sábado, 24 de dezembro de 2011

MEDITANDO A PALAVRA - NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

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NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Ano – B; Cor – Branco; Leituras: Is 9,1-6; Sl 95 (96); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14.

Diácono Milton Restivo.

É Natal. Enfeites nas vitrines do comércio, nas portas das residências; propagandas de produtos nos jornais, rádio e televisão sugerindo bens de consumo, presentes, roupas, enfim, renovação de tudo o que consumimos. Quantos julgam que o Natal exige roupas novas, enfeites em todas as partes, dar e receber presentes. De fato, o Natal exige coisas novas, muitas coisas que não se resumem em roupas ou presentes. O Natal exige muitos enfeites, mas não os das vitrines ou portas de residências. Esses enfeites deveriam ser e retratar a beleza interior do nosso espírito que deveria estar se preparando cristãmente para o Natal do Senhor. Natal é coisa sempre nova. Quem o vive em seu verdadeiro espírito, não envelhece jamais: é sempre criança.

Natal, quando cristãmente vivido, nos faz sentir jovens, nos dá energia para começar tudo de novo, vontade nova, preparando-nos para a vida que o Menino do Natal veio nos trazer. Os enfeites e roupas deveriam ser a exteriorização do nosso desejo de renascer para as coisas do alto. O importante é a realidade interior. O importante é o que está dentro de nós e nos apresentarmos para o Natal de Jesus Cristo com uma alma renovada e enfeitada de valores cristãos.

O Natal verdadeiramente cristão é a comemoração da vinda do Filho de Deus que “se fez homem e veio habitar entre nós” (Jo 1,14). É a festa do nascimento de Jesus Cristo que veio a este mundo para libertar o homem do pecado, da opressão do próprio homem e transformar a todos que aderiram à sua doutrina em filhos de Deus e herdeiros do Reino que não se acaba mais.

Natal é a festa dos filhos de Deus que os homens tomaram para si e a transformaram em festa de orgia, de ostentação, de presentes, e, no lugar do Menino Deus, que deveria nascer em todos os corações, colocaram a figura ridícula de um homem barbudo que não é do nosso meio, do nosso tempo nem do nosso clima.

E é Natal. Dia do aniversário de Jesus Cristo. Comemoramos o dia do nascimento de alguém que, “sendo Deus, quis se tornar homem para que todos os homens se tornassem filhos de Deus”, conforme disse Agostinho, Bispo de Hipona. Natal é época de pararmos um pouco, refletir sobre onde a mensagem de Jesus Cristo atingiu a humanidade, os povos, as nações, enfim, os nossos corações. Cristo pregou e viveu o amor, os homens promovem a guerra e semeiam o ódio. Cristo ensinou o perdão e, para deixar claro como o pratica, perdoou até os que o pregaram em uma cruz e o mataram (cf Lc 23,34). Os homens se agridem e se matam; Jesus Cristo ensinou a todos o caminho que leva à casa do Pai; os homens preferem pegar os atalhos dos prazeres facilidades e riquezas deste mundo. Jesus Cristo morreu por amor; os homens se matam por ódio. Dois mil anos após a morte de Jesus os homens não modificaram muito.

Ninguém quis dar lugar em nenhuma casa de Belém para que a Virgem Mãe se acomodasse e desse à luz ao Filho de Deus; hoje, ninguém acolhe em sua casa um filho de Deus pobre e necessitado, para quem este Natal não será diferente dos outros dias: passará fome, não terá o que comer. Natal deveria ser um dia de alegria, de dar e receber... Amor!

Mas quantos pais e mães passarão o dia de Natal amargurados por constatar seus filhos tristes e desiludidos por verem os filhos dos vizinhos com presentes novos e eles, os pais, por estarem desempregados ou por receberem um salário não condizente com a dignidade humana, não terem condições de presentear seus filhos e, muito menos, promover uma refeição digna, à altura do dia que se comemora. No dia de seu nascimento, Jesus Cristo passou necessidades, fome e frio, e fazemos desta data um motivo a mais para festejarmos o estômago, nos esquecendo do verdadeiro sentido do Natal e das mensagens de amor que recebemos de Jesus Cristo.

É Natal; está certo. É um dia de alegria, mas de alegria cristã. Vamos comemorar. Mas não vamos nos esquecer daqueles de estômagos vazios, desempregados ou que recebem um salário pouco digno para sustentar sua família; não vamos nos esquecer dos injustiçados, oprimidos, dos que não tem voz e nem vez.

Você, patrão, está tranquilo neste Natal? O seu empregado, com o salário que recebe, tem uma vida digna de filho de Deus? O Natal, para o seu empregado, será um dia de alegria, ou um dia de lágrimas ocasionadas pelo salário que recebe?

Natal é o aniversário de Jesus Cristo. Quantos vamos comemorar essa efeméride tal qual ela aconteceu, ou seja, continuamos a não ofertar um cantinho dentro da nossa casa, para que ele nascesse sob o teto de um lar aconchegante; quantos deixamos de abrir o coração para que Jesus Cristo nele penetre, nasça e nos traga vida nova.

Natal é a festa do amor, do perdão, da aceitação, do acolhimento. Não deixemos o Cristo do lado de fora de nossa casa, e o Cristo é aquele irmão que você conhece ou não, e que necessita de sua palavra amiga, do seu conforto, da sua presença, do seu amor, do seu apoio, do seu incentivo, do seu tapinha nas costas, do seu auxílio material.

Se assim for, o Natal será verdadeiramente uma festa cristã...

Natal é nascimento. Nascimento de novas esperanças, de novos caminhos, de novas alegrias. Natal é a época da realização dos grandes sonhos. Natal é o nascimento da verdade suprema: Jesus Cristo! Natal é viver a esperança do encontro com Jesus Cristo. A melhor maneira de nos prepararmos para esse encontro é vivermos plena e intensamente o amor autêntico. O amor é o melhor berço que podemos preparar para receber o Menino Deus que vai nascer da Virgem.

Um berço feito da essência do nosso ser. Esse berço deve ser feito, por cada um de nós, com amor, com muito amor, utilizando a madeira rígida do entusiasmo, os pregos galvanizados da união, a cola firme da sinceridade, protegendo-o com o verniz impermeável da humildade, usando as ferramentas eficazes da boa vontade e do desprendimento e com o carinho de quem ama de verdade e se dá por amor.

Depois de pronta a armação do berço, nela devemos colocar as molas da perseverança e sobre elas o colchão da caridade fraterna, cobrindo-o com o lençol da pureza e estendendo a colcha da busca da perfeição, colocando, sobre tudo, o cobertor da santidade, o travesseiro da aceitação e o adorno da fé e do amor total. O berço deve ser aromatizado com o suave perfume das boas intenções e das boas obras e ações e das flores coloridas e perfumadas de nossa vida totalmente voltada para o amor a Deus e ao próximo. Esse berço deve ser colocado no quarto de nossas orações, no cantinho de nossos sacrifícios, próximo da janela da entrega total nas mãos de Deus e ventilado pela brisa fresca e suave da nossa entrega à Providência Divina.

O quarto, onde será colocado o berço do Menino Deus deve ter o calor aconchegante da renúncia, o conforto da esperança, a tranquilidade da missão cumprida e as cores suaves, mas firmes, da fé. Esse quarto não é outro senão o nosso coração. É ai que devemos receber o Menino Deus. É aí que o Menino Deus e a sua Mãe Virgem devem repousar da longa e estafante caminhada das injustiças e ingratidões, do caminho cheio de pedras e espinhos do desamor entre nós, os homens; do sol causticante do deserto do ódio e da violência que paira sobre os povos; da água poluída do desrespeito dos direitos humanos. É esse o quarto, o nosso coração, que deve ser preparado para receber o Menino Deus e sua Virgem Mãe para que eles repousem de sua longa jornada por entre ingratidões, falta de amor dos corações duros como pedras, impiedosos e impenitentes. Na porta desse quarto, que é o nosso coração, a fechadura abre somente por dentro porque somente nós temos a chave e o poder de abri-la para receber e nele acomodar confortavelmente o Menino Deus. Ninguém mais pode abrir o nosso coração senão nós mesmos, e é por isso que a fechadura abre somente por dentro.

Maria e José, a qualquer momento, chegarão e baterão nessa porta, pedindo pousada, pedindo abrigo, solicitando um cantinho onde possa nascer o Menino Deus, e nós, somente nós é quem podemos abrir o nosso coração, ninguém mais. E o nosso coração deve estar preparado para receber esse casal cuja esposa traz em seu ventre o germe da vida, o Rei do universo, o Salvador do mundo, o Príncipe da paz: Jesus Cristo! E, se abrirmos o nosso coração para recebermos José e Maria, com certeza, ali dentro nascerá Jesus, que será colocado no berço que para ele preparamos.

E depois que Jesus nascer no nosso coração, será transferida para cada um de nós a missão, que foi dos Anjos, de cantar e anunciar aos pobres e humildes de coração o nascimento do salvador dos homens: “glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens de boa vontade.” (Lc 2,14). A partir de então cabe a cada um de nós a responsabilidade de levar o Cristo a todos, porque, depois de nascido em nossos corações, Jesus já não caberá mais dentro de nós e sentiremos a necessidade de reparti-lo com todos os irmãos; ele jamais sairá dos nossos corações, mas também morará nos corações dos irmãos atingidos e inebriados pelo nosso amor.

E José e Maria estão aí, batendo em nossa porta. Já fizemos e preparamos o berço para o Menino Deus? Já limpamos o quarto dos nossos corações com orações, penitência, arrependimento, boas ações, boas intenções e fraternidade?

Não vamos deixar José e Maria por muito tempo batendo à nossa porta, à porta do nosso coração, essa porta que só abre por dentro e somente nós podemos abri-la; não vamos deixar esse casal sagrado ao relento por muito mais tempo. O Natal é tempo de preparação; ou será que o Menino Deus vai ter de nascer novamente num curral, no meio dos animais?

E, depois de o Menino Deus haver nascido em nossos corações e ter sido depositado no berço que para ele preparamos, vamos nos inclinar em sua presença, louvá-lo e adorá-lo, dizendo:

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus que se fez homem para que todos os homens se tornassem filhos de Deus.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo que, no seio da Virgem Maria, tomou a natureza humana, se fez homem, se rebaixou até os homens, se tornando em tudo igual aos homens, exceto no pecado, para que todos os homens fossem elevados até Deus.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que veio para cumprir, e cumpriu todas as promessas e todas as profecias que Deus Pai havia feito por meio dos profetas do Antigo Testamento.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, a Palavra de Deus que se fez homem e veio habitar entre nós.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, a luz que surgiu das trevas, a luz do mundo, a luz que iluminou e ilumina todos os homens, a luz que mostra o caminho da fonte da vida, a verdade que liberta, e a vida que vem de Deus.

Louvado seja nossos Senhor Jesus Cristo, o menino que foi rejeitado por todos os homens e que não encontrou um lugar decente e digno para nascer, e nasceu num curral, entre animais, e por não ter melhores acomodações, foi colocado num cocho por causa do egoísmo de todos os homens.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que teve como primeiras visitas os pobres, os humildes, os pastores, aqueles que, como ele, naquela oportunidade, não tinham voz e nem vez; aqueles que, como a maioria do nosso povo, são oprimidos pelos grandes e poderosos. Foram esses que Jesus quis como suas primeiras visitas.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que escolheu como mãe uma virgem, a mais bela, a mais santa, a mais humilde, a mais pura, a que mais amou a Deus e a quem Deus mais amou; a que foi o primeiro templo vivo da Santíssima Trindade, porque o Pai veio até ela, o Espírito Santo a cobriu com sua sombra, e o Filho habitou seu ventre sacrossanto por nove meses.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que escolheu como seu protetor neste vale de lágrimas, como seu pai adotivo e como guarda da virgem, um homem justo e santo: José.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, que, se a terra não deu importância ao seu nascimento, o céu ficou em festas, e os anjos não se contentaram em somente fazer festa nos céus, mas desceram também na terra cantando louvores a Deus, anunciando a todos os pobres e humildes, a todos os homens de boa vontade que o salvador havia nascido:

“GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS, E PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE!”.

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