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DE MARÇO
A
REALIDADE DE MARIA
Existem
muitas maneiras de invocarmos Maria. Muitos artistas, inflamados pelo amor que
sentiram e que sentem pela Virgem Maria tentaram copiá-la, tentaram passar para
a tela ou para o gesso a beleza e a simplicidade de Maria, mas alguns se
deixaram levar pela soberania, e realeza, e com isso cobriram a Virgem Maria de vestes preciosas, de coroas
cintilantes, de distintivos reais e isso, sem dúvida, é uma pena.
Vestindo
Maria de roupas preciosas e jóias caras
e coroas, nós distanciamos Maria da sua própria realidade. Fazendo isso,
colocamos Maria longe da sua realidade, da realidade da sua pobre e humilde
casinha de Nazaré. Maria sempre
foi uma dona de casa, esposa e mãe dedicada. Maria sempre foi a mulher ocupada
com as tarefas diária de uma casa pobre, como e pobre a sua casa, sem
empregada, sem os meios modernos que facilitam o trabalho no lar.
Lembrar de
Maria assim pobre é mais aproximá-la de nossas mães que também são mulheres simples
e pobres.
Maria, como dona de casa, ia buscar a água para o sustento de sua
família na fonte da praça de sua cidade e sentia em sua cabeça o peso do balde,
que na época não era balde como nós conhecemos hoje, mas talhas, uma vasilha de
barro ainda mais pesada que os nossos baldes, e cheia de água. Maria varria a
sua casa e respirava a poeira que subia do chão. Maria também suava quando
fazia calor e tremia de frio quando o tempo esfriava. Maria cozinhava os
alimentos e sofria com a fumaça da lenha ainda verde que saia do seu fogão à lenha
ainda primitivo. Maria lavava a sua roupa e a roupa de seu marido José e do seu
filho Jesus.
Maria tinha
junto de si, ao seu lado, no seu lar, o
Deus dos milagres, mas ela mesma não fazia milagres e nem o Deus dos milagres
fazia milagres em benefício de sua própria mãe.
Jesus servia
a Maria, isso sim, de força oculta, de
amor interior e intenso a temperar as asperezas da vida, a dar sentido aos
mínimos gestos da obscura existência da humilde dona de casa, numa pouco
afamada cidadezinha da Galiléia, chamada
Nazaré. Maria era dona de casa, como são donas de casa as nossas mães e as
nossas esposas, as mães dos nossos filhos. Mãe de família.
Rainha do
lar. Mas não uma Rainha envolta em mantos
intocáveis, sentada num trono, recebendo genuflexões e homenagens imperiais. Pelo
contrário, Maria é Rainha, sim, mas uma Rainha cumulada de riquezas interiores,
de generosidade, de presença sempre amiga e sorridente.
Rainha de
presença sempre ativa, que enche o lar de felicidade, que orienta para o
verdadeiro caminho que nos conduz ao seu Divino Filho, que está sempre
presente.
Maria é
presente no lar, como são presentes as nossas mães e esposa; Rainha que está ao
lado do filho quando a criança chora; rainha que corre fechar a janela quando o
vento bate, rainha que está ao lado do filho quando ele faz a lição da escola,
rainha que está ao lado do fogão quando as panelas chiam; rainha que corre
levantar o seu filho quando ele cai e se machuca; rainha que atende ao
telefone, rainha que corre no portão quando o seu marido chega.
Nossas mães,
nossas esposas, rainhas iguais a Maria, donas de casa iguais a Maria... Nossas
mães e nossas esposas, presente no lar como Maria no lar de Nazaré, que sabe
onde está o comprimido, que sabe onde está o outro pé de sapato, que sabe onde
está a camisa do marido e onde fica o caderno do filho. Nossas mães e nossas
esposas, assim como Maria em sua casa de Nazaré, são sempre uma presença ativa
que tem uma resposta a todas as perguntas, que tem um remédio para todas as machucaduras
na forma de um beijo, de um carinho, de uma palavra conciliadora para todas as
brigas. Maria, nossas mães, nossas esposas estão sempre presentes, ainda que
ausentes, porque sem elas os dias são longos, as distâncias infinitas. Maria,
nossas mães, nossas esposas, presença vitalizante que derrama vida.
A mãe no lar
é a primeira que desperta na casa, a primeira luz que se acende e dá início a
todos os movimentos da engrenagem familiar. A mãe é a última a desaparecer do cenário familiar, a última
luz que se apaga, colocando um ponto final a todo o movimento, toda atividade
da casa.
A mãe é a
última lâmpada que se apaga antes que o sono tome conta do lar.
E as mães e
as esposas antes de fecharem os olhos para se refazerem para um novo dia que
logo vai começar, entregam tudo nas mães da Virgem Maria para que lhe faça as
vezes enquanto descansam. Cada mãe é como Maria, a Mãe de Jesus Cristo, sempre
presente, e por isso dizemos: “Maria, Mãe de Deus, Mãe da Igreja, modelo de
nossas mães e nossas esposas, dona de casa pobre e humilde, nós vos pedimos
pelas nossas mães e nossas esposas, para que elas, seguindo o vosso exemplo de
amor e fidelidade, sejam fortes para amparar seus esposos e filhos, sejam
alegres para que, onde estiverem, irradiem felicidade e, acima de tudo, sejam o
sustentáculo nessa nossa caminhada rumo ao reino de Deus.”
Também são
lembrados neste dia: Bem-aventurado Artemide Zati, Santa Luísa de Marillac São
Clemente Maria Hofbauer, São Longuinho, Santo Aristóbulo (mártir, mencionado na
Carta aos Romanos, 16,11), São Clemente Maria Hofbauer (redentorista), Santa
Lucrécia de Córdova (virgem e mártir).
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