BEM-AVENTURADA MARIA
CLEMENTINA ANUARITE NENGAPETA – 1939/1964
Anuarite Nengapeta era a quarta das
seis filhas de Amisi e Isude. A família de pagãos africanos da etnia Wadubu
vivia na periferia de Wamba, no Congo.
Ela nasceu no dia 29 de dezembro de
1939, como depois comprovou a Santa Sé. Ao ser batizada em 1943,
acrescentaram-lhe o nome Afonsina. Na ocasião, também receberam esse sacramento
sua mãe e quatro irmãs. A mais velha nunca acompanhou a doutrina cristã.
Seu pai, ao contrário, até começou a
preparar-se para a conversão. Mas depois desistiu, pois formou outra família,
enquanto trabalhava como soldado do exército congolês. A nova situação familiar
refletiu pouco na formação de Anuarite, que teve uma infância e adolescência
consideradas normais. Era vivaz e caridosa, de personalidade marcante e
temperamento amistoso e generoso.
O nervosismo, porém, era o ponto fraco
do seu caráter. Era muito sensível e instável, talvez por causa da separação de
seus pais. Gostava de frequentar a igreja, ia à missa aos domingos, com a mãe e
as irmãs. Em seguida, ficava estudando o catecismo para poder receber a
primeira comunhão, que ocorreu em 1948. Iniciou os seus estudos e diplomou-se
junto ao colégio das Irmãs do Menino Jesus de Nivelles, missionárias na África.
Em 1957 decidiu ingressar na
Congregação da Sagrada Família. Foi aceita e, durante o noviciado, teve como
orientador espiritual o bispo de Wamba.
Em 1959 diplomou-se professora, vestiu
o hábito e emitiu os votos definitivos, tomando o nome de Maria Clementina.
Desde então se dedicava e empenhava muito às funções destinadas: foi sacristã,
auxiliar de cozinheira e professora de uma escola primária. Devota extremada de
Maria e de Jesus, vivia feliz por ter-se consagrado ao seu serviço.
O Congo da época era governado pelos
brancos. Em 1960, havia uma grande campanha contra esse domínio europeu.
Fervilhava o ódio racial e não durou muito para traduzirem-se em barbárie os
ideais políticos. A revolução dos Simbas explodiu no ano seguinte, iniciando um
violento massacre para eliminar todos os europeus, seus amigos e colaboradores
negros.
No Convento de Bafwabaka, tudo era
calmo até 1964. Em agosto daquele ano, os rebeldes já tinham ocupado grande
parte do país. A cada dia avançavam mais, saqueando e matando milhares de civis
congoleses indefesos. Mais de cento e cinquenta missionários, entre sacerdotes,
religiosos e irmãos já haviam morrido também.
Os rebeldes chegaram ao convento em 29
de novembro e levaram as trinta e seis integrantes da Sagrada Família, entre elas
irmã Maria Clementina Anuarite, de caminhão, para Isiro. Na noite do dia
primeiro de dezembro de 1964 o coronel Olombe tentou seduzi-la. Mas como ela se
recusou a satisfazer seus desejos carnais, ele a esbofeteou e golpeou com a
coronhada do fuzil, depois disparou, matando-a. Antes, porém, ela o perdoou e
clamou ao Pai para que o perdoasse.
O papa João Paulo II, durante sua
viagem ao Congo em 1985, beatificou Maria Clementina Anuarite Nengapeta.
Tornou-se a primeira mulher "banto" a ser elevada aos altares da
Igreja Católica, cuja festa deve ser no dia de sua morte.
Na solenidade de beatificação, o sumo
pontífice definiu Anuarite como modelo de fidelidade para todos os católicos do
mundo. Depois, enalteceu sua castidade, e a igualou a Santa Inês, mártir do
início da cristandade, dizendo: "Anuarite é a Inês do continente
africano".
Também são lembrados neste dia: Santo
Elói (Elígio), Santa Cândida de Roma e Bem-aventurado Charles de Foucauld, São
Candres de Maestricht (bispo), São Castriciano de Milão (bispo), São
Constanciano de Javron (abade), Santos Edmundo Campion, Alexandre Briant e
Rafael Sherwin (presbíteros).
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