BEATO EUSTÁQUIO
VAN LIESHOUT, O VIGÁRIO DE POÁ
Humberto
van Lieshout nasceu em
Aarle Rixtel, Holanda, em 3 de novembro de 1890. Educado por
pais dedicados e bons cristãos, e na convivência de seus oito irmãos, Humberto
desenvolveu-se como rapaz generoso e piedoso.
Um dia
caiu-lhe nas mãos a biografia do famoso missionário Padre Damião de Veuster, o
apóstolo da caridade cristã entre os asilados leprosos da Ilha de Molokai (já
canonizado pelo Papa Bento XVI).Quis imitá-lo e por isso conseguiu
matricular-se no Seminário dos Padres dos Sagrados Corações, mas encontrou
bastante dificuldade em seus estudos. Seu abnegado esforço, firmeza de vontade
e persistência venceram a fraqueza de seus talentos intelectuais.
No noviciado
trocou o seu nome de batismo pelo de Eustáquio, e fez sua profissão religiosa
em 27 de janeiro de 1915. Dedicando-se muito à oração e aos estudos, agora com
menos dificuldade, no dia 10 de agosto de 1919 foi ordenado sacerdote. Em sua
imensa felicidade, pedia à suas duas irmãs religiosas serem para ele no seu
sacerdócio como Moisés na montanha, rezando pelo bom êxito do seu apostolado. Por
quatro anos exerceu diversos ministérios na Holanda, onde ganhou fama de
caridoso e santo. Foi condecorado "Cavaleiro da Coroa" pelo Rei
Alberto da Bélgica, pelo seu trabalho junto aos refugiados belgas.
Em 1925,
finalmente, viu completar-se seu ideal vindo ao Brasil como missionário, com
mais dois companheiros.
O então bispo de Uberaba, Dom Antônio de Almeida
Lustosa convidou sua congregação para vir a sua diocese. Foi assim fundada a
primeira casa da Congregação dos Sagrados Corações no Brasil em Água Suja, MG,
onde assumiram o Santuário de Nossa Senhora da Abadia. Em 1926 tornou-se
vigário de três paróquias, com muitas capelas anexas.
Seus
paroquianos eram pessoas simples, sem instrução religiosa. No começo custou-lhe
ganhar a simpatia daquele povo desconfiado. Visitava os doentes nas choupanas,
distribuía roupas e alimentos aos necessitados, acudia aos problemas
familiares.
Era pai,
amigo, advogado e piedoso pastor das almas. Reabriu a escola rural, moralizou
as festas da Padroeira, pregou missões populares em todas as três paróquias.
Iniciou a construção do novo Santuário, tão conhecido hoje por todo o povo do
Triângulo Mineiro. Conquistou assim todo a região, e ganhou fama de santo e
milagreiro.
Quando foi
transferido para Poá, Estado de São Paulo, o povo não permitiu a sua saída.
Somente dois meses depois, quando as coisas acalmaram, ele pode assumir essa
nova paróquia recém criada. Poá fazia parte da zona suburbana da capital de São
Paulo e a maioria da sua população trabalhava nas fábricas e indústrias de São
Miguel e São Paulo.
Sendo vigário
da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, atendia várias outras paróquias vizinhas
com seus dois padres coadjutores. Iniciou seu apostolado e as pregações em toda
a região.
Após uma
viagem à Holanda e a Lourdes, na França, de onde trouxe não só muitos donativos
mas também muita água da fonte milagrosa, erigiu ao lado da igreja uma imitação
da gruta de Lourdes. Suas pregações e bênçãos logo criaram fama e projetaram o
seu nome pelo estado e até Brasil afora... Passou a ser conhecido como o
"Vigário de Poá".
A notícia das
curas do ‘santo’ Pe. Eustáquio fizeram afluir muita gente à sua procura.
Milhares de pessoas se apinhavam nas ruas da pequena cidade de Poá, que não
comportava tanto movimento de gente. A todos o bom padre procurava sempre
atender ou dar sua bênção. Em maio de 1941 a situação tornou-se insustentável e padre
Eustáquio teve que ser transferido. Por onde passava as multidões acorriam e
assim não conseguia mais descansar.
Após algumas
transferências, foi empossado como vigário da Paróquia de São Domingos em Belo Horizonte, Minas
Gerais, em 7 de abril de 1942. Por ordem dos superiores, somente no
confessionário podia atender os não-paroquianos, em número reduzido, em
horários fixos. Assim podia conduzir o seu apostolado na paróquia como um
vigário normalmente faria.
A pedido do
bispo realizou inúmeras atividades em outras paróquias da capital mineira, como
retiros, conferências e confissões; o mesmo aconteceu em outras cidades do
interior. Era incansável no trabalho pastoral, e assim consumiu sua robustez
física.
De repente a
notícia alarmante: padre Eustáquio adoecera gravemente, picado por um carrapato
perigoso, em suas andanças pelas vilas abandonadas de sua paróquia. Contraíra
tifo exenquemático, mal para o qual não havia tratamento adequado naquele
tempo. Diversas vezes havia predito sua morte próxima.
Em julho de
1942, quando atendera uma senhora acamada havia anos e que pedia a Deus de ir
para o céu, disse: "A senhora
viverá, ainda, por muitos anos. Sou eu quem vou morrer no ano que vem". Sofreu
terrivelmente, mas aguardou a morte com calma e alegria. Dia 30 de agosto de
1943 sua bela alma descansou definitivamente na paz de Deus. Dia 31 foi
decretado luto oficial no município de Belo Horizonte, e toda a cidade acorreu
para o último adeus.
Durante cinco
anos seu túmulo foi constantemente visitado por gente de todo o Brasil e em
1949 foi feita a exumação e trasladação para a sepultura definitiva na Igreja
dos Sagrados Corações, cuja construção ele mesmo iniciara em 13 de maio de
1943.
Sua beatificação aconteceu em Belo Horizonte
no dia 15 de junho de 2006, pelo papa Bento XVI.
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