TERESA
CRISTINA, MINHA FILHA. DOZE ANOS SEM A SUA PRESENÇA.
"Eu
sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15,1).
O Pai é o agricultor, o dono da messe,
o dono do jardim. Cada um de nós somos os operários da messe, o jardineiro do
jardim do Pai. Ele nos dá a terra, ele nos dá a semente, ele nos dá as
condições dignas para que a terra seja boa, para que a semente se transforme em
arbusto e para que o arbusto floresça, dê flores dignas de um rei.
O Pai nos dá uma família, nos dá
filhos, mas família e filhos não são propriedades nossas, são do Pai. Os filhos
são as flores que cultivamos no jardim do Pai. Compete a cada um de nós, pais,
cuidar do jardim do Pai, dar-lhe flores viçosas, coloridas, perfumadas e
perfeitas.
Devemos cuidar dessas flores desde em
botão. Dar-lhes condições de crescerem saudáveis, floridas e perfumadas. Mas
elas não são nossas, são do Pai. E o dia em que o Pai achar por bem, ele visita o nosso jardim,
colhe a sua flor preferida, a mais bonita entre todas e a leva para si,
para embelezar o seu trono. Assim
aconteceu conosco.
Assim aconteceu com Teresa Cristina.
Mulher bonita, inteligente, carinhosa, amigável, acolhedora, de sorriso fácil.
Filha amorosa e presente. Quarenta e três anos. Câncer de mama. E, no dia 11 de julho de 2010, há
exatamente doze anos, o Pai visitou o meu jardim, escolheu dentre as flores a
mais bela, e a levou consigo para embelezar o seu trono.
As pessoas boas deixam alegria. As
pessoas más deixam lições. As pessoas maravilhosas deixam lembranças e
saudades. Saudade é a confirmação do amor. Saudade é a perpetuação do amor.
Saudade é o amor eterno presente no coração de quem ficou sem ter condições de
esquecer a pessoa amada que partiu. Um dia a saudade deixa de ser dor e vira
lembrança para compartilhar e guardar para sempre. As pessoas muito amadas por
nós são eternas dentro da gente.
A mais bonita lágrima é a da saudade,
pois ela nasce dos risos que não se acabam, das alegrias que marcaram e das
lembranças que jamais se apagam.
Mais do que chorar a perda de um ente
querido, não podemos perder a oportunidade de agradecer. Agradecer o tempo em
que o Pai, o dono do jardim, permitiu que a flor Teresa Cristina ficasse
conosco durante quarenta e três anos, embelezando o nosso lar, perfumando a
nossa vida, aromatizando o nosso ambiente e transmitindo alegria no seu sorriso
belo, singelo e encantador. Ela deixou o nosso jardim, mas está embelezando o
trono do Pai, o dono do jardim.
Só nos resta repetir com o santo homem
Jó: “O Senhor deu, e o Senhor tirou;
bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1,21).
O acontecimento de uma pessoa amada
nos deixar e ir para a casa do Pai leva-nos à conclusão de que não existe
morte. A morte é, simplesmente, um ponto de partida, não um fim. A morte é um
trampolim que nos arremessa para a vida eterna, para a vida que não se acaba
mais.
A vida é eterna; a vida é abundante
porque Jesus Cristo veio para que tivéssemos vida, e a tivéssemos em
abundância: “Eu vim para que tenham a
vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10,10). A vida não se acaba. A vida da
pessoa amada que se foi não se acabou, apenas passou para um plano superior
onde a presença de Deus é permanente e visível, a felicidade é eterna e a
certeza de que a morte jamais a atingirá, jamais a separará de ninguém.
Na nossa ignorância naquilo que diz
respeito às promessas divinas em relação à vida eterna, sofremos, sofremos
muito quando um ente querido nos deixa e parte desta para herdar a vida eterna.
Choramos, choramos muito dentro de
nós, ainda que o nosso semblante se esforce para demonstrar conformismo. É bom
chorar, se faz necessário chorar, mas o cristão não chora por desespero e
revolta.
Antes de tudo, o cristão chora por
saudade, saudade de alguém que partiu temporariamente mas, temos certeza, está
na casa do Pai; apenas nos antecipou a isso e a nossa fé nos garante que um dia
nos juntaremos a esse ente querido porque Jesus nos conforta dizendo: “Não se perturbe o vosso coração! Credes em
Deus, crede também
Apesar da certeza da ressurreição que
nos é transmitida pelas Sagradas Escrituras, os nossos sentimentos humanos nos
fazem sentir saudades dos nossos entes queridos que nos deixaram, mas, não
podemos perder a esperança, não podemos perder a confiança nos ensinamentos de
Jesus Cristo; temos de acreditar nas suas verdades evangélicas de que os nossos
entes queridos, que caminharam conosco neste vale de lágrimas e que ouviram a
voz do Bom Pastor e fizeram parte de seu rebanho, agora, depois desse
passamento, estão na glória do Senhor, na casa do Pai, onde, segundo uma das
promessas do Divino Mestre, existem muitas moradas: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos
teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver
preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu
estiver, estejais vós também.” (Jo 14,2-3).
O Senhor Jesus venceu a morte
ressuscitando e “... a morte não tem
domínio sobre ele.” (Rm 6,9), e Paulo Apóstolo se baseia na ressurreição de
Cristo para nos dar a certeza que também venceremos a morte: “Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E
se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa
fé.” (1Cor 15,13-14).
Quem morre acaba de nascer, de nascer
para a vida, de ressurgir para a vida em abundância, a vida que não se acaba
mais, a vida que é para valer, e isso entendeu muito bem Francisco, o
pobrezinho de Assis: “É MORRENDO QUE SE RESSUSCITA PÁRA A VIDA...” A presença,
o perfume,o amor da Teresa Cristina são uma constante no nosso coração, na
nossa casa, na nossa família...
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