terça-feira, 29 de novembro de 2016

O QUE SEI SOBRE DEUS?

O QUE SEI SOBRE DEUS?

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Introdução
O que sabemos de Deus? Que imagem temos d’Ele? Será correcta a nossa ideia de Deus? O que Deus significa para cada um de nós? Eis-nos diante de algumas questões importantes para as quais temos de encontrar resposta.
Como, habitualmente, conhecemos mal o nosso Deus, cada um imagina-O à sua maneira. Até O imaginamos com os defeitos dos homens. Então falamos assim: “Deus esqueceu-se de mim”, “Deus abandonou-me”, “Deus castigou-me”...
Sem dúvida que falar de Deus é sempre muito difícil porque a nossa linguagem é sempre demasiado humana e limitada e, por isso, nunca poderá abarcar o que é divino e transcendente. Daí que ao falar de Deus o façamos sempre de um modo imperfeito.
Afinal como é o nosso Deus?
Toda a nossa caminhada cristã é uma caminhada em Deus. Por isso, importa procurar clarificar a imagem de Deus que temos em nós. Para sabermos quem Deus é comecemos por aquilo que não é porque há ídolos que nos povoam o interior e desfocam a imagem do verdadeiro Deus.
Bossuet, grande autor e pregador francês, refere-se várias vezes ao «dilúvio da idolatria», ou seja, aos falsos deuses que povoam a nossa imaginação, a nossa oração, a nossa oratória, a nossa catequese. Precisamos de «re-descobrir Deus», o que Ele diz de Si próprio, de clarificar a imagem de Deus. 
    Muitas são as ‘imagens’ que nós criamos de Deus. Quase sempre o problema dessas ‘imagens’ de Deus é que são feitas à medida do homem, a partir das suas vivências. Tornamos Deus uma mera projecção humana. Quando assim é desfiguramos o verdadeiro rosto de Deus e construímos a nossa própria ‘imagem’ de Deus. Trata-se de um falso Deus.
Por isso, não há – em rigor – ateus de Deus, há ateus destas ‘imagens’ de Deus. De facto, o que muitos negam não é o próprio Deus, mas a ‘imagem’ que têm de Deus. Pode acontecer que aquele que diz que não crê em Deus tenha razão, muita razão, ao recusar as ‘imagens’ que receberam dos seus antepassados e que, muitos de nós, continuamos a apresentar.

1. As falsas imagens que tenho de Deus...
Deus: Bombeiro Voluntário – Recorro a Ele quando estou aflito, quando tenho necessidade, quando preciso... Lembro-me d’Ele quando alguma coisa corre mal, quando não tenho solução para os meus problemas. A vantagem deste ‘bombeiro’ é que Ele não me pede nada em troca, é ‘voluntário’. 
Deus: Polícia Terrível – Deus é um polícia e a sua relação com o homem é a de um fiscal atento para condenar todos os meus erros e todas as minhas asneiras. É um deus de quem tenho medo. Os homens cumprem todas as suas leis para evitar o castigo eterno que cairia sobre eles no caso de uma transgressão.
Deus: Burocrata Distante – Um deus que está nas nuvens ou no céu e que nem se preocupa com o homem. Quando olha para o homem não olha ao coração nem tem em conta as suas intenções. O que Lhe importa são as formalidades exteriores: que eu assista à missa todos os domingos, que faça jejum e abstinência, que cumpra...
Deus: Juiz Carrasco – Um deus de dureza implacável, de violência e agressividade, que condena, julga e castiga. Daqui nasce o medo, a angústia, o escrúpulo doentio, incapacidade de diálogo filial e a entrega confiante. Nasce a deturpação da oração, do crescimento interior e da alegre aceitação própria e dos outros.
Deus: Comerciante Cruel – Um deus com o qual se fazem transacções «Se me deres isto... eu dou-te aquilo». Daqui nasce o sentido «comercial» da vida, o sentido «utilitarista» da oração. Um deus que pelo facto de ser deus faz negócio com o homem. Caso o homem não cumpra as suas promessas este deus torna-se cruel.
Deus: Motor Cósmico – Um deus que é motor cósmico apresenta-se como um monarca déspota que destrói o sentido da nossa liberdade. Torna-se um rival do homem, o responsável por todos os desastres da vida e do mundo. A esta imagem de deus está muito ligada a ideia do «tinha que acontecer» associada à ideia do «destino».
Deus: Desmancha Prazeres – Um deus que proíbe tudo o que o homem gosta de fazer. Este deus diverte-se a ver o homem a fazer sacrifícios, deixar de comer ou de se divertir apenas com o objectivo de mortificar o corpo e de lhe dar glória. Um deus que não quer que eu seja feliz.

2. Afinal qual é o rosto verdadeiro de Deus?!
A este propósito encontramos na Bíblia duas passagens fundamentais. A primeira está no Antigo Testamento: «Eu sou Aquele que sou» (Ex. 3, 14), diz Deus. A segunda está no Novo Testamento: «Deus é Amor» (1 Jo. 4, 8), diz S. João.
«Eu sou Aquele que sou» é o nome que o próprio Deus revela a Moisés no monte Horeb (também conhecido por monte Sinai) e que significa «Eu sou Aquele que está sempre convosco».
Mas mais do que este Deus que está sempre connosco (AT) o nosso Deus é Amor (NT). Esta certeza de que Deus é Amor é a verdadeira imagem de Deus. É a única resposta que podemos dar à pergunta – quem é Deus?
Não se trata de um amor teórico ou superficial mas procede da experiência concreta da vida. Foi essa a experiência feita pelos primeiros cristãos e que significa «Deus é apenas e só Amor» tudo o mais são atributos desse Amor (o Seu Amor é que é misericordioso, compassivo, trinitário, todo poderoso, como o de um pai).
Neste sentido, temos que dizer que Deus não pode tudo porque Deus só pode o que o Amor pode. Ou seja, Deus só pode ter acções e atitudes de amor. Esta é a única afirmação que torna possível dizer que Deus não é o autor da guerra, do mal e do sofrimento. De facto, Deus não é o Todo Poderoso que tudo pode. Senão, como é que era possível acreditar num Deus Amor quando há tanto sofrimento e tanta gente inocente que morre? Deus só pode o que o amor pode porque o Seu Amor é que é todo poderoso.
Este Deus bíblico é o Deus da Aliança. Uma Aliança que o criador quis estabelecer com a criatura. Na verdade não somos nós que fazemos uma Aliança com Deus mas é Deus que estabelece uma Aliança connosco. Deste modo, a iniciativa não parte de nós mas de Deus. Por tudo isto, não é Deus que se esquece dos homens e das mulheres mas nós que nos esquecemos d’Ele; não é Deus que nos deixa de amar mas nós que O deixamos de amar.
Este nosso afastamento d’Ele é que é o pecado. Quantas vezes nos esquecemos d’Ele? Quantas vezes O deixamos para segundo plano? Quantas vezes nos queixamos da Sua ausência? Quantas vezes o acusamos de não fazer nada? Quantas vezes queremos que Ele faça aquilo que só nós podemos fazer? Quantas vezes...?
Por isso, é que são poucos os cristãos que sabem, de facto, o verdadeiro nome de Deus. Porque se Deus é esta relação amorosa e se nós nos esquecemos tanto d’Ele como é que O podemos conhecer? Uma relação assim precisa de tempo partilhado, precisa de momentos concretos de encontro.

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