RECONHECER E TESTEMUNHAR QUE JESUS É O
MESSIAS
Diácono Milton Restivo
Conheçamos Paulo.
Paulo se chamava também Saulo (At 13,9), nome hebraico
derivado de Saul, o primeiro
rei dos israelitas, que significa pedido. Era judeu por descendência e romano por
cidadania devido à importância de sua cidade natal no Império (At 16,37;
22,25-30).
Paulo era seu nome romano, considerando a sua
cidadania romana, derivado do latim Paulus, que significa pequeno:
“Então Saulo, também chamado Paulo...” (At 13,9).
Paulo nasceu em Tarso, cidade principal da Cilícia (At
21,39), possivelmente entre os anos 5 e 10 dC e é conhecido como o grande
apóstolo dos gentios, povos não judeus. Descendia de uma família hebréia da
tribo de Benjamin (At 23,6; Fl 3,5), que havia obtido a cidadania romana, de
grandes posses e prestígio político. Seus pais, sendo como eram, fiéis à lei
mosaica, o mandaram logo para Jerusalém para ser educado lá e onde moravam sua
irmã e seu sobrinho (At 23,16; 26,4). Tal mudança deve ter ocorrido por volta
dos treze anos de idade de Paulo, quando todo judeu deveria se apresentar no
templo judaico.
Judeu e fariseu fervoroso (Gl 1,14; At 22,3; 26,4-5)
foi circuncidado ((Fl 3,5.7.9a) e recebeu o nome de Saulo e teve como professor
e preceptor um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande
Gamaliel (At 22,3), neto do ainda mais famoso Hilel, de quem recebeu as lições
sobre os ensinos do Antigo Testamento (At 22,3). Foi este Gamaliel, cujo
discurso está contido nos Atos dos Apóstolos 5,34-39, que aconselhou o Sinédrio
a não tentar contra a vida dos apóstolos.
Saulo tornou-se um fariseu convicto e extremamente
zeloso (Gl 1,14).
Pela análise de todos os textos por ele escritos, entende-se
que a família de Saulo era influente. Paulo mesmo chegou a possuir algum nível
de autoridade política e religiosa em Jerusalém. É discutido se Paulo tivesse
participado do Sinédrio ou simplesmente de uma sinagoga, onde votava contra os
cristãos (At 26,10), mas, ter feito parte ou não do Sinédrio inexiste citação
nos textos sagrados. Parte de sua instrução foi o aprendizado da confecção de
tendas, ofício que mais tarde lhe serviria como fonte de renda em algumas
viagens.
Paulo falava e escrevia corretamente o grego (At
21,37), a língua comum (koiné) das cidades e do comércio. Falava também o
hebraico (At 21,40; 26,14), a língua na qual foi escrita a maior parte do
Antigo Testamento e que ainda se usava nas sinagogas. Falava o aramaico do povo
da Palestina, língua materna de Jesus.
Não se sabe se Paulo falava o latim de Roma, mas, com certeza, sim,
considerando ser um cidadão romano por adoção.
A primeira vez que Saulo aparece nas Sagradas
Escrituras foi no apedrejamento e morte do diácono Estevão: “As testemunhas
depuseram seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo.” (At 7,58); “Saulo era um daqueles
que aprovavam a morte de Estevão. Naquele dia desencadeou-se uma grande
perseguição contra a igreja de Jerusalém. E todos os apóstolos se espalharam pelas
regiões da Judéia e da Samaria”. (At
8,1); “Saulo, porém, devastava a igreja: entrava nas casas e arrastava para
fora homens e mulheres, para colocá-los na prisão.” (At 8,3).
A perseguição de Saulo serviu apenas como fermento
para a difusão da mensagem de Jesus Cristo: “E aqueles que se dispersaram
iam de um lugar para outro anunciando a Palavra”. (At 8,4). Pode um homem
que perseguiu e torturou cristãos tornar-se também um cristão? O que faz com
que o perseguidor dê meia-volta em sua vida e passe a ser perseguido? Existe esperança para alguém que blasfema o
nome de Deus e odeia os que seguem a Jesus?
“Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor.
Ele apresentou-se ao sumo sacerdote, e lhe pediu cartas de recomendação para as
sinagogas de Damasco, a fim de levar presos para Jerusalém todos os homens e
mulheres que encontrasse seguindo o CAMINHO.
Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, Saulo se viu
repentinamente cercado por uma luz que vinha do céu. Caiu por terra e ouviu uma
voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que você me persegue? ’ Saulo perguntou: ‘Quem és tu, Senhor? ’ A
voz respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo. Agora se levante,
entre na cidade, e ai dirão o que você deve fazer’.” (At 9,1-6).
Esta é a história da conversão de Saulo de Tarso.
Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?”
A sua primeira pergunta de Saulo não foi: “Senhor,
o que queres que eu faça?”, mas, sim, “Senhor,
quem és Tu?” Porque cristianismo não é somente fazer. Cristianismo é descobrir,
em primeiro lugar, quem é Jesus, apaixonar-se por Ele, amá-Lo com todo o
coração, viver uma vida de comunhão com esse maravilhoso “quem”. Só depois que
Jesus reproduziu seu caráter na vida de Paulo, é que ele aprendeu a fazer as
coisas que devem ser feitas: os “quês” e “porquês” do cristianismo. E Jesus diz
a Saulo: “... levanta-te, e entra na
cidade, onde te dirão o que te convém fazer.” (At 9,6)
Segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, Paulo,
conforme ele mesmo escreveu, converteu-se sem a pregação do evangelho por parte
de outro homem: “Irmãos, eu declaro a vocês: o Evangelho por mim anunciado
não é invenção humana. E, além disso, não o recebi nem aprendi através de um
homem, mas por revelação de Jesus Cristo”. (Gl 1,11-12).
O próprio Ananias, indicado por Jesus para socorrer
Paulo, ficou temeroso quando Deus lhe enviou a orar por aquele que era
conhecido como o grande perseguidor da Igreja: “Ananias respondeu: “Senhor,
já ouvi muita gente falar desse homem e do mal que ele fez aos teus fiéis em Jerusalém. E aqui em
Damasco ele tem plenos poderes que recebeu dos chefes dos sacerdotes, para
prender todos os que invocam o teu nome”. (At 9,10 ss).
Paulo foi ousado demais e, depois de convertido,
passou a falar de Jesus por onde passasse.
A ousadia com que Paulo passou a anunciar Jesus acabou
por incomodar muita gente. Em Damasco o perseguidor começa a ser perseguido. Os
cristãos não o aceitavam porque tinham medo dele (At 9,19-22). Os judeus,
inconformados pela conversão de Paulo, combinaram em matá-lo (At 9,23-25).
Nem os seguidores de Jesus que estão em Jerusalém
acreditam em Paulo, exceto Barnabé, homem iluminado, que tenta aproximar Paulo
dos demais apóstolos (9,26).
Saulo tentou se aproximar dos discípulos de Jesus, mas
tinham medo dele (At 9,28). Saulo discutia com os helenistas (gregos), e estes
projetaram matá-lo (At 9,29). A partir daí, Saulo desaparece por um tempo de
cena, só aparecendo, novamente, de At 11,25 em diante.
Nesse período, possivelmente, Saulo esteve por cinco
anos de silêncio em Tarso, e, durante esse período de tempo (três anos?) em
retiro no deserto (na Arábia, cf Gl 1,17).
A conversão tirou Saulo de uma posição na sociedade e
o colocou em outra bem inferior. Ao invés de empregador, dono de uma oficina de
confecção de tendas, com seus empregados e escravos, acabou, sendo ele mesmo,
um empregado, um trabalhador assalariado com aspecto de escravo: “Por
causa dele perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo, e
estar com ele.”. (Fl 3,8-9). Mal e mal ganhava o suficiente para
poder sobreviver: “E quando passei
necessidade entre vocês, não fui pesado a ninguém... Em tudo evitei ser pesado
a vocês e continuarei a evitá-lo”. (2Cor 11,9).
A conversão para Cristo criou para Paulo uma situação
nova, imprevista. De um lado, cortado da comunidade judaica, perdeu o círculo
de amizades que tinha. Deve ter perdido, também, a clientela entre os judeus,
pois eles passaram a odiá-lo a ponto de querer matá-lo. (At 9,23).
Por outro lado, enviado para a missão pela comunidade
de Antioquia (At 13,2-3), levou vida errante, durante mais de doze anos, sem
domicílio, sem oficina e sem a possibilidade de montar uma clientela fixa. Essa
nova situação o obrigou a buscar uma nova maneira de sobreviver.
O nome “Saulo” permanece até At 13,9: “Então Saulo, que também se chamava
Paulo...”.
Fora da Palestina, Paulo começa a tentar evangelizar
os judeus que “encheram-se de inveja e
com blasfêmia contradiziam o que Paulo falava”. (At 13,45). Paulo, então,
voltou-se para os gentios, os povos não judeus. “Então, com mais coragem ainda, Paulo e Barnabé declararam: ‘Era
preciso anunciar a palavra de Deus, em primeiro lugar para vocês, que são
judeus. Porém, como vocês a rejeitam, e não se julgam dignos da vida eterna,
saibam que nós vamos dedicar-nos aos pagãos. Porque esta é a ordem que o Senhor
nos deu: Eu coloquei você como luz para as nações, para que leve a salvação até
aos extremos da terra”. (At 13,46-47). “Então o Senhor me disse: ‘Vá! É
para longe, é para os pagãos que eu vou enviar você’”. (At 22,21).
Depois de sua conversão Paulo descobre que Jesus o
amou antes até que ele próprio conhecesse Jesus, chegando ao cúmulo de Jesus
dar a sua vida por ele: “E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gl 2,20b) e “...Cristo
morreu por nós quando ainda éramos pecadores.” (Rm 5,8b).
Paulo joga para o alto tudo o que ele tinha vivido até
então como fariseu, deixando bem claro isso na sua carta aos Filipenses: “Por
causa de Cristo, porém, tudo o que eu considerava como lucro agora considero
como perda. E mais ainda: considero tudo uma perda diante do bem superior que é
o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo.
Por causa dele perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar
Cristo, e estar com ele. (Fl 3,7-9a).
Paulo fez sua confissão sincera: “Eu também antes
acreditava ser meu dever combater com todas as forças o nome de Jesus, o
Nazareu. E foi isso que eu fiz em Jerusalém: prendi muitos cristãos com
autorização dos chefes dos sacerdotes, e dei o meu voto para que fossem
condenados à morte. Em todas as sinagogas eu procurava obrigá-los a blasfemar
por meio de torturas e, no auge do furor, eu os caçava até em cidades
estrangeiras”. (At 26,9-11).
Paulo tinha consciência de
que Cristo era aquele que veio para a salvação da humanidade: “Certamente vocês ouviram falar do que eu fazia
quando estava no judaísmo. Sabem como eu perseguia com violência a Igreja de
Deus e fazia de tudo para arrasá-la. Eu superava no judaísmo a maior parte dos
compatriotas da minha idade, e procurava seguir com todo o zelo as tradições
dos meus antepassados”. (Gl
1,13-14).
Nos seus escritos Paulo se autodenomina Apóstolo: “Paulo,
apóstolo de Jesus Cristo por vontade e chamado de Deus...” (1Cor
1,1); “Por acaso não sou livre? Não sou apóstolo? Não vi nosso Senhor?”(1Cor
9, 1). “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por ordem de Deus nosso Salvador e
de Jesus Cristo nossa esperança, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé; graça
misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo nosso Senhor”. (1
e 2Tm 1,1-2).
Porque “apóstolo”?
O Apóstolo era aquele que, conforme Pedro, quando se
propuseram a substituir Judas, teria seguido Jesus desde o seu batismo até a
ascensão aos Céus, conforme Pedro afirma em At 1,21-22: “Há outros homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o
Senhor vivia no meio de nós, desde o batismo de João até o dia em que foi
levado ao céu (ascensão do
Senhor). Agora é preciso que um deles se
junte a nós para testemunhar a ressurreição.”.
Paulo se enquadra nesse perfil? Não. Mas Paulo se
justifica: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por vontade e chamado de
Deus..”. (1Cor 1,1); “Por acaso não sou livre? Não sou apóstolo? Não vi
nosso Senhor?” (1Cor 9, 1); “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por ordem
de Deus nosso Salvador e de Jesus Cristo nossa esperança, a Timóteo, meu
verdadeiro filho na fé; graça misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de
Jesus Cristo nosso Senhor”. (1 e 2Tm 1,1-2). “Não da parte dos homens,
nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai”. (Gl
1,1).
Paulo considera-se a si mesmo como apóstolo e
testemunha, embora não tenha sido testemunha da ressurreição do Mestre: “Em
último lugar apareceu a mim, que sou um aborto. De fato, eu sou o menor dos
apóstolos e não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. Mas
aquilo que sou, eu o devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim não foi
estéril. Ao contrário, trabalhei mais do que todos eles; não eu, mas a graça de
Deus que está comigo. Portanto, ai está o que nós pregamos, tanto eu como eles;
ai está aquilo no qual vocês acreditaram”. (1Cor 15,8-11); “Deus, porém,
me escolheu antes de eu nascer e me chamou por sua graça”. (Gl 1,15). “Então
o Senhor me disse: Vá! É para longe, é para os pagãos que eu vou enviar
você”. (At 22,21); “Pelo que
vejo, Deus reservou o último lugar para nós que somos apóstolos, como se
estivéssemos condenados à morte, porque nos tornamos espetáculo para o mundo,
para os anjos e para os homens”. (1Cor 4,9).
Os sofrimentos de Paulo não foram poucos e ele mesmo
os narra para se defender dos ataques daqueles que diziam que ele era um
impostor: “São ministros de Cristo? Falo como louco: eu o sou muito mais.
Muito mais pelas fadigas; muito mais pelas prisões; infinitamente mais pelos
açoites; freqüentemente em perigo de morte; dos judeus recebi cinco vezes os
quarenta golpes menos um. Fui flagelado três vezes; uma vez fui apedrejado;
três vezes naufraguei; passei um dia e uma noite em alto mar. Fiz muitas
viagens. Sofri perigos nos rios, perigos por parte dos ladrões, perigos por
parte de meus irmãos de raça, perigo por parte dos pagãos, perigos na cidade,
perigos no deserto, perigos no mar, perigos par parte dos falsos irmãos.
[...] “Mais ainda: morto de cansaço, muitas noites sem dormir, fome e
sede, muitos jejuns, com frio e sem agasalho. E isso para não contar o resto: a
minha preocupação cotidiana, a atenção que tenho por todas as igrejas. Quem
fraqueja, sem que eu também me sinta fraco? Quem cai, sem que eu me sinta com febre?
Se é preciso gabar-me, é de minha fraqueza que vou me gabar. O Deus e Pai do
Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não minto”. (2Cor 11,22-31).
Paulo teve muitos problemas nas comunidades que
fundara trazidos pelos judeus convertidos ao cristianismo, conhecidos como
“judaizantes”.
Os judaizantes: quem eram? “Chegaram alguns homens
da Judéia (fariseus que haviam se convertidos para o cristianismo) e
doutrinavam os irmãos de Antioquia, dizendo: “Se não forem circuncidados, como
ordena a Lei de Moisés, vocês não poderão salvar-se” Isso provocou uma grande
discussão entre Paulo e Barnabé. Então ficou decidido que Paulo e Barnabé e
mais alguns iriam a Jerusalém para
tratar dessa questão com os Apóstolos (Pedro, Tiago e João) e anciãos. (Em Jerusalém)
alguns daqueles que haviam pertencido ao partido dos fariseus e que haviam
abraçado a fé intervieram, declarando que era preciso circuncidar os pagãos e
mandar que eles observassem a Lei de Moisés.”
(At 15, 1-2.5)
Criou-se, ai, a necessidade
uma reunião em Jerusalém, com Pedro Tiago e João e anciãos de Jerusalém para
discutirem esse assunto, reunião essa que participaram Paulo e Barnabé (At
15,6-21) e que passou a ser conhecida como o primeiro concílio da Igreja.
Os cristãos de Antioquia tinham costumes diferentes
dos cristãos de Jerusalém que eram todos judeus e por muito tempo agiram como
judeus (At 21,17). Os Apóstolos e anciãos de Jerusalém se reuniram para tratar
desse assunto. Pedro faz um discurso. (At 15,7-11). “Paulo e Barnabé contam
a todos os sinais e prodígios que Deus havia realizado por meio deles entre os
pagãos.” (At 15,12). Tiago faz um discurso. (At 15,13-21).
Dessa reunião em Jerusalém confeccionou-se a chamada
carta conciliar (At 15,22-29), tendo se
chegado às seguintes conclusões: Primeiro: Acolhida dos irmãos que
vieram do paganismo. Segundo: Reprovação contra os judaizantes; Terceiro: Envio
de Paulo, Barnabé, Judas, chamado Barsabás e Silas para transmitirem
pessoalmente a decisão do Concílio; Quarto: Não colocar fardos sobre os
neo-convertidos do paganismo ao cristianismo, que deveriam abster-se da carne
sacrificada aos ídolos, do sangue das carnes sufocadas e das uniões ilícitas e
ficando livre da observância da Lei de Moisés e da circuncisão.
Para criar as comunidades, a estratégia pastoral de
Paulo é bastante clara: privilegiava os grandes centros urbanos, fundando ai um
núcleo cristão. Esse pequeno grupo, que se reunia nas casas, sentia, ao crescer
em número, a necessidade de dar origem a outros grupos, na mesma cidade, ou nas
cidades menores da periferia. Dessa forma, aos poucos, Paulo crê atingir as
aldeias, numa evangelização que pode ser chamada “em rede”.
O relacionamento entre Paulo e Pedro nem sempre foi um
mar de rosas.
Quando Pedro vai a Antioquia, Paulo lhe chama a
atenção por dar mau exemplo: Paulo se opõe a Pedro, que se colocou do lado dos
judaizantes da turma de Tiago, desmascarando-lhe a hipocrisia (2,11-14), por
ocasião da visita de Pedro à comunidade de Antioquia: “Mas quando Cefas (Pedro) veio a Antioquia,
eu o enfrentei abertamente porque ele se tinha tornado digno de censura. Com
efeito, antes de chegarem alguns vindos da parte de Tiago, ele comia com os
gentios, mas quando chegaram, ele se subtraia e andava retraído, com medo dos
circuncisos. Os outros judeus começaram, também , a fingir junto com ele, a tal
ponto que até Barnabé se deixou levar por sua hipocrisia. Mas quando vi que não andavam retamente segundo a
verdade do evangelho, eu disse a Pedro diante de todos: se tu sendo judeu,
vives a maneira dos gentios e não dos judeus, porque forças os gentios a
viverem como judeus?”(Gl 2,11-14).
A tradição nos diz que Pedro
e Paulo morreram no mesmo dia, na cidade de Roma, sob o império de Nero, entre
os anos 64-67, por ocasião do incêndio de
Roma causado pelo imperador Nero. Paulo, como cidadão romano que era, foi morto
pela espada.
Pedro, por sua vez, como era estrangeiro cuja terra
era dominada pelos romanos, foi morto na cruz, que era o suplício dos inimigos
dos romanos, marginais, terroristas, e todos os que contrariavam a lei romana.
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