quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

SÓ OS VALENTES TEM PAZ VERDADEIRA

SÓ OS VALENTES TEM PAZ VERDADEIRA


Paz. Como necessitamos de paz. Como procuramos a paz. Como desejamos a paz.
Paz interior. Paz de espírito. Paz na família. Mas como procuramos a paz nos locais mais errados, nos lugares onde ela não está. E, nessa busca louca e desenfreada de paz, mais nos confundimos, mais nos desesperamos. 
A paz não é somente ausência de guerra. Paz também não é sinônimo de tranquilidade.           
Paz é você estar de bem com você e com Deus, mesmo que tudo à sua volta seja guerra e confusão. A paz verdadeira vem de Deus, aquela paz que vem de Jesus, o filho de Maria, quando ele mesmo disse aos seus apóstolos e discípulos: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração.” (Jo 14, 27).
A paz verdadeira vem de Deus, somente de Deus; paz interior, paz de consciência.
Eu disse que paz não é sinônimo  de tranquilidade, mesmo contrariando a definição de paz que nos dão os dicionários da língua portuguesa.                 
Realmente, a paz que vem de Deus não pode ser sinônimo de tranquilidade porque, por um paradoxo, Deus nos dá a sua paz exatamente para não nos deixar tranquilos, porque, quem tem a paz que vem de Deus não pode ficar tranquilo ao ver tantas injustiças, tantas mentiras, tantas falsidades, tantos interesses escusos que existem entre as pessoas, entre as famílias, e isso no mundo todo.
           Quem tem a paz que vem de Deus não pode se acomodar, não pode se tranquilizar, não pode se omitir ao ver a injustiça imperar nos lugares que deveriam ser santos, não pode concordar ao ver que aqueles que deveriam falar em defesa dos oprimidos se calarem covardemente; não pode ter repouso ao presenciar as agressões covardes contra aqueles que não podem se defender, isso tanto física, como moral e psicologicamente.      
Por isso que digo que paz não pode e nem deve ser sinônimo de tranquilidade.
Deus nos dá a paz, mas não nos deixa em paz.                 
A paz que vem de Deus nos desaloja do nosso comodismo, assim como aconteceu com Maria que após receber a paz personificada no Filho de Deus  em seu ventre não se acomodou e partiu para uma longa viagem ao saber que sua prima Isabel, já de idade avançada, necessitava de sua presença para a auxiliar nos últimos meses de sua gravides temporã.           
Só os valentes tem essa paz verdadeira; os valentes que assumem de corpo e alma os preceitos de Deus e se sintonizam com a vontade divina para servirem de instrumentos  nas mãos do Pai, para dar continuidade ao plano de salvação iniciado por Jesus Cristo,  e que se prolonga na luta do dia a dia  da sua Igreja.
E o resultado dessa paz nem sempre é uma velhice tranquila ou uma aposentadoria calma e abastada; o resultado dessa paz é, muitas vezes, a incompreensão do mundo, é uma coroa de espinhos, são flagelos, chacotas que muitas vezes terminam por se ver o mundo do alto, mas do alto de um cruz. Não foi assim que aconteceu com o filho de Maria? E a prova disso vemos na paz que Jesus Cristo transmitiu aos seus apóstolos, quando disse: “Eu vos dou a minha paz, eu vos deixo a minha paz.” (Jo 14,27).  
Jesus deu a paz, transmitiu a sua paz aos seus discípulos e apóstolos, e, todos os apóstolos, em gozo pleno dessa paz, foram perseguidos, caluniados, flagelados, assassinados, martirizados, mortos em nome da fé e da paz.
Mas, que tipo de paz é essa que, para gozá-la plenamente temos de passar por todas essas privações? É a paz que vem de Deus que nos dá plena segurança de que vale a pena ser perseguido pelo mundo, ser incompreendido pelos homens desde que permaneçamos fieis à observância das mensagens evangélicas de Jesus Cristo.
A paz que vem de Deus traz alegria interior. A paz que o mundo oferece, transforma-se em remorso. O Senhor fez bem-aventurados todos aqueles que vivem na sua paz e, as bem-aventuranças evangélicas nada mais são do que o conforto que Deus dá aos que vivem na sua paz e, bem por isso, são: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino de Deus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os artífices da paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que padecem perseguição pela justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados serão vocês, quando forem insultados e perseguidos, e com mentira falarem contra vocês todo gênero de mal por minha causa. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande será a sua recompensa.” (Mt, 5, 3-12).

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