SÃO
JOSÉ DE ANCHIETA - 1534-1597
José de
Anchieta (1534-1597) foi um padre jesuíta espanhol.
O
"Apóstolo do Brasil" foi beatificado pelo Papa João Paulo II e
canonizado pelo Papa Francisco, no dia 3 de abril de 2014. Com 14 anos de
idade, estudou no Real Colégio das Artes em Coimbra. Ingressou na Companhia de
Jesus e ainda noviço, veio para o Brasil na frota de D. Duarte da Costa,
segundo governador-geral. Dedicou-se ao trabalho de educar os filhos dos
colonos, a pacificar e catequizar os índios. Participou da Fundação de São
Paulo. Lutou pela expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Viajou para Bahia,
onde foi ordenado padre. Escreveu cartas, sermões, poemas, peças teatrais e a
Gramática Tupi, que foi usada em todas as missões dos jesuítas.
José de
Anchieta (1534-1597) nasceu em San Cristóbal de La Laguna, na ilha de Tenerife,
nas Canárias, pertencente à Espanha, no dia 19 de março de 1534. Filho de João
Lopez de Anchieta, fidalgo basco, e Mência Dias de Clavijo y Lerena,
descendente dos conquistadores de Tenerife. Aprendeu as primeiras letras em
casa, ingressou na escola dos dominicanos. Aos 14 anos, em companhia de seu
irmão mais velho vai para Coimbra. Ingressa no Real Colégio das Artes, onde
estuda humanidades e filosofia.
Em 1550, Anchieta
candidata-se ao Colégio da Companhia de Jesus, em Coimbra, e em 1551 é recebido
como noviço. Em 1553 é escolhido para as missões em terras brasileiras. Com um
grupo de religiosos, integra a frota de Duarte da Costa, segundo
Governador-Geral do Brasil, enfrentando 65 dias de viagem, chefiados pelo Padre
Luís de Grã. Ao descer na Capitania de São Vicente, Anchieta teve seu primeiro
contato com os índios. A ação dos jesuítas na catequese dos índios se estendia
de São Vicente até os campos de Piratininga.
José de
Anchieta, junto com outros religiosos, com o objetivo de catequizar os índios
carijós, sobe a Serra do Mar, rumo ao Planalto, onde se instala e funda o
Colégio Jesuíta. No dia 24 de janeiro de 1554, dia da conversão do Apóstolo São
Paulo, celebra uma missa, em sua homenagem. Era o início da fundação da cidade
de São Paulo. Logo se formou um pequeno povoado. José de Anchieta aprendeu a
língua tupi, o que mais tarde lhe permitiu escrever a Gramática tupi, que seria
usada em todas as missões dos jesuítas.
José de
Anchieta participou da luta para expulsão dos franceses, que em 1555, haviam
invadido o Rio de Janeiro e conquistado os índios tamoios. Depois de várias
lutas, finalmente foram expulsos no dia 18 de janeiro de 1567.
Em 1577, com 43
anos e 24 passados no Brasil, Anchieta é designado provincial, o mais alto
cargo da Companhia de Jesus no Brasil. Com a função de administrar os Colégios
Jesuítas do país, viaja para Olinda, em Pernambuco, para a Bahia, para Reritiba
(hoje Anchieta) no Espírito Santo, para o Rio de Janeiro, Santos e São Paulo.
Foram 10 anos de visitas.
Em 1597, o
padre José de Anchieta, já doente vai para Reritiba, aldeia que fundou no
Espírito Santo, onde passa seus últimos dias, falecendo no dia 9 de junho de
1597. O padre José de Anchieta foi canonizado, pelo Para Francisco, no dia 3 de
abril de 2014.
José de
Anchieta, nascido na ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, em 19 de
Março de 1534, era filho de João López de Anchieta (natural de Urrestilla,
bairro da localidade de Azpeitia, em Giupúscoa, país basco) e de Mência Diaz de
Clavijo y Llarena, descendente da nobreza canária. O sobrenome
"Anchieta" é uma castelhznização do basco Antxieta ou Antxeta.
Foi batizado em 7 abril de 1534 na Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios (atual
Catedral de San Cristóbal de La Laguna), onde ainda existe a pia de calcário
vermelho onde, segundo a tradição, o santo teria sido batizado. Sua certidão de
batismo, inscrita no Livro I da Igreja dos Remédios, está preservada no Arquivo
Histórico Diocesano de Tenerife, onde se lê: José, filho de Juan de Anchieta
e sua esposa, foi batizado no dia 7 de abril por Juan Gutiérrez, vigário e seus
padrinhos foram Domenigo Riso e Don Alonso.
Seu pai foi um
revolucionário basco que tomou parte na revolta dos Comuneros contra o
Imperador Carlos V na Espanha e um grande devoto da Virgem Maria. Era
aparentado dos Loyola, daí o parentesco de Anchieta com o fundador da Companhia
de Jesus Inácio de Loyola. Sua mãe era natural das Ilhas Canárias, filha de
judeus cristãos novos. O avô materno, Sebastião de Llarena, era um judeu
convertido do Reino de Castela. Dos doze irmãos, além dele abraçaram o
sacerdócio Pedro Nuñez4
e Melchor.
Juventude
Anchieta viveu
com a família até aos quatorze anos de idade, quando se mudou para Coimbra, em
Portugal, a fim de estudar filosofia no Real Colégio das Artes e Humanidades,
anexo à Univewrsidade de Coímbra. A ascendência judaica foi determinante para que
o enviassem para estudar em Portugal, uma vez que na Espanha, à época, a
inquisição era mais rigorosa. Ingressou na Companhia de Jesus em 1 de Maio de
1551 como noviço.
Atuação no Brasil
Tendo o padre
Manoael da Nóbrega, Provincial dos Jesuítas no Brasil, solicitado mais braços
para a atividade de evangelização do Brasil (mesmo os fracos de engenho
e os doentes do corpo), o Provincial da Ordem, Simão Rodrigues, indicou,
entre outros, José de Anchieta. Desde jovem, Anchieta padecia de tuberculose
óssea, que lhe causou uma escoliose, agravada durante o noviciado na Companhia
de Jesus. Este fato foi determinante para que deixasse os estudos religiosos e
viajasse para o Brasil. Aportou em Salvador a 13 de Julho de 1553, com menos de
20 anos de idade e vindo na armada do segundo governador-geral do Brasil, Dom
Duarte da Costa com outros seis companheiros, sob a chefia do padre Luis da
Grã.
Anchieta ficou
menos de três meses em Salvador, partindo para a Capitania de São Vicente no
princípio de outubro, com o padre jesuíta Leonardo Nunes, onde conheceria
Manuel da Nóbrega e permaneceria por doze anos. Anchieta abriu os caminhos do
sertão, aprendendo a língua tupi, catequizando e ensinando latim aos índios.
Escreveu a primeira gramática sobre uma língua do tronco tupi: a "Arte da
Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil", que foi publicada em
Coímbra em 1595.
No seguimento
da sua ação missionária, participou da fundação, no planalto de Piratininga, do
Colégio São Paulo, um colégio de jesuítas do qual foi regente, embrião da
cidade de São Paulo, junto com outros padres da Companhia, em 25 de janeiro de
1554, recebendo este nome por ser a data em que se comemora a conversão do
Apóstolo Paulo. Esta povoação contava, no primeiro ano da sua existência com 130
pessoas, das quais 36 haviam recebido o batismo.
Sabe-se que a
data da fundação de São Paulo é o dia 25 de Janeiro por causa de uma carta de
Anchieta aos seus superiores da Companhia de Jesus, na qual diz: “A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554
celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da
conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!”
O religioso
cuidava não apenas de educar e catequizar os indígenas, como também de
defendê-los dos abusos dos colonizadores portugueses que queriam não raro
escravizá-los e tomar-lhes as mulheres e filhos. Esteve em Itanhaém e Peruíbe,
no litoral sul de São Paulo, na quaresma que antecedeu a sua ida à aldeia de
Iperoig, juntamente com o padre Manuel da Nóbrega, em missão de preparo para o
Armistício com os Tubinambás de Ubatuba (Armistício de Iperoig). Nesse período,
em 1563, intermediou as negociações entre os portugueses e os indígenas
reunidos na Confederação dos Tamoios, oferecendo-se Anchieta como refém dos tamoios
em Iperoig, enquanto o padre Manuel da Nóbrega retornou a São Vicente
juntamente com Cunhambebe (filho) para ultimar as negociações de paz entre os
indígenas e os portugueses.
Durante este
tempo em que passou entre os gentios, compôs o "Poema à Virgem".
Segundo uma tradição, teria escrito nas areias da praia e memorizado o poema, e
apenas mais tarde, em São Vicente, o teria trasladado para o papel. Ainda
segundo a tradição, foi também durante o cativeiro que Anchieta teria em tese
"levitado" entre os indígenas, os quais, imbuídos de grande pavor,
pensavam tratar-se de um feiticeiro.
Lutou contra os
franceses estabelecidos na França Antártica na baia da Guanabara; foi
companheiro de Estácio de Sá, a quem assistiu em seus últimos momentos (1567).
Em 1566, foi enviado à Capitania da Bahia com o encargo de informar ao
governador Mem de Sá do andamento da guerra contra os franceses, possibilitando
o envio de reforços portugueses ao Rio de Janeiro. Por esta época, foi ordenado
sacerdote aos 32 anos de idade.
Dirigiu o
Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro por três anos, de 1570 a 1573. Em 1569,
fundou a povoação de Reritiba (ou Iriritiba), atual Anchieta, no Espírito
Santo. Em 1577, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função
que exerceu por dez anos, sendo substituído em 1587 a seu próprio pedido.
Retirou-se para Reritiba, mas teve ainda de dirigir o Colégio do Jesuítas em
Vitória, no Espírito Santo. Em 1595, obteve dispensa dessas funções e conseguiu
retirar-se definitivamente para Reritiba onde veio a falecer, sendo sepultado
em Vitória.
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