“PRECISA-SE DE PROFETAS”
Movido pela experiência de Deus, o profeta ou a profetiza acabam
mudando o seu modo de ver e de pensar, de sentir e de julgar, de portar-se e de
falar, e procuram transmitir isso a todos, quer seja bem recebido ou não,
correndo o risco de não ser bem interpretado entre os seus mais próximos, como
aconteceu com Jesus, o que motivou a suas queixa: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. (4,24). João, no seu
Evangelho ratifica isso: “O próprio Jesus
havia testemunhado que um profeta não é honrado em sua própria pátria”. (Jo
4,44).
O profeta não fala em nome próprio, mas anuncia a palavra que Deus lhe
põe no coração e na boca, uma palavra por vezes nada fácil de ser anunciada e,
por isso, encontra dificuldades de ser aceita. Movido pelo Espírito, o profeta
age como mensageiro de Deus.
O profeta está afinado com Deus. O profeta vê a realidade com os olhos
de Deus.
Por isso o profeta anuncia
o amor de Deus, sua ternura e misericórdia, e sua paixão pela vida humana. O
profeta também denuncia a
injustiça, a exploração, o domínio dos fortes sobre os fracos e tudo que ofende
o povo a quem Deus quer bem.
O profeta sacode as consciências e aponta, no meio dos conflitos, a
força libertadora de Deus, pois são os profetas e profetisas, homens e
mulheres, cheios de inspiração e vigor pela causa de Deus e do povo, que falam
ao povo em nome de Deus.
Falar de vocação profética na Bíblia é falar da experiência de Deus que
homens e mulheres realizaram em suas vidas.
Os profetas e profetisas, ao vivenciarem sua vocação, procuraram
responder ao chamado de Deus. Primeiro, eles tiveram que mergulhar neste
mistério profundo, Deus, o inexplicável, o absoluto. Como o mundo precisa de
verdadeiros profetas e profetisas no tempo em que vivemos...
Achei entre os
meus guardados um artigo denominado “Precisa-se de Profetas”, dos padres
Salvatorianos que define bem o que deve ser entendido por profeta nos nossos
dias, e transcrevo parte dele:
“O profeta é um homem que acredita fielmente
nos seus ideais e sonhos. Ele é capaz de enfrentar qualquer dificuldade
para levar avante o seu projeto de vida. Geralmente este projeto não está
separado de uma visão humana e libertadora. O profeta traz em seu íntimo a
certeza de que a vida sempre superará a morte porque quem o impulsiona a agir
nessa direção é o Deus criador, o Deus que gera e sustenta essa mesma vida. [...] Para o profeta o direito a uma vida digna é
indispensável na implantação do projeto de Deus. A vida deve estar acima de
qualquer pretensão humana em todas as suas dimensões e níveis: social,
político, econômico e religioso. O profeta é animador, entusiasta é aquele que
encoraja o seu povo para uma atuação que corresponda aos anseios de uma vida de
melhor qualidade possível. Porém, é também aquele que sofre e sente os dramas
de uma nação, de um povo sofredor. Diante das situações de calamidade o profeta
luta e grita do mais profundo de suas entranhas: Deus não está de acordo com a
manutenção da dominação que tem como consequência a exploração e destruição da
dignidade humana”.
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