XVI DOMINGO DO
TEMPO COMUM
“JESUS CONTOU
OUTRA PARÁBOLA À MULTIDÃO...”. (Mt 13,30c).
Diácono
Milton Restivo
O Evangelho deste
domingo é a continuação da leitura do Evangelho do domingo passado: o capítulo
13 de Mateus, onde Jesus narra as chamadas “parábolas do Reino”.
Parábolas são ensinamentos
paralelos a uma lição principal. Parábolas são histórias do cotidiano com uma
aplicação espiritual. Parábola é uma narração, geralmente curta, para ensinar
uma verdade moral ou espiritual, através de comparação com a vida real.
As parábolas de
Jesus tratavam de agricultura, culinária, comércio, pesca, profissão, costumes,
tradições, etc. Quando Jesus queria ensinar uma lição básica, usava um
ensinamento paralelo tomando figuras, quadros, idéias, maneiras de pensar do
povo para que, a partir daquilo que o povo conhecia, Jesus pudesse ensinar a
verdade que queria fixar na mente das pessoas.
Mateus apresenta,
no capítulo 13 do seu Evangelho, sete parábolas contadas por Jesus, chamadas
de “as parábolas do Reino” para ensinar sobre o desenvolvimento gradual do
reino de Deus. É por isso que no último ano do seu ministério,
encontramos muitas parábolas.
Anteriormente,
no sermão da montanha, em Mateus dos capítulos de 5 a 7, Jesus procurou dizer e
ensinar as coisas de maneira clara, sem rodeios, mas como os inimigos, os
pretensos donos da lei, da religião e da verdade, se uniram e tentavam
encontrar erros em tudo o que ele dizia, Jesus passou a trabalhar com sabedoria
e prudência. Por isso, começou a usar as parábolas, dizendo, quando inquirido a
respeito disso pelos discípulos: “Porque a vocês foi dado conhecer os
mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. Pois a quem tem, será dado em
abundância; mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. É por
isso que eu uso parábolas para falar com eles: assim eles olham e não vêem,
ouvem e não escutam nem compreendem. [...] Porque o coração deste povo
se tornou insensível. Eles são duros de ouvido e fecharam os olhos, para não
ver com os olhos, e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e
não se converter. Assim eles não podem ser curados.” (Mt 13,11-13.15).
Será que era
somente no tempo de Jesus que existia gente assim?
No domingo
passado foi narrada a parábola do semeador. Neste domingo serão citadas as
parábolas do joio e do trigo, da semente de mostarda e do fermento. Como fizera
com a parábola do semeador, desta feita Jesus explica também a parábola do
joio.
Observando
rapidamente o capítulo 13 de Mateus com ótica de busca, podemos notar que as
parábolas do semeador e a do joio e do trigo (Mt 13,3-9.24-30) abordam o tema
da implantação do Reino no meio dos homens. A semente é a Palavra, “A parábola quer dizer o seguinte: a semente é
a Palavra de Deus.” (Lc 8,11),
o campo é o mundo.
As parábolas da
semente de mostarda e do fermento (Mt 13,31-33) sugerem o crescimento do Reino
no meio dos homens.
A semente de
mostarda, “embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica
maior do que as outras plantas. E se torna árvore, de modo que os pássaros do
céu vêm e fazem ninhos nos seus ramos.” (Mt 13,32). O fermento faz crescer
a massa que está no mundo.
As parábolas do
tesouro perdido e da pérola preciosa (Mt 13,44-46) chamam a atenção sobre o
valor incomensurável do Reino.
O tesouro se
encontra escondido num campo – o mundo – e quem o encontra e se conscientiza do
seu real valor, dá tudo o que tem, vende todos os seus bens para dele desfrutar
e vivê-lo intensamente.
Da mesma forma
é a pérola preciosa: o comprador não mede esforços para obtê-la.
A parábola da
rede lançada ao mar (Mt 13,47-50) sugere a responsabilidade do Reino, já
vigente entre os homens sob a responsabilidade da Igreja, de alcançar todas as
classes de pessoas através do Evangelho. E conclui afirmando que, os que aceitam
a Palavra tomarão posse do Reino, os que não a aceitam serão lançados na
fornalha de fogo, conforme o próprio Jesus dissera em João: “De fato, Deus
enviou seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja
salvo por meio dele. Quem acredita nele, não está condenado; quem não acredita
já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus.” (Jo
3,17-18).
Nas três
primeiras parábolas: do semeador, do joio e o trigo e do grão de mostarda,
Jesus enfatiza a importância da Palavra. Nestas três parábolas a Palavra
é apresentada como uma semente que precisa ser plantada em bons corações para
ter uma colheita frutífera. Tentar fazer uma colheita sem plantar a semente é
completamente ridículo e insano.
As duas
parábolas seguintes, a do tesouro perdido e da pérola preciosa, retratam o
valor de
servir ao Senhor. O vendedor de pérolas que passou a vida
comprando e vendendo pérolas de alto valor, um dia achou a pérola das pérolas,
a pérola dos seus sonhos; foi e vendeu tudo para comprar a pérola de valor
inigualável. Conseguir uma pérola dessa é muito custoso, mas ainda assim vale a
pena. Para alcançar o reino de Deus, é preciso muito esforço e sacrifício; mas
supera em muito o valor de todo o mundo junto. O Reino de Deus supera o valor
da mais valiosa pérola que possa existir no mundo. A pérola cara do mundo
compra-se por dinheiro. A pérola do Reino de Deus se adquire com amor,
dedicação, respeito, entrega total e desprendimento.
Na última
parábola, a da rede lançada no mar se equipara também com a parábola do joio e
do trigo, onde Jesus fala do julgamento final.
Na parábola do
joio e do trigo Jesus mostra a necessidade de separar o joio do trigo: a má
semente da boa semente. Na parábola da rede lançada ao mar Jesus acentua a separação
dos peixes bons, que vão para o cesto, dos que não prestam que serão jogados
fora, e termina, dizendo: “Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos
virão para separar os homens maus dos que são bons. E lançarão os maus na
fornalha de fogo. Ai eles vão chorar e ranger os dentes.” (Mt 13,49-50).
As parábolas do
joio e do trigo e a da rede lançada ao mar reportam-nos ao discurso de Jesus
quando falava do fim do mundo, do juízo final, e destacava exatamente da
separação entre os bons e os maus, dizendo aos bons, que estarão à sua direita:
“Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino
que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e
vocês me deram de comer; eu estava co0m sede, e me deram de beber; eu era
estrangeiro e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu
estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me
visitar’. Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com
fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos
como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi
que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar’? Então o Rei lhes responderá:
‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores dos
meus irmãos, foi a mim que fizeram’. Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua
esquerda: ‘Afastam-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para
o diabo e seus anjos. Porque eu estava com fome e vocês não me deram de comer;
eu estava com sede, e não me deram de beber; eu era estrangeiro e vocês não me
receberam em casa; eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e
na prisão, e vocês não me foram visitar’. Também estes responderão: ‘Senhor,
quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou como estrangeiro, ou sem
roupa, doente ou preso, e não te servimos’? Então o Rei responderá a esses: ‘Eu
garanto a vocês; todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses
pequeninos, foi a mim que não o fizeram’. Portanto, estes irão para o castigo
eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.” (Mt 25,34-46).
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