IRMÃ
DULCE PROCLAMADA SANTA
VATICANO
ANUNCIA DIA 1º DE JULHO DATA DA CANONIZAÇÃO DE IRMÃ DULCE
1 de julho de 2019, segunda-feira, 10h. Na Sala
Clementina do Palácio Apostólico Vaticano, em Roma, o papa Francisco presidirá
a celebração da Terceira Hora e o Consistório Ordinário Público para a
Canonização da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres.
O
anúncio foi feito nesta quinta-feira (27/6), pelo Vaticano.
Maria
Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, nasceu em 26 de maio de
1914, segunda filha de Dona Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes e de
Augusto Lopes Pontes, dentista e professor da Universidade Federal da Bahia,
que nos anos 1920 saía pela cidade atendendo famílias sem condições de pagar um
tratamento dentário.
O
avô paterno, Manuel Lopes Pontes, nasceu em Santo Amaro em 1845. Político,
advogado, professor e militar, fundou o Colégio Santo Antônio na rua
direita de Santo Antônio além do Carmo e foi um dos idealizadores do
"Monumento aos Heróis do 2 de julho" sendo o tesoureiro da obra,
1895. Ele também comandou o 5º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, em
1897, no governo Luiz Viana, época da Guerra de Canudos.
O ANJO BOM
por Morgana Montalvão e Alberto Oliveira.
IRMÃ DULCE - UMA SANTA NASCIDA NA BAHIA
Em 1949 eles eram 70. Doentes. Moradores de
rua.
Para ajudá-los, uma só pessoa. Magrinha.
Frágil. Sem recursos.
Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes tinha
35 anos e nenhum local para abrigá-los.
10 anos antes ela já havia invadido 5 casas
na Ilha do Rato, em Água de Meninos, Salvador, para onde levara doentes
recolhidos nas ruas. Foi expulsa e peregrinou com seus enfermos por vários
locais da cidade.
Até que conseguiu autorização da madre
superiora do Convento Santo Antonio para usar uma construção ao lado: um
galinheiro.
67 anos depois aquele galinheiro se
transformou no Hospital Santo Antonio, na Avenida Dendezeiros do Bonfim, 161,
em Salvador, com uma média de 16,5 mil internações e 10 mil cirurgias anuais,
373 leitos, um Centro de Tratamento Intensivo e atendimento em 17
especialidades, divididas entre as enfermarias de clínicas Médica, de Longa
Permanência (crônicos) e Cirúrgica.
E Maria Rita, a Irmã Dulce - Beata Dulce dos
Pobres, a Bem-Aventurada Dulce dos Pobres - foi considerada santa pelo
Vaticano: a primeira nascida no Brasil.
As galinhas criadas pela madre superiora?
Viraram canja para os doentes.
13 de março de 1992. 16h45.
O coração de Irmã Dulce parou de bater.
Ela tinha 77 anos e há 2 mal conseguia respirar. 70% de
seus pulmões estavam comprometidos.
Um ano antes, no dia 20 de outubro de 1991, recebera a
bênção e extrema-unção, das mãos do papa João Paulo II.
Irmã Dulce tinha bronquiectasia, doença degenerativa que
danifica as vias aéreas dos pulmões, causa tosse crônica e acúmulo de muco nos
brônquios pulmonares.
Ela dormia no máximo 4 horas por dia, em uma cadeira de
madeira maciça, o que fez por 30 anos - para pagar uma promessa que fizera pela
recuperação de sua irmã, Dulcinha, que, em 1955, deu à luz a Maria Rita de
Souza Brito Lopes Pontes, sobrinha e atual superintendente das obras sociais.
Dulcinha teve uma gravidez de alto risco e poderia morrer. Irmã Dulce
cumpriu a promessa até 1985, quando passou a dormir em uma cama após muita
insistência dos médicos.
Seus últimos 16 meses foram de sofrimento, "meses de
agonia, meses de Calvário", nas palavras de Dom Murilo Krieger, arcebispo
de São Salvador da Bahia, primaz do Brasil.
O corpo de Irmã Dulce foi sepultado na Capela das
Relíquias, na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Salvador e, 8
anos depois, os restos mortais acabaram transferidos para a Capela do Convento
Santo Antônio, sede das Obras Sociais Irmã Dulce, onde ficaram até 2011. A
partir de então encontram-se no Santuário erguido no local.
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de
maio de 1914, segunda filha de Dona Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes e
de Augusto Lopes Pontes, dentista e professor da Universidade Federal da Bahia,
que nos anos 1920 saía pela cidade atendendo famílias sem condições de pagar um
tratamento dentário.
O avô paterno, Manuel Lopes Pontes, nasceu em Santo Amaro
em 1845. Político, advogado, professor e militar, fundou o Colégio Santo
Antônio na rua direita de Santo Antônio além do Carmo e foi um dos
idealizadores do "Monumento aos Heróis do 2 de julho" sendo o
tesoureiro da obra, em 1895. Ele também comandou o 5º Batalhão de Infantaria da
Guarda Nacional, em 1897, no governo Luiz Viana, época da Guerra de Canudos.
Ladeira da Independência, 61, no
bairro de Nazaré.
Era ali que morava a menina Maria Rita.
Foi naquela casa que decidiu se dedicar à vida religiosa,
quando tinha apenas 13 anos, depois de visitar áreas carentes de Salvador,
acompanhada por um tia. Mas era jovem demais e por esse motivo acabou recusada
pelo Convento de Santa Clara do Desterro.
As imagens de fome e pobreza presenciadas por ela nunca
foram esquecidas. E na casa de número 61 a menina de 13 anos começou a receber
pessoas necessitadas, com o apoio da irmã Dulcinha. Logo eram tantos mendigos,
moradores de rua e abandonados que a casa da Ladeira da Independência ficou
conhecida como "a portaria de São Francisco".
Mas 6 anos antes ela já pedia farinha à mãe, para
entregar aos garotos pobres de Água de Meninos.
Dulce Maria, mãe de Irmã Dulce, morreu aos 26 anos de
idade. A menina Maria Dulce tinha 7 anos. Um ano depois fez a Primeira
Comunhão, na Igreja de Santo Antônio Além do Carmo, junto com os irmãos Augusto
e Dulcinha.
O amor e seus sonhos são a única porta para a eternidade.
-- Irmã Dulce --
Maria Rita teve que esperar até 8 de
fevereiro de 1933, dois meses após receber o diploma de professora pela Escola
Normal da Bahia, para ser aceita no Convento de São Francisco, na cidade de São
Cristóvão, em Sergipe, pela Congregação da Irmãs Missionárias da Imaculada
Conceição da Mãe de Deus, primeira casa de formação desta congregação no
Nordeste.
Ficava para trás a garotinha que brincava de guerra de mamona com os
irmãos, empinava pipa, andava de bonde e fazia bordados. A menina que brincava
na rua, sabia tocar acordeon e adorava futebol, a torcedora do Esporte Clube
Ypiranga - time formado por operários -, que ia a todas partidas do clube do
coração, com o pai e os irmãos, e vibrava a cada gol marcado (um tio seu dizia
que ela nascera "no corpo errado”, tamanha era a sua paixão pelo esporte).
Mas continuava com ela a boneca Celica, que ganhara aos 4
anos, e que nas tardes de domingo emprestava às noviças do convento em São
Cristõvão, cidade histórica a 22 quilômetros de Aracaju.
"Ela comia pouco, como um passarinho, em um
pires", contava a Irmã Maria das Neves. "E só após se certificar que
as outras irmãs estavam se alimentando corretamente."
13 de agosto
de 1933. Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes recebia o
hábito e passava a usar o nome de Irmã Dulce, uma homenagem à mãe.
Anjo
dos Alagados
15 de agosto de 1934. Irmã Dulce volta a Salvador, em
companhia das Irmãs Tabita e Capertana, para trabalhar na abertura do Hospital
Espanhol, no bairro da Barra, desempenhando funções de enfermeira,
sacristã, porteira e responsável pelo raio X. Ela também recebeu a tarefa de ser
professora de Geografia e História no Colégio Santa Bernadete, no Largo da
Madragoa, na Cidade Baixa.
Em 1935, surgia em Salvador a
comunidade de Alagados, conjunto de palafitas na parte interna da Península de
Itapagipe, sobre a Enseada dos Cabritos. A comunidade era formada por operários
que trabalhavam nas antigas fábricas espalhadas pela península.
As casas, barracos de madeira construídos
sobre estacas fincadas em mangues e ligadas por pequenas passarelas de tábuas
"pairavam" sobre um mar de fezes e garrafas de plástico; os moradores
conviviam com o cheiro forte de esgoto e as doenças surgidas da falta de
saneamento básico.
A área chegou a ter 3,5 mil palafitas e cerca
de 100 mil habitantes, só começando a ser erradicada na década de 80.
No mesmo ano Irmã Dulce criou um posto médico
juntamente com o Dr. Bernadino Nogueira para atender operários da comunidade. A
imprensa da época começava a chamá-la de “Anjo dos Alagados”.
"Ela limpava feridas, dava cobertor aos
que tinham frio, dava medicamentos, cortava os cabelos destas pessoas,
alimentava os que tinham fome e se aproximava daqueles em que ninguém ousava
tocar", lembra Osvaldo Gouveia, assessor de Memória e Cultura das Obras
Sociais Irmã Dulce (Osid). O ex-professor de Museologia da
Universidade Federal da Bahia (UFBa) chegou às obras em 30 de maio de 1993,
para ficar 3 meses como auxiliar na fundação do memorial dedicado a contar a
vida de Irmã Dulce. O que era para durar um trimestre perdura por 26 anos.
Gouveia é conhecido como ‘a bíblia humana da
trajetória de Irmã Dulce’, tamanha a sua dedicação e conhecimento sobre a vida
da freira.
Uma cusparada
Irmã Dulce evitava envolvimento com política.
“Ela sempre afirmou que o partido dela eram os pobres, era a pobreza. Nunca vi
a imagem de Irmã Dulce em um santinho de um político e olhe que diversos deles
vieram atrás dela para garantir votos; queriam ter a figura dela veiculada a
eles e ela sempre foi muito categórica quanto a isso, sempre dizia não",
diz Osvaldo Gouveia.
A freira baiana era insistente ao pedir
dinheiro para a organização. Uma vez, recebeu uma cusparada de um feirante na
Feira de São Joaquim, na mão que estendera.
“Ela não aceitava um não como resposta,
porque sabia que a negativa não era para ela, mas para os pobres, para os
miseráveis", explica o assessor de Memória e Cultura da Osid.
O tamanho da obra deixada por Irmã Dulce pode ser medido em números:
-- 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais realizados por
ano na Bahia, sendo 2,2 somente em Salvador
-- 2 mil pessoas atendidas diariamente na sede das Obras, em
Salvador
-- 954 leitos para o atendimento de patologias clínicas e cirúrgicas
-- 18 mil internamentos e 12 mil cirurgias realizadas
anualmente em Salvador
-- Mais de 11,5 mil atendimentos por mês para tratamento do
câncer
-- 150 bebês com microcefalia são acompanhados hoje na OSID
-- 787 crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade
social, atendidos no Centro Educacional Santo Antônio
-- 1,7 milhão de refeições servidas por ano para nossos pacientes e
537 mil para nossos colaboradores
-- Mais de 4,3 mil profissionais atuam na organização, sendo mais de 2 mil no complexo das Obras
-- Mais de 4,3 mil profissionais atuam na organização, sendo mais de 2 mil no complexo das Obras
A entidade filantrópica abriga um dos maiores
complexos de saúde 100% SUS do país, com atendimentos ambulatoriais a idosos,
pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, moradores de
rua, usuários de substâncias psicoativas e crianças e adolescentes em situação
de risco social.
Também conhecida como Complexo Roma, a sede
das Obras em Salvador abriga, em seus 40 mil metros quadrados de área
construída, 20 dos 21 núcleos da entidade, incluindo 954 leitos
hospitalares para o atendimento de patologias clínicas e cirúrgicas.
Desses núcleos, 19 apresentam atuação no
campo da Saúde, a exemplo do Hospital Santo Antônio, Centro Geriátrico,
Hospital da Criança, Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, Centro de
Acolhimento à Pessoa com Deficiência e Centro Especializado em Reabilitação e
do Centro de Acolhimento e Tratamento de Alcoolistas.
Somente no Complexo Roma são contabilizados
por ano cerca de 2 milhões de atendimentos ambulatoriais – metade do volume
alcançado por toda a organização no estado.
Ainda na sede das Obras Sociais, local que
atende diariamente cerca de 2 mil pessoas, são realizadas por ano 12 mil
cirurgias, além de 18 mil internamentos. Atualmente, mais de 4 mil
profissionais trabalham na organização, sendo mais de 2 mil funcionários
somente no complexo da capital baiana, local onde atuam ainda 320 médicos e 125
voluntários.
01 de julho de 2019, segunda-feira, 10h.
Na Sala Clementina do Palácio Apostólico
Vaticano, em Roma, o papa Francisco presidirá a celebração da Terceira Hora e o
Consistório Ordinário Público para a Canonização da Bem-Aventurada Dulce dos
Pobres.
Irmã Dulce será uma santa canonizada, aquela
sobre quem o Papa, baseado em depoimentos, declara oficialmente que está no céu
e pode ser venerada publicamente.
Santo não canonizado é aquele que se
considera estar no céu mas sobre o qual não houve qualquer pronunciamento
oficial do Vaticano.
Canonizar é colocar o nome no cânone (lista)
dos santos, uma exclusividade do Papa por decisão de Gregório IX em 1234.
As normas encontram-se na constituição
apostólica Divinus perfectionis Magister (25 de Janeiro de 1983) de João Paulo
II, e fazem parte das resoluções traçadas pela Congregação para as Causas dos
Santos.
As 15
etapas de uma canonização
1.
Fiel católico morre com fama
de santo ou mártir
2.
Um bispo diocesano investiga
sua autenticidade
3.
Um bispo dá início à causa de
beatificação
4.
A Conferência Episcopal apoia
o início da causa
5.
Tem início o processo no
Vaticano
6.
O candidato a beato ganha o
título de Servo de Deus
7.
Comissões de especialistas
examinam a causa
8.
O Vaticano reconhece virtudes
heroicas do Servo
9.
O Servo ganha o título de
Venerável
10.
Uma intercessão por um milagre
é comprovada
11.
Parecer é encaminhado ao Papa
12.
O Papa beatifica o Venerável,
que ganha o título de Beato
13.
Uma intercessão por um segundo
milagre é comprovada
14.
O Papa canoniza o Beato
15.
O
Beato ganha o título de Santo
Os
"miraculados"
Claudia Cristina dos Santos tem hoje 41 anos
e mora na cidade de Malhador, em Sergipe, a 52 quilômetros da capital Aracaju.
Ela é “miraculada” (nome dado à pessoa que recebe um milagre).
No dia 10 de janeiro de 2001, sofrendo de
forte hemorragia após dar à luz seu segundo filho, Gabriel, Claudia Cristina
estava desenganada pelos médicos.
3 cirurgias, em 18 horas, foram incapazes de
estancar o sangramento.
Chamado para ministrar a extrema-unção, o
padre José Almir de Menezes perguntou a Claudia Cristina se ela acreditava que
poderia ser salva por uma intercessão de Irmã Dulce. Ela disse que sim.
Ao chegar em casa o padre foi avisado de que
a hemorragia havia parado. 3 dias depois Claudia recebia alta do hospital.
10 peritos brasileiros e 6 italianos
examinaram o caso. Nenhum deles conseguiu uma explicação científica para a
melhora.
O segundo milagre - Um homem (a identidade ainda não foi
divulgada) estava cego há 14 anos, por um problema de saúde. Uma noite, pediu
um milagre a Irmã Dulce. No dia seguinte, voltou a enxergar.
Os médicos não conseguem explicar como ele
consegue ver, apesar das lesões que continuam em seus olhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário