SANTA
ÂNGELA DE FOLIGNO - 1248-1309
A história de
Santa Ângela, considerada uma das primeiras místicas italianas, poderia ser o
roteiro de um romance ou novela, com final feliz, é claro.
Transformou-se
de mulher fútil e despreocupada em mística e devota, depois literata, teóloga
e, finalmente, santa. A data mais aceita para o nascimento de Ângela, em
Foligno, perto de Assis e de Roma, é o ano 1248.
Ela pertencia
à uma família relativamente rica e bem situada socialmente. Ainda muito jovem
casou-se com um nobre e passou a levar uma vida ainda mais confortável, voltada
para as vaidades, festas e recreações mundanas. Assim viveu até os trinta e
sete anos, quando uma tragédia avassaladora mudou sua vida.
Num curto
espaço de tempo perdeu os pais, o marido e todos os numerosos filhos, um a um.
Mas, ao invés de esmorecer, uma mulher forte e confiante nasceu daquela
sequência de mortes e sofrimento, cheia de fé em Deus e no seu conforto
espiritual.
Como
consequência, em 1291 fez os votos religiosos, doando todos os seus bens para
os pobres e entrando para a Ordem Terceira de São Francisco, trocando a
futilidade por penitências e orações. O dom místico começou a se manifestar
quando Santa Ângela recebeu em sonho a orientação de São Francisco para que
fizesse uma peregrinação a Assis.
Ela obedeceu,
e a partir daí as manifestações não pararam mais. Contam seus escritos que ela
chegava a sentir todo o flagelo da paixão de Cristo, nos ossos e juntas do
próprio corpo.
Todas essas
manifestações, acompanhadas e testemunhadas por seu diretor espiritual, Santo
Arnaldo de Foligno, foram registradas em narrações que ela escrevia em dialeto
úmbrio e que eram transcritas imediatamente para o latim ensinado nas escolas,
para que pudessem ser aproveitados imediatamente por toda a cristandade.
Trinta e cinco
dessas passagens foram editadas com o título "Experiências espirituais,
revelações e consolações da Bem-Aventurada Ângela de Foligno", livro que
passou a ser básico para a formação de religiosos e trouxe para a Santa o
título de "Mestra dos Teólogos".
Muitos dos
quais a comparam como Santa Tereza d'Ávila e Santa Catarina de Sena. Ângela
terminou seus dias orientando espiritualmente, através de cartas, centenas de
pessoas que pediam seus conselhos. Ao Santo Arnaldo, à quem ditou sua
autobiografia, disse o seguinte: "Eu, Ângela de Foligno, tive que
atravessar muitas etapas no caminho da penitencia e conversão.
A primeira foi
me convencer de como o pecado é grave e danoso.
A segunda foi
sentir arrependimento e vergonha por ter ofendido a bondade de Deus.
A terceira me
confessar de todos os meus pecados.
A quarta me
convencer da grande misericórdia que Deus tem para com os pecadores que desejam
ser perdoados.
A quinta
adquirir um grande amor e reconhecimento por tudo o que Cristo sofreu por todos
nós.
A sexta sentir
um profundo amor por Jesus Eucarístico.
A sétima
aprender a orar, especialmente rezar com amor e atenção o Pai Nosso.
A oitava
procurar e tratar de viver em contínua e afetuosa comunhão com Deus".
Na Santa
Missa, ela muitas vezes via Jesus Cristo na Santa Hóstia. Morreu, em 04 de
janeiro 1309, já sexagenária, sendo enterrada na Igreja de São Francisco, em
Foligno, Itália. Seu túmulo foi cenário de muitos prodígios e graças.
Assim, a
atribuição de sua santidade aconteceu naturalmente, àquela que os devotos
consideram como a padroeira das viúvas e protetora da morte prematura das
crianças.
Foi o Papa
Clemente XI que reconheceu seu culto, em 1707. Porém ela já tinha sido descrita
como Santa por vários outros pontífices, à exemplo de Paulo III em 1547 e
Inocente XII em 1693. Mais recentemente
o Papa Pio XI a mencionou também como Santa em uma carta datada de 1927.
Também são
comemorados neste dia: Santa Dafrosa de Roma (esposa de Flaviano, mártir),
Bem-aventurado Manuel Gonzáles Garcia (bispo), e Santa Elisabete Ana Baylei
Seton (mãe de cinco filhos, viúva, fundadora das Irmãs da Caridade nos Estados
Unidos).
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