sábado, 19 de julho de 2014

“JESUS CONTOU OUTRA PARÁBOLA À MULTIDÃO...”.

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano – A; Cor – Verde; Leituras: Sb 12,13.16-19; Sl 85 (86); Rm 8,26-27; Mt 13,24-43.

“JESUS CONTOU OUTRA PARÁBOLA À MULTIDÃO...”. (Mt 13,30c).

Diácono Milton Restivo


O Evangelho deste domingo é a continuação da leitura do Evangelho do domingo passado: o capítulo 13 de Mateus, onde Jesus narra as chamadas “parábolas do Reino”.
Parábolas são ensinamentos paralelos a uma lição principal. Parábolas são histórias do cotidiano com uma aplicação espiritual. Pará­bola é uma nar­ra­ção, geral­mente curta, para ensi­nar uma ver­dade moral ou espiritual, atra­vés de com­pa­ra­ção com a vida real.
As parábolas de Jesus tratavam de agricultura, culinária, comércio, pesca, profissão, costumes, tradições, etc. Quando Jesus queria ensinar uma lição básica, usava um ensinamento paralelo tomando figuras, quadros, idéias, maneiras de pensar do povo para que, a partir daquilo que o povo conhecia, Jesus pudesse ensinar a verdade que queria fixar na mente das pessoas.
Mateus apre­senta, no capí­tulo 13 do seu Evangelho, sete parábolas contadas por Jesus, chamadas de “as parábolas do Reino” para ensi­nar sobre o desen­vol­vi­mento gra­dual do reino de Deus. É por isso que no último ano do seu ministério, encontramos muitas parábolas.
       Anteriormente, no sermão da montanha, em Mateus dos capítulos de 5 a 7, Jesus procurou dizer e ensinar as coisas de maneira clara, sem rodeios, mas como os inimigos, os pretensos donos da lei, da religião e da verdade, se uniram e tentavam encontrar erros em tudo o que ele dizia, Jesus passou a trabalhar com sabedoria e prudência. Por isso, começou a usar as parábolas, dizendo, quando inquirido a respeito disso pelos discípulos: “Porque a vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. Pois a quem tem, será dado em abundância; mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. É por isso que eu uso parábolas para falar com eles: assim eles olham e não vêem, ouvem e não escutam nem compreendem. [...] Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles são duros de ouvido e fecharam os olhos, para não ver com os olhos, e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e não se converter. Assim eles não podem ser curados.” (Mt 13,11-13.15).
Será que era somente no tempo de Jesus que existia gente assim?
No domingo passado foi narrada a parábola do semeador. Neste domingo serão citadas as parábolas do joio e do trigo, da semente de mostarda e do fermento. Como fizera com a parábola do semeador, desta feita Jesus explica também a parábola do joio.
Observando rapidamente o capítulo 13 de Mateus com ótica de busca, podemos notar que as parábolas do semeador e a do joio e do trigo (Mt 13,3-9.24-30) abordam o tema da implantação do Reino no meio dos homens. A semente é a Palavra, “A parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus.” (Lc 8,11), o campo é o mundo.
As parábolas da semente de mostarda e do fermento (Mt 13,31-33) sugerem o crescimento do Reino no meio dos homens.
A semente de mostarda, “embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E se torna árvore, de modo que os pássaros do céu vêm e fazem ninhos nos seus ramos.” (Mt 13,32). O fermento faz crescer a massa que está no mundo.
As parábolas do tesouro perdido e da pérola preciosa (Mt 13,44-46) chamam a atenção sobre o valor incomensurável do Reino.
O tesouro se encontra escondido num campo – o mundo – e quem o encontra e se conscientiza do seu real valor, dá tudo o que tem, vende todos os seus bens para dele desfrutar e vivê-lo intensamente.
Da mesma forma é a pérola preciosa: o comprador não mede esforços para obtê-la.
A parábola da rede lançada ao mar (Mt 13,47-50) sugere a responsabilidade do Reino, já vigente entre os homens sob a responsabilidade da Igreja, de alcançar todas as classes de pessoas através do Evangelho. E conclui afirmando que, os que aceitam a Palavra tomarão posse do Reino, os que não a aceitam serão lançados na fornalha de fogo, conforme o próprio Jesus dissera em João: “De fato, Deus enviou seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio dele. Quem acredita nele, não está condenado; quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus.” (Jo 3,17-18).
Nas três primeiras parábolas: do semeador, do joio e o trigo e do grão de mostarda, Jesus enfatiza a importância da Palavra. Nestas três parábolas a Palavra é apresentada como uma semente que precisa ser plantada em bons corações para ter uma colheita frutífera. Tentar fazer uma colheita sem plantar a semente é completamente ridículo e insano.
As duas parábolas seguintes, a do tesouro perdido e da pérola preciosa, retratam o valor de servir ao Senhor. O vendedor de pérolas que passou a vida comprando e vendendo pérolas de alto valor, um dia achou a pérola das pérolas, a pérola dos seus sonhos; foi e vendeu tudo para comprar a pérola de valor inigualável. Conseguir uma pérola dessa é muito custoso, mas ainda assim vale a pena. Para alcançar o reino de Deus, é preciso muito esforço e sacrifício; mas supera em muito o valor de todo o mundo junto. O Reino de Deus supera o valor da mais valiosa pérola que possa existir no mundo. A pérola cara do mundo compra-se por dinheiro. A pérola do Reino de Deus se adquire com amor, dedicação, respeito, entrega total e desprendimento.
Na última parábola, a da rede lançada no mar se equipara também com a parábola do joio e do trigo, onde Jesus fala do julgamento final.
Na parábola do joio e do trigo Jesus mostra a necessidade de separar o joio do trigo: a má semente da boa semente. Na parábola da rede lançada ao mar Jesus acentua a separação dos peixes bons, que vão para o cesto, dos que não prestam que serão jogados fora, e termina, dizendo: “Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. E lançarão os maus na fornalha de fogo. Ai eles vão chorar e ranger os dentes.” (Mt 13,49-50).
As parábolas do joio e do trigo e a da rede lançada ao mar reportam-nos ao discurso de Jesus quando falava do fim do mundo, do juízo final, e destacava exatamente da separação entre os bons e os maus, dizendo aos bons, que estarão à sua direita: “Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava co0m sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar’? Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores dos meus irmãos, foi a mim que fizeram’. Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastam-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque eu estava com fome e vocês não me deram de comer; eu estava com sede, e não me deram de beber; eu era estrangeiro e vocês não me receberam em casa; eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e na prisão, e vocês não me foram visitar’. Também estes responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou como estrangeiro, ou sem roupa, doente ou preso, e não te servimos’? Então o Rei responderá a esses: ‘Eu garanto a vocês; todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram’. Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.” (Mt 25,34-46).

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