SÃO JOÃO PAULO II – UM SANTO QUE VIVEU
ENTRE NÓS
Hoje é dia de São João Paulo II. Muitos
de nós conhecemos bem este Santo, viveu conosco. Ele teve um longo pontificado
de 25 anos, um dos mais longos da História. Sua eleição foi uma enorme surpresa
do Espírito Santo, pois saiu de um país que estava debaixo do regime comunista,
a Polônia, atrás da vergonhosa “Cortina de Ferro”. Ninguém esperava. Isto na
época da “guerra fria” entre os EUA e a Rússia, que ameaçava o mundo de uma
destruição atômica e nuclear.
Ele começou
seu pontificado pedindo ao mundo: “Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai
as portas a Cristo!” (Homilia no início de seu pontificado, 1978).
O mundo
comunista estremeceu com sua eleição porque sabia que João Paulo II viveu sob o
triste regime comunista, e iria lutar para eliminá-lo. E de fato aconteceu: em
1989 caiu o Muro da Vergonha e o comunista desabou. Foi um trabalho do Papa, e
uma ação misteriosa de Nossa Senhora de Fátima, a quem o Santo Padre tinha
consagrado a Rússia em 1985, como Ela havia pedido.
No dia 13 de
maio de 1980 o Papa foi baleado pelo turco Ali Agca, a mando da KGB (polícia
secreta da Rússia), como concluiu em inquérito a polícia italiana. No ano
seguinte levou o projétil que o atingiu para ser colocado na coroa de Nossa
Senhora de Fátima. Ela o salvou. Milagrosamente o Papa foi salvo da morte. Ele
disse que “uma mão puxou o gatilho, mas outra Mão dirigiu a bala”, para que não
fosse fatal. Ele esteve no limiar da morte.
João Paulo
II teve um pontificado notável; um Papa sábio, douto e santo, cuja canonização
foi pedida pelo povo, na Praça de São Pedro, no dia do seu sepultamento: “Santo
Súbito!”, santo já.
Além da
queda do comunismo, ação decisiva de João Paulo II, ele guiou a Igreja com
sabedoria e firmeza. Combateu desde o início a herética teologia de libertação
de cunho marxista. Auxiliado por seu grande sucessor, Cardeal Ratzinger, Papa
Bento XVI, na Congregação da Fé, ele pôde coibir com firmeza os erros de
doutrina que ameaçavam a “sã doutrina” (1Tm 1,10; 4,62 Tm 4,3;) da fé.
Entre os
documentos mais importantes que João Paulo II nos deixou, está o Catecismo da
Igreja Católica, que ele chamou de “texto de referência da fé católica”, e que
pediu que os fiéis e os pastores “usem assiduamente ao convocar as pessoas para
viver a fé” (Constituição Fidei depositum). Além disso, o Papa renovou o Código
de Direito Canônico, em 1983. E escreveu muitas encíclicas e inúmeros
documentos importantes, defendendo a vida, a família, a paz no mundo, a razão e
a fé, a Eucaristia, etc. Pronunciou Catequeses famosas nas audiências de quarta
feira, sobretudo sobre a Igreja, o Espírito Santo, a Virgem Maria, e
praticamente sobre todos os assuntos da doutrina católica.
Ele teve a
gigantesca missão de introduzir a Igreja no terceiro milênio da Cristandade; e
fez isso com maestria. Convocou três anos de preparação para celebrar o Jubileu
do ano 2000. Sobretudo foi um defensor da vida e da família. Entre outras
coisas disse na (Encíclica Evangelium vitae, 1995):
“A vida
humana é sagrada e inviolável em cada momento da sua existência, inclusive na
fase inicial que precede o nascimento”. “Só Deus é dono da vida.”
“O homem é
chamado a uma plenitude de vida que se estende muito para além das dimensões da
sua existência terrena, porque consiste na participação da própria vida de
Deus”.
“Uma grave
derrocada moral: opções, outrora consideradas unanimemente criminosas e
rejeitadas pelo senso moral comum, tornam-se pouco a pouco socialmente
respeitáveis”.
“O século XX
ficará considerado uma época de ataques maciços contra a vida, uma série
infindável de guerras e um massacre permanente de vidas humanas inocentes. Os
falsos profetas e os falsos mestres conheceram o maior sucesso possível”.
“A verdade é
que estamos perante uma objetiva “conjura contra a vida” que vê também
implicadas Instituições Internacionais, empenhadas a encorajar e programar
verdadeiras e próprias campanhas para difundir a contracepção, a esterilização
e o aborto” (EV, 18).
Em defesa da
família, que ele chamou de “Santuário da Vida”, “Patrimônio da humanidade” e
“Igreja doméstica”, escreveu a “Carta às Famílias”, em 1994, onde disse:
“A grandeza
e a sabedoria de Deus manifestam-se em suas obras. Hoje em dia, porém, parece
que os inimigos de Deus, mais do que atacar frontalmente o Autor da criação,
preferem defrontá-Lo em suas obras… Entre as verdades obscurecidas no coração
do homem, por causa da crescente secularização e do hedonismo reinantes, ficam
especialmente afetadas todas aquelas relacionadas com a família. Em torno à
família se trava hoje o combate fundamental da dignidade do homem… Nos nossos
dias, infelizmente, vários programas sustentados por meios muito poderosos parecem
apostados na desagregação da família.” (CF, 5).
“A família é
a primeira e fundamental escola de sociabilidade: enquanto comunidade de amor,
ela encontra no dom de si a lei que a guia e a faz crescer” (Exortação
Apostólica Familiaris consortio, 1981).
“A agradável
recordação da vida de Jesus, José e Maria em Nazaré recorda-nos a beleza
austera e simples e o carácter sagrado e inviolável da família cristã” (Homilia
na Missa para as famílias em Rijeka, Croácia, 2003).
“Com a ajuda
de Deus, fazei do Evangelho a regra fundamental da vossa família, e da vossa
família uma página do Evangelho escrita para o nosso tempo!” (Discurso IV
Encontro Mundial das Famílias).
“Não
esqueçais que a oração em família é garantia de unidade num estilo de vida
coerente com a vontade de Deus” (Discurso IV Encontro Mundial das Famílias).
Na sua
última Encíclica, “Fé e razão”, João Paulo colocou com clareza e profundidade a
necessidade da fé e da razão caminharem juntas e se auxiliando mutualmente. Ali
ele afirmou que:
“A razão e a
fé não podem ser separadas, sem fazer com que o homem perca a possibilidade de
conhecer de modo adequado a si mesmo, o mundo e a Deus” (Fides et Ratio, 16).
“É ilusório
pensar que, tendo pela frente uma razão débil, a fé goze de maior incidência;
pelo contrário, cai no grave perigo de ser reduzida a um mito ou superstição”
(FR, 46).
João Paulo
II – bem como Bento XVI – foi um intransigente defensor da verdade, diante da
mentira da “ditadura do relativismo”; ele disse que:
“Pode-se
definir o homem como aquele que procura a verdade. A sede da verdade está tão
radicada no coração do homem que, se tivesse de prescindir dela, a sua
existência ficaria comprometida” (FR, 28).
“Uma vez que
se privou o homem da verdade, é pura ilusão pretender torná-lo livre” (Fides et
Ratio, 90).
“A razão e a
fé não podem ser separadas, sem fazer com que o homem perca a possibilidade de
conhecer de modo adequado a si mesmo, o mundo e a Deus” (FR, 16).
“Uma vez que
se privou o homem da verdade, é pura ilusão pretender torná-lo livre” (FR, 90).
Tudo isso é
apenas um pouco de toda a herança que esse gigante nos legou, e que nos anima a
continuar a sua luta em favor da verdade, da vida, da família, de Deus e dos
homens.
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