XXXIII DOMINGO DO
TEMPO COMUM
Ano C; Cor verde; Leituras: Ml 3,19-20; Sl 97; 2Ts 3,7-12; Lc 21,5-19
“DIAS VIRÃO EM QUE NÃO FICARÁ PEDRA SOBRE PEDRA. TUDO SERÁ DESTRUÍDO”. (Lc
21,6).
Diácono Milton Restivo
Estamos chegando ao final do Ano Litúrgico. O Ano Litúrgico é o tempo que marca as datas
dos acontecimentos da História da Salvação. O Ano Litúrgico não corresponde ao
ano civil, que começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de dezembro, mas o
início do Ano Litúrgico acontece no primeiro domingo do Advento, que
corresponde ao quarto domingo antes do Natal, e termina no último sábado do
tempo comum, que é o sábado da véspera do primeiro domingo do Advento, e isso
sempre acontece no final de novembro.
No próximo domingo, festa de Cristo Rei, teremos
o último domingo do presente Ano Litúrgico e a semana que se segue é a última
semana deste Ano Litúrgico. Neste penúltimo domingo do corrente Ano Litúrgico a
liturgia nos apresenta o “Dia do
Senhor”.
O
que quer dizer “Dia do Senhor”?
Do profeta Isaías ao Apocalipse, o termo "dia do Senhor"
aparece em vinte e cinco citações e expressões semelhantes surgem em vários
outros.
A linguagem
bíblica, frequentemente citando o “Dia do Senhor” ou o “Dia
de Yahweh”, é facilmente interpretada como se falasse de um só dia,
talvez o dia final quando o Senhor voltará para julgar todas as pessoas. Mas o
assunto não é tão simples assim.
Considerando as
citações bíblicas sobre o “Dia do Senhor”, podemos ver que a
mesma frase têm vários significados diferentes. Em cada caso discernimos o
sentido no contexto. Seria um dia de julgamento de pessoas, cidades, povos ou
nações. Este é o sentido mais comum, especialmente nas profecias do Velho
Testamento.
O profeta Isaías
falou desta maneira do castigo da Babilônia: “Gritem, porque o dia de Yahweh
está chegando; ele vem com a violência do Onipotente. Por isso os braços
desfalecem, e toda coragem humana se enfraquece. Todo mundo está apavorado,
cheio de dores e aflições, contorcendo-se como a mulher ao dar à luz. Cada um
olha espantado para o outro, com o rosto vermelho de vergonha. Eis que chega
implacável o dia de Yahweh, com o
furor e o calor de sua ira, para fazer do país um deserto, para exterminar os
pecadores”. (Is 13,6-9).
O profeta Jeremias
descreveu o castigo do Egito como o “Dia do Senhor”, “dia de vingança contra os seus
adversários": “É hoje o dia
do Senhor Yahweh dos exércitos: dia de vingança para vingar-se de seus
inimigos. A espada devora, fica saciada e se embriaga de sangue, porque isso é
um sacrifício para o Senhor Yahweh dos exércitos, no país do norte, à beira do
rio Eufrates”. (Jr 46,10). O profeta Ezequiel, também usou a mesma
linguagem ao falar sobre o castigo do Egito: “Porque o dia está chegando,
está chegando o dia de Yahweh; o
tempo das nações será dia de nuvens escuras”. (Ez 30,3). O próprio Ezequiel
também fala do mesmo assunto a respeito de Jerusalém: “Vocês não taparam as brechas da muralha, nem construíram muralha para
que a casa de Israel pudesse resistir na guerra do dia de Yahweh. [...] Assim
vocês ficarão sabendo que eu sou o Senhor Yahweh. [...] Vai desabar uma tempestade, vai cair uma
chuva de pedra e soprar uma forte ventania. [...] Em minha ira, mandarei um furacão, com meu furor mandarei uma
tempestade e, no auge da minha fúria, uma chuva de pedra”. (Ez
13,5.9c.11.13).
O profeta Sofonias
também se refere a esse tão grande, temível e apavorante dia: “Silêncio
diante do Senhor Yahweh, pois está próximo o dia de Yahweh! [...] Está
próximo o grandioso dia de Yahweh. Está próximo e avança com rapidez”. (Sf 1,7-14).
O profeta Joel
usa esta frase para falar do castigo do povo judeu: “Ah! Que dia! De fato, o dia de
Yahweh está próximo e vem como devastação do Todo-poderoso. [...] Toquem a trombeta em Sião; dêem o alarme no
meu santo monte. Tremam todos os moradores do país, pois o Dia de Yahweh está chegando e já está perto”. (Jl 1,15; 2,1), e
do julgamento de várias nações: “Multidões
e multidões no vale da Decisão, porque o dia
de Yahweh está próximo, no vale da Decisão”. (Jl 4,14). Da mesma forma
fala o profeta Abdias: “Pois o dia de Yahweh está chegando para todas
as nações”. (Ab 15); “Nesse dia – oráculo de Yahweh dos exércitos –
o prego fincado em lugar firme vai ceder, sair do lugar e cair; então, tudo o
que estava dependurado nele também virá ao chão, porque falou”. (Is 22,25).
E, a respeito
do dia de Yahweh, Isaias continua profetizando: “Eis que chega implacável o dia
de Yahweh, com o furor e o calor de sua ira, para fazer do país um deserto,
para exterminar os pecadores”. (Is 13,6-9), e continua mais adiante: “Yahweh vai arrasar a terra e a devastará;
lançará confusão em toda a superfície e dispersará os seus habitantes. O mesmo
acontecerá ao povo e ao sacerdote, ao escravo e ao patrão, à escrava e à sua
senhora, ao comprador e ao vendedor, ao que empresta e a quem toma emprestado,
ao devedor e ao credor. De fato, a terra será devastada e despojada, porque foi
Yahweh quem pronunciou essa sentença. A terra está de luto e perecendo, o mundo
se acaba pouco a pouco e morre, os grandes da terra aos poucos se acabam. A
terra está profanada debaixo dos pés de seus moradores: eles violaram as leis,
mudaram o estatuto e quebraram a aliança eterna. Por isso, a maldição devorou a
terra, e os seus moradores recebem o castigo; por isso, a população da terra
desapareceu, e poucos são os que restam.” (Is 24,1-6).
O Novo
Testamento chama esse dia de um “dia de
ira”, um “dia de batalha”, e o “Grande Dia do Deus Todo-Poderoso” (Apo 16,14).
O profeta
Malaquias, que é lido na primeira leitura desta liturgia, tem o seu livro
colocado como o último livro antes do Novo Testamento e, nas últimas linhas
desse livro, vemos uma exortação de
Deus às famílias: "converter o
coração dos pais aos filhos e dos filhos aos seus pais" (Ml 3,24). No
término do livro de Malaquias,o profeta convida a família para ser alicerce da
sociedade, e prega o arrependimento.
O livro do profeta Malaquias tem como pano de fundo a conclamação à sinceridade e à
santidade: “Porque os lábios do sacerdote
guardavam o conhecimento, e de sua boca se procurava o ensinamento, pois ele
era mensageiro de Yahweh dos exércitos!”. (Ml 2,7).
A tarefa dos pregadores não é outra senão a
de transmitir a justa vontade de Deus aos homens. Através de Malaquias Deus exige
de Israel sinceridade e santidade por ser a nação que ele separou entre todas
para que as bênçãos prometidas fossem derramadas sobre o seu povo.
Na leitura de hoje o profeta Malaquias chama
a atenção, dizendo que “o Dia está
para chegar, ardente como forno. Então os soberbos e todos os que cometem
injustiça serão como palha. Quando chegar o Dia, eles serão incendiados
– diz Yahweh, dos exércitos -. E deles não vão sobrar nem raízes nem ramos”. (Ml
3,19).
O profeta Malaquias repete as palavras de
Yahweh para o povo que se distanciou das recomendações e mandamentos do Senhor:
“Lembrem-se da Lei do meu servo Moisés,
que eu mesmo lhe dei no monte Horeb, estatutos e normas para todo Israel”. (Ml
3,22).
Malaquias anuncia um misterioso mensageiro,
no qual os evangelistas reconhecem João Batista, o precursor de Jesus: “Vejam! Estou mandando o meu mensageiro para
preparar o caminho à minha frente. [...] Vejam! Eu mandarei a vocês o profeta Elias, antes que venha o grandioso
e terrível Dia de Yahweh”. (Ml 3,1.23).
Em Malaquias Yahweh faz uma referência ao seu
plano por meio do Messias, Jesus Cristo, em sua primeira vinda: “Mas para vocês que temem a Yahweh brilhará
o sol da justiça que cura com seus raios”. (Ml 3,20), o que é repetido no
livro dos Atos dos Apóstolos: “O sol se
transformará em trevas e a lua em sangue, antes que chegue o Dia do Senhor,
dia grande e glorioso. E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. (At
2,20-21), esse dia final, quando Jesus voltará e chamará a todos ao julgamento:
“Vocês já sabem, o Dia do Senhor
chegará como ladrão à noite. Quando as pessoas disserem: ‘Estamos em paz e
segurança’, então de repente a ruína cairá sobre elas, como dores do parto para
a mulher grávida, e não conseguirão escapar”. (1Ts 5,2-3); “O Dia do Senhor chegará como um
ladrão, e então os céus se dissolverão com estrondo, os elementos se
derreterão, devorados pelas chamas, e a terra desaparecerá com tudo o que nela
se faz”. (2Pd 3,10). Por fim, Malaquias relembra que Deus não se esquece
dos justos, isto é, daqueles que procuram levar adiante o projeto de Deus,
realizando a sua vontade.
A vitória final caberá aos justos, e não aos
ímpios: “Esses – diz Yahweh dos exércitos
– quando eu resolver agir, serão a minha propriedade particular. Terei
compaixão deles como um pai tem compaixão do filho que lhe presta serviço.
Então vocês hão de se converter e verão a diferença que existe entre o justo e
o ímpio, entre um que serve a Deus, e outro que não lhe serve” “(Ml
3,17-18). O dia do Senhor representa duas opções e dois destinos. Tanto
é dia de destruição como dia de salvação. O mesmo dia que trará castigo aos
opressores trará liberdade aos oprimidos. O mesmo dia que trará salvação aos
que receberam a palavra, condenará os desobedientes.
Será o dia de
os que caminharam na justiça e levaram a sério os ensinamentos de Jesus serem
recebidos na casa do Pai: “Venham vocês,
que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes
preparou desde a criação do mundo”. (Mt 25,34b).
Será também o
dia da rejeição daqueles que ignoraram tudo isso: “Afastem-se de mim, malditos.Vão para o fogo eterno, preparado para o
diabo e seus anjos”. (Mt 25,41b).
O mesmo dia que
marcará a entrada no Reino para alguns será o começo do castigo eterno para
outros. E o mesmo dia em que os cristãos comemoram o sofrimento de Jesus na
cruz é ocasião de escândalo e loucura para outros: “... nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os
judeus e loucura para os pagãos. Mas para aqueles que são chamados, tanto
judeus como gregos, ele é o Messias, poder de Deus e sabedoria de Deus. A
loucura de Deus é mais sábia do que os homens e a fraqueza de Deus é mais forte
que os homens”. (1Cor 1,23-25).
O
Dia do Senhor acontecerá sem que ninguém perceba e o espere, e as Sagradas
Escrituras estão sempre chamando a atenção a respeito disso: “Eis que eu venho como um ladrão: feliz
aquele que vigia e conserva as suas vestes, para não andar nu e não deixar que
vejam a sua vergonha”. (Apo 16,15); “Lembre-se de como você recebeu e
ouviu. Pratique e se converta! Se você não vigiar, eu venho como ladrão. E você
vai se surpreender, porque não sabe a hora”. (Apo 3,3); “Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém
sabe nada, nem os anjos no céu, nem o Filho. Somente o Pai é que sabe. Prestem
atenção! Não fiquem dormindo, porque vocês não sabem quando vai ser o momento. [...]
O que digo as vocês, digo a todos: fiquem
vigiando.”, (Mc 13,32-33.37); “Quanto
a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu,, nem o Filho.
Somente o Pai e quem sabe”. (Mt 24,36); “Portanto,
fiquem vigiando, pois vocês não sabem qual será o dia, nem a hora”. (Mt
25,13); “No que diz respeito ao tempo e
circunstâncias, não preciso escrever nada para vocês, irmãos. Vocês já sabem
que o dia do Senhor chegará como
ladrão à noite”. (1Ts 5,1-20.
No Evangelho vamos encontrar Jesus diante do
Templo de Jerusalém ouvindo que “algumas
pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com coisas
dadas em promessa” (Lc 21,5). Ouvimos sempre falar do Templo de Jerusalém
nos Evangelhos, mas pouco sabemos de sua história. Resumidamente, o primeiro
Templo de Jerusalém, chamado, também, de “Templo de Salomão”, foi construído
pelo próprio rei Salomão, 900 anos aC, no terreno comprado por seu pai, rei Davi (cf
2Sm 24,20-25 e 1Cr 21,24-25).
O Templo de Salomão foi o primeiro Templo de
Jerusalém. Nele ficava a Arca da Aliança. Este primeiro Templo foi destruido
totalmente quando da invasão de Jerusalém por Nabucadonosor II, rei da
Babilônia, em 586 aC, sabotando todas as riquezas do templo e levando os
israelitas como escravos para as terras babilônicas. Décadas mais tarde, em 516
aC, após o regresso para Israel de mais de quarenta mil israelitas do
cativeiro, foi iniciada a construção do segundo Templo no mesmo lugar onde
existia o primeiro. Este segundo Templo foi destruido pelo imperador assírio
Antíoco Epifanes no ano 175 aC. No ano 4 dC, o rei Herodes, chamado de “o
Grande”, aquele mesmo que tentou matar o “recem-nascido
Rei dos Judeus” e depois de ser ludibriado pelos magos “mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território ao redor
de dois anos para baixo...” (cf Mt 2,1-18), numa atitude política e
demagógica, querendo agradar aos judeus e para encobrir as suas atrocidades, inaugurou
o que seria o terceiro Templo de Jerusalém por ele reconstruido, o do tempo de
Jesus, desta vez mais vistoso que os outros dois. A construção do Templo por
Herodes demorou quarenta e seis anos (cf Jo 2,20). Esse templo era motivo de
orgulho e arrogância para os judeus, tanto pela sua imponência e, como eles
entendiam, como morada única de Yahweh sobre a terra.
Ironicamente, para afrontar o orgulho, prepotência
e a arrogância pecaminosa dos dirigentes dos judeus a respeito do que eles sentiam e defendiam a
respeito do Templo, Jesus faz uma comparação do Templo com o seu próprio corpo
que ressuscitaria no terceiro dia: “Então
os dirigentes dos judeus perguntaram a Jesus: ‘Que sinal nos mostras para
agires assim?’ Jesus respondeu: ‘Destruam esse Templo, e em três dias eu o
levantarei.’ Os dirigentes dos judeus disseram: ‘A construção desse templo
demorou quarenta e seis anos, e tu o levantas em três dias?’ Mas o Templo de que Jesus falava era o seu corpo. Quando
ele ressuscitou, os discípulos se lembraram
do que Jesus tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de
Jesus” (Jo 2,18-22). Mais tarde Jesus dismistifica a manipulação do Templo
como entendiam os judeus, que seria a morada única de Yahweh sobre a terra e de
Deus ser propriedade única do povo judeu na conversa que teve com a samaritana,
quando ela perguntou a Jesus se Yahweh deveria ser adorado na montanha de Garizim,
na Samaria, ou no Templo de Jerusalém: “Os
nossos pais adoravam a Deus nesta montanha. E vocês judeus dizem que é em
Jerusalém o lugar onde se deve adorar’. Jesus disse: ‘Mulher acredite em mim.
Está chegando a hora, em que não adorararão o Pai nem sobre esta montanha, nem
em Jerusalém. [...] Mas está chegando
a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em
espírito e verdade. Porque são esses os adoradores que o Pai procura. Deus é
espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”. (Jo
4,20-21.23-24).
Paulo Apóstolo, nas suas cartas, afirma que o
templo de Deus é o corpo de cada um de seus adoradores e não o templo feito de
pedra, e ratifica o que Jesus dissera: “Ora,
nós somos o templo de Deus vivo, como disse o próprio Deus: ‘Habitarei no meio
deles, e com eles caminharei. Serei o seu Deus
e eles serão o meu povo”. (2Cor 6,16b); “Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita
em vocês? Se alguém destroi o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo, e esse templo
são vocês”. (1Cor 2,16-17);“Ou vocês
não sabem que o seu corpo é templo do
Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês já não
pertencem a si mesmos. Alguém pagou alto preço pelo resgate de vocês, Portanto,
glorifiquem a Deus no corpo de vocês”. (1Cor 6,19-20).
Voltemos com
Jesus e seus discípulos diante do Templo de Jerusalém, quando o povo,
maravilhado, contemplava a magnitude daquela construção de pedra e metais
preciosos: “algumas pessoas comentavam sobre o Templo,
enfeitado com pedras bonitas e com coisas dadas em promessa”. (Lc 21,5). Jesus surpreende a todos com
uma afirmativa que evoca o “Dia de Yahweh”: “Vocês estão admirando essas coisas? Dias
virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruido”. (Lc 21,6).
As pessoas ficaram assustadas, e perguntaram: “Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas
coisas estarão para contecer?” (Lc 21,7).
Marcos, no seu Evangelho, diz que os que fizeram
essa pergunta foram Pedro, Tiago, João e André, e isso em particular (Mc 13,3),
e é Mateus, no seu Evangelho, quem narra que a pergunta seria mais abrangente e
objetiva: “Dize-nos quando vai acontecer
isso, e qual será o sinal de tua vinda e do fim do mundo”. (Mt 24,3). Os
discípulos de Jesus, assustados com essa afirmativa de Jesus sobre a destruição
do Templo e o fim dos tempos, perguntaram aterrorisados: “Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas
coisas estarão para acontecer?” (Lc 21,7). E Jesus vislumbra o surgimento
do anticristo, isto é, o “opositor a Cristo”, um espírito de oposição aos
ensinamento de Jesus, que será alguém ou muitos que usarão a própria mensagem de
Jesus para perverter os que acreditam. Jesus fala de guerra e revoluções e de
nações e reinos que lutarão entre si e uns contra os outros. Jesus fala de
grandes terremotos, fome e pestes e de coisas pavorosas e grandes sinais vindos
do céu. Jesus fala de perseguições aos seus seguidores por causa do seu nome
(cf Lc 21,8-16). Esta corrente de acontecimentos claramente descreve a própria
vida dos apóstolos nos primeiros dias da Igreja. Pedro e João foram presos e testificaram
diante do Sinédrio (cf At 4). Paulo esteve em ambos os lados desta profecia,
primeiro atacando os cristãos com uma vingança (cf At 9,1-9) e depois de sua
conversão dando testemunho aos líderes judeus e romanos (cf At 13,16ss; 17,1ss;
24,1ss e outros).
Dos apóstolos
de Jesus, todos eles deram a vida pela sua fé e foram martirizados, isto é,
tiveram morte violenta, com exceção de João que, segundo a tradição, morreu de
causas naturais; todos os demais sofreram através das mais terríveis formas de
torturas sem jamais retirar uma única palavra de seu testemunho.
Mas, depois de
dizer tudo isso, Jesus tranquiliza
os seus discípulos dizendo: “Vocês serão
odiandos por todos por causa do meu nome. Mas não perderão um só fio de cabelo.
É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida”. (Lc 21,17), o que foi
reforçado momentos antes de voltar para o Pai: “Eis que
eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,20b).
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