“O SENHOR NÃO É DEUS DOS MORTOS, E SIM DOS VIVOS”.
“A morte foi absorvida na vitória. Morte,
onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão? (1Cr 15,54-55). A
morte nos apavora. A morte nos acabrunha. A morte nos entristece...
Nos aflige
o temor da destruição perpétua, mas devemos considerar que, dentro de nós,
temos a semente da eternidade.
Essa semente da eternidade nos dá a segurança e
a esperança de uma vida que jamais se acaba e a certeza de que não seremos
destruídos eternamente e que, a morte do corpo, o fim da matéria, não será o
fim de tudo para aquele que crê.
O que nos dá essa certeza é a redenção que
Jesus Cristo veio trazer ao gênero humano e que age dentro de cada um de nós.
Por
essa redenção nos vem a certeza de que a morte corporal será vencida um dia quando o reino de
felicidade, perdido pelo homem, for restituído pelo seu Onipotente, Misericordioso
e Eterno Senhor, Deus Pai.
Paulo, Apóstolo, nosso amigo e orientador, escreve
em uma de suas cartas: “Em realidade
sabemos que, se a casa terrestre desta nossa morada for desfeita, temos de Deus
um edifício, uma casa não feita por mãos humanas, eterna, nos céus. Por isso
também suspiramos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é celeste,
se todavia formos encontrados vestidos, e não nus. Realmente nós, que estamos
nesse tabernáculo, gememos acabrunhados, porque não queremos ser despojados,
mas sim revestidos por cima, a fim de que, o que é em nós mortal, seja
absorvido pela vida. Ora, o que nos formou para isto mesmo, foi Deus que nos
deu o penhor do Espírito. Por isso, sempre cheios de confiança, sabemos que,
enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor (porque caminhamos pela fé e
não pela visão), cheios de confiança, temos mais vontade de nos ausentarmos do
corpo e estar presentes ao Senhor. Por isso, quer ausentes, quer presentes,
esforçamo-nos para lhe agradar, pois é necessário que todos nós compareçamos
diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que é devido ao corpo,
segundo fez o bem ou o mal.” (2Cr 5,1-10).
A cada dia que passa morremos um
pouco, ou, numa visão mais otimista e cristã, renascemos para a verdadeira
vida, aquela que não se acaba mais...
O fenômeno que chamamos “morte” é uma
coisa sempre presente em nossa existência; é uma “coisa” que a todo momento
marca presença em nossa vida, muito embora, a todo custo, tentamos ignorá-la. Tudo
morre, tudo se acaba, tudo passa, tudo nesta vida é vaidade, como diz o
escritor sagrado: “Vaidade das vaidades,
tudo é vaidade.” (Ecl 1,2).
Vaidade das vaidades, tudo neste mundo é
vaidade, exceto adorar, amar e servir ao
Senhor Nosso Deus enquanto tivermos vida, tivermos forças... tudo o mais é
vaidade. Para o cristão não existe morte. A morte é, simplesmente, um ponto de
partida, não um fim.
A morte é um trampolim que nos arremessa para a vida
eterna, para a vida que não se acaba mais porque, a promessa de Jesus Cristo
não pode ser esquecida por nenhum dos seus seguidores: “E todo o que deixar a casa, ou os irmãos ou irmãs, ou o pai ou a
mãe, ou os filhos ou os campos por causa do meu nome, receberá o cêntuplo e
possuirá a vida eterna.” (Mt 19,29), e “Aquele
que perseverar até o fim, esse será salvo.”
(Mc 13,13; Mt 24,13).
A vida é eterna. A vida é abundante porque Jesus
Cristo veio para que tivéssemos vida, e a tivéssemos em abundância: “Eu vim para que tenham a vida, e a tenham
em abundância.” (Jo 10,10). A vida não se acaba. Na nossa ignorância
naquilo que diz respeito às promessas divinas em relação à vida eterna,
sofremos, sofremos muito quando um ente querido nos deixa e parte desta para
herdar a vida eterna.
Choramos, choramos muito dentro de nós, ainda que o nosso
semblante se esforce para demonstrar conformismo. É bom chorar, se faz
necessário chorar, mas o cristão não chora por desespero. Antes de tudo, o
cristão chora por saudade, de saudade de alguém que partiu temporariamente,
mas, temos certeza, está na casa do Pai; apenas nos antecipou a isso e a nossa
fé nos garante que um dia nos juntaremos a esse ente querido porque Jesus nos
conforta dizendo: “Não se perturbe o vosso
coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas.” (Jo
14,1-2).
Para nós, cristãos, não existem mortos; existem somente vivos, e as
Sagradas Escrituras nos dizem isso com muita propriedade: “Ora, ele não é Deus dos mortos, e sim dos vivos; todos, com efeito,
vivem para ele.” (Lc 20,38). Não nos
conformamos, muitas vezes, quanto parte de junto de nós um ente querido para a
outra vida porque desconhecemos as mensagens evangélicas de esperança que nos
são transmitidas com tanta autoridade por Jesus Cristo: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E
quem vive e crê em mim jamais morrerá.” (Jo 11,25-26). “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente.” (Jo 6,51). “Em verdade,
em verdade, digo a vocês: se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a
morte.” (Jo 8,51).
Confortados com estas palavras de Jesus Cristo podemos
ter a certeza de que, os que se foram, vivem no Senhor e iremos, sem sombra de
dúvidas, reencontrá-los no Senhor. Os nossos entes queridos quando passam desta
vida para a vida que não se acaba mais, simplesmente abandonam o seu envoltório
de carne como se estivessem se despindo de uma roupa velha, rota, estragada ou
fora de moda. A morte não põe fim à vida.
A morte não tem poder para isso.
Cristo morreu na cruz mas venceu a morte ressuscitando no terceiro dia, e como
disse e escreveu o Apóstolo Paulo, se Cristo não tivesse ressuscitado como
havia prometido, estaríamos perdendo tempo em acreditar nele: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos
mortos, como pode alguns dentre vocês dizer que não há ressurreição dos mortos?
Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo
não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé.” (1Cor
15, 12-14).
Paulo continua na mesma carta: “Pois
se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não
ressuscitou, ilusória é a vossa fé; ainda estais nos vossos pecados. Por
conseguinte, aqueles que adormeceram em Cristo estão perdidos. Se temos
esperança em Cristo tão somente para esta vida, somos os mais dignos de
compaixão de todos os homens.” (1Cor 15,16-19).
Apesar da certeza da ressurreição que nos é transmitida pelas
Sagradas Escrituras, os nossos sentimentos humanos nos fazem sentir saudades
dos nossos entes queridos que nos deixaram, mas, não podemos perder a
esperança, não podemos perder a confiança nos ensinamentos de Jesus Cristo;
temos de acreditar nas suas verdades evangélicas de que os nossos entes queridos,
que caminharam conosco neste vale de lágrimas e que ouviram a voz do Bom Pastor
e fizeram parte de seu rebanho, agora, depois desse passamento, estão na glória
do Senhor, na casa do Pai, onde, segundo uma das promessas do Divino Mestre,
existem muitas moradas: “Na casa de meu
Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu teria dito para vocês, pois vou
preparar para vocês um lugar, e quando eu me for e tiver preparado um lugar,
virei novamente e levarei vocês comigo, a fim de que, onde eu estiver, vocês
estejam também.” (Jo 14,2-3).
O Apóstolo Paulo, em sua carta aos romanos,
conforta-nos a respeito da morte: “Ou vocês
não sabem que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus , é na
sua morte que fomos batizados? Portanto pelo batismo nós fomos sepultados com
ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova.” (Rm 6,3-4), e continua
na mesma carta: “Mas, se morremos com
Cristo, temos fé que também viveremos com ele, sabendo que Cristo, uma vez
ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a morte não tem domínio sobre
ele.” (Rm 6,8-9).
Paulo, por esta carta, nos transmite a certeza que a vida
eterna já começou aqui e agora em nós pelo batismo e pela fé no Senhor Jesus. O
Apóstolo Amado, o Evangelista João, em sua mensagem de fé e amor, também nos
conforta a todos e nos dá a certeza de que, um dia, após a nossa morte, veremos
o Pai tal qual ele é: “Vejam que prova de
amor nos deu o Pai: sermos chamados filhos de Deus. E nós o somos! Se o mundo
não nos conhece, é porque não o conheceu. Caríssimos, desde já somos filhos de
Deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião
desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos como ele é. Todo
o que nele tem essa esperança,, purifica-se a si mesmo como também ele é puro.”
(1Jo 3,1-3).
Nossos entes queridos que nos deixaram estão vivendo no Senhor e,
com toda a certeza, os reencontraremos
na casa do Pai. O Senhor Jesus venceu a morte ressuscitando e “... a morte não tem domínio sobre ele.”
(Rm 6, 9), e Paulo Apóstolo se baseia na ressurreição de Cristo para nos dar a
certeza que também venceremos a morte:
“Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo
não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé.” (1Cor
15,13-14).
Quem morre acaba de nascer, de nascer para a vida, de ressurgir para
a vida em abundância, a vida que não se acaba mais, a vida que é para valer, e
isso entendeu muito bem Francisco, o pobrezinho de Assis: “É MORRENDO QUE SE
RESSUSCITA PÁRA A VIDA...”
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