SANTA
TERESA D'ÁVILA - 1515-1582
Nunca um santo
ou santa mostrou-se tão "carne e osso" como Teresa d'Ávila, ou Teresa
de Jesus, nome que assumiu no Carmelo. Nascida no dia 28 de março de 1515, seus
pais, Alonso Sanchez de Cepeda e Beatriz d'Ávila y Ahumada, a educaram, junto
com os irmãos, dentro do exemplo e dos princípios cristãos. Aos sete anos,
tentou fugir de casa e peregrinar ao Oriente para ser martirizada pelos mouros,
mas foi impedida.
A leitura da
vida dos santos mártires tinha sobre ela uma força inexplicável e, se não
fossem os parentes terem-na encontrado por acaso, teria fugido, levando consigo
o irmão Roderico. Órfã de mãe aos doze anos, Teresa assumiu Nossa Senhora como
sua mãe adotiva. Mas o despertar da adolescência a levou a ter experiências
excessivas ao lado dos primos e primas, tornando-se uma grande preocupação para
seu pai. Aos dezesseis anos, sua atração pelas vaidades humanas era muito
acentuada. Por isso, ele a colocou para estudar no colégio das agostinianas em
Ávila. Após dezoito meses, uma doença grave a fez voltar para receber
tratamento na casa de seu pai, o qual se culpou pelo acontecido. Nesse período,
pela primeira vez, Teresa passou por experiências espirituais místicas, de
visões e conversas com Deus. Todavia as tentações mundanas não a abandonavam.
Assim
atormentada, desejando seguir com segurança o caminho de Cristo, em 1535, já
com vinte anos, decidiu tornar-se religiosa, mas foi impedida pelo pai. Como na
infância, resolveu fugir, desta vez com sucesso. Foi para o Convento carmelita
da Encarnação de Ávila. Entretanto a paz não era sua companheira mais presente.
Durante o
noviciado, novas tentações e mais o relaxamento da fé não pararam de
atormentá-la. Um ano depois, contraiu outra doença grave, quase fatal, e
novamente teve visões e conversas com o Pai. Teresa, então, concluiu que devia
converter-se de verdade e empregou todas as forças do coração em sua definitiva
vivência da religião, no Carmelo, tomando o nome de Teresa de Jesus. Aos trinta
e nove anos, ocorreu sua "conversão". Teve a visão do lugar que a
esperaria no inferno se não tivesse abandonado suas vaidades. Iniciou, então, o
seu grande trabalho de reformista. Pequena e sempre adoentada, ninguém entendia
como conseguia subir e descer montanhas, deslocar-se pelos caminhos mais ermos
e inacessíveis, de convento em convento, por toda a Espanha. Em 1560, teve a
inspiração de um novo Carmelo, onde se vivesse sob as Regras originais. Dois
anos depois, fundou o primeiro Convento das Carmelitas Descalças da Regra
Primitiva de São José em Ávila, onde foi morar.
Porém, em
1576, enfrentou dificuldades muito sérias dentro da Ordem. Por causa da rigidez
das normas que fez voltar nos conventos, as comunidades se rebelaram junto ao
novo geral da Ordem, que também não concordava muito com tudo aquilo. Por isso
ele a afastou.
Teresa
recolheu-se em um dos conventos e acreditou que sua obra não teria
continuidade. Mas obteve o apoio do rei Felipe II e conseguiu dar sequência ao
seu trabalho.
Em 1580, o
papa Gregório XIII declarou autônoma a província carmelitana descalça. Apesar
de toda essa atividade, ainda encontrava espaço para transmitir ao mundo suas
reflexões e experiências místicas. Na sua época, toda a cidade de Ávila sabia
das suas visões e diálogos com Deus. Para obter ajuda, na ânsia de entender e
conciliar seus dons de espiritualidade e as insistentes tentações, ela mesma
expôs os fatos para muitos leigos e não apenas aos seus confessores. E ela só
seguiu numa rota segura porque foi devidamente orientada pelos últimos, que
eram os agora santos Francisco Bórgia e Pedro de Alcântara, que perceberam os
sinais da ação de Deus.
A pedido de
seus superiores, registrou toda a sua vida atribulada de tentações e
espiritualidade mística em livros como "O caminho da perfeição",
"As moradas", "A autobiografia" e outros. Neles, ela
própria narra como um anjo transpassou seu coração com uma seta de fogo.
Doente, morreu
no dia 4 de outubro de 1582, aos sessenta e sete anos, no Convento de Alba de
Torres, Espanha. Na ocasião, tinha reformado dezenas de conventos e fundado
mais trinta e dois, de carmelitas descalças, sendo dezessete femininos e quinze
masculinos.
Beatificada em
1614, foi canonizada em 1622.
A comemoração da festa da transverberação do coração de
Santa Teresa ocorre em 27 de agosto, enquanto a celebração do dia de sua morte
ficou para o dia 15 de outubro, a partir da última reforma do calendário
litúrgico da Igreja.
O papa Paulo
VI, em 1970, proclamou santa Teresa d'Ávila doutora da Igreja, a primeira
mulher a obter tal título.
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