SANTÍSSIMO
NOME DE MARIA
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Nosso Divino
Salvador, se não me engano, no-lo quis recomendar quando, ressuscitando dos
mortos, o primeiro nome que aflorou em seus lábios foi o de Maria. Com efeito,
dirigindo-se à Madalena, a primeira a quem Ele aparecia após sua Ressurreição,
disse-lha (Jo 20,16): "Maria", para nos significar que o nome de
Maria encerra a vida em si mesmo, e se harmoniza tão bem com a vida imortal,
que merece ser o primeiro a sair da boca do Salvador, já em possessão da
imortalidade. Esta reflexão é de Cesário, em sua homilia sobre a Visitação. Nome que desarma e abre o coração de
Deus, em favor dos homens. E acrescentamos com o Padre J.
Guibert, que assim se expressa na sua Meditação para a festa do Santo Nome de
Maria: "O nome de Maria desarma o coração de Deus. Não há pecador, por
mais criminoso, que pronuncie em vão esse nome. Embora merecesse, por suas
faltas, todas as cóleras do céu, ele se vê protegido como por inviolável
pára-raios, logo que articule o nome de Maria. A este nome, o perdão desce
infalivelmente sobre as almas pecadoras, não porque tenha Ela o direito de
concedê-lo, mas porque é onipotente para implorá-lo - Omnipotentia suppex. O
nome de Maria abre o coração de Deus e põe todos os seus tesouros à disposição
da alma que o invoca. A História nos ensina que uma multidão de Santos
caridosos fez voto de jamais recusar a esmola que lhes fosse pedida em tal ou
tal nome. Assim que ouviam o nome amada, eles davam, davam sempre, até o último
óbulo e até suas próprias vestimentas. O nome de Maria tem esse poder mágico
sobre o coração de Deus. Deus Filho, Jesus Cristo, entrega tudo o que tem
àqueles que Lhes estendem a mão em nome de sua Mãe; Deus Padre, fonte de toda
riqueza, concede toda graça àqueles que mendigam diante dEle invocando o nome
de sua Filha Bem-amada. (...)”
Nome de salvação e de alegria.
O nome de
Maria é um nome salvador, sobretudo nos perigos de ordem moral. Quantas
tentações por ele foram vencidas, quantos pecados evitados, quantos imundos
corações purificados, quantas penosas confissões extraídas de almas que se cria
para sempre fechadas! É também um nome de consolação e de alegria. Ele dissipa
a tristeza na alma que o pronuncia. Tendes medo de Deus e de seus julgamentos?
Pensai em Maria e invocai seu nome: vossa confiança em Deus renascerá. Tendes
medo dos homens, diante dos quais vos cobristes de vergonha e perdestes a
reputação? Pensai em Maria e invocai seu nome: e não tereis mais receio de
levantar os olhos diante de vossos semelhantes. Esmaga-vos o peso da humilhação
ou da dor física? Pensai em Maria, invocai seu nome, e sereis aliviados. Tendes
a horrível morte que rompe e põe fim a tudo? Pensai em Maria, invocai seu nome,
e tereis coragem de aceitar esse supremo sacrifício.
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Nome de força.
O nome de
Maria, enfim, é um nome de força. Quaisquer que sejam os inimigos que vos
ameaçam, venham eles do inferno, como o demônio que vos tenta; ou venham do
mundo, como os adversários que vos perseguem, invocai o poderoso nome de Maria
e a todos vencereis. Quaisquer que sejam vossas próprias fraquezas, provenham
elas do orgulho, da inveja, da sensualidade ou da preguiça, confiai vosso débil
coração à solicitude da Virgem, invocai o poderoso nome de Maria, e vos
vencereis a vós mesmos.
Precioso tesouro da Santíssima
Trindade.
Recolhendo
opiniões dos santos Doutores sobre o nome de Maria, traça São João Eudes esta
admirável síntese: "O nome de Maria, diz Santo Antônio de Pádua, é júbilo
para o coração, mel na boca e doce melodia no ouvido." "Bem-aventurado
o que ama vosso nome, ó Maria (é São Boaventura quem fala), porque este santo
nome é uma fonte de graça que refresca a alma sedenta e a faz produzir frutos
de justiça." "Ó Mãe de Deus, diz o mesmo Santo, que glorioso e
admirável é vosso nome. O que o leva em seu coração se verá livre do medo da
morte. Basta pronunciá-lo para fazer tremer a todo inferno e por em fuga a
todos os demônios. O que deseja possuir a paz e a alegria do coração, que honre
vosso santo nome." "O nome de Maria, diz São Pedro Crisólogo, é nome
de salvação para os regenerados, sinal de todas as virtudes, honra da
castidade; é o sacrifício agradável a Deus; é a virtude da hospitalidade; é a
escola de santidade; é, enfim, um nome completamente maternal." "Ó
amabílissima Maria, exclama também São Bernardo, vosso santo nome não pode
passar pela boca sem abrasar o coração! Os que Vos amam não podem pensar em
Vós, sem um consolo e um gozo muito particulares. Nunca entrais sem doçura na
memória dos que Vos honram." "Ó Maria, diz o Santo Abade Raimundo
Jordão, o chamado Idiota, a Santíssima Trindade Vos deu um nome que, depois do
de vosso Filho, está acima de todos os nomes; nome a cuja pronunciação deve
dobrar o joelho todas as criaturas do Céu, da terra e do inferno, e toda língua
confessar e honrar a graça, a glória e a virtude do santo nome de Maria.
Porque, depois do nome de vosso Filho, não há quem seja tão poderoso para nos
assistir em nossas necessidades, nem de quem devamos esperar mais os socorros
que necessitamos para nossa eterna salvação." "Este nome tem mais
virtude do que todos os nomes dos Santos para confortar os débeis, curar os
enfermos, iluminar os cegos, abrandar os corações endurecidos, fortificar os
que combatem, dar ânimo aos cansados e derrubar o poderio dos demônios"
(...). "Ouçamos a São Germano de Constantinopla: "Como a respiração,
diz, não só é o sinal como também a causa da vida, assim quando vedes cristãos
que têm com frequência o santo nome de Maria na boca, é sinal de que estão
vivos com a verdadeira vida. O afeto particular que se tem a este sagrado nome,
dá vida aos mortos, a conserva nos vivos, e os enche de gozo e de benção."
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Numa palavra,
quem diz Maria, diz o mais precioso tesouro da Santíssima Trindade, como afirma
Orígenes. Quem diz Maria, diz o mais admirável ornamento da casa de Deus. Quem
diz Maria, diz a glória, o amor e as delícias do Céu e da Terra.
Nome terrível para os demônios.
Concluímos com
estas fervorosas palavras do venerável Tomás de Kempis, a respeito do glorioso
nome da Mãe de Deus: “Os espíritos malignos tremem ante a Rainha dos Céus, e
fogem como se corre do fogo, ao ouvir seu santo nome. Causa-lhes pavor o santo
e terrível nome de Maria, que para o cristão é um extremo amável e
constantemente celebrado. Não podem os demônios comparecer nem podem por em
jogo suas artimanhas onde vêem resplandecer o nome de Maria. Como trovão que
ressoa no céu, assim caem derrubados ao ouvirem o nome de Santa Maria. E quanto
mais amiúde se profere este nome, e mais fervorosamente se invoca, mais céleres
e para mais longe escapam.”
Nome a ser continuamente invocado.
De outro lado,
os Santos Anjos e os espíritos dos justos se alegram e se deliciam com a
devoção dos fiéis, ao verem com quanto afeto e frequência celebram estes a
memória de Santa Maria, cujo glorioso nome aparece em todas as igrejas do orbe,
que têm especialmente consagradas a seu louvor. E é justo e digno que acima de
todos os Santos seja honrada na Terra a Mãe de Deus, a quem os Anjos veneram
todos a uma só voz, com sublimes cânticos. Seja, pois, o nome de Maria venerado
por todos os fiéis, sempre amado pelos devotos, vinculado aos religiosos,
recomendado aos seculares, anunciado pelos pregadores, infundindo aos
atribulados, invocado em toda sorte de perigos. É desejo de Deus que os homens
amem a Nossa Senhora.
É desejo de Deus que os homens amem a
Nossa Senhora.
“Devemos amar
a Santíssima Virgem - escreve Santa Antônio Maria Claret - porque Deus o quer.
(...) Ele próprio nos dá exemplo e nos incita a amar a Maria: O Padre Eterno A
escolheu por Filha sua muito amada; o Filho Eterno A tomou por Mãe, e o
Espírito Santo, por Esposa. Toda a Santíssima Trindade A coroou como Rainha e
Imperatriz do Céu e da terra, e A constituiu dispensadora de todas as graças
(...). Devemos amar a Maria Santíssima porque Ela o merece, pelo cúmulo de
graças que recebeu sobre a Terra, pela eminência da glória que possui no Céu,
pela dignidade quase infinita de Mãe de Deus a que foi exaltada, e pelas
prerrogativas inerentes a esta sublime dignidade. (...) Devemos amar a Maria
Santíssima e ser seus devotos verdadeiros, porque a devoção a Ela é um meio
poderosíssimo para alcançar a salvação.”
Bem-aventurados os que amam a Maria.
“Feliz, feliz
aquele que Vos ama, ó Maria, Mãe dulcíssima" - exclama Santo Afonso de
Ligório. São João Berchmans, da Companhia de Jesus, costumava dizer: “Se amo a
Maria, estou certo da minha perseverança e de Deus obtenho tudo o que quiser.”
Renovava por isso sem cessar este propósito: “Quero amar a Maria, quero amá-La
sempre.” “Oh! como esta boa Mãe excede em amor a todos os seus filhos! Amem-Na
estes quanto puderem, sempre serão vencidos pelo amor que lhes consagra Maria”,
observa Pseudo-Inácio, mártir. Tenham-lhe a mesma ternura de amor com que A tem
amado tantos de seus servos, que já nem sabiam o que mais fazer como prova
muito que Lhe bem-queriam. (...).
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Estava uma vez
ao pé de uma imagem de Maria o Venerável Afonso Rodriguez, da Companhia de
Jesus. Abrasado de amor para com a Santíssima Virgem, disse-lhe: “Minha Mãe
amabilíssima, bem sei que Vós me amais; mas Vós não me quereis tanto quanto eu
Vos amo”. Então, Maria, como que ofendida em seu amor, lhes respondeu: “Que
dizes, Afonso, que dizes? Oh! Quanto é maior o meu amor por ti do que o teu por
Mim! Sabe, lhe disse, que do meu amor ao teu há mais distância do que do céu à
Terra.” Tem, pois, razão São Boaventura ao exclamar: “Bem-aventurados aqueles
que tem a felicidade de ser fiéis servos e amantes desta Mãe amantíssima! Sim,
porque esta gratíssima Rainha não admite que em amor A vençam os seus
devotos servidores. Maria, imitando nisto a Nosso Senhor Jesus Cristo, com seus
benefícios e favores dá a quem A ama o seu amor duplicado.”
Ao amor de Mãe, deve corresponder nosso
amor de filhos.
Sendo assim,
ao amor de Mãe que nos tem Maria, devemos corresponder com nosso amor de
filhos. Pois é justo que nosso coração se mostre conquistado pelo seu. Se nós A
amamos, devemos nos comprazer com sua lembrança, falar dEla com agrado e
obedecê-La com diligência (...). Devemos nos esforçar por imitá-La. A mais bela
homenagem que um filho pode render à sua mãe é de lhe reproduzir os traços em
sua própria conduta. Que nosso coração, portanto, seja semelhante ao de Maria.
Antes de tudo, que ele seja puro como o dEla; evitemos, pois, a imundície do
pecado. Que nosso coração seja bom e terno como o dEla; compassivo, acolhedor, benévolo,
generoso. Portanto, que nada exista de duro em nossos pensamentos nem em nossas
palavras, em relação ao nosso próximo.
Enfim, que nosso coração seja forte, como o dEla, indomável quando se
trata da salvação das almas, não abandonando jamais o terreno, quando nos tenha
sido confiado o regate de uma alma, trabalhando para isto com o perigo de nossa
própria vida. Portanto, nada dessas timidezes que se recusam a abordar as
almas, nada de covardias que recuam diante dos dificuldades.
(Clá Dias, João - Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado,
Artpress, São Paulo, 1997, p. 299
a 304).
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