perfumadas. Mas elas são do Pai, não são nossas. E o dia em que o Pai  achar por bem, ele visita o nosso jardim, colhe a sua flor preferida, a mais bonita entre todas e a leva para embelezar o seu trono.  Assim aconteceu conosco.
Assim aconteceu com Teresa Cristina. Mulher bonita, inteligente, carinhosa, amigável, acolhedora. Filha amorosa e presente. Quarenta e três anos. Câncer de  mama. E, no dia 11 de julho de 2010, o Pai visitou o meu jardim, escolheu dentre as flores a mais bela, e a levou consigo para embelezar o seu trono.

As pessoas boas deixam alegria. As pessoas más deixam lições. As pessoas maravilhosas deixam lembranças e saudades. Saudade é a confirmação do amor. Saudade é a perpetuação do amor. Saudade é o amor eterno presente no coração de quem ficou sem ter condições de esquecer a pessoa amada que partiu. Um dia a saudade deixa de ser dor e vira lembrança para compartilhar e guardar para sempre. As pessoas muito amadas por nós são eternas dentro da gente.
A mais bonita lágrima é a da saudade, pois ela nasce dos risos que não se acabam, das alegrias que marcaram e das lembranças que jamais se apagam.
Mais do que chorar a perda de um ente querido, não podemos perder a oportunidade de agradecer. Agradecer o tempo em que o Pai, o dono do jardim, permitiu que a flor Teresa Cristina ficasse conosco durante quarenta e três anos, embelezando o nosso lar, perfumando a nossa vida, aromatizando o nosso ambiente e transmitindo alegria no seu sorriso belo, singelo e encantador. Ela deixou o nosso jardim, mas está embelezando o trono do Pai, o dono do jardim.
Só nos resta repetir com o santo homem Jó: “O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1,21).
O acontecimento de uma pessoa amada nos deixar e ir para a casa do Pai leva-nos à conclusão de que não existe morte. A morte é, simplesmente, um ponto de partida, não um fim. A morte é um trampolim que nos arremessa para a vida eterna, para a vida que não se acaba mais.
A vida é eterna; a vida é abundante porque Jesus Cristo veio para que tivéssemos vida, e a tivéssemos em abundância: “Eu vim para que tenham a vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10,10). A vida não se acaba. A vida da pessoa amada que se foi não se acabou, apenas passou para um plano superior onde a presença de Deus é permanente e visível, a felicidade é eterna e a certeza de que a morte jamais a atingirá, jamais a separará de ninguém.
Na nossa ignorância naquilo que diz respeito às promessas divinas em relação à vida eterna, sofremos, sofremos muito quando um ente querido nos deixa e parte desta para herdar a vida eterna.
Choramos, choramos muito dentro de nós, ainda que o nosso semblante se esforce para demonstrar conformismo. É bom chorar, se faz necessário chorar, mas o cristão não chora por desespero e revolta.
Antes de tudo, o cristão chora por saudade, saudade de alguém que partiu temporariamente mas, temos certeza, está na casa do Pai; apenas nos antecipou a isso e a nossa fé nos garante que um dia nos juntaremos a esse ente querido porque Jesus nos conforta dizendo: “Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas.” (Jo 14,1-2).
Apesar da certeza da ressurreição que nos é transmitida pelas Sagradas Escrituras, os nossos sentimentos humanos nos fazem sentir saudades dos nossos entes queridos que nos deixaram, mas, não podemos perder a esperança, não podemos perder a confiança nos ensinamentos de Jesus Cristo; temos de acreditar nas suas verdades evangélicas de que os nossos entes queridos, que caminharam conosco neste vale de lágrimas e que ouviram a voz do Bom Pastor e fizeram parte de seu rebanho, agora, depois desse passamento, estão na glória do Senhor, na casa do Pai, onde, segundo uma das promessas do Divino Mestre, existem muitas moradas: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também.” (Jo 14,2-3).
O Senhor Jesus venceu a morte ressuscitando e “... a morte não tem domínio sobre ele.” (Rm 6,9), e Paulo Apóstolo se baseia na ressurreição de Cristo para nos dar a certeza que também venceremos a morte: “Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé.” (1Cor 15,13-14).
Quem morre acaba de nascer, de nascer para a vida, de ressurgir para a vida em abundância, a vida que não se acaba mais, a vida que é para valer, e isso entendeu muito bem Francisco, o pobrezinho de Assis: “É MORRENDO QUE SE RESSUSCITA PÁRA A VIDA...” A presença, o perfume,o amor da Teresa Cristina são uma constante no nosso coração, na nossa casa, na nossa família...

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