domingo, 9 de maio de 2021

 

“NINGUÉM TEM MAIOR AMOR DO QUE AQUELE QUE DÁ

A VIDA POR SEUS AMIGOS.”  (João, 15, 13).

 

SEXTO DOMINGO DA PÁSCOA

Ano – B; Cor – Branco; Leituras: At 10,25-26.34-35.44-48; Sl 97; 1Jo 4,7-10; Jo 15,9-17.

 

Diácono Milton Restivo

 

Ainda ressoa em nossos ouvidos a letra daquela música que marcou muito uma época da Igreja de Jesus Cristo, e ainda a ouvimos cantar em alguma comunidade saudosista, que, além de ser bonita, revela uma grande verdade:

·         “Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão...”

Essa é a maior prova de amor que possa existir em toda a eternidade: dar a própria vida para salvar a vida do irmão, a vida do amigo, a vida de quem se ama.

Alguém que se entrega, que morre para que muitos sejam salvos, muitos tenham vida:

·         “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância.” (Jo 10,10).

João, o Evangelista, o Apóstolo amado do Mestre, também é chamado de “Apóstolo do Amor”.  Desde o Evangelho escrito por ele até as últimas palavras grafadas em suas cartas, não transpiram outra coisa senão o amor, o amor por Deus, o amor para os irmãos, o verdadeiro amor, e Jesus Cristo é esse amor tão cantado pelo Apóstolo João, e assim ele se expressa:

·         “Nisto conhecemos o amor: ele deu a sua vida por nós. E nós também devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Se alguém, possuindo os bens deste mundo, vê o seu irmão na necessidade e lhe fecha o coração, como permanecerá nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com ações e em verdade, e diante dele tranquilizaremos o nosso coração.” (1Jo 3,16-19)

E continua João na sua carta:

·         “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conheceu a Deus, porque DEUS É AMOR. Nisto se manifestou o amor de Deus por nós: Deus enviou seu Filho único ao mundo para que vivamos por ele. Nisso consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou-nos o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus assim nos amou, devemos nós também amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais contemplou a Deus. Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor em nós é levado à perfeição... ...DEUS É AMOR: aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele.” (1Jo 4,7-12.16). 

É interessante a afirmativa de João quando diz:

·         “DEUS É AMOR”.

Isso nos deixa em uma saudável e gostosa dúvida: João quer dizer que Deus é amor ou que o amor é Deus? 

Mas, o que importa? 

Deus é amor e o amor é Deus, porque não existe Deus sem amor e muito menos amor sem Deus, pois que, quem ama, distribui Deus aos seus irmãos.              

Nessa sua colocação, em poucas palavras, João narra toda a história da redenção do gênero humano; Deus nos amou primeiro e amou-nos sem que merecêssemos esse tão grande amor.

O Pai amou-nos tanto que não hesitou enviar seu Filho único até nós para que não continuássemos perdidos pelas sendas do pecado.

Nada temos feito para entender o grande amor que Deus Pai tem por nós e, muito menos para merecer esse amor infinito. Deus nos ama, pura e simplesmente, porque é Deus, e “DEUS É AMOR...”.

O Filho único de Deus, que também é Deus, e a exemplo de Deus Pai, nos amou tanto que chegou ao extremo de nos dar a maior prova de amor: a sua própria vida pelas nossas vidas.

João aprendeu e assimilou muito bem o que o Divino Mestre, muito tempo antes, havia dito as mesmas coisas com outras palavras, e dava-nos o seu mandamento de amor:

·         “Este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros como eu amei vocês. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vocês são meus amigos se praticarem o que lhes mando. [...] Isto lhes mando: amem-se uns aos outros.” (Jo 15,12-14.17);

·         “Dou para vocês um mandamento novo: que vocês se amem uns aos outros. Como eu amei vocês, amem-se também uns aos outros. Nisso reconhecerão todos que vocês são meus discípulos, se tiverem amor uns pelos outros.” (Jo 13,34-35).         

Paulo, na carta aos Romanos, assim demonstra o amor de Deus por nós:

·         “E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Foi, com efeito, quando ainda éramos fracos que Cristo, no tempo marcado, morreu pelos ímpios. - Dificilmente alguém dá a vida por um justo; por um homem de bem talvez haja alguém que se disponha a morrer. - Mas Deus demonstra o seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores. Quanto mais, então, agora, justificados por seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Pois de quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais agora, uma vez reconciliados, seremos salvos por sua vida. E não é só. Mas nós nos gloriamos em Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem desde agora recebemos a reconciliação.” (Rm 5,5-11).         

·         “Como eu amei vocês, amem-se também uns aos outros” (Jo 13,34), diz Jesus.    

E como Jesus nos amou? Ainda temos dúvidas a respeito? Jesus amou os publicanos, os considerados pecadores públicos e ainda, escolheu um deles para ser seu Apostolo, Mateus.

E não somente amou os publicanos, considerados pecadores públicos, como fez deles um exemplo de humildade, oração sincera e arrependimento quando narra a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18,9-14). 

De Zaqueu, chefe dos publicanos, também publicano e odiado pelo povo, Jesus se faz amigo, toma refeição com ele em sua casa e lhe diz:

·         “Hoje a salvação entrou nesta casa...” (Lc 19,1-10).

E, quanto a Mateus, o convida para seguí-lo, fazendo dele um de seus doze apóstolos (Lc 5,27-28)  Mt 9,9ss).

Jesus amou o jovem rico que, apesar de tê-lo convidado para seguí-lo, preferiu ficar com suas riquezas e os prazeres do mundo (Mt 19,16-26).

Jesus amou e perdoou a pecadora pública (Lc 7,36-50). 

Jesus amou e tomou refeição com os considerados pelo povo como pecadores (Lc 5,29-32). 

Jesus amou e perdoou a mulher apanhada em flagrante adultério (Jo 8,1-11). 

Jesus amou e incentivou o amor aos inimigos (Lc 6,27-35), conviveu com os inimigos (Jo 3,1-21; 4,1-42), e, mais do que isso, perdoou os inimigos que o haviam pregado em uma cruz:

·         “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem”. (Lc 23,34).

Jesus amou e perdoou o ladrão arrependido e, mais do que isso, o recebeu em seu reino (Lc 23,39-43).

Amar como Jesus amou implica em amar sem distinção de raça, credo, cor, posição social, atitudes que, à primeira vista, vão de encontro à concepção moral ou de educação.

Amar como Jesus amou implica em amar quem agrada ou desagrada.

Amar como Jesus amou implica em perdoar a quem ofende, machuca e prega na cruz.

O Senhor Jesus aceitou e amou a todos os que o assediavam como eles eram, bons ou maus.

Muitos o seguiam por amor e convicção.

Outros para que suas doenças fossem curadas e os problemas resolvidos.

Mas, existiam também aqueles que se julgavam santos, sábios e doutores da lei de Deus, e não deixavam Jesus em paz, sempre atentos para observar se Jesus cometesse alguma falha, falasse alguma coisa contra a lei de Moisés que fora ditada pelo Senhor para poder recriminá-lo, prendê-lo e tirá-lo do meio da multidão.

E esses pseudos doutores da lei, também conhecidos por escribas e ou fariseus, não perdiam oportunidade de tentar Jesus e fazer-lhe perguntas capciosas para ver se ele caísse em alguma contradição.          

Estando, certa vez, Jesus a ensinar, um fariseu,

·         “... a fim de pô-lo à prova, perguntou-lhe; “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei”?” (Mt 22,35-36).

Jesus, com certeza, sabia que estava sendo tentado pelo fariseu, mas não se perturbou; manteve a sua calma e olhou profundamente nos olhos daquele homem que, por se autodenominar um “doutor da lei”, sem sombra de dúvida sabia qual era e é o maior mandamento da Lei de Deus, e

·         respondeu: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento.” (Mt 22,36-38).

Esse mandamento os escribas e fariseus já sabiam que era o maior de todos, mas Jesus, na sua ânsia de ensinar as verdades eternas e converter os corações de pedra, não para por ai; Jesus aproveita a oportunidade para dilatar essa mandamento, para mostrar aos homens que o amor que se dedica a Deus não tem muito ou valor algum se esse amor não atingir a todos os irmãos, e Jesus continua: 

·         “O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mt 22,39-40).

E arremata, dizendo:

·         “Não existe outro mandamento maior do que estes.” (Mc 12,31).

Um dos escribas certamente ficou admirado com a resposta de Jesus e, talvez, mesmo contra a sua vontade, para não dar o braço a torcer e concordar com Jesus, ou, quem sabe, até inspirado pelo Espírito Santo, que sopra onde quer e como quer, disse a Jesus:

·         “Muito bem, Mestre, tens razão de dizer que ele é o único e não existe outro além dele, e amá-lo de todo o coração, de toda a inteligência e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios.” (Mc 12,32-33).

Aquele homem, que não era um seguidor de Jesus, teve de se curvar ante a infinita sabedoria do Mestre e reconhecer que, se o homem não amar a Deus através de seu irmão, o seu amor não tem o mínimo valor e:

·         “Jesus, vendo que ele respondera com inteligência, disse-lhe: Tu não estás longe do Reino de Deus”. (Mc 12,34).

E nós, cristãos, seguidores de Jesus Cristo, entendemos o maior dos mandamentos:

·         O Senhor Nosso Deus é o único Senhor, e amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento, e com toda a tua força.”? (Mc 12,29-30).

Se entendermos e o colocamos em prática, ele não teria valor se ignorássemos o segundo que é, como disse o Mestre:

·         O segundo é este: Amarás  o teu próximo como a ti mesmo.” (Mc 12,31).

Você amaria alguém como você se ama a si próprio? E como você se ama?

É claro e lógico que, para você, você só quer o que há de melhor.

E o Mestre diz:

·         “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. E ele não para por ai, vai mais além: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo 15,13).

Quer ser amigo do Mestre?      É fácil, faça o que ele diz:

·         “Vocês são meus amigos, se praticarem o que lhes mando.” (Jo 15,14).

A respeito do amor, Paulo Apostolo escreve o mais lindo poema falando do amor:

·         “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que eu tivesse o dom da profecia. o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria. O amor é paciente, o amor é compreensivo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. O amor nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita,não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá... Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor”. (1Cor 13,1-8.13). 

sábado, 8 de maio de 2021

 








HISTÓRIA DA BEM-AVENTURADA NHA CHICA DE MINAS GERAIS

 

Ainda pequena Francisca de Paula de Jesus, que nasceu no Distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes em São João Del Rey, Minas Gerais, chegou em Baependi, Minas Gerais.

Estava acompanhada por sua mãe, uma ex-escrava e por seu irmão Teotônio. Com eles, poucos pertences e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

Em 1818, com apenas 10 anos de idade, Nhá Chica perdeu a mãe que faleceu deixando aos cuidados de Deus e da Virgem Maria as duas crianças, Francisca Paula de Jesus e seu irmão, então com 12 anos.

Órfãos de mãe, sozinhos no mundo, Francisca Paula e Teotônio, cresceram sob os cuidados e a proteção de Nossa Senhora, que pouco a pouco foi conquistando o coração de Nhá Chica. Esta, a chamava carinhosamente de "Minha Sinhá" que quer dizer: "Minha Senhora", e nada fazia sem primeiro consultá-la. Nhá Chica soube administrar muito bem e fazer prosperar a herança espiritual que recebera da mãe.

Nunca se casou. Rejeitou com liberdade a todas as propostas de casamento que lhes apareceram. Foi toda do Senhor. Se dava bem com os pobres, ricos e com os mais necessitados. Atendia a todos os que a procuravam, sem discriminar ninguém e, para todos tinha uma palavra de conforto, um conselho ou uma promessa de oração.

Ainda muito jovem, era procurada para dar conselhos, fazer orações e dar sugestões para pessoas que lidavam com negócio. Muitos, não tomavam decisões sem primeiro consultá-la, e para tantas pessoas, ela era considerada uma "santa", todavia em resposta para quem quis saber quem ela, realmente, era, respondeu com tranquilidade: "... É porque eu rezo com fé".

Sua fama de santidade foi se espalhando de tal modo que pessoas de muito longe começaram a visitar Baependi para conhecê-la, conversar com ela, falar-lhe de suas dores e necessidades e, sobretudo para pedir-lhe orações.

A todos, atendia com a mesma paciência e dedicação, mas nas sextas feiras, não atendia a ninguém. Era o dia em que lavava as próprias roupas e se dedicava mais à oração e à penitência. Isso porque sexta-feira é o dia que se recorda a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo para a salvação de todos nós. Às três horas da tarde intensificava suas orações e mantinha uma particular veneração à Virgem da Conceição, com a qual tratava familiarmente como a uma amiga.

Nhá Chica era analfabeta, pois não aprendeu a ler nem escrever, desejava somente ler as Escrituras Sagradas, mas alguém as lia para ela, e a fazia feliz.

Compôs uma Novena à Nossa Senhora da Conceição e em Sua honra, construiu, ao lado de sua casa, uma Igrejinha, onde venerava uma pequena Imagem de Nossa Senhora da Conceição que era de sua mãe e, diante da qual, rezava piedosamente para todos aqueles que a ela se recomendavam.

Essa Imagem, ainda hoje, se encontra na sala da casinha onde ela viveu, sobre o Altar da antiga Capela. Em 1954, a Igreja de Nhá Chica foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor. Desde então teve início bem ao lado da Igreja, uma obra de assistência social para crianças necessitadas que vem sendo mantida por benfeitores devotos de Nhá Chica.

Hoje a "Associação Beneficente Nhá Chica" (ABNC) acolhe mais de 160 crianças entre meninas e meninos.

Ao longo dos anos, a "Igrejinha de Nhá Chica", depois de ter passado por algumas reformas, é hoje o "Santuário Nossa Senhora da Conceição" que acolhe Peregrinos de todo o Brasil e de diversas partes do mundo. Muitos fiéis que visitam o lugar, pedem graças e oram com fé. Tantos voltam para agradecer e registram suas graças recebidas.

Atualmente, no "Registro de graças do Santuário", podem-se ler aproximadamente 20.000 graças alcançadas por intermédio de Nhá Chica.

Nhá Chica morreu no dia 14 de junho de 1895, estando com 87 anos de idade, mas foi sepultada somente no dia 18, no interior da Capela por ela construída. As pessoas que ali estiveram sentiram exalar-se de seu corpo um misterioso perfume de rosas durante os quatro dias de seu velório. Tal perfume foi novamente sentido no dia 18 de junho de 1998, 103 anos depois, por Autoridades Eclesiásticas e por membros do Tribunal Eclesiástico pela Causa de Beatificação de Nhá Chica e, também, pelos pedreiros, por ocasião da exumação do seu corpo.

Os restos mortais de Nhá Chica se encontram hoje no mesmo lugar, no interior do Santuário Nossa Senhora da Conceição em Baependi, protegidos por uma urna de acrílico colocada no interior de uma outra de granito, onde são venerados pelos fiéis.

O Santo Papa Bento XVI promulgou o Decreto da Beatificação de Nhá Chica, sendo que a cerimônia oficial aconteceu no dia 04 de maio de 2013, em Baependi (MG).

São comemorados também, neste dia: Bem-aventurada Maria Teresa de Jesus, Santo Hermas, São Gerôncio de Cérvia (bispo e mártir),  São Pacômio, Bem-aventurado Nicolau Albertati (bispo e confessor), Bem-aventurado de Beatenberg (eremita), São Brynoth de Scara (bispo), São Gregório de Óstia (monge e bispo), São Hermas de Roma (bispo).


sexta-feira, 7 de maio de 2021

 

MARIA, A QUE INTERCEDE POR TODOS NÓS

 

As Sagradas Escrituras nos dizem que os nossos pensamentos não são os pensamentos de Deus, conforme diz o Senhor através de Isaias: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os seus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos”. (Is 55,8-9)

Começamos a entender isso quando observamos pela história e pelos fatos que Deus Altíssimo e Todo Poderoso, Criador do céu e da terra, para realizar o seu plano de salvação, quer precisar de suas criaturas, sendo que ele poderia resolver tudo de outra maneira, porque ele pode tudo.  Apesar dos nossos pensamentos não serem os penhsamentos de Deus, ele quer precisar de nós para resgatar a sua criatura das trevas e do pecado.      

O Senhor poderia ter feito tudo acontecer sem a participação humana no seu plano de amor.    Deus poderia, simplesmente, mandar seu Filho ao mundo para a salvação de todos os homens mostrando toda a sua grandeza, o seu poder, a sua glória; o Filho de Deus já poderia ter vindo como um homem formado e crescido, trazendo dentro de si toda a sabedoria que somente a Deus pertence, e talvez, dessa maneira, ele seria muito melhor recebido e todos acreditariam  nele sem ter a necessidade da fé.        Mas o Senhor Nosso Deus quis precisar de uma criatura simples, pura, frágil e pobre para que o seu plano de salvação fosse realizado.

O Senhor Nosso Deus quis precisar de uma jovenzinha, para que essa jovem, Maria, pudesse ser a ligação entre o Criador e a criatura; Deus escolheu Maria para ser a Medianeira de todas as graças para os homens,  porque Jesus Cristo é todas as graças que o mundo poderia receber das mãos de Deus, e Maria é a Medianeira de todas as graças, porque foi por meio de Maria que o mundo recebeu a graça por excelência das mãos do Pai Eterno e Todo Poderoso. Jesus Cristo poderia vir a este mundo para salvar todos os homens do pecado, cercado de todos os anjos do céu, mas Jesus Cristo não quis ganhar os nossos corações com espetáculos de grandeza, mas com gestos e atitudes de humildade, e por isso, desde o início dos tempos, ele já havia escolhido, para ser a sua mãe, uma jovenzinha pobre e humilde que se colocaria totalmente em suas mãos e por vontade própria se faria a Escrava de Deus para que nela fosse realizada toda a vontade do Senhor.

Os nossos pensamentos não são os pensamentos de Deus, a nossa vontade nem sempre é a vontade de Deus, e é por isso que Maria, quando foi consultada para ser a Mãe do Filho de Deus, disse ao Anjo: “Faça-se em mim segundo a vontade de Deus”, e é por isso, ainda, que, muitas vezes, inconscientemente, quando rezamos a oração do Pai Nosso, dizemos: “Seja feita a vossa vontade”, e, a vontade de Deus é que recebamos Jesus por meio de Maria, é que recebamos a glória através da humildade, é que amemos o Criador  através da criatura. Jesus nos veio por meio de Maria, e somente por Maria chegaremos a Jesus.

A missão do cristão é fazer a vontade de Jesus, é fazer aquilo que Jesus fazia, e quem amou mais Maria do que o próprio Jesus? Jesus amou tanto Maria que quis vir a esse mundo por meio dela, se submeteu a ela durante trinta anos de sua vida, e o que mais pode agradar Jesus senão que amemos a sua Mãe Santíssima?       

Se quisermos realmente fazer a vontade de Jesus, precisamos começar por amar Maria, porque Jesus a amou intensamente primeiro que nós e, se devemos seguir os exemplos de Jesus, precisamos começar por amar Maria.

A vontade de Jesus é que amemos Maria, a vontade de Maria é que amemos Jesus.                   Não podemos dizer que amamos Jesus se não conhecermos bem Maria; não se ama perfeitamente a Jesus se não conhecermos o amor que Maria tem por nós, e como devemos amar Maria, Jesus veio até nós por meio de Maria e somente por Maria chegaremos a Jesus.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

 

SÃO DOMINGOS SÁVIO

 

Domingos Sávio nasceu em 2 de abril de 1842, em Riva, na Itália. Era filho de pais muito pobres, um ferreiro e uma costureira, cristãos muito devotos.

Ao fazer a primeira comunhão, com sete anos, jurou para si mesmo o que seria seu modelo de vida: "Antes morrer do que pecar". Cumpriu-o integralmente enquanto viveu.

Nos registros da Igreja, encontramos que, com dez anos, chamou para ele próprio a culpa de uma falta que não cometera, só porque o companheiro de escola que o fizera tinha maus antecedentes e poderia ser expulso do colégio.

Já para si, Domingos sabia que o perdão dos superiores seria mais fácil de ser alcançado. Em outra ocasião, colocou-se entre dois alunos que brigavam e ameaçavam atirar pedras um no outro. "Atirem a primeira pedra em mim" disse, acabando com a briga.

Esses fatos não passaram despercebidos pelo seu professor e orientador espiritual, João Bosco, que a Igreja declarou santo, que encaminhou o rapaz para a vida religiosa.

No dia 8 de dezembro de 1854, quando foi proclamado o dogma da Imaculada Conceição, Domingos Sávio se consagrou à Maria, começando a avançar para o caminho da santidade.

Em 1856, fundou entre os amigos a "Companhia da Imaculada", para uma ação apostólica de grupo, onde rezavam cantando para Nossa Senhora.

Mas Domingos Sávio tinha um sentimento: não conseguiria tornar-se sacerdote. Estava tão certo disso que, quando caiu doente, despediu-se definitivamente de seus colegas, prometendo encontrá-los quando estivessem todos na eternidade, ao lado de Deus.

Ficou de cama e, após uma das muitas visitas do médico, pediu ao pai para rezar com ele, pois não teria tempo para falar com o pároco. Terminada a oração, disse estar tendo uma linda visão e morreu. Era o dia 9 de março de 1857.

Domingos Sávio tinha dois sonhos na vida, tornar-se padre e alcançar a santidade.

O primeiro não conseguiu porque a terrível doença o levou antes, mas o sonho maior foi alcançado com uma vida exemplar. Curta, pois morreu com quinze anos de idade, mas perfeita para os parâmetros da Igreja, que o canonizou em 1957.

Nessa solenidade, o papa Pio XII o definiu como "pequeno, porém um grande gigante de alma" e o declarou padroeiro dos cantores infantis.

Suas relíquias são veneradas na basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, em Torino, Itália, não muito distantes do seu professor e biógrafo São João Bosco.

A sua festa foi marcada para o dia 6 de maio.

São comemorados, também, neste dia: São Lúcio de Cirene, Santo Evódio de Antioquia (bispo e mártir), Santa Benedita de Roma (virgem), Santo Edberto de Lindisfarne (monge e bispo), Santos Heliodoro, Venusto e companheiros (mártires da África).

quarta-feira, 5 de maio de 2021

 

... FILHOS DE EVA ...

 

Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, doçura da vida, esperança nossa, salve.

A vós bradamos, os degredados, filhos de Eva.

A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas...

A vós bradamos, a vós gritamos, a vós suplicamos, a vós nos dirigimos com o coração cheio de dor e mágoa, mas, acima de tudo, cheio de esperança, porque sabemos que em vós, Maria, em vós, doce Rainha e amada Mãe é que encontramos o lenitivo para as nossas dores.

Ate vós, doce Maria, elevamos as nossas vozes, como exilados e infelizes filhos de Eva; nós suspiramos, gememos e choramos neste vale de lágrimas.

Como esta linguagem  exprime bem os sentimentos de um coração que aspira o céu...

De uma alma que se aterroriza ante a aspereza do caminho.

Como é suave vemos  elevados para os céus o olhar e as mãos dos pobres exilados e ouvir este brado de sua fé, que é, ao mesmo tempo, um suspiro de amor: a vós bradamos, os degredados, filhos de Eva.

Depois de ver o céu entreabrir-se, depois de ter visto descer dele uma mãe, uma verdadeira mãe, cheia de ternura e amor, que vem consolar o seu filho, refrescar a sua fronte ardente, apertá-lo sobre o seu coração e encorajá-lo a terminar este curso terrestre, na esperança de um repouso eterno.

Quem poderá avaliar a doçura deste título de Maria, “Consoladora dos Aflitos?”

Se os males são intensos e numerosos,  muito mais intensas e numerosas são as consolações, que são sem limites, e como gostaríamos de sofrer mais apenas pela felicidade de sermos consolados por uma mãe tão maravilhosa como Maria.

As lágrimas são doces e refrescantes quando são recolhidas pelas mãos virginais de Maria. Quem não gostaria de se aproveitar disso? Quem não gostaria de sofrer mais ainda, se entendesse o que é ser consolado por Maria, e apenas para elevar até Maria o seu olhar e o seu coração... lançar-se nos seus braços, exprimindo a ternura e o amor de seu beijo e deliciar-se nesse êxtase de amor, ainda que fosse apenas por um segundo, entregue nas mãos e aos cuidados da Consoladora dos Aflitos?

Vamos, pois, recorrer à Maria, quando a dor nos oprimir, quando a inquietação nos agitar ou o terror nos perseguir.

Vamos todos a Maria, choremos todos com ela, e com ela soframos... E nosso sofrimento... e nossas lágrimas vão se  tornar sementes de méritos e felicidades.

Vocês entendem agora porque amo Maria? Como poderia eu, portanto, deixar de amar Maria? Como poderia eu  não amar com todo o fervor da minha alma aquela que é o meu socorro em minhas necessidades, meu apoio nas minhas fraquezas, e minha consolação nas minhas aflições?

Ò Maria, sejam o meu último suspiro e a  minha última respiração um ato de amor para vós e por vós e de confiança em vossa proteção. (do livro - Porque amo Maria - Padre Júlio Maria - pg 309 a 311).

E, por isso, Senhora, repetimos, sem cessar: Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, Doçura da vida, esperança nossa salve.

A vós bradamos, os degredados, filhos de Eva.

A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas.

Eia após, Advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos, a nós volvei.

E depois deste desterro, mostrai-nos a Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ò clemente, ò piedosa, ò doce, sempre Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.

Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

terça-feira, 4 de maio de 2021

 

O DOM DAS LÍNGUAS

 

SÃO PAULO DÁ AS REGRAS PARA O QUE CHAMAMOS DE “O EXERCÍCIO PARA O DOM DAS LÍNGUAS” NA SUA PRIMEIRA CARTA AOS CORÍNTIOS, 14,26-40:

 

O DOM DA LINGUA DEVE SER USADO DESDE QUE SEJA PARA EDIFICAÇÃO DA COMUNIDADE – “Que fazer, então, irmãos? Quando vocês estão reunidos, cada um pode entoar um canto, dar um ensinamento ou revelação, falar em línguas ou interpretá-las. Mas que tudo seja para edificação.” (1Cor 14,26). Este é o princípio regulador de todos os dons em geral. Eles devem servir para edificar os outros. Se assim não for, o dom, qualquer que seja, é ineficaz.

 

O DOM DA LÍNGUA NÃO DEVE SER USADO POR MAIS DO QUE TRÊS PESSOAS NUM MESMO CULTO – “Se existe alguém que fale em línguas, falem dois ou no máximo três, um após o outro.” (1Cor 14,27). Numa mesma reunião “dois, ou no máximo três” indica que ter três diferentes pessoas falando em línguas em um mesmo culto seria contrariar os ensinamentos de Paulo. Congregações inteiras falando, cantando ou orando em línguas é especificamente proibido aqui.

 

NO CULTO SOMENTE UM DE CADA VEZ DEVE EXERCITAR O DOM DA LÍNGUA – (1Cor 14,27). “um após o outro”, ou seja "cada um por sua vez" restringe o falar em línguas a um homem por vez; qualquer um a mais que falaria junto acrescentaria somente confusão. Já é uma confusão suficiente escutar um idioma estrangeiro; escutar duas ou mais pessoas ao mesmo tempo seria fútil e certamente não poderia edificar. A prática comum contemporânea de ficar de pé falando em línguas durante a pregação é também proibida segundo o ensinamento de Paulo.

 

QUANDO ALGUÉM FALA EM LÍNGUA DEVE HAVER UM INTERPRETE E APENAS UM INTÉRPRETE QUE ESCLAREÇA A COMUNIDADE SOBRE O QUE FOI FALADO – “E que alguém as interprete” (1Cor 14,27). Paulo requer aqui que haja um intérprete para transmitir aos demais irmãos o que o irmão esteja falando e que o mesmo intérprete dê as interpretações das mensagens dadas por uma, duas ou no máximo três pessoas. Nenhum outro intérprete deve falar.

 

O INTÉRPRETE DEVE SER ALGUÉM QUE NÃO SEJA DAQUELE QUE ESTEJA FALANDO EM LÍNGUAS – E que alguém as interprete. Se há intérprete, que o irmão se cale na assembléia, fale a si mesmo e a Deus. Quanto as profetas, que dois ou três falem, e os outros profetas dêem o seu parecer” (v 27-29). Paulo não permite que alguém fale em uma língua para dar sua própria interpretação. A própria pessoa que fala em línguas não pode dar a sua própria interpretação, tem que ser outro.

 

QUANDO ALGUÉM ESTIVER FALANDO EM LÍNGUAS DEVE HAVER ORDEM NA ASSEMBLÉIA – “Se alguém que está sentado recebe uma revelação, cale-se aquele que está falando. Vocês todos podem profetizar, mas um por vez, para que todos sejam instruídos e encorajados. Os espíritos dos profetas estão submissos aos profetas. Pois Deus não é um Deus de desordem, mas de paz. [...] Mas que tudo seja feito de modo conveniente e com ordem.” (1Cor 14,30-33.40). Os dons nunca devem ser exercidos de um modo que tenda à “confusão”, porque depreciaria seu propósito (edificar). Embora o formalismo não seja a única resposta, o caos é claramente excluído. O serviço de adoração deve ser conduzido de uma forma ordenada.

 

DEVE HAVER UM AUTO CONTROLE NA ASSEMBLÉIA – “Os espíritos dos profetas estão submissos aos profetas.” (v 32). Isso exclui qualquer escusa tal como, “Eu simplesmente não pude me refrear; o Espírito Santo apenas tomou o comando!” Paulo expressamente requer que o homem esteja em controle de suas faculdades mentais em todo tempo. Ser “arrastado” é refletivo das religiões pagãs, não dos dons cristãos, conforme Paulo disse em 1Cor 12,2: “Vocês sabem que quando vocês eram pagãos, se sentiam irresistivelmente arrastados para os ídolos mudos.”. Esta regra impede qualquer assim chamado “cair no Espírito” ou algo semelhante em que a pessoa esteja completamente fora de controle; quando o Espírito Santo requer auto controle, Ele então não causará o oposto. Ele não violará sua própria palavra. A objeção frequentemente dada é, “Mas e se o Espírito Santo me encher de uma forma que eu perca o contato com a realidade?” ou, “Eu simplesmente não pude controlar o Espírito”, ou algo parecido. Mas a clara premissa deste versículo é que o Espírito Santo nunca fará isto. Ele proibiu-a, e Ele simplesmente nunca fará algo que é contrário à sua palavra. Nunca!

 

A NENHUMA MULHER É PERMITO FALAR NA ASSEMBLÉIA ONDE ESTEJA ACONTECENDO O DOM DAS LÍNGUAS – “Que as mulheres fiquem caladas nas assembléias, como se faz em todas as igrejas dos cristãos, pois não lhes é permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz também a Lei. Se desejam instruir-se sobre algum ponto, perguntem aos maridos em casa; não é conveniente que as mulheres falem nas assembléias.”  (1Cor 14,34-35).

Paulo não poderia ser mais claro nesta proibição. “As mulheres estejam caladas nas igrejas”. Não importa ao que mais se refira, isto pelo menos se refere ao exercício dos dons de línguas e profecia, porque este é o contexto no qual este mandamento é dado. Percebendo, evidentemente, a tempestade de protesto que este mandamento receberia, Paulo acompanha o mesmo com uma declaração de autoridade nos versículos de 36 a 38, que diz, efetivamente, “se você não concorda comigo nisto, você é um arrogante (vs 36), não espiritual (vs 37), e um rebeldemente ignorante” (vs 38). A regra não poderia ser mais clara; rejeitá-la desafia diretamente o apóstolo inspirado. Outras restrições já apontadas, mas não declaradas ou listadas naqueles versos também se aplicam. Eles são as seguintes:

 

AS LÍNGUAS DEVEM SER IDIOMAS VERNÁCULOS, OU SEJA, LINGUAS ATUAIS, COMO ACONTECEU NO LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS, 2,4-11: “Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, todos se reuniram e ficaram confusos, pois cada um ouvia, na a sua própria língua, os discípulos falarem. Espantados e surpresos, diziam: ‘Esses homens que estão falando, não são galileus? Como é que cada um de nós os ouve em sua própria língua materna? Entre nós há partos, medos e elamitas; gente da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da região da Líbia, vizinha de Cirene; alguns de nós vieram de Roma, outros são judeus ou pagãos convertidos; também há cretenses e árabes. E cada um de nós, em sua própria língua os ouve anunciar as maravilhas de Deus”. (At 2,4-11). Haveria necessidade de maiores esclarecimentos de que a língua falada deve ser entendida por toda a comunidade e, em especial, por pessoas de outras nacionalidades em suas línguas maternas e vernáculas? Caso não seja entendida, há a necessidade de um intérprete para esclarecê-las. No acontecimento do Pentecostes, pelo menos quinze nacionalidades de línguas diferentes estavam presentes na praça quando os apóstolos, cheios do Espírito Santo, lhes dirigiram a palavra, e todos ouviram e entenderam, na sua própria língua materna, no seu próprio idioma ou dialeto o que os discípulos estavam falando.

Balbucio é completamente estranho ao dom de línguas do Novo Testamento. Falar em uma “expressão extática” é inteiramente sem garantia Bíblica.

 

AS LÍNGUAS DEVEM SERVIR PARA PROPÓSITOS APROPRIADOS. O uso pessoal e devocional não é o propósito Bíblico servido pelo dom.

 

AS LÍNGUAS DEVEM SER PÚBLICAS. O uso privado do dom é completamente sem precedente e não pode servir como um sinal para os incrédulos. 

segunda-feira, 3 de maio de 2021

 

SÃO TIAGO MENOR - APÓSTOLO

 

Tiago, filho de Alfeu, é identificado nos evangelhos como "irmão do Senhor", termo usado para designar parentesco de primos.

Governou a Igreja de Jerusalém e foi chamado de "o Menor" para não ser confundido com são Tiago, o Maior, que era irmão de são João. Os evangelhos só falam dele nas listas dos apóstolos.

Porém tal falta de informação foi compensada pelas fartas referências à sua ação e personalidade contidas nos Atos dos Apóstolos e na Carta de são Paulo aos Gálatas, que nos permitem saber que Tiago era, com são Pedro, a principal figura da Igreja.

São Paulo chega a citar seu nome em primeiro lugar, dizendo: "Tiago, Pedro e João, considerados colunas da Igreja" (Gl 2,9). Foi com ele que Paulo, depois de convertido, se encontrou em Jerusalém.

Dizem as Escrituras que Tiago sempre teve atenção e carinho especiais de Jesus Cristo. Além de considerá-lo um homem de grande elevação espiritual, ainda era seu parente próximo. Tiago foi testemunha da Ressurreição de Jesus; (1Cor 15,7).

Antes de subir aos céus, Jesus, numa aparição, deu a ele o dom da ciência como recompensa por sua bondade e santidade. No Concílio de Jerusalém, onde se discutiu o problema da circuncisão e da lei mosaica a serem impostas ou não aos convertidos do paganismo, Tiago teve um papel importante quando deu sua opinião, aceita por todos (At 15).

Ele também escreveu uma epístola. Devemos a Tiago práticos, sensíveis e prudentes ensinamentos. Como esta advertência, sempre muito atual: "Se alguém pensa ser religioso, mas não freia sua língua e engana seu coração, então é vã sua religião. A religião pura e sem mácula, aos olhos de Deus, nosso Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas em suas aflições e conservar-se puro da corrupção deste mundo" (Tg 1,26-27).

Sobre a morte de Tiago, o Menor, que foi o primeiro apóstolo a dar a vida em nome de Jesus, possuímos informações de antiga data. Entre as mais prováveis estão as do historiador hebreu José Flávio, segundo o qual o apóstolo teria sido apedrejado e pisoteado no ano 61(ou 62), pelo sumo pontífice Anás II, que se aproveitou da morte do íntegro papa Festo para eliminar o bispo de Jerusalém.

São Tiago, o Menor, sempre foi considerado um homem de grande pureza, total dedicação e abnegação, vivendo, desde o nascimento, consagrado a Deus. Sua vida foi santa e de muita austeridade.

Converteu muitos judeus à fé cristã antes de receber a coroa do martírio. Suas relíquias foram colocadas na igreja dos Santos Apóstolos, em Roma, e sua festa se celebra no dia 3 de maio.

São lembrados também, neste dia: São Tiago Apóstolo, São Filipe Apóstolo, Santos Timóteo e Maura (casal cristão, mártires de Antinoé), Santo Alexandre I (papa e mártir), Santo Etelvino de Lindsey (bispo), São Felipe de Zell (eremita), São Juvenal de Narni (bispo), 

domingo, 2 de maio de 2021

 

“EU SOU A VIDEIRA VERDADEIRA, E MEU PAI É O AGRICULTOR” (Jo 15,1).

 

QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 9,26-31; Sl 21; 1Jo 3,18,24; Jo 15,1-8.

 

Diácono Milton Restivo

 

A primeira leitura desta liturgia retrata a dificuldade que Paulo teve para, depois de convertido ao Cristo, aproximar-se dos fiéis da Igreja iniciante porque:

·         “todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo” (At 9,26).

Paulo teve de enfrentar muitos problemas para dizer que realmente acreditava no Cristo Ressuscitado, como vemos até o medo de Ananias, a quem o Senhor determinara que recebesse Paulo em sua casa:

·         “Ananias respondeu: ‘Senhor, já ouvi muita gente falar desse homem e do mal que ele fez aos teus fiéis em Jerusalém. E aqui em Damasco, ele tem plenos poderes, que recebeu dos chefes dos sacerdotes, para prender todos os que invocam o teu nome.” (At 9,13-14).

Paulo foi por demais ousado e, depois de convertido, passou a falar de Jesus por onde quer que passasse. A ousadia com que Paulo anunciava a Jesus acabava por incomodar muita gente.

Em Damasco o perseguidor começa a ser perseguido. Em primeiro lugar, os cristãos não aceitavam Paulo porque tinham medo dele. A ousadia de Paulo, após a sua conversão, levou-o a tentar pregar o Cristo nas sinagogas dos judeus:

·         E logo começou a pregar nas sinagogas, afirmando que Jesus é o Filho de Deus. Os ouvintes ficaram impressionados e comentavam: ‘Não é este o homem que descarregava em Jerusalém a sua fúria contra os que invocavam o nome de Jesus? E não é ele que veio aqui justamente para os prender e levar aos chefes dos sacerdotes?”(At 9,20-21).

Em segundo lugar, os judeus, inconformados pela conversão de Paulo, combinaram matá-lo:

·         “Passado algum tempo, os judeus fizeram uma trama para matar Saulo, mas seus planos chegaram ao conhecimento de Saulo. Os judeus montavam guarda dia e noite também junto às portas da cidade, a fim de o eliminar.”  (At 9,24-25).

Nem os seguidores de Jesus que estavam em Jerusalém acreditaram em Paulo, exceto Barnabé, homem iluminado, que tentou aproximar Paulo dos demais apóstolos:

·         “Saulo chegou a Jerusalém, e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo. Então Barnabé tomou Saulo consigo, o apresentou aos apóstolos, e lhes contou como Saulo no caminho tinha visto o Senhor, como o Senhor lhe havia falado, e como ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus na cidade de Damasco.” (At 9,26-27).

Não somente os cristãos tinham medo de Paulo e os judeus tentavam matá-lo, mas também os judeus de origem grega, os helenistas, tentaram contra Paulo:

·         “Saulo também falava e discutia com os judeus de língua grega, mas eles procuravam um jeito de o matar.” (At 9,29).

A partir daí, os apóstolos preocupados com a vida de Saulo, manda-o para a Cesaréia e depois para Tarso (At 9,30), e Saulo desaparece por um tempo de cena, só aparecendo, novamente, a partir do capítulo 11,25 do livro dos Atos dos Apóstolos em diante, quando

·         Barnabé foi então para Tarso em busca de Saulo. E o encontrou e o levou para Antioquia”. (At 11,25).

As consequências da conversão de Paulo não foram auspiciosas. A conversão tirou Paulo de uma posição na sociedade e o colocou em outra bem inferior.

Ao invés de empresário empregador, dono de uma oficina de confecção de tendas com seus empregados e escravos, acabou, sendo ele mesmo, um empregado, um trabalhador assalariado com aspecto de escravo, como ele mesmo afirmaria:

·         “Por causa de Cristo, perdi tudo, e considero tudo um lixo, a fim de ganhar Cristo e estar com ele” (Fl 3,8-9). 

Paulo mal e mal ganhava o suficiente para poder sobreviver:

·         “E quando passei necessidade entre vocês, não fui pesado a ninguém... Em tudo evitei ser pesado a vocês e continuarei a evitá-lo”.  (2Cor 11,9).

A conversão para Cristo criou para Paulo uma situação nova, imprevista. De um lado, excluído da comunidade judaica, perdeu o círculo de amizades que tinha. Deve ter perdido, também, a clientela entre os judeus que lhe comprava as tendas que ele fabricava, pois os judeus passaram a odiá-lo a ponto de querer matá-lo (At 9,23).

Por outro lado, enviado para a missão pela comunidade de Antioquia (At 13,2-3), levou vida errante, durante mais de doze anos, sem domicílio, sem oficina e sem a possibilidade de montar uma clientela fixa.  Essa nova situação obrigou Paulo a buscar uma nova maneira de sobreviver.

Durante a ausência de Paulo em Jerusalém,

·         “a Igreja vivia em paz em toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Ela se edificava e progredia no temor do Senhor, e crescia em número com a ajuda do Espírito Santo.” (At 9,31).

Depois de sua conversão, Paulo descobre que Jesus o amou antes até que ele próprio conhecesse Jesus, chegando ao cúmulo de Jesus dar a sua vida por ele:

·         “E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gl 2,20b);

·         “Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,8b).

Paulo joga para o alto tudo o que tinha vivido, até então, como fariseu, deixando bem claro isso na sua carta aos Filipenses:

·         “Por causa de Cristo, porém, tudo o que eu considerava como lucro, agora considero como perda. E mais ainda: considero tudo uma perda diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo.  Por causa dele perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo, e estar com ele.” (Fl 3,7-9a).

No Evangelho deste domingo, o quinto domingo da Páscoa, Jesus identifica-se como “a verdadeira videira”.

No Antigo Testamento, sempre que o Pai queria manifestar o seu imenso amor pelo seu povo, evocava a figura do pastor ou da vinha. Para Iahweh, o seu rebanho ou a sua vinha era o povo de Israel como vemos em Isaias 5,1-7, onde Deus demonstra o grande amor que tem pela sua vinha, e faz tudo o que é possível por ela, mas, em vez de haver reciprocidade, a vinha só lhe causava desgosto e amargura:

·         “Eu esperava dela o direito, e produziram a injustiça; esperava justiça, e ai estão gritos de desespero”. (Is 5,7b). 

Ainda, no Antigo Testamento, por ver a ingratidão de seu povo, de sua vinha, Yahweh se mostra extremamente irado, e chega ao extremo de compará-la de noiva à prostituta:

·         “Já faz muito tempo que você quebrou a sua canga, arrebentou o seu cabresto, e disse: ‘Não quero servir. ’ Você se deitava e se prostituía no alto de qualquer colina mais elevada ou debaixo de qualquer árvore frondosa. Eu havia plantado você como lavoura especial, com mudas legítimas. E como é que você se transformou em ramos degenerados de vinha sem qualidade? Mesmo que você se esfregue com sabão e use muito detergente, a mancha de sua culpa continua diante de mim – oráculo de Yahweh”. (Jr 2,20-22).

E, no seu desgosto, Yahweh entrega a sua vinha, o seu povo à escravidão:

·         “Eu queria colher alguma coisa deles, - oráculo de Yahweh -, mas não há uvas na parreira nem figos na figueira, e até suas folhas secaram. Eu os entreguei à escravidão”. (Jr 8,13).

E Yahweh propõe-se a destruí-la:

·         “Subam para os terraços da vinha, e provoquem a destruição, mas não acabem com tudo: arranquem as mudas, porque não são de Yahweh”. (Jr 5,10),

E ainda mais, entregou sua vinha ingrata aos pastores vândalos:

·         “Muitos pastores devastaram a minha vinha e pisotearam a minha propriedade; transformaram a minha propriedade querida num deserto desolado; dela fizeram um lugar devastado, e a deixaram em um estado deplorável; está desolada diante de mim...”. (Jr 12,10-11).

E, por fim, acaba por queimá-la:

·         “Por isso, assim diz o Senhor Yahweh: ‘Como aconteceu com a parreira silvestre que joguei no fogo para ser queimada, assim tratarei os moradores de Jerusalém’”. (Ez 15,6).

Mas o coração misericordioso do Senhor Deus parece verter-se em lágrimas quando canta essa lamentação por ver sua vinha, antes bem tratada e plantada à beira d’água, agora jogada ao chão e pisoteada e seus ramos sendo destruídos pelo fogo:

·         “Sua mãe era como parreira plantada à beira d’água. Produzia bastante e ficava frondosa, porque havia boa umidade. Seus ramos eram fortes, bons para se tornarem cetros reais. A sua altura sobressaia por cima das copas, a sua imponência se destacava pela quantidade de ramos. Ela, porém, foi arrancada com raiva e jogada ao chão. O vento leste acabou de secá-la e os seus frutos despencaram. Os seus fortes ramos secaram e foram destruídos pelo fogo. Agora ela está plantada no deserto em chão duro e seco. O fogo sai do seu tronco e queima seus ramos e frutos. Nela não há mais ramo forte, um cetro para governar’. Essa é uma lamentação, e como lamentação se deve cantar”. (Ez 19,10-14).

Mas, apesar de suas lamentações, ameaças e destruições no Antigo Testamento, o Senhor Yahweh prevê dias melhores para a sua vinha e vislumbra aquele que

·         será a verdadeira vinha e o Pai o agricultor, e cujos ramos darão frutos desde que unidos à vinha” (cf Jo 15,1-4).

e assim se pronuncia Yahweh seiscentos anos antes da plenitude dos tempos, quando aconteceu a vinda do Messias:

·         “Nesse dia, cantarão para a vinha formosa: ‘Eu, Yahweh, sou responsável por ela. Eu a rego com frequência: para que ninguém venha estragá-la, eu a vigio dia e noite. Eu não estou encolerizado. Se alguém produzisse nela espinhos e ervas daninhas, eu me lançaria contra ele para queimá-lo. Quem busca a minha proteção, fará as pazes comigo; sim, comigo fará as pazes’”. (Is 27,2-5). 

Mas, essa promessa não se realizaria com o povo de Israel. Em seu extremado amor, o Pai envia o seu Filho unigênito, não para cuidar da vinha, mas para ser

·         a verdadeira vinha e o Pai o agricultor” (cf Jo 15,1).

E o Filho unigênito do Pai relembra a vinha do Antigo Testamento, chama a atenção do povo, mas ninguém o entende.

Jesus retoma a parábola de Isaias, 5,1-7 e resume a história do povo eleito: o Pai não deixou de esperar os frutos de sua vinha; mas, ao invés de ouvir os profetas que ele enviou, os vinhateiros os maltrataram e até os mataram, conforme deve ser lido em Marcos 12,1-5, em Mateus 21,33-46 e em Lucas 20,9-19. Não acreditando no que via e acontecia, o Pai, então, resolve mandar o seu próprio e único Filho muito amado, pensando que os vinhateiros o respeitariam (Mc 12,6; Lc 20,15; Mt 21,38), mas, a decepção foi maior ainda: no cúmulo da infidelidade do povo incitado pelos chefes do povo, matam também o Filho, cuja herança é a vinha.

Por essa atitude inconsequente e criminosa, os culpados serão castigados, mas, diferente do que se esperava, a morte do Filho abre uma nova etapa no plano de salvação do Pai: a vinha será, por fim confiada a vinhateiros fieis e ela dará frutos (cf Mc 12,7ss; Mt 21,41ss; Lc 20,16).

O que Israel não foi capaz de dar a Yahweh, Jesus vem e lhe dará. 

E o próprio Jesus é “a verdadeira vinha e o Pai o agricultor” (Jo 15,1) que produz bem, a vida autêntica, digna de tal nome. Jesus, a vinha plantada pelo Pai, é a vinha querida do Pai e cercado de cuidados, e podado a fim de dar frutos abundantes:

·         “Eu sou a videira e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada”. (Jo 15,5). 

Em primeira instância, o fruto que a vinha Jesus dá, é a sua própria vida, derramando o seu sangue, prova suprema de amor:

·         “A glória de meu Pai se manifesta quando vocês dão muitos frutos e se tornam meus discípulos. Assim como o Pai me amou, eu também amei vocês; permaneçam no meu amor. Não existe amor maior do que dar a vida por seus amigos”. (Jo 15,8-9.13). 

E quem dá a vida por seus amigos só quer que eles tenham vida, e a tenham em abundância:

·         “Eu vim para que tenham vida, a e a tenham em abundância”. (Jo 10,10), e Jesus acrescenta, nessa sua doação total: “O Pai me ama porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho o poder de dar a vida e tenho o poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai”. (Jo 10,17-18).

E Jesus alerta para os falsos vinhateiros, falsos pastores, falsos profetas, que existem em todos os seguimentos religiosos que se dizem cristãos, alertando que só ele é

·         a verdadeira vinha e o Pai o agricultor” (cf Jo 15,1);

A vinha plantada pelo Pai:

·         “Toda planta que não foi plantada pelo meu Pai celeste será arrancada”. (Mt 15,13).

E o vinho, que é o fruto da videira, será o sangue derramado na cruz, o sinal da nova Aliança que é selada no mistério eucarístico, o sinal sacramental deste sangue para selar a Aliança nova.

E este será o meio de comungar do amor de Jesus, de permanecer nele:

·         “Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a benção, o partiu e distribuiu aos discípulos, e disse: ‘Tomem e comam, isto é o meu corpo. ’ Em seguida, tomou um cálice, agradeceu, e deu a eles, dizendo: ‘Bebam deles todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos para remissão dos pecados. Eu lhes digo: de hoje em diante não beberei deste fruto da videira, até o dia em que com vocês beberei o vinho novo na casa de meu Pai’”. (Mt 26,26-29).

E, no Evangelho de João, diz Jesus:

·         “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele”. (Jo 6,56); e ainda: “Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unidos a vocês. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto, se não ficarem unidos a mim. Assim como o Pai me amou, eu também amei vocês; permaneçam no meu amor.” (Jo 15,4.9).

Jesus é a videira verdadeira, nós somos os ramos: “Eu sou a videira, vocês são os ramos.” (Jo 15,5), da mesma forma em que ele é o Corpo e nós somos os membros. 

Sem a comunhão com Jesus, somos ramos secos, infrutíferos, separados do tronco, sem receber a seiva vitalizadora e sem poder dar frutos, e é bem por isso que ele afirma:

·         “Sem mim vocês não podem fazer nada”. (Jo 15,5b).

Se formos ou estivermos separados do tronco, não somos alimentados pela seiva do tronco, ficamos estéreis e para nada serviremos, senão para o fogo:

·         “Quem não fica unido a mim será jogado fora como um ramo, e secará. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados”. (Jo 15,6).

Pela nossa comunhão com Jesus, assim como a comunhão do ramo ao tronco, nos tornamos ramo da verdadeira videira, vivificado pelo amor que une Jesus ao Pai e dá fruto.

Vivificados pelo amor que une Jesus ao Pai, damos frutos, o que glorifica o Pai. 

·         Participamos, assim, da alegria do Filho que é glorificar o Pai: “A glória de meu Pai se manifesta quando vocês dão muitos frutos e se tornam meus discípulos. Assim como o Pai me amou, eu também amei vocês; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai, e permaneço no seu amor. Eu disse isso a vocês para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”. (Jo 15,8-11). 

Esse é o mistério da verdadeira vinha: exprime a união fecunda de Jesus e da Igreja e sua alegria que permanece perfeita e eterna:

·         “Eu mesmo dei a eles a glória que tu me deste, para que eles sejam um como nós somos um. Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade, e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste como amaste a mim”. (Jo 17,22-23).

sábado, 1 de maio de 2021

 

SÃO JOSÉ OPERÁRIO - PADROEIRO DOS TRABALHADORES

 

Basta traçar um paralelo entre a vida cheia de sacrifícios de são José, que trabalhou a vida toda para ver Nosso Senhor Jesus Cristo dar a vida pela humanidade, e a luta dos trabalhadores do mundo todo, pleiteando respeito a seus direitos mínimos, para entender os motivos que levaram o papa Pio XII a instituir a festa de "São José Trabalhador", em 1955, na mesma data em que se comemora o dia do trabalho em quase todo o planeta.

Foi no dia primeiro de maio de 1886, em Chicago, maior parque industrial dos Estados Unidos na época, que os operários de uma fábrica se revoltaram com a situação desumana a que eram submetidos e pelo total desrespeito à pessoa que os patrões demonstravam.

Eram trezentos e quarenta em greve e a polícia, a serviço dos poderosos, massacrou-os sem piedade. Mais de cinquenta ficaram gravemente feridos e seis deles foram assassinados num confronto desigual. Em homenagem a eles é que se consagrou este dia.

São José é o modelo ideal do operário. Sustentou sua família durante toda a vida com o trabalho de suas próprias mãos, cumpriu sempre seus deveres para com a comunidade, ensinou ao Filho de Deus a profissão de carpinteiro e, dessa maneira suada e laboriosa, permitiu que as profecias se cumprissem e seu povo fosse salvo, assim como toda a humanidade.

Proclamando são José protetor dos trabalhadores, a Igreja quis demonstrar que está ao lado deles, os mais oprimidos, dando-lhes como patrono o mais exemplar dos seres humanos, aquele que aceitou ser o pai adotivo de Deus feito homem, mesmo sabendo o que poderia acontecer à sua família.

José lutou pelos direitos da vida do ser humano e, agora, coloca-se ombro a ombro na luta pelos direitos humanos dos trabalhadores do mundo, por meio dos membros da Igreja que aumentam as fileiras dos que defendem os operários e seu direito a uma vida digna.

Muito acertada mais esta celebração ao homem "justo" do Evangelho, que tradicional e particularmente também é festejado no dia 19 de março, onde sua história pessoal é relatada.

Neste dia são lembrados também: São Peregrino Laziosi, Santa Grata, Santos Acácio e São Aceólo (mártires de Amiens), Santo Andeólo de Esmirna (mártir), Santo Asaf de Llan-Elwy (bispo), Santa Berta de Avenay (abadessa, mártir).