MARIA, RAINHA E ESCRAVA
O povo tem o costume de engrandecer
todos aqueles que é admirado, se destaca de alguma maneira em qualquer setor e
atividade. Assim o povo faz, também com Maria.
Maria merece todo o respeito, toda
veneração e, qualquer coisa que dissermos de Maria para a engrandecer ou para
proclamá-la Rainha do mundo, ainda é
pouco por tudo aquilo que ela é e representa. Tentando
engrandecer Maria, incorremos no perigo de perdermos a originalidade de Maria. Fazendo isso o povo perde a sua
identidade com Maria.
Em quase todas as imagens de Maria que
temos, vemos ou que estão em nossas igrejas, , normalmente Maria está com uma
coroa na cabeça e com belos mantos de veludo nos ombros.
Se for para tentarmos agradecer Maria
por tudo o que ela é e representa para nós, isso é muito pouco, porque ela
merece muito mais.
O povo simples, humilde e pobre, se
defrontando com uma Maria coroada e cheia de mantos, sente que ela se distancia
demais dele.
Maria foi e é, e sempre será rainha,
mas não essa rainha que o povo tenta fazer, entende e pinta, não uma rainha
coberta das riquezas da terra, não uma rainha que senta no alto de seu trono e
olha o povo de cima para baixo, não uma rainha de coroa de ouro e pérolas e
mantos de veludos. Queiramos ou não, isso afasta Maria da realidade dos pobres,
ela que sempre se proclamou pobre, ela que sempre foi pobre, ela que foi a musa inspiradora de seu
filho, quando Jesus proclamou o Sermão da Montanha enaltecendo a pobreza, a
humildade e a mansidão que, sem dúvida, ele, como filho, enalteceu as virtudes
de sua mãe. Maria, como mãe, foi a rainha da casa simples, pobre e humilde de
Nazaré.
Uma rainha não com um cetro de ouro na
mão, mas com uma vassoura na mão, não com uma coroa de ouro e pérolas na
cabeça, mas com um pano na cabeça para proteger os seus cabelos da poeira que
levanta quando se varre uma casa, assim como fazem as rainhas dos nossos lares
ainda hoje – uma rainha de olhos lagrimejantes pela fumaça ardida da lenha
ainda verde que queimava no seu fogão a lenha. Maria, de manto e coroa, é
afastada do convívio do povo simples e humilde.
Maria, de manto e coroa, não se
identifica com o povo pobre e sofrido.
Para nos identificarmos bem com Maria,
é necessário que continuemos vê-la pobre e simples como ela sempre foi na sua
casinha pobre e humilde de Nazaré, jamais se descuidando do bem-estar de seu
esposo e filho, jamais deixando de atender algum parente, vizinho ou conhecido
necessitado, e sempre pronta para interceder por alguém em dificuldades.
Para que o povo simples e humilde
possa se identificar com Maria, é preciso vê-la levantando cedo, como fazem as
nossas mães e esposas ainda hoje, para preparar a refeição dos que vão
trabalhar e o uniforme e os livros dos que vão estudar.
É preciso continuarmos ver Maria á
beira do fogão, a beira do tanque, lavando roupas, fechando as janelas quando o
vento bate forte ou quando faz frio, preocupada com algum sintoma de febre do
seu pequenino Jesus, ou alguma dor nas costas do seu dedicado José.
Maria é rainha, esse é um título que
ninguém lhe tira, mas ela é a rainha que se fez escrava. Maria não é uma rainha que está sentada no alto de seu
trono e que olha o seu povo de cima para baixo, mas, antes de ser rainha, ela é
a Mãe que caminha com o seu povo, que sofre com o seu povo, que chora com o seu
povo e que intercede ao seu filho Jesus por seu povo, como fez nas bodas de
Cana.
Quando você, minha irmã, estiver
lavando a louça, varrendo a sua casa, tirando o pó dos móveis, passando roupas,
coloque Maria do seu lado, e peça para que ela lhe ensine a fazer tudo isso com
amor e dedicação, da mesma forma como ela fez em sua casinha pobre e humilde de
Nazaré. Quando você, meu irmão,
estiver preocupado, de mau humor, com algum tipo de doença ou dor, sinta a
presença de Maria, e ela, assim como ela mesma fazia com o seu pequenino Jesus
e se dedicado José, estará solícita ao seu lado para aliviar as suas
preocupações, abrandar o seu mau humor e amenizar a sua dor.
Maria é a rainha que se fez escrava, e
mais do que isso, é a mãe que caminha com seus filhos neste vale de lágrimas,
não desamparando, jamais, quem quer que seja que a invoque em qualquer momento
e circunstancia da vida.
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