O S C I N C O
E S T Á G I O S D O L U T O
O luto revela a dor e sofrimento por
uma perda que ainda não foi superada
Dizem que a única certeza que temos na
vida é a morte, porém, ela ainda é considerada um grande mistério para todas as
pessoas. É possível prever o nascimento de uma pessoa, mas a morte,
dificilmente iremos prever.
Mesmo que “os dias de vida” sejam
contados e previstos por médicos, baseado em estado clínico terminal do
paciente, por algum motivo de doença grave, ainda assim, o dia e hora exatos da
nossa morte, dificilmente saberemos ao certo.
Talvez seja por isso, que não nos
preparamos para esse momento.
Ele simplesmente acontece, assim, como
um sopro ou um último suspiro e pronto, já não estaremos mais aqui, no mundo
materializado, físico.
O Processo de Luto
Para quem fica, o luto é
considerado um momento de dor e vazio, de despedida forçada e para sempre,
porém ele é um processo necessário e fundamental para qualquer tipo de perda,
não apenas pela perda de uma pessoa que estimamos, amamos, que faz parte de nós
direta ou indiretamente, mas por qualquer tipo de perda, como emprego,
carreira, relacionamentos, etc.
O processo de luto se dá para qualquer
animal, humanos e animais irracionais.
A diferença está na forma que os
sentimentos acontecem, pois geralmente o luto vem acompanhado por tristeza,
revolta, culpa, susto (choque), solidão, ausência, desamparo, mas também,
sentimentos como alívio, emancipação.
Tais sentimentos podem refletir em
vários sintomas físicos e emocionais, tais como aperto no peito, dor de
estômago, nó na garganta, falta de ar, perda de energia, tristeza profunda,
isolamento, entre outros.
Tomar consciência de que nunca mais
poderá ver aquela pessoa ou fazer as mesmas atividades, ter os mesmos momentos,
podem levar uma pessoa a perder também todos os sonhos, projetos e todas as
lembranças associadas ou a ressignificá-los, lhes dando um novo valor.
Assim como existe o ciclo da vida,
segundo a biologia, que é Nascer,
Crescer, Reproduzir e Morrer, existem os ciclos da morte, definidos pela
psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross, que conseguiu identificar a reação psíquica
de cada paciente em estado terminal e elaborou o Modelo Kübler-Ross, que propõe
uma descrição de cinco fases (estágios) do luto, pelo qual as pessoas passam ao
lidar com a perda, o luto e a tragédia.
Compreender os estágios do luto nos
ajuda a entender a dor do outro e aprender a respeitar o seu tempo.
Essas cinco fases
são:
Negação –
Raiva – Barganha – Depressão – Aceitação (NRBDA),
que conforme Ross, nem sempre ocorrerão nesta ordem e também não possuem um
prazo pré-definido para acontecerem, pois depende do tipo de perda e de como
cada pessoa reage a essa perda, ao luto, à doença ou a uma tragédia. No
entanto, uma pessoa sempre apresentará ao menos duas dessas fases, também
considerados estágios:
1º Estágio: Negação
Essa é a primeira fase e
a mais dolorida, também considerada o estágio do isolamento, pois a pessoa pode
não querer falar sobre o assunto e se afastar.
É o momento dos “porquês”
e dos “ses”. Momento em que parece impossível a perda, de acreditar no que
aconteceu.
Essa fase é considerada
um mecanismo de defesa temporário do Ego, contra a dor psíquica, diante da
morte.
Esse estágio normalmente
não persiste por muito tempo, sendo logo substituído por uma aceitação parcial,
porém, varia de pessoa para pessoa, pois depende da intensidade do sofrimento
de cada um e como as pessoas mais próximas são capazes de lidar com a dor.
Durante a transição desse estágio para o estágio raiva, é comum a pessoa falar
sobre a situação em um momento e de repente negá-la completamente.
2º Estágio: Raiva
Essa é fase da revolta, da rebeldia,
do descontrole emocional, dos ressentimentos, onde a pessoa se sente
injustiçada e inconformada com a perda, pelo fato do Ego não conseguir manter a
negação e o isolamento.
É a fase do “porque comigo?”, “com
tanta gente ruim pra morrer porque eu, eu que sempre fiz o bem, sempre
trabalhei e fui honesto, perdi a pessoa que mais amo?”
Nessa fase, se relacionar é quase
impossível. Os relacionamentos se tornam problemáticos, devido ao caos e a
hostilização que a revolta traz ao ambiente.
É importante, nessa fase, haver
compreensão dos demais sobre a angústia transformada em raiva na pessoa que
sente interrompidas suas atividades de vida pela doença ou pela morte.
3º Estágio: Barganha
Essa é fase também é conhecida como
negociação da dor pela perda, pois foi deixado de lado a negação e o isolamento
e a pessoa percebe que a raiva não resolveu, então começa-se a “barganhar” com
ela mesmo e com Deus, em segredo, como pedidos de súplicas. É a fase do “Vou ser
uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma
vida saudável.”
Nesse estágio, uma pessoa que, por
exemplo, está passando por uma doença, que a mantém impossibilitada de
continuar suas atividades, começa a ficar mais serena, reflexiva e humilde.
Se a saúde dessa pessoa não se
restabelece, mesmo tendo “barganhado” com Deus, a pessoa passa a utilizar
inconscientemente outros recursos, que são os pactos, promessas, sacrifícios,
acordos, de forma sigilosa entre ela e Deus, para que tudo volte ao normal.
4º Estágio: Depressão
Essa é a fase onde a pessoa toma
consciência que perdeu e que não há como “voltar atrás” e a que leva mais tempo
para passar para a fase de aceitação.
Algumas pessoas demoram décadas para
sair dessa fase ou nunca vão aceitar a perda – muito comum quando se perde um
filho.
Para quem está doente terminal, é o
momento em que já não consegue negar suas condições de doente, quando as
perspectivas da morte são claramente sentidas e que percebeu que negar,
revoltar-se e negociar a cura não resolveu.
Esse é o momento em que as pessoas à
sua volta devem estar mais próximas da pessoa doente ou que foi acometida pela
perda de um ente querido, pois nessa fase, a pessoa se isola totalmente do
mundo e do convívio social.
Sentimentos de melancolia, desânimo,
desinteresse, apatia, tristeza, choro e impotência são comuns diante da
situação vivida.
5º Estágio: Aceitação
Essa é a última fase do luto e a
pessoa aceita a perda com paz e tranquilidade, pois já não se nega mais, não se
revolta e nem se negocia e o estado de depressão foi substituído pela
aceitação, mudando, assim, a sua perspectiva e preenchendo o seu vazio. Para a
pessoa que está doente, ela não experimenta mais o desespero e nem nega sua
realidade, pois o que ela quer é “descansar em paz”.
Embora não entendamos porque as
pessoas e coisas se vão e nunca mais poderemos tê-las de volta, ou porque uma
doença chega exatamente em nós, mesmo existindo milhares de pessoas espalhadas
na Terra, o importante é saber que o luto é necessário e muitas vezes
inevitável.
Saber passar por cada estágio e sair
dele é um processo que exige muito autoconhecimento e coragem para reagir
diante do que aconteceu e tirar grandes aprendizados, o que pode tornar a vida
melhor e com mais propósito e significado.
Valorizar o que temos, enquanto temos
e darmos importância a nós, ao outro e ao mundo à nossa volta são atitudes
importantes para continuar existindo.
Na maioria das vezes não será possível
reviver todos os momentos plenamente, portanto, é necessário ressignificá-los.
A escolha para isso, depende de cada um de nós, a como reagimos diante de cada
situação.
Na vida, assim como na morte, devemos
estar preparados para a mudança, para o encerramento de ciclos e entender a
clareza do nosso papel no mundo. Isso é importante para evoluirmos como ser
humano e aproveitarmos ao máximo o que a vida nos oferece e enquanto oferece.
COMO SUPERAR A PERDA E
SEGUIR EM FRENTE?
Não se culpe
Quando perdemos alguém que amamos, é
comum que a culpa e o peso na consciência tomem conta dos pensamentos. Isso porque a perda faz com que o indivíduo
comece a pensar em tudo o que deixou de fazer e dizer.
Nesse momento, é importante ter em
mente que nenhuma relação é perfeita e que as falhas cometidas não significam
falta de amor. Entenda que você fez o que foi possível diante de cada
circunstância e não se torture pelo que não foi possível fazer.
Adapte-se à nova rotina
Faça todos os ajustes possíveis para
aprender a conviver com a ausência da pessoa.
Mude alguns hábitos e crie maneiras
positivas de enfrentar a saudade — como iniciar um curso, fazer um trabalho
voluntário ou ir viajar por um período.
Procure algo que proporcione prazer e
traga uma sensação de preenchimento. Mesmo convivendo com a dor, é possível ser
feliz encontrando motivação em atividades produtivas.
É
importante entender que:
As pessoas não passam por essas fases
de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas, depois, retornar
a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período
ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra.
Porém, sabe-se que, comumente, a fase
mais longa é da depressão para a aceitação.
Tudo depende do histórico de
experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a
situação em questão.
Existem pessoas que podem passar meses
ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Outras, em poucas horas
ou dias, fazem todo o processo. Isso varia também em função da perda sofrida.
“Ninguém está preparado para perder o
outro; é normal não conseguirmos nos desapegar. Temos a tendência de ficarmos
presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais.
A única saída, então, é ter coragem,
enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos sentimentos e
emoções.”
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