MARIA DOMÉSTICA
Desde que
falo de Maria, sempre procurei mostrá-la como a mulher simples e humilde que
foi em toda a sua existência. Sempre procurei mostrar Maria sem mantos de
veludo e coroas cravejadas de diamantes, que foram os próprios homens que
colocaram em suas imagens e que tanto afasta Maria do povo, afasta Maria das
pessoas simples e dos pobres, que são os amados de Jesus Cristo.
E para falar
por um outro prisma de Maria, nada melhor do que pegar as palavras de João Mohama,
quando ele escreve sobre o terceiro encontro de Maria com o seu filho Jesus em
seu livro “Os mais belos encontros de Cristo.”
E, nesse
capítulo, João Mohama começa nos perguntando: “Por acaso, foi apenas a cozinha a área de trabalho, de serviço, de
amor, de encontro com Jesus, nesses trinta anos? Nossa Senhora da Casa talvez
fosse o mais fiel e tudo quanto Maria
nos transmite na escola de Nazaré. O encontro de Maria com Jesus em sua
casa de Nazaré durou trinta anos. E há um estilo de vida nesse encontro. Um
estilo de serviço. Um estilo de trabalho. Um estilo de doação. Um estilo de
amor. Um estilo de santificação. Nossa Senhora do Trabalho. Nossa Senhora do
Serviço caseiro. Nossa Senhora
da dedicação. Todos seriam títulos
exatos para quem soube ser bendita entre as mulheres, num trabalho sem plateia,
num serviço sem auditório; serviço útil, indispensável que, por não trazer
aplauso das multidões pode não atrair aqueles para os quais a vontade de Deus
aponta os bastidores, em vez do palco.
Não é fácil passar trinta anos nos
bastidores de uma cozinha, e Maria fez isso, igual as nossas mães pobres e
humildes fazem; não é fácil passar trinta anos em uma máquina de costura ou um
tanque de lavar roupas, e Maria fez isso, igual as nossas mães pobres e simples
fazem. Mas, se é um serviço oculto, nem por isso deixa de ter o seu prazer,
quando é o amor que prepara o pão, que põe o avental, que lava louça, que
conserta as roupas rasgadas. Tudo tem o seu prazer porque o Cristo está ali
junto, olhando, e isso basta... Como eu gostaria de ter sido vizinho de Jesus,
Maria e José em sua pobre casa de Nazaré. Ah! Se eu fosse vizinho eu não sairia
dessa bendita casa para olhar tudo, para contemplar, para aprender, para
servir, para crescer. Mas, se não fui vizinho, da mesma forma sei tudo o que lá
aconteceu porque os Santos Evangelhos me transmitem. A mãe do Filho de Deus é
uma simples dona de casa, uma trabalhadora como qualquer outra... Estou vendo
Maria abrindo as janelas de sua casa pela manhã; estou vendo Maria varrendo o
quarto, a varanda, o corredor, a oficina. Estou vendo Maria limpando os seus
pobres móveis. Estou vendo à beira do fogão de lenha, com os olhos
lacrimejantes pela fumaça ardida da lenha molhada ou ainda meio verde. Estou
vendo a Virgem limpando o quintal, ajudada por seu filho Jesus. Estou vendo a
Virgem arrumando a mesa, servindo a comida, chamando Jesus e José para o
almoço. Estou vendo Maria, nas noites de frio, enquanto tecia mais uma túnica
para seu filho, ouvindo Jesus, apenas Jesus, depois que José foi chamado por
Deus. A mãe de Deus foi uma simples dona de casa, assim como são as nossas mães
pobres e humildes”. (itálico, do livro “Os mais belos Encontros de Jesus” -
João Mohama).
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