MARIA É POBRE E DOS
POBRES DE DEUS.
É muito
comum a gente ouvir dizer: “pobre não tem vez.” E as Sagradas
Escrituras nos dizem: “O rico comete uma
injustiça e toma ares de importante; o pobre sofre uma injustiça e ainda pede
desculpas.” (Eclo 13, 4).
De fato, os
pobres nunca tiveram vez, apesar das promessas dos grandes e poderosos.
E, nas
Sagradas Escrituras, já no fim do Antigo Testamento, próximo da chegada de
Jesus Cristo, os fariseus encheram a medida. Os ricos tinham tirado todo
dinheiro dos pobres.
Os poderosos
tiraram do povo o dinheiro, o poder e a participação.
Os fariseus,
os chamados doutores da lei, acabaram de completar o roubo e tiraram dos pobres
também o saber: os fariseus diziam que somente eles é quem sabiam tudo e os
pobres eram uns ignorantes que deveriam seguir os seus ensinamentos.
Os fariseus
diziam que o povo pobre não sabia de nada, diziam que o povo pobre, além de
ignorante, era maldito. (cf Jo 7, 49 e 9, 34). Só
eles, os fariseus, os ricos, é quem podiam saber das coisas. De tanto ouvir
essas coisas, o povo pobre acabou acreditando no que diziam os doutores da lei e achava que era ignorante
mesmo.
Assim, um
número bem grande de gente, grande maioria do povo, ficou sem voz e sem vez.
Por isso, já, antes de Jesus Cristo, os pobres foram perdendo por completo a fé
nas palavras e nas promessas dos homens, dos grandes, dos poderosos.
O povo dizia:
“Não adianta confiar nos grandes, nos
poderosos, no homem que não pode salvar ninguém.” (Sl 145, 3).
O único apoio
que sobrava e sobra para os pobres são as palavras e as promessas de Deus.
E isso até
hoje, nos nossos dias. Ora, quando Deus, finalmente, começou a realizar as suas
promessas, Deus não escolheu os ricos, nem os poderosos, nem os sábios, nem
aqueles que se julgavam por demais inteligentes, mas, Deus escolheu pessoas do
meio deste povo humilde e pobre para poder realizar com essas pessoas o seu plano
de salvação.
Será que os
pobres sabem disso? Será que os pobres estão assumindo a sua missão? Maria e
José e a maior parte dos apóstolos pertenciam a esses pobres de Deus.
O próprio
Jesus Cristo cresceu e se formou no meio dos pobres e participou de todo
desprezo com que os ricos, os poderosos, os grandes, os sábios tratavam o povo
pobre e humilde, e tratam até hoje. E quando chegou o tempo de proclamar a boa
noa, Jesus grita aos quatro ventos: “Felizes
de vocês, pobres, porque o reino de Deus é de vocês.” (Lc, 6, 20).
E um dos
sinais de que havia chegado o Reino de Deus era o anúncio da Boa Nova aos
pobres (cf Mt 11, 5). Feliz daquele que não se escandaliza com esse jeito de
Deus (cf Mt 11, 6). No plano de Deus os pobres tem voz e tem vez. Deus está com
os pobres. Maria é do povo pobre. Maria era pobre, nasceu pobre, viveu pobre.
Maria é do
povo pobre, não como quem desce do alto do trono para dar uma ajuda ou esmola
aos pobres coitados lá embaixo.
Maria era do
povo porque vivia a mesma vida de todos. Maria não era rica e nem poderosa (cf
Lc 1, 52-53); Maria era pobre, casada
com um rapaz pobre, José. Maria tinha um filho pobre, Jesus, que não
tinha onde reclinar a sua cabeça (cf Lc 9, 58). Para pobres como José e Maria
não havia lugar nos hotéis e estalagens da cidade e só sobravam os abrigos dos
animais, as grutas e os barracos, e, nos nossos dias, as favelas (cf Lc 2, 17).
Maria escolheu
os pobres para ficarem do seu lado e Maria sempre esteve junto dos pobres. O
cântico que Maria fez na casa de Isabel mostra muito bem o lado que Maria
escolheu para ficar: Maria escolheu ficar do lado dos humildes (Lc 1, 52), dos
que passam fome (Lc 1, 53), e dos que temem a Deus (Lc 1, 50).
Além disso,
Maria se distanciou claramente dos orgulhosos (Lc 1, 51) e dos ricos (Lc 1,
53). Para Maria, ser do povo de Deus, significava viver uma vida pobre e
assumir a causa dos pobres, que é a causa da justiça e da libertação.
Tudo isso pode
chocar os ricos e aos poderosos que gostam de se esconder atrás da devoção que o povo pobre e os humildes tem por Maria.
Leia, meu caro
irmão, o cântico de Maria no Evangelho de Lucas, no capítulo primeiro e
versículos de 46 em diante, onde ela diz:
“A minha alma engrandece ao Senhor, e exulta o meu espírito em Deus meu
Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva, e, de hoje em diante,
todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo Poderoso fez em mim
grandes coisas, e santo é o seu nome. Sua misericórdia vai de geração em
geração sobre todos aqueles que o temem. Ostentou o poder de seu braço e
dispersou os que se orgulham com os pensamentos do seu coração. Derrubou os
poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e
despediu os ricos de mãos vazias. (Lc 1, 46-53). (do livro “Maria, a mãe de
Jesus”, de Carlos Mesters).
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