sábado, 29 de setembro de 2012

“QUEM NÃO É CONTRA NÓS É A NOSSO FAVOR”. (Mc 9,40).



XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano – B; Cor – Verde; Leituras: Nm 11, 25-29; Sl 18; Tg 5,1-6; Mc 9,38-43.45.47-48.

“QUEM NÃO É CONTRA NÓS É A NOSSO FAVOR”. (Mc 9,40).

Diácono Milton Restivo

A primeira leitura retrata o povo israelita, escolhido por Deus, depois de ser libertado da escravidão do Egito, caminhando pelo deserto. O caminho já tinha sido longo, mas faltava ainda muito para completá-lo até a terra que Yahweh lhe prometera.
O capítulo 11 do livro dos Números mostra-nos a ingratidão do povo contra Moisés e Yahweh, e isso irritou o Senhor fazendo com que ele mandasse fogo e destruísse parte do acampamento dos israelitas: “O povo começou a queixar-se de suas desgraças. Ao ouvir a queixa, a ira dele se inflamou, e o fogo de Yahweh começou a consumir uma extremidade do acampamento.” (Nm 11,1). O povo, apavorado, apela para Moisés e Moisés intercede a Yahweh pelo povo: “O povo gritou a Moisés. Este intercedeu junto a Yahweh em favor deles, e o incêndio se apagou.” (Nm 11,2). Não se emendando e nem se intimidando com isso e ainda desafiando o poder de Yahweh, e menosprezando os cuidados e o amor que Yahweh sempre demonstrou para eles, os israelitas, apesar de receberem gratuitamente o maná que vinha do céu, começaram a chorar e a lembrar dos alimentos que tinham no Egito, ainda que eles tivessem sido escravos. (Nm 11,4-6). 
Moisés não suporta ver a ingratidão do povo e está à beira de um colapso; não suporta as reclamações do povo e, já esgotado, à beira da estafa, sente-se sozinho e prefere a morte: “Eu sozinho não consigo carregar esse povo, pois supera as minhas forças! Se é assim que me pretendes tratar, prefiro a morte! Concede-me esse favor, e eu não terei que passar por essa desgraça.” (Nm 11,14-15). É nesse contexto que Yahweh manda Moisés escolher, no meio do povo, setenta anciãos ou setenta representantes do povo para que Moisés pudesse partilhar a liderança com eles. Assim Moisés não ficaria sozinho na direção desse povo exigente, mal agradecido e rebelde (Nm 11,10-17). Para isso Yahweh desceu sobre a tenda da reunião, ao redor da qual os setenta anciãos escolhidos estavam reunidos. Ai Yahweh falou com Moisés e separou uma parte do espírito profético que Moisés possuía e a colocou nos setenta anciãos. Então, todos os anciãos começaram a profetizar por um tempo. (Nm 11,25).
Dois anciãos, Medad e Eldad, não tinham ido à tenda e não estavam fazendo, portanto, parte da instituição dos setenta. Mas o espírito de Yahweh pousa também sobre eles e começaram igualmente a profetizar no meio do povo. Quem pode monopolizar o espírito de Yahweh? Jesus diria mais tarde: “quem não é contra nós, é a nosso favor.” (Mc 9,40). Josué, no entanto, enciumado, pede a Moises para proibi-los de profetizar. E aqui vem o grande ensinamento de Moisés: “Você está com ciúmes por mim? Oxalá todo o povo de Yahweh fosse profeta e recebesse o espírito de Yahweh.” (Nm 11,29). Muito tempo depois o desejo profético de Moisés foi anunciado pelo profeta Joel: “Depois disso, derramarei o meu espírito sobre todos os viventes, e os filhos e filhas de vocês se tornarão profetas; entre vocês, os velhos terão sonhos e os jovens terão visões! Nesses dias, até sobre os escravos e escravas derramarei o meu espírito!” (Jl 3,1-2). E, no Novo Testamento, isso vai se realizar plenamente no Pentecostes cristão. (cf At 2).
Na segunda leitura Tiago, vendo que o espírito de Deus não permanecia naqueles apegados às riquezas e aos bens terrenos, condena com veemência profética aos que se apegam aos bens materiais e oprimem o irmão menos afortunado. A comunidade de Tiago vive no meio de uma sociedade que não se libertou totalmente da idolatria, e era dominada pela ânsia de riqueza e do poder. Todos queriam ter mais riqueza e mais poder para o conforto, para o luxo e para o prazer, riquezas essas conseguidas graças às injustiças praticadas contra os pobres. As palavras de Tiago se aproximam das palavras do profeta Amós que, no seu tempo, combateu veementemente essa situação no Antigo Testamento: “Eles (os ricos) odeiam os que defendem o justo no tribunal, e tem horror de quem fala a verdade. Porque esmagam o fraco, cobrando dele o imposto de trigo. Eles poderão construir casas de pedras lavradas, mas nelas jamais irão morar; poderão plantar vinhas de ótima qualidade, mas do vinho não beberão. Pois eu sei que são numerosos os seus crimes e graves os seus pecados: exploram o justo, aceitam subornos e enganam os necessitados no tribunal! É por isso que nesse tempo o prudente se cala, pois é tempo de desgraça.” (Am 5,10-13).
E o profeta Amós não para por ai, e continua: “Ai dos (ricos) que vivem tranquilos em Sião e se sentem seguros no monte de Samaria. [...] Aplicando o poder da violência, vocês pensam que estão afastando o dia fatal. Deitam-se em cama de marfim, esparramam-se em cima de sofás, comendo cordeiros do rebanho e novilhos cevados em estábulos; cantarolam ao som da lira, inventando, como Davi, instrumentos musicais; bebem canecões  de vinho, usam os mais caros perfumes, sem se importar com a ruína de José! Para isso vocês irão acorrentados à frente dos exilados. Acabou-se a festa dos boas-vidas.” (Am 6, 1.3-7).
Tiago deixa claro que a cobiça e a inveja são sinais de que a comunidade está traindo a sua vocação. Em vez de romper com o mundo, está rompendo com Deus. Em vez de ser a luz que aponta um caminho novo, a comunidade cristã do tempo de Tiago - não estaria acontecendo isso também a do tempo atual? – torna-se repetição dos velhos caminhos da injustiça. Os ricos amontoam, egoisticamente, seus bens, ao invés de partilhar. Os ricos ficam cada vez mais ricos à custa dos pobres que ficam cada vez mais pobres. O salário lesado dos pobres é que clama contra os ricos. Isso observado por Tiago em seu tempo na sua comunidade. Alguma semelhança com os tempos atuais não é mera coincidência. Os ricos imaginavam que a riqueza era uma benevolência de Deus; só seria rico quem Deus tinha preferência, enquanto que os pobres eram discriminados rejeitados no amor de Deus. Jesus vem e inverte essa situação: “Deixem vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino do Céu.” (Mt 19,14; Mc 10,14).  Os ricos, além de monopolizar as riquezas que Deus fez para que todos delas usufruíssem, para tentar ocultar suas injustiças, tentam também monopolizar o nome de Deus para que disso possam tirar vantagens em seus próprios benefícios.
O Evangelho mostra-nos que nem o nome de Deus e nem o nome de Jesus é monopólio de quem quer que seja, muito menos de instituições religiosas, por isso Jesus diz: “quem não é contra nós, é a nosso favor.” (Mc 9,40).
Assim como Josué ficou enciumado ao ver que dois anciãos, que não pertenciam aos setenta escolhidos, estavam profetizando em nome de Yahweh, no Evangelho desta liturgia, também João fica enciumado ao ver que um homem, que não pertencia ao círculo daqueles que seguiam o Mestre, fazia maravilhas em nome de Jesus: “João disse a Jesus: ‘Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome! Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue.” (Mc 9,38). 
É o ciúme daquele que pensa que Deus é propriedade apenas de um grupo seleto, e que Deus faz acepção de pessoas, e Jesus, de imediato, chama a atenção de João, dizendo: “Não o proíbam, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós, é a nosso favor.” (Mc 9,39-40). A respeito disso, Pedro falaria mais tarde: “Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas.” (At 10,34).
O texto do Evangelho da liturgia de hoje coloca em destaque o contraste entre os dois grupos de seguidores e admiradores de Jesus: os que aderiram efetivamente a Jesus e o acompanhavam onde quer que ele fosse, os seus discípulos mais próximos, e os que ouviram falar dele, se simpatizaram com ele, aceitaram a sua mensagem, compartilharam de seus ensinamentos, mas não o seguiam de perto como os discípulos mais próximos.
Por isso, aqueles que seguiam Jesus passo a passo, se julgavam no direito de fazer calar os que não estavam tão próximos: Jesus é nosso e não o partilhamos com mais ninguém e, por isso, vemos ai a intervenção de João, um dos Doze e que falou em nome dos Doze, enciumado que estava, como Josué no Antigo Testamento, tomando as dores dos demais discípulos e apóstolos, dirigindo-se a Jesus e reclamando de que quem não o seguia também estava expulsando demônios, coisa que eles mesmos, apesar de estarem com Jesus, não conseguiam fazer, como havia acontecido anteriormente quando, um pai, traz seu filho até Jesus e lhe diz: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão, e ele começa a espumar, ranger os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram.” (Mc 9,17). É, no mínimo, curiosa a pretensa autoridade dos discípulos retratada em João. Um homem, que não seguia de perto Jesus expulsava demônios em nome de Jesus, e os discípulos, que não conseguiam expulsar demônios, o proíbem.
Os discípulos se achavam donos da verdade, donos do nome de Jesus. Por que será? Seria excesso de zelo, ou por que se julgavam donos da verdade, ou por que tinham elevado grau de ciúme?  Eles ainda não haviam entendido que só é discípulo de Jesus não quem está associado a um grupo que traz o seu nome, e sim quem faz o que Jesus ensinou, determinou e fazia: Assim como o Pai me amou, e eu também amei vocês, continuem no meu amor. Se obedecerem a meus mandamentos, vocês continuarão no meu amor, assim como eu tenho obedecido aos mandamentos do meu Pai, e continuo no amor dele. [...] Vocês são meus amigos se fizerem o que eu lhes mando. [..] Isto eu lhes mando: que vocês amem uns aos outros.” (Jo 15,9-10.14.17). Serão amigos de Jesus quem fizer o que ele manda, independente de pertencer ao grupo de quem quer que seja.
O nome de Jesus não pode ser monopolizado. Quem faz o que Jesus fez é que está do seu lado. Gandhi, o grande pacifista e de religião hindu, apesar de admirar Jesus e conhecer o Evangelho, talvez não tenha se convertido ao cristianismo, quem sabe, por vergonha e repulsa das atitudes dos cristãos que são os responsáveis pela difusão da mensagem de Jesus e por esta mesma mensagem que deveria ser difundida e não ter sido como deveria não ter atingido a plenitude entre os homens, dizia: “Não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos. Vocês nem começaram a viver segundo seus próprios ensinos.” Segundo Gandhi, os cristãos “nem começaram a viver segundo seus próprios ensinos”, ou seja, os ensinos de Jesus que deveriam ser os ensinos de todos os cristãos, e ainda por cima, querem monopolizar o nome de Jesus.
Cristãos, de vários seguimentos religiosos cristãos, lutam entre si para monopolizar o nome de Jesus com a preocupação de apenas se promoverem e se realizarem social, financeiramente e granjearem crédito na comunidade e na sociedade. São para esses que buscam privilégios e enriquecimentos usando o nome de Jesus, o recado de Tiago: “E agora, vocês ricos: comecem a chorar por causa das desgraças, que estão para cair sobre vocês. [...] O ouro e a prata de vocês estão enferrujados; a ferrugem deles será testemunha contra vocês e como fogo lhes devorará a carne! Vocês amontoaram tesouros para o fim dos tempos. [...] Vocês tiveram na terra, uma vida de conforto e luxo, vocês estão ficando gordos para o dia da matança”. (Tg 5,1.3.5).
E esses, para quem Tiago se dirige, eram cristãos de sua época e, possivelmente, da sua própria comunidade. Repito, qualquer semelhança com os tempos atuais não é mera coincidência.
Um pouco antes de os discípulos se enciumarem dos que os que expulsavam demônios em nome de Jesus e que não pertenciam ao seu grupo, vimos que os próprios discípulos não conseguiam expulsar um demônio por falta de oração. Logo a seguir, discutiam fervorosa e ambiciosamente quem seria o maior no grupo (Mc 9,33-37). Isso deixa claro que os discípulos não tinham aprendido ainda quase nada, ou nada, do Mestre, mas mesmo assim já se achavam donos de Jesus e disputavam postos e cargos de destaque no grupo que ainda não havia se formado.
A primeira atitude a ser corrigida é a de querer reservar o Espírito de Jesus como propriedade da comunidade ou de grupos específicos que se isolam da própria comunidade com a ridícula pretensão de que somente naquele grupo com aquela denominação é que o Espírito de Deus vai agir. Não é. Existem seitas e religiões, que se dizem cristãs, e até grupos dentro da própria Igreja Católica que assim agem e pensam, e se julgam como se fossem o único receptáculo ou o contato privilegiado da manifestação do Espírito de Deus.  São os “João” da vida. Jesus não é monopólio de ninguém. O Espírito de Deus não é monopólio de ninguém, e Jesus já afirmara isso: “O vento sopra onde quer, você ouve o barulho, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai. Acontece a mesma coisa com quem nasceu do Espírito”. (Jo 3,8). João se queixa que um homem que não seguia Jesus e nem fazia parte do grupo que seguia Jesus estava expulsando demônios em nome de Jesus, coisa que eles não conseguiam fazer. Atitude mesquinha de querer dominar o Espírito de Deus, sequestrar o poder divino. Isso, infelizmente, é uma atitude bastante atual em certos setores mais antiquados das Igrejas ainda hoje, que acham que toda a riqueza do mistério de Deus possa caber dentro das margens estreitas de suas definições dogmáticas! Hoje Jesus ensina-nos a verdadeira atitude dum discípulo: “Não lhe proíbam, pois... quem não está contra nós, está a nosso favor”. (Mc 9,39.40). Temos que aprender e acolher as manifestações verdadeiras do Espírito de Deus em todas as religiões e culturas, e estar alertas para que nós mesmos não o escondamos e nem o deturpemos! E Jesus ensina o que deve ser feito para estar com ele: garante recompensa para quem der um copo de água aos discípulos, porque eles são de Cristo: “Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água, porque vocês são de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa”. (Mc 9,41). O primeiro ensinamento é a partilha e ajuda mesmo nas coisas mais insignificantes. O que vale um copo de água? O gesto de doar, partilhar, acolher é muito mais valioso que o conteúdo da doação. O segundo ensinamento está na motivação do gesto: “porque vocês são de Cristo”, pelo fato de serem de Cristo. O texto não fala “ser de Jesus”, mas “ser de Cristo”. Cristo = Messias = Cordeiro: é uma referência à realização das promessas salvíficas de Deus anunciadas no Antigo Testamento. O Cristo, se não for o Cordeiro, não é o Messias, e Messias é o Ungido que tinha a missão libertadora. Usando a expressão “de Cristo”, Marcos quer fazer alusão à missão de Jesus. Na oportunidade em que aconteceram esses fatos, Jesus está a caminho de Jerusalém, onde dará a sua vida para a libertação dos homens, onde ele se fará “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. (Jo 1,29). Essa é a sua missão. Talvez, nessa oportunidade, estivesse atravessando o território da Samaria (cf Mc 9,30 – 10,1).
Os samaritanos e os judeus eram antipáticos entre si, não se suportavam; eram até inimigos. Os samaritanos negavam até um copo de água para um judeu que, passando pela Samaria, estivesse a caminho de Jerusalém; judeus e samaritanos não se amavam, e o que é pior, se odiavam.
Neste contexto, dar um copo de água tem grande significado político, religioso e libertador: significa comprometer-se a cooperar com a missão libertadora de Jesus e seus discípulos.
É preciso cortar o mal pela raiz: “E se alguém escandalizar um desses pequeninos que acreditam, seria melhor que ele fosse jogado ao mar com uma pedra de moinho amarrada no pescoço”. (Mc 9,42). “Pequeninos” são os que crêem e aderiram à mensagem de Jesus, não importando a que grupo pertençam.  “Escandalizar” significa conduzir ao pecado, à perda da fé, ao descompromisso com o Messias libertador. Jesus avisa que é melhor morrer do que causar danos aos pequeninos que acreditam na sua mensagem. O escândalo existe quando há na comunidade quem pretende ser maior, ser servido em lugar de servir, contradizendo o que Jesus dissera: “Quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.! (Mt 20,26-28).
A ambição de ser maior põe em risco a adesão dos “pequenos” a Jesus.
“Se a sua mão é ocasião de escândalo para você, corte-a. É melhor você entrar para a vida sem uma das mãos, do que ter as duas mãos e ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga. [...] Se o seu pé é ocasião de escândalo para você, corte-o. É melhor você entrar para a vida sem um dos pés, do que ter os dois pés e ser jogado no inferno. [...] Se o seu olho é ocasião de escândalo para você, arranque-o. É melhor você entrar no Reino de Deus com um olho só, do que ter os dois olhos no inferno, onde o seu verme nunca morre e o seu fogo nunca se apaga.” (Mc 9,43-48).
Jesus cita três membros do corpo – mão, pé e olho – com três sentenças simbólicas igualmente construídas, mostrando o contraste entre o entrar na vida ou no Reino de Deus, e ser jogado na Geena (lugar onde se queimava o lixo fora da cidade e onde o fogo permanecia sempre aceso, símbolo da destruição e do castigo futuro).
É preciso fazer opções, por mais dolorosas que sejam, pois são opções entre o êxito e o fracasso da existência: toda atividade (simbolizada pela mão), toda conduta (simbolizada pelo pé) e toda aspiração (simbolizada pelo olho), que busca prestígio e superioridade, está viciada e é necessário suprimi-la, pois põe em perigo a fidelidade à mensagem e bloqueia o desenvolvimento pessoal. As imagens que Jesus usa são fortes: cortar a mão, cortar o pé, arrancar o olho.
É preciso cortar e arrancar tudo o que em si mesmo se oponha à mensagem e causa dano aos que querem ser fieis a Jesus, não importando a que grupo pertençam. Mão que executa ações de amor e caridade para com o irmão; pé que conduz ao encontro do irmão ou do irmão que se distancia e olho que é a aspiração de tudo o que queremos de bom ou menos bom para a vida e no trato com o irmão. Mão que executa as ações, pé que conduz e olho que cobiça, eram a sede dos impulsos pecaminosos e da concupiscência. Com estas três sentenças, Jesus ensina-nos a salvar nossa vida através do domínio da cobiça e da ganância. Jesus ensina-nos a romper, definitiva e radicalmente, com tudo o que conduz ao pecado, ou seja, a cortar o mal pela raiz, não importando a que grupo pertença, porque “quem não é contra nós, é a nosso favor.” (Mc 9,40).

Nenhum comentário:

Postar um comentário